Tumgik
whenyoulookmyway · 5 years
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me desculpe, eu quase
Queria te pedir desculpas. Desculpa por ter te desapontado. Pior do que ter a certeza do não ou a incerteza do talvez, é ter a convicção do quase. É essa a palavra que me tortura e me faz sentir incapaz. Pensar no que poderia ter sido, mas não foi. Foi quase.  Pensar nas chances que deixei passar, que acabaram escapando pelos dedos. Pensar em situações em que fui tomado pelo medo. Pensar em tudo que poderia ter acontecido, mas quase. Eu quase te tive pra sempre comigo. Foi quase.  Ninguém cruza nosso caminho sem propósito algum, nessa vida temos muito o que dar e receber. Você me deu muito amor, agora me dá muita saudade. É normal. Eu te dei muito amor, mas acho que parei por ai. Foi quase. Quase que eu te dei saudade. Se eu não tivesse cobrado, se eu não tivesse falado, se tivesse me controlado, se eu não tivesse ciúmes, quem sabe quase. Diferente de tudo, tenho certeza do amor. Tenho certeza que amei, que amo. No amor não tem quase. O amor é sim ou não. É sente ou não sente. É chama viva ou cinza apagada. O amor não deixa dúvidas, ele te preenche, te entende, te faz vivo. Ou quase. O mesmo amor, quando não correspondido, te fere. Não fere pouco, leva tudo ou quase. Você se sente sem chão, sem base. É triste dizer que tudo o que eu tenho hoje não me pertence. Não que algum dia tenha me pertencido, mas fazia parte de mim. Na verdade, ainda faz parte de mim. Você faz parte de mim. Mas eu faço parte de você? Talvez eu nunca saiba, então, se você ler isso: Me desculpe, eu quase.
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whenyoulookmyway · 5 years
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Fico feliz que compreenda que tenho muitas preocupações, mas acho que você não compreenderá jamais o que se passa na minha cabeça. Como não adianta nada eu ficar pensando em formas de fazer sentir, mostro-me sempre alegra na frente das pessoas, como se estivesse tudo certo. Essa é a minha maneira de viver. Então, não se surpreenda se me encontrar sorrindo parado em uma esquina da vida. Eu posso começar a chorar no momento em que colocar que pés para atravessar a rua. 
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whenyoulookmyway · 6 years
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O tempo
Quando eu era mais novo, colocava os braços dentro da camiseta e dizia às pessoas que eu os tinha perdido. Eu dormia com um macaco de pelúcia que ganhei de aniversário aos 5 anos. Acordava cedo só para correr para o sofá e assistir o mesmo filme de sempre - Rei Leão, sempre foi o meu preferido. Eu esperava atrás das portas para assustas as pessoas. Pulava de um sofá para o outro, enquanto encorajava minha irmã a fazer o mesmo. Por vezes, fingi que eu estava dormindo para meu pai me carregar até a cama - não era sempre que tinha esse privilégio. Eu lembro de pensar que a lua seguia o meu carro e olhava para as gotas de água escorrendo, em meio à um temporal, como se elas estivessem apostando corrida. Me lembro ainda de me ralar todo no chão e quebrar um braço, quando decidi que pedalar na descida era a coisa certa a fazer. Lembro de quando eu era criança e queria crescer.  Hoje, certamente, não teria esse desejo. A gente sempre ouve ou diz aquele popular “parece que foi ontem”, e com certeza ontem não imaginei um hoje assim. Aposto que você também não. Meu eu de ontem, que brincava, assistia desenhos e fingia estar dormindo, tinha outros planos. Mas eu aprendi que a vida não segue o roteiros. Nem tudo é possível, nem todos os sonhos se tornam realidade, nem todo amor dá certo, nem toda família é unida, nem toda expectativa se cumpre, nem todos os amigos são pra sempre, nem todo dinheiro é suficiente, nem toda vida dá certo. E nessas negativas fui aprendendo, com o tempo, que sorrir era a melhor opção. E se você pensou que de uma maneira boa, se enganou. É engraçado o jeito como conseguimos enganar uns aos outros. Com um simples sorriso, finjo estar tudo bem, evito ter quer falar sobre como realmente estou me sentindo por dentro, porquê por fora tudo aparenta estar bem, mas a verdade é que por dentro os pensamentos me sufocam. Existem palavras presas na garganta, na ponta da lingua. No meu caso, esperam apenas o momento certo para irem até a ponta dos dedos, onde certamente se desmanchariam em textos. Textos que não são para serem lidos e, talvez por isso, me recuso tanto a escrever. Quando não escrevo, faço terapias em meu próprio quarto, com um fone no ouvido deitado na cama, ouvindo músicas e mais músicas, ou então apenas uma que acabo encontrando tudo aquilo que queria ouvir. Ainda assim, na maioria das vezes, os problemas não vão embora. 
