Tumgik
vocabulo-incognito · 5 years
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tenho a necessidade do verbo, pois é a possibilidade limitada que temos de tentar decifrar em palavras aquilo que se sente,  trazer pro diálogo aquilo que inflama o peito, verbo é ação! ação exige movimento, para além disso exige coragem,  os covardes não falam sobre o que sentem, exatamente por serem covardes,  e não serem capazes de lidar com o que pulsa, com o que chega e arrasta não existem culpados para o sentir,  flui, não é algo que se controle.  estou apaixonada por você,  e quantas implicações e conflitos esse sentir de um jeito tão latente me traz,  mesmo conhecendo outros corpos, o que satisfaz a alma não é o gozo.  talvez sejam as forças primaveris influenciando meu peito  e exigindo que floresça, e para deixar florescer é preciso um cuidado com o local onde se planta, pra isso eu preciso soltar e deixar voar aquilo que ta preso,  me sufocando, me tirando o ar. e isso nem é poesia, nem é declaração, não é uma exigência, nem o pedido de nada,  eu estou apenas confiando à você a exposição do meu subjetivo,  lhe entregando a informação de como você me afeta,  afeta pela ausência ou demasia do afeto,  afeta porque teu jeito solto me desperta admiração, porque consegues se indignar com as injustiças todas que existem, paixão é esse desgaste constante, cansa e absorve demais,  principalmente quando se vive tudo no tropeço,  quando não se tem ideia do que passa na mente e na alma do outro, quando não se verbaliza,  os olhares por vezes não são suficientes.  eu to me retirando,  como os retirantes que fogem da seca em busca de terra fértil,  não que aqui não seja, mas não para nós.
O adeus adiado. Setembro de 2018. Santa Maria, RS.
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vocabulo-incognito · 5 years
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De súbito sinto o anseio invadir-me em demasia; Não é o amor que grita, o cuidado, ou afeição.  Está ainda mais ligado ao desejo carnal. Me é impossível compreender o que ocorre. Invadem-me diversas sensações que dominam os membros e fluem junto com a circulação sanguínea, agindo sobre o corpo como ventrículo, que orienta inspirado, apenas, pelo desejo; Sintoma voraz dessa falta e vazio momentâneo causado por tanto querer e nada consumar. Mas afinal, não partilhamos nós os mesmos segredos que jamais serão exteriorizados? Não pertence a você também esse opaco na mente que só consegue imaginar o suor e os gemidos que se confundem? Então por quê não vens e me leva contigo à um lugar onde apenas nós temos acesso? Preencher cada espaço vazio, dentro e fora, ao som do blues que toca no teu rádio, em ritmo de dilação de horas.
 Santa Maria, RS. 2018
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vocabulo-incognito · 5 years
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a fala mecânica  nem ouve o que diz,  o olhar engessado  não enxerga o que está logo adiante.  que não se aposse de mim jamais  esse juízo que, nem se moveu  e já quer tudo saber.  que o mundo não se torne alheio a mim  e nem eu alheio ao mundo.
Santa Maria, RS. 2018
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vocabulo-incognito · 6 years
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se por casualidade ou por preceito da vida,  o peito que por vezes se retorce em agonia  atenua quando avista teu sorriso. a tristeza que corrói a alma  tem as marcas do tempo ignoradas quando há a presença que preenche, me apetece que as trilhas terminem em teus lábios. o âmago floresceu em sentir e o ímpeto desse sentimento tomou conta de quem tanto o preteria. nesse caso, é mercúrio que guia o sentir, o amor como um tear e o medo constante de segurar as linhas e agulha. as pernas bambeiam pela falta de jeito em lidar mas a verdade é que hoje só existe o querer!
Santa Maria, RS. 2018
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vocabulo-incognito · 6 years
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à luz da lua exposta, contemplada pela música que ecoa,  aliviada pelo cigarro aceso,  na mente as lembranças, ora nebulosas ora nítidas dos corpos que se entrelaçam,  das vozes que sussurram e suspiram! da lingua sedenta, vezes por beijo vezes por palavra. lembranças tais não acompanham os corpos outros que conheço. deprecio e desonro esse sentir, que de tão cheia  jorro poesia.
