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Páginas quase noturnas - 02/02/2024

PARTE 2

Assim como o Stefan de Vampire Diaries, vivi nas sombras. A luz que eu achava que brilhava do meu potencial, que eu achava era meu sol em Leão iluminando a minha caminhada, na verdade, eram as tochas mal feitas de uma prisão forjada para me manter prisioneira de expectativas alheias. Como uma bruxa perseguida na época da Inquisição, por sua genialidade ou pela sua habilidade em incendiar tudo ao seu redor, eu me sentia prisioneira da minha própria luz. A minha vida inteira me convenceram que o Leão que rugia dentro de mim gritava palavras ameaçadoras, querendo me atrair para uma armadilha da qual eu não conseguiria escapar. Hoje, eu vejo que ele rugia alto, para me dizer que eu já estava na armadilha e que, para eu me salvar, eu precisava correr. Muito. E rápido. Ao mesmo tempo, ele é o guardião feroz e implacável da minha criança interior e caminha ao seu lado, imponente e protetor, toda vez que ela resolve sair de seu esconderijo que poucos sabem onde fica. Por coincidência, atualmente, também poucas pessoas sabem onde eu moro. Ok, eu não acredito que seja uma coincidência. Deitada, no meu colchão de ar, no meu apartamento no segundo andar, retomo uma fase da minha vida, mas com um sonho diferente: viver os meus sonhos. Por anos, evitei escrever, e até mesmo publicar o que escrevo, por medo de julgarem os meus sentimentos, assim como sempre aconteceu. Não quero ter a dor de cabeça de justificar sentimentos que não precisam ser justificados. Eles precisam ser acolhidos. E eu sinto uma necessidade urgente de me acolher, de acolher meus sonhos, de me abraçar e dizer para mim mesma, para todas as Lizandras que vivem dentro de mim: estou indo mais fundo e eu devo isso a todas vocês.

Com amor,

Eu mesma.

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Páginas quase noturnas - 02/02/2024

PARTE 1

Escrevo essas páginas com um misto de emoções, mas, acima de tudo, me sinto triste, um tanto cansada e com raiva. Parece que, toda vez que tento respirar um pouquinho, sou engolida por um mix de sentimentos, sejam novos ou antigos. Parece que tem uma fila de sentimentos, emoções, acontecimentos passados ou até mesmo ilusões futuras esperando numa fila para tirar satisfação comigo. As vezes, eles esperam pacientemente na fila, mas as vezes, resolvem protestar, todos juntos, por falta de atenção. Calma aí sentimentos, são só 12h00 e eu ainda nem almocei. Sinto que estou retomando minha vida depois de uma longa pausa. Sabe quando o personagem do filme entra num arco do tempo, viaja para o passado, entende um monte de coisa e depois retoma a sua vida com tudo mais esclarecido? Talvez, quase talvez, como o filme do Efeito Borboleta. Não tinha percebido, talvez porque o sentimento deja vu ainda não tinha vindo tirar satisfação comigo, mas me sinto lá em 2019. Eu mudei para Campinas com um estágio, um colchão e o sonho de ser independente financeiramente. Aí veio a pandemia. Confesso que retornar para a casa dos meus pais foi ótimo, porque me deu um respiro para que eu pudesse me curar de um coração partido em mil pedaços, uma conta bancária no vermelho e de um corpo que não era meu. Depois de 2 anos puramente focada no meu crescimento profissional cheguei em um estágio em que o desafio intelectual não me satisfazia mais. Depois de falar isso ao Universo, Deus me presenteou com um bom salário e um baita desafio intelectual. Diria até pessoal. Eu tive que enfrentar meu perfeccionismo, minha vergonha, meu medo de errar. Hoje eu vejo que enfrentei minha vulnerabilidade na sua forma mais pura. Quando eu expressei meu desejo de empreender me deparei com algo que eu passei a minha vida inteira: o não acolhimento dos meus sentimentos. Eu nunca pude contar com um colo para chorar minhas tristezas, desabafar do quanto estava difícil, do quanto eu sentia falta daquele boy lixo, porque aparentemente eu estava sendo tonta e infantil. E talvez eu realmente estivesse. Afina, atire a primeira pedra quem nunca chorou pelo boy - ou girl - lixo, mas aquilo era considerado errado. Meus sentimentos eram sempre categorizados: errado. certo. exagerados. menos. desinteressantes. perda de tempo. vish, tá de tpm. Hoje, eu me percebo com medo. Medo de tomar as minhas decisões e ouvir julgamentos que acabam com a minha saúde mental. Será que é esse medo que Michael Todd se refere quando disse que vivemos no raso e precisamos nos apegar a Deus para irmos deep?

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The single most perfect wine pairing. Cheers! (tn)

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É sobre

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Nitsan Raiter

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