Hoje, eu coloco um sorriso no rosto. Quando eu era mais novo, eu sorria. 
Espero, um dia, voltar a ser mais novo. 
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whenyoulookmyway · 6 years
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Feliz Natal
Diferente dos anos anteriores, não vim desejar "Feliz Natal". Quão superficial seria desejar algo que nem eu mesmo sei o que significa para uma pessoa que eu talvez nem conheça? Por não conhecer, eu constato: fui contaminado pela onda da superficialidade. "A superficialidade é o pântano no qual os homens afogaram o amor". - Padre Pio Não é dificil, hoje em dia, encontrar quem não tenha medo de se aprofundar nos seus relacionamentos, sejam eles de diversos tipos. Relacionamentos amorosos, familiares e até amizades. As conversas são de assuntos fáceis de desenvolver, o modo de se portar é programático, o sorriso no rosto é permanente. Não existem problemas. Você é um eterno ser feliz e sorte de quem cruzou seu caminho.
Aparentemente, manter as coisas no superficial facilita esconder uma vida 'não perfeita'. Entretanto, quais são os benefícios de relações como essa? O que você ganha escondendo quem você realmente é ou o que quer? Eu não sei. Sempre fui muito submerso. E minha segunda constatação nesse texto é: ser submerso em tempos de superficilidade pode machucar. E após me machucar uma quantidade consideravel de vezes, me tornei mais frio, menos profundo e talvez razo demais pro submergir novamente. E por mais triste que isso possa parecer, é o destino inevitável de todas as pessoas. Isso se tornou inevitável a partir do momento em que nossas misérias não puderam mais ser expostas, por medo de julgamentos. Criamos barreiras entre nós e o outro. Criamos máscaras para que não transpareçam nossas feridas e, principalmente, para que elas não sejam tocadas. Para que não sejamos corrigidos nas coisas que precisamos mudar. Reforço, problemas não podem existir. Se você não é um ser de felicidade infinita, você se torna tóxico. "Ser feliz não é fingir que a tristeza não existe, você só sabe se é feliz se já foi triste, você precisa de um parâmetro." - Desconhecido
Com o tempo, perdemos a capacidade de apreciar um momento de felicidade, de aprender com os momentos de tristeza, pois estamos sempre concentrados em como a situação vai aparentar para o outro. Sua cabeça não funciona mais para você. Ela funciona apenas para definir como você será para o mundo. E então você não é mais você. A pessoa, que um dia você foi, não é mais a mesma de hoje. Você se tornou superficial. Eu poderia ter apenas desejado um "Feliz Natal, para você e sua familia", mas Natal representa amor e amor é um sentimento muito forte pra se transmitir em frases prontas. Do mesmo modo, Natal representa recomeço. Recomeçar, diferente do principio do amor, pode ser doloroso, mas às vezes necessário. Recomece, reconheça, re-ame.
Feliz Natal.