Santa Maria, RS. 2018
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vocabulo-incognito · 6 years
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... realizavas tudo quanto o ser humano procura na terra: um senhor diante de quem inclinar-se, um guarda de sua consciência.
O Grande Inquisidor, Ivã Karamázov
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vocabulo-incognito · 8 years
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Noites de Fevereiro, 2017
Meus mais sinceros sentimentos a todos os amores que morreram no peito, sem ter chance de voar.
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vocabulo-incognito · 8 years
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aquela mania besta que a gente tem de querer escapar de tudo e nunca pertencer a nada.
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vocabulo-incognito · 8 years
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foi graças à minha sorte e meu destino que aquela biblioteca estava lá quando eu era jovem e procurava me agarrar a alguma coisa quando parecia não haver quase nada ao meu redor.
Charles Bukowski. 
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vocabulo-incognito · 8 years
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Cantou, bebeu, gritou, beijou. Amanheceu e tudo voltou ao normal - solidão é não ter amor.
Caio Augusto Leite. 
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vocabulo-incognito · 8 years
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tudo começa e acaba ama e parte.
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vocabulo-incognito · 8 years
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Das 5 irmãs, Cass era a mais moça e a mais bela. E a mais linda mulher da cidade. Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: um fogaréu vivo ambulante. Espírito impaciente para romper o molde incapaz de retê-lo. Os cabelos pretos, longos e sedosos, ondulavam e balançavam ao andar. Sempre muito animada ou então deprimida, com Cass não havia esse negócio de meio termo. Segundo alguns, era louca. Opinião de apáticos. Que jamais poderiam compreendê-la. Para os homens, parecia apenas uma máquina de fazer sexo e pouco estavam ligando para a possibilidade de que fosse maluca. E passava a vida a dançar, a namorar e beijar. Mas, salvo raras exceções, na hora agá sempre encontrava forma de sumir e deixar todo mundo na mão. As irmãs a acusavam de desperdiçar sua beleza, de falta de tino; só que Cass não era boba e sabia muito bem o que queria: pintava, dançava, cantava, dedicava-se a trabalhos de argila e, quando alguém se feria, na carne ou no espírito, a pena que sentia era uma coisa vinda do fundo da alma. A mentalidade é que simplesmente destoava das demais: nada tinha de prática. Quando seus namorados ficavam atraídos por ela, as irmãs se enciumavam e se enfureciam, achando que não sabia aproveitá-los como mereciam. Costumava mostrar-se boazinha com os feios e revoltava-se contra os considerados bonitos — “uns frouxos”, dizia, “sem graça nenhuma. Pensam que basta ter orelhinhas perfeitas e nariz bem modelado… Tudo por fora e nada por dentro…” Quando perdia a paciência, chegava às raias da loucura; tinha um gênio que alguns qualificavam de insanidade mental. O pai havia morrido alcoólatra e a mãe fugira de casa, abandonando as filhas. As meninas procuraram um parente, que resolveu interná-las num convento. Experiência nada interessante, sobretudo para Cass. As colegas eram muito ciumentas e teve que brigar com a maioria. Trazia marcas de lâmina de gilete por todo o braço esquerdo, de tanto se defender durante suas brigas. Guardava, inclusive, uma cicatriz indelével na face esquerda, que em vez de empanar-lhe a beleza, só servia para realçá-la. Conheci Cass uma noite no West End Bar, Fazia vários dias que tinha saído do convento. Por ser a caçula entre as irmãs, fora a última a sair. Simplesmente entrou e sentou do meu lado. Eu era provavelmente o homem mais feio da cidade — o que bem pode ter contribuído. — Quer um drinque? — perguntei. — Claro, por que não? Não creio que houvesse nada de especial na conversa que tivemos essa noite. Foi mais a impressão que causava. Tinha me escolhido e ponto final. Sem a menor coação. Gostou da bebida e tomou varias doses. Não parecia ser de maior idade, mas, não sei como, ninguém se recusava a servi-la. Talvez tivesse carteira de identidade falsa, sei lá. O certo é que toda vez que voltava do toalete para sentar do meu lado, me dava uma pontada de orgulho. Não só era a mais linda mulher da cidade como também das mais belas que vi em toda minha vida. Passei-lhe o braço pela cintura e dei-lhe um beijo. — Me acha bonita? — perguntou. — Lógico que acho, mas não é só isso… é mais que uma simples questão de beleza… — As pessoas sempre me acusam de ser bonita. Acha mesmo que eu sou? — Bonita não é bem o termo, e nem te faz justiça. Cass meteu a mão na bolsa. Julguei que estivesse procurando um lenço. Mas tirou um longo grampo de chapéu. Antes que pudesse impedir, já tinha espetado o tal grampo, de lado, na ponta do nariz. Senti asco e horror. Ela me olhou e riu. — E agora, ainda me acha bonita? O que é que você acha agora, cara? Puxei o grampo, estancando o sangue com o lenço que trazia no bolso. Diversas pessoas, inclusive o sujeito que atendia no balcão, tinham assistido a cena. Ele veio até a mesa: — Olha — disse para Cass, — se fizer isso de novo, vai ter que dar o fora. Aqui ninguém gosta de drama. — Ah, vai te foder, cara! — É melhor não dar mais bebida pra ela — aconselhou o sujeito. — Não tem perigo — prometi. — O nariz é meu — protestou Cass, — faço dele o que bem entendo. — Não faz, não — retruquei, — porque isso me dói. — Quer dizer que eu cravo o grampo no nariz e você é que sente dor? — Sinto, sim. Palavra. — Está bem, pode deixar que eu não cravo mais. Fica sossegado. Me beijou, ainda sorrindo e com o lenço encostado no nariz. Na hora de fechar o bar, fomos para onde eu morava. Tinha um pouco de cerveja na geladeira e ficamos lá sentados, conversando. E só então percebi que estava diante de uma criatura cheia de delicadeza e carinho. Que se traia sem se dar conta. Ao mesmo tempo que se encolhia numa mistura de insensatez e incoerência. Uma verdadeira preciosidade. Uma jóia, linda e espiritual. Talvez algum homem, uma coisa qualquer, um dia a destruísse para sempre. Fiquei torcendo para que não fosse eu. Deitamos na cama e, depois que apaguei a luz, Cass perguntou: — Quando é que você quer transar? Agora ou amanhã de manhã? — Amanhã de manhã — respondi, — virando de costas pra ela. No dia seguinte me levantei e fiz dois cafés. Levei o dela na cama. Deu uma risada. — Você é o primeiro homem que conheço que não quis transar de noite. — Deixa pra lá — retruquei, — a gente nem precisa disso. — Não, para aí, agora me deu vontade. Espera um pouco que não demoro. Foi até o banheiro e voltou em seguida, com uma aparência simplesmente sensacional — os longos cabelos pretos brilhando, os olhos e a boca brilhando, aquilo brilhando… Mostrava o corpo com calma, como a coisa boa que era. Meteu-se em baixo do lençol. — Vem de uma vez, gostosão. Deitei na cama. Beijava com entrega, mas sem se afobar. Passei-lhe as mãos pelo corpo todo, por entre os cabelos. Fui por cima. Era quente e apertada. Comecei a meter devagar, compassadamente, não querendo acabar logo. Os olhos dela encaravam, fixos, os meus. — Qual é o teu nome? — perguntei. — Porra, que diferença faz? — replicou. Ri e continuei metendo. Mais tarde se vestiu e levei-a de carro de novo para o bar. Mas não foi nada fácil esquecê-la. Eu não andava trabalhando e dormi até às 2 da tarde. Depois levantei e li o jornal. Estava na banheira quando ela entrou com uma folhagem grande na mão — uma folha de inhame. — Sabia que ia te encontrar no banho — disse, — por isso trouxe isto aqui pra cobrir esse teu troço aí, seu nudista. E atirou a