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whenyoulookmyway · 7 years
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Lately I’ve been thinking a lot.
Actually, I’ve been thinking too much.
I need to admit it.
I have so many questions and I don’t know exactly how to ask them.
I’m bleeding inside.
It’s hurting so much and I wonder when is it gonna stop.
I wish my life was a little easier.
So much pressure. So many doubts.
I wish I could disappear sometimes.
I know I can’t always do what I want, but why?
I keep thinking about happy endings and wondering if I’ll have one of my own.
I should be living day by day, enjoying it. I know that.
But it’s so hard not having control of your own life...
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whenyoulookmyway · 7 years
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Não fosse verdade, seus olhos diriam; eles conversam com os meus. Se esconde, enquanto a verdade implícita brinca com o que restou - do que um dia eu fui.  - Diego Pereira 
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whenyoulookmyway · 7 years
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Decida-se ou me esqueça
Não sou superficial. Aliás, superficialidade nunca foi meu forte.  Meu rosto estampa o que eu sinto no mais intimo do meu âmago. Isso não é ruim. Quem dera todos fossem assim. 
Eu te vejo e sinto. Até sinto, mas não me entrego.  Foi-se o tempo em que eu perdia noites pensando no que fazer pra te ter por inteiro.  Afinal, por nunca ter tido, não sei se vale a pena.  Pena essa que não costuma ser pouca.  Traumas, inseguranças, receios me cercavam, mas eu te amava.
Nunca pensei que o amor fosse o sentimento que me faria sentir manipulado. Minha fama, de ser grosso e ter o coração frio, não fazia jus ao que eu passava. Era mole, me entregava. Relevava e superava. Te amava. 
Hoje, já decidido de que minha vida não deve mais fazer parte dessa roleta russa, me sinto bem.  Você vem, aparece do nada e me confunde. Não quero. Não sinto. Diz que me ama e, ainda assim, seus comportamentos dizem o contrário.  Eu penso. Não entendo. Apenas aceito e continuo vivo. 
Te peço; Decida-se, ou me esqueça.
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whenyoulookmyway · 7 years
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E é só isso que eu queria que você soubesse.
Era quarta-feira, uma daquelas bem cinzentas na cidade de São Paulo, chovia sem força, mas quando o vento gelado chegou, trouxe com ele o aviso de que não seria um dia fácil. Esquento a água para o café enquanto faço um check list mental de tudo o que havia pensado para o dia de hoje: “Buscar casaco - Check”, “Cortar o cabelo - às 11h”, “Encomendar flores - às 12h”, “Tentar descobrir o restaurante que ele quer ir” e “Tentar fazer esse o melhor dia dos 6 meses”. Tomei meu café enquanto via o meu news feed das redes sociais. Não tinha nada de interessante. “Talvez por ser muito cedo”- pensei eu, e logo em seguida realizei que não era por isso. Naquele momento percebi que passou a não ser mais interessante como as pessoas estavam vivendo a vida delas. Era bom saber que os amigos estavam bem, claro que era, mas eu não precisava mais saber da vida das quase 500 pessoas que seguia na minha conta do Instagram. Toda aquela minha necessidade de analisar a vida dos outros e comparar com a minha, não existia mais. Faziam exatos 180 dias, 26 semanas e 1 dia, ou quase 6 meses - se preferirem, que eu havia encontrado alguém que me completava. Sim, eu estava apaixonado. Perdidamente apaixonado. E minha vida mudou.