folha de inhame dentro da banheira. — Como adivinhou que eu estava aqui? — Adivinhando, ora. Chegava quase sempre quando eu estava tomando banho. O horário podia variar, mas Cass raramente se enganava. E tinha todos os dias a folha de inhame. Depois a gente trepava. Houve uma ou duas noites em que telefonou e tive que ir pagar a fiança para livrá-la da detenção por embriaguez ou desordem. — Esses filhos da puta — disse ela, — só porque pagam umas biritas pensam que são donos da gente. — Quem topa o convite já está comprando barulho. — Imaginei que estivessem interessados em mim e não apenas no meu corpo. — Eu estou interessado em você e também no seu corpo. Mas duvido muito que a maioria não se contente com o corpo. Me ausentei seis meses da cidade, vagabundeei um pouco e acabei voltando. Não esqueci Cass, mas a gente havia discutido por algum motivo qualquer e me deu vontade de zanzar por aí. Quando cheguei, supus que tivesse sumido, mas nem fazia meia hora que estava sentado no West End Bar quando entrou e veio sentar do meu lado. — Como é, seu sacana, pelo que vejo já voltou. Pedi bebida para ela. Depois olhei. Estava com um vestido de gola fechada. Cass jamais tinha andado com um traje desses. E logo abaixo de cada olheira, espetados, havia dois grampos com ponta de vidro. Só dava para ver as pontas, mas os grampos, virados para baixo, estavam enterrados na carne do rosto. — Porra, ainda não desistiu de estragar sua beleza? — Que nada, seu bobo, agora é moda. — Pirou de vez. — Sabe que sinto saudade — comentou. — Não tem mais ninguém no pedaço? — Não, só você. Mas agora resolvi dar uma de puta. Cobro dez pratas. Pra você, por��m, é de graça. — Tira esses grampos daí. — Negativo. É moda. — Estão me deixando chateado. — Tem certeza? — Claro que tenho, pô. Cass tirou os grampos devagar e guardou na bolsa. — Por que é que faz tanta questão de esculhambar o teu rosto? — perguntei. — Quando vai se conformar com a idéia de ser bonita? — Quando as pessoas pararem de pensar que é a única coisa que eu sou. Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feio. Assim, quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão. — Então tá. Sorte minha, né? — Não que você seja feio. Os outros é que acham. Até que a tua cara é bacana. — Muito obrigado. Tomamos outro drinque. — O que anda fazendo? — perguntou. — Nada. Não há jeito de me interessar por coisa alguma. Falta de ânimo. — Eu também. Se fosse mulher, podia ser puta. — Acho que não ia gostar de um contato tão íntimo com tantos caras desconhecidos. Acaba enchendo. — Puro fato, acaba enchendo mesmo. Tudo acaba enchendo. Saímos juntos do bar. Na rua as pessoas ainda se espantavam com Cass. Continuava linda, talvez mais do que antes. Fomos para o meu endereço. Abri uma garrafa de vinho e ficamos batendo papo. Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era sempre assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, Cass dava aquela risada — da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira. Enquanto conversávamos, fomos nos beijando e aproximando cada vez mais. Ficamos com tesão e resolvemos ir para a cama, Foi então que Cass tirou o vestido de gola fechada e vi a horrenda cicatriz irregular no pescoço — grande e saliente. — Puta que pariu, criatura — exclamei, já deitado. — Puta que pariu. Como é que você foi me fazer uma coisa dessas? — Experimentei uma noite, com um caco de garrafa. Não gosta mais de mim? Deixei de ser bonita? Puxei-a para a cama e dei-lhe um beijo na boca. Me empurrou para trás e riu. — Tem homens que me pagam as dez pratas, aí tiro a roupa e desistem de transar. E eu guardo o dinheiro pra mim. É engraçadíssimo. — Se é — retruquei, — estou quase morrendo de tanto rir… Cass, sua cretina, eu amo você… mas para com esse negócio de querer se destruir. Você é a mulher mais cheia de vida que já encontrei. Beijamos de novo. Começou a chorar baixinho. Sentia-lhe as lágrimas no rosto. Aqueles longos cabelos pretos me cobriam as costas feito mortalha. Colamos os corpos e começamos a trepar, lenta, sombria e maravilhosamente bem. Na manhã seguinte acordei com Cass já em pé, preparando o café. Dava a impressão de estar perfeitamente calma e feliz. Até cantarolava. Fiquei ali deitado, contente com a felicidade dela. Por fim veio até a cama e me sacudiu. — Levanta, cafajeste! Joga um pouco de água fria nessa cara e nessa pica e vem participar da festa! Naquele dia convidei-a para ir à praia de carro. Como estávamos na metade da semana e o verão ainda não tinha chegado, encontramos tudo maravilhosamente deserto. Ratos de praia, com a roupa em farrapos, dormiam espalhados pelo gramado longe da areia. Outros, sentados em bancos de pedra, dividiam uma garrafa de bebida tristonha. Gaivotas esvoaçavam no ar, descuidadas e no entanto aturdidas. Velhinhas de seus 70 ou 80 anos, lado a lado nos bancos, comentavam a venda de imóveis herdados de maridos mortos há muito tempo, vitimados pelo ritmo e estupidez da sobrevivência. Por causa de tudo isso, respirava-se uma atmosfera de paz e ficamos andando, para cima e para baixo, deitando e espreguiçando-nos na relva, sem falar quase nada. Com aquela sensação simplesmente gostosa de estar juntos. Comprei sanduíches, batata frita e uns copos de bebida e nos deixamos ficar sentados, comendo na areia. Depois me abracei a Cass e dormimos encostados um no outro durante quase uma hora. Não sei por quê, mas foi melhor do que se tivessemos transado. Quando acordamos, voltamos de carro para onde eu morava e fiz o jantar. Jantamos e sugeri que fossemos para a cama. Cass hesitou um bocado de tempo, me olhando, e respondeu, pensativa: — Não. Levei-a outra vez até o bar, paguei-lhe um drinque e vim-me embora. No dia seguinte encontrei serviço como empacotador numa fábrica e passei o resto da semana trabalhando. Andava cansado demais para cogitar de sair à noite, mas naquela sexta-feira acabei indo ao West End Bar. Sentei e esperei por Cass. Passaram-se horas. Depois que já estava bastante bêbado, o sujeito que atendia no balcão me disse: — Uma pena o que houve com sua amiga. — Pena por quê? — estranhei. — Desculpe. Pensei que soubesse. — Não. — Se suicidou. Foi enterrada ontem. — Enterrada? — repeti. Estava com a sensação de que ela ia entrar a qualquer momento pela porta da rua. Como poderia estar morta? — Sim, pelas irmãs. — Se suicidou? Pode-se saber de que modo? — Cortou a garganta. — Ah. Me dá outra dose. Bebi até a hora de fechar. Cass, a mais bela das 5 irmãs, a mais linda mulher da cidade. Consegui ir dirigindo até onde morava. Não parava de pensar. Deveria ter insistido para que ficasse comigo em vez de aceitar aquele “não”. Todo o seu jeito era de quem gostava de mim. Eu é que simplesmente tinha bancado o durão, decerto por preguiça, por ser desligado demais. Merecia a minha morte e a dela. Era um cão. Não, para que pôr a culpa nos cães? Levantei, encontrei uma garrafa de vinho e bebi quase inteira. Cass, a garota mais linda da cidade, morta aos vinte anos. Lá fora, na rua, alguém buzinou dentro de um carro. Uma buzina fortíssima, insistente. Bati a garrafa com força e gritei: — MERDA! PARA COM ISSO, SEU FILHO DA PUTA! A noite foi ficando cada vez mais escura e eu não podia fazer mais nada.
Charles Bukowski.  
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vocabulo-incognito · 8 years
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Meu amor, o que mais desejo em momentos aleatórios do dia, são teus toques, teus lábios me percorrendo, com objetivo de soltar pelo ar, suspiros ofegantes, na mais imaginável repetição. Arrepios caminham sobre minha pele, dado a você, o motivo da minha excitação. Esqueça as preocupações inconvenientes, e se mantenha focado em minhas contrações causadas pela tua sede. Uma conexão atrativa nos envolve, e como consequência, nossas almas se juntam, despidas com uma única ambição, encontrar um no outro, um motivo para gemer.