Às 08h47, daquela mesma quarta-feira, recebi uma mensagem sua: “Amor, bom dia! Compra cereal. Te amo! ”. Tudo o que eu ainda não havia sentido naquele dia, eu senti naquele momento. Era como se eu precisasse daquela mensagem para que meu dia começasse, como se fosse um primeiro suspiro do dia. E finalmente me senti pronto, porque te senti comigo. O dia seguiu da maneira rotineira. Ele estava trabalhando e tinha pouco tempo para me mandar mensagens. Eu estava preocupado com o corte de cabelo que eu faria, porque não queria me sentir ou estar feio para ele, não naquele dia. Eu saí, cortei o cabelo, voltei para casa e pesquisei valores de flores e o que cada uma poderia significar, afinal, eu não sabia nada sobre elas. A um tempo atrás, ele havia comentado comigo que achava bonito ganhar flores e eu, com meu jeito grosso de ser, comentei logo em seguida que não gostava porque me lembrava “coisa para gente morta”. Não que eu tenha mudado meu pensamento sobre isso, mas o que importava era só ele. “Eu sempre adorei ganhar flores, é tão bonito” - A frase que ele disse ficou na minha cabeça. Continuei procurando, até que encontrei. Era uma postagem de aniversário de casamento de duas pessoas mais velhas. O esposo surpreendeu a mulher dele com uma rosa para cada ano que estiveram juntos. Surpreendentemente, estavam juntos a 59 anos. Eu, no auge dos meus 22, não consegui mensurar quanto tempo isso seria. Mas eles pareciam tão felizes... Liguei para a floricultura mais próxima da região em que estaríamos e perguntei até que horas eles faziam entregas. Eu queria surpreende-lo quando estivéssemos jantando, como nesses filmes românticos em que a pessoa chora de tanta felicidade. “Eu quero 6 rosas vermelhas embrulhadas da forma mais bonita possível.”. Eu sabia que eram poucas rosas, mas tinha um significado o número exato. No mesmo momento em que pedi as rosas, peguei um papel e escrevi: “Seis rosas para seis meses. Que nunca nos faltem rosas. Te amo! ” Logo em seguida coloquei na minha carteira, onde a infinidade de papeis dobrados em formato de coração e guardanapos dos nossos meses de namoro se encontravam. Aquele dia não podia ser ruim. Não aquele, não o seguinte e nenhum outro. Já estávamos cansados de tantas brigas e desentendimentos. Nós nos amávamos, e MUITO. Ou pelo menos eu achava isso. E então não entendia porque os últimos meses tinham sido tão difíceis. Cobranças, choros e “desculpas” já faziam parte do meu dia-a-dia. Era difícil, e como era. Mas perde-lo seria mais. Eu engolia, chorava e engolia o choro. Não como se eu tivesse acomodado, porque não estava, não estávamos. Depois de meses vendo nossas similaridades na forma de pensar, meses ouvindo que éramos ‘alma gêmea’ e nos sentindo dessa forma, meses sendo parados na rua para ouvir que éramos um casal maravilhoso, descobrimos nossas diferenças. Eu, mais conservador. Ele, mais liberal. Eu, queria tê-lo sempre por perto. Ele, queria seu espaço. E isso nos afastou. Nossas diferenças nos afastaram. Eu sou difícil, eu sei, sempre fui. Quando menor, ouvia sempre da minha mãe que coitada seria a pessoa que tivesse comigo, e isso me causava um medo. Por muito tempo estive sozinho, mesmo quando estava com alguém. Sozinho por me sentir incompleto. Sentir que a pessoa era apenas mais uma que passaria pela minha vida e não deixaria nada de bom, não ficaria. Mas foi diferente quando eu o encontrei. Senti algo único que não saberia pôr em palavras. A forma como nos sentimos bem conversando sobre momentos difíceis da nossa vida logo no primeiro encontro, como ele me abraçava enquanto eu cozinhava, como ele parava e me olhava quando eu não estava fazendo absolutamente nada, e sorria em seguida. A maneira como ele segurava minha mão quando saíamos, sem ter medo de sermos vistos juntos. Ele me queria sempre por perto.
Eu não sei o que aconteceu.
De uma hora para outra, tudo o que sempre nos aproximou, começou a nos afastar. Meu jeito mais ciumento, que ele tanto amava, começou a incomodar. A mania dele, de mentir para os amigos para ficarmos juntos, começou a me intrigar – “Será que ele mentiria para mim? ”. E tudo isso cresceu dentro da gente. Entretanto, o amor era maior. Eu desculpava quando descobria alguma coisa. Ele entendia quando eu tinha minhas crises, e assim vivíamos. Cheios de momentos bons, e também de momentos ruins.
Ainda naquela quarta-feira, eu tinha uma reunião de trabalho e, para ir, passaria próximo ao prédio dele. Queria combinar com o porteiro algo sobre as flores, caso não desse certo a entrega no restaurante. Mandei uma mensagem para ele “Estou aqui perto da sua casa, posso deixar minha mochila com o seu porteiro e depois eu pego, quando voltarmos? ” – “Pode sim, amor! ”. Estava tudo certo, eu já tinha um plano B, caso o A não desse certo. Em seguida eu recebo uma ligação da reunião, pedindo para remarca-la para o dia seguinte. Fui para o shopping e te esperei próximo de casa, pois sabia que você voltaria para se trocar antes de irmos ao desfile. Passei uma semana para conseguir um convite adicional daquele evento. Foi difícil, mas eu queria leva-lo. Horas se passaram e finalmente ele estava vindo ao meu encontro. Eu estava ansioso. Incrivelmente preocupado com um plano inteiro que ele, sem dúvidas, não se importaria se acontecesse de forma alternada. Nos trocamos – ainda estávamos meio distantes, mas eu estava tentando. No caminho abri meu celular e mandei mensagem para a menina que eu conhecia no evento, a mesma que tinha conseguido os ingressos. Paramos de frente ao evento e continuei o sentindo distante. Entramos, procuramos a menina e ele continuou distante. E aí sentamos. Desconfiado de algo que viu, ele veio me perguntar. A minha resposta negativa não foi o suficiente, ele não acreditava em mim. Em meio a toda uma confusão, virou e falou que se eu não contasse a verdade, teríamos que ir para a casa dele, para que pegar minha mochila e ir para minha casa. Ele não queria mais nada. Eu surtei. A verdade dele não era absoluta. Eu estava dizendo a verdade, mas não parecia suficiente. Tentei diversas vezes, no meio do caminho até o metrô, convencê-lo de que era loucura o que ele estava fazendo. Afinal, ele me escondia algo? Firme, ele continuou e pediu para que eu parasse de falar. E eu parei. Fomos o restante do caminho quietos, eu estava chorando de raiva por dentro. Tudo o que eu havia planejado não serviria de nada. Tudo o que eu sentia e falava não valia de nada. E então me senti mais rígido, como se minha autopreservação falasse mais alto. Comecei a pensar racionalmente e fiquei frio. Frio como nunca havia ficado antes. Não com ele. Chegamos no apartamento dele e eu não quis entrar, pedi para que ele buscasse minhas coisas que eu iria embora. Um arrependimento bateu nele e ele quis conversar. Pedi que começasse a falar, mas que buscasse minhas coisas antes. Quando voltou, com a minha mochila nas costas, pediu para que eu entrasse no hall, precisávamos conversar. Eu, depois de algum tempo, aceitei. Era difícil para mim ter que entrar naquele lugar, no lugar em que terminamos nosso primeiro encontro sorrindo e não querendo nos despedir. Eu não queria lembrar daquele lugar como uma coisa ruim, porque eu sabia que estava prestes a acontecer. Quando sentamos, ele começou a falar de algumas coisas. Me entendeu em alguns sentimentos. Sentiu como é ser ‘enganado’, mesmo que eu não tivesse mentido para ele. E a empatia falou mais alto. No minuto seguinte começou a contar coisas e mais coisas que ele escondia de mim. Confessar mentiras que havia contado e que, nas mesmas, havia me condenado por não acreditar nele. Eu fui chamado de louco, e de coisas piores. Mas ele queria mudar isso. Era para ser um refresh, um novo ponto de partida, porque ele disse não aguentar mais guardar todas aquelas coisas. Não aguentava mais ter a consciência de que estava me enganando em tanta coisa, por tanto tempo. A cada coisa que ele me contava eu me sentia pior, me sentia um lixo, me sentia usado. Não era mais um sentimento comum, eu não sabia o era aquilo dentro de mim. “Falei com o meu ex”, e eu suspirava. “Eu fumei escondido”, e eu engolia. “Eu não acredito em você”, e suprimi o choro. Eu queria ser forte, mas estava prestes a me quebrar completamente.