Cruz, Y 
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vocabulo-incognito · 8 years
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Ao demonstrar o simples cumprimento, sinto que uma leve tensão se esvai, doando-me liberdade para espairecer. A quietude em certos momentos dominam os minutos, mas não nos impede de estarmos nos comunicando fisicamente. Sob a brisa de um vício, deliro perdidamente sobre meus pensamentos, e tento extrair uma conclusão. Aos poucos ventos distantes, esqueço por algumas horas o que isso me proporciona, mas ao ver o teu olhar perdido, necessitado de um abraço, tenho vontade de estar ali, de coração aberto para morada. Percebi isso quando me lembrei de nossas mãos entrelaçadas, a tamanha segurança que você me passava, e lágrimas que caíam sobre a mesa devagar. O tênue ato de compartilhar sorrisos com os ares, é incompreensível à alguns olhos, porém lhe prende a uma sensação confusa e ao mesmo tempo boa. É difícil distinguir.
Cruz, Y 
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vocabulo-incognito · 8 years
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Acordo todos os dias com uma leve sensação. Enquanto meus olhos abriam, vinha com a luz meu primeiro pensamento, ela. Não consigo entender como, nem por que aquele jeito dócil invadira meu coração. A pouco tempo eu a conheci, digo por volta de poucos meses, em uma reunião de amigos. Eu estava meio alucinado mal compreendia o que teus lábios me ditavam, apenas sabia que queria beijar que queria beijá-los e por fim eu os beijei. Com o passar do tempo fui me envolvendo entre aqueles louros cabelos, que me deixavam boquiaberto quando a luz do sol pairava sobre eles, assim me deixando mais ávido por sua companhia. Gostaria de entender o que tínhamos porque já havia algo cravado em mim, e na busca de saber a verdade calei-me. Virou rotina e eu não sei por quê. Mas sei que no fundo reside uma conexão, que vai além de atração física. Eu estava ensandecido, por onde passara meu senso duro? Ando sensível e romântico, cuidadoso porém me cuidando menos. Por onde estou? Estou perdido. Perdidamente apaixonado, e eu nem quero saber o porquê.
Cruz, Y 
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vocabulo-incognito · 8 years
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amor deveria queimar assim? 
não sei até onde suporto sentir minha alma sendo estrangulada e viver com os olhos tão pesados como se fossem explodir em lágrimas a qualquer momento. ouço música, crio momentos, choro no box do banheiro enquanto a água acerta de cheio meu rosto. eu fico inquieto na minha cama e em qualquer lugar que eu esteja. 
doer não deveria ser temporário? 
mas eu estou fazendo algo mais que suportar: estou me acostumando. como se o rasgão que abrem em meu peito fosse parte da minha decoração. um coração partido é atrativo? eu não quero ser esse show de horrores que chama a atenção para lentes e curiosos, mas que no fim do dia é só solidão. 
não quero ser como um quadro do van gogh, que emociona mas continua carregando sentimentos que ninguém é capaz de enlaçar. 
talvez as dores do mundo só precisem ser abraçadas. 
talvez as dores do mundo só precisem serem sentidas. 
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vocabulo-incognito · 8 years
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Descobrimos prazer em determinadas ações  E fazemos delas, hábito Ainda que destrutivo se satisfaz a mente sedenta pelo caos e infinitude de depravação, que mal tem? Jorramos na terra nosso ódio e ganância E atendendo a sua genuinidade, esta suga, absorve e como não consegue repelir Treme, destrói, alaga, transborda Em puro manifesto contra aquilo que nela atiramos. A lutar constantemente contra a tendência ao declínio  Ensinados a aceitar e fazer parte da miséria A calar, sufocar e empurrar para dentro a palavra de revolta que quase escapa Disciplinados a ser mão de obra. Ensinados somos e da mesma forma ensinamos.
Santa Maria, RS. 2017
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