Quando ele terminou de me contar tudo, pediu para que eu falasse o que eu quisesse. Eu não podia, não conseguia. Eu tinha que sair dali o quanto antes. Eu não ia aguentar. Enquanto ele pedia para que eu falasse, a moça da floricultura me mandava mensagens perguntando se eu já sabia o endereço que era para entregar as flores. Eu não conseguia responder. Eu só precisava sair dali. Juntei todas as minhas forças e perguntei se ele já havia terminado de falar. Quando ele disse que sim, eu levantei, peguei minhas coisas e saí. Eu corri, o máximo que eu pude, até o metrô, mas não consegui passar pela catraca. Eu chorava, desesperadamente e tremia mais do que eu entendia como ‘normal’. Tentei ligar para todas as pessoas que estivessem na região, eu precisava de ajuda. Ninguém me atendia. Ele havia me mandando mensagem, eu não conseguia não responder. Eu precisava dele. Era mais forte do que eu. Ele me perguntou se podia me encontrar, já que eu não tinha conseguido ir embora e eu, com o pouco orgulho que me restava, falei para ele fazer o que ele quisesse. Ele veio. Eu fiquei mais aliviado, não nego. Eu queria que ele me pedisse desculpas, que não fizesse aquilo comigo nunca mais comigo. Meu coração batia forte e eu tinha a impressão que sairia pela garganta. 23h30. Faltavam apenas 30 minutos para virada mais aguardada do dia, mas já não era mais bom. Eu não queria que o tempo passasse. Eu não queria que os nossos 6 meses fosse marcado com esse episódio. Eu não conseguia aceitar que tudo o que eu fiz para que aquele fosse o melhor dia, não tinha dado certo. Minha cabeça começou a girar. 23h40. Eu não tinha mais propósito para estar ali, estar em pé. Eu me sentei. Fiquei olhando, vago, para Avenida Paulista. Em frente à um relógio gigante, que esfregava na minha cara que o tempo não ia parar para eu me recompor. E não parou. Ele tentava conversar, se aproximar de mim. E o que eu sentia era medo. Eu estava com medo de me machucar. Com medo de te perdoar. TUDO o que eu sentia, era medo. Eu não sentia raiva. Eu não sentia nada. Só medo. 23h50. Eu lembrei de tudo o que vivemos, de todas as risadas, de todos os abraços, de todos os passeios de mãos dadas, de todos os lanches do Mc Donalds, de todas as batatas com cheddar e bacon, de todos os filmes que vimos juntos, de toda vez que você olhava e falava que me amava, da forma carinhosa como você tratou minha irmã, de todas as vezes em que você lambeu meu ouvido ou beijou meu pescoço. Tudo passou pela minha cabeça. 23h55. Eu não consegui ficar parado. Não conseguia deixar ele encostar em mim. Não conseguia respirar suavemente. 23h59. “Deixa eu te abraçar, por favor. Eu não quero passar a virada dos nossos 6 meses assim com você”- ele me disse, e me quebrou por inteiro. Eu só tive força para me encostar no seu peito, e quando ele me abraçou eu desmoronei. Aquilo vai ficar marcado para sempre em mim.
Eu não conseguia ir embora, estava desnorteado. Ele me pediu para que eu voltasse para casa dele, que eu poderia dormir em um quarto separado, que ele não interferiria no meu tempo, que ele respeitaria. Eu queria aquilo, eu queria voltar, mas alguma coisa era mais forte que eu, alguma coisa me prendia para o lado de fora do apartamento. Mas essa coisa não foi muito forte. Eu fui. Triste, magoado, desesperançado. Subi e, diferente de todas as vezes em que eu fui na frente para abrir a porta do quarto dele, eu esperei, como se eu fosse um completo desconhecido. Eu me sentia longe. Não consegui entrar direto no quarto. Passei antes no banheiro para chorar tudo o que faltava, e me recompor. Quando eu saí, e entrei no quarto para falar com ele que iria dormir no outro quarto, vi a cama arrumada, como sempre esteve, ali. Com meu lado da cama me esperando. Engoli seco. “Vou dormir no outro quarto, tá? ” – te vi marejar. Ele pegou a sua coberta, falou para que eu ficasse no quarto dele, que ele dormiria no outro e saiu correndo, chorando. Eu não consegui ser forte, tudo o que eu queria era ir lá, abraçar ele e voltar no tempo. Eu não sabia o que fazer. Eu fui atrás e o encontrei em posição fetal, enrolado no cobertor, chorando. Eu sentei ali. Eu precisava estar ali para ele. Eu não me importei comigo. Começamos a conversar, porque eu não queria dormir. Eu não conseguia desligar minha cabeça. Ele sugeriu que fossemos para o outro quarto para conversar melhor, de porta fechada. Eu deitei, ele permaneceu sentado, como se fosse sair dali a qualquer minuto. Pedi para deitar, e pareceu ser a única coisa certa que eu falei naquele dia. Ele se deitou mais calmo. E antes que eu percebesse, dormimos. Acordei poucas horas depois, eu estava com frio. Queria acorda-lo, cobrar aquela conchinha que sempre me esquentou, mas eu não podia. Chorei de novo, enquanto ele dormia. E dormi enquanto chorava. Acordei mais uma vez, o vi mais perto de mim, ainda dormindo, e me aproveitei para chegar mais perto. Eu não conseguia dormir ao seu lado e tão distante. E, novamente, voltei a dormir. Acordamos e ele tinha que ir trabalhar. Eu tinha que voltar para casa. Conversamos normal, só com menos proximidade. Subimos juntos ao metrô e quando precisei me despedir, não consegui suprimir minha vontade de dar um beijo. Era difícil de acreditar, mas eu não estava mais com raiva. Eu não estava mais querendo distância, eu te queria, MUITO, e por perto.
Passamos o dia distante, porém com vontade de nos aproximar. Eu tive uma reunião, estava contente, mas não tinha com quem falar. Mandei mensagem para ele. E ele respondeu, feliz por mim. Eu não conseguia aceitar perder isso. Não demorou muito, ele mandou outra mensagem, dizendo que entraria mais tarde no dia seguinte e perguntando se eu não queria sair. Obvio que eu não negaria. Faziam pouquíssimas horas que tínhamos nos despedido e eu já estava com saudades. Fui para minha casa, queria me preparar, de alguma forma, para parecer que estava absolutamente tudo bem entre nós. Um pouco antes de ir, comentei que minha amiga havia nos chamado para comer pizza, onde ela trabalha. Eu não tinha dúvida de que seria um dia regado a bebida, então insisti para que fossemos comer antes. Eu sempre fui assim, bem preocupado com ele. Antes até mesmo de mim. O encontrei, estávamos meio abalados. Entramos no uber e me aproximei dele. Ele colocou a mão na minha perna e eu senti que estávamos bem. Eu senti que aquilo tinha sido um ato de conforto. Conversamos, comemos e brincamos. Quando fomos para a balada, logo encontramos alguns amigos e paramos para beber. Consegui ‘ler’ a expressão no rosto dele que dizia “Eu queria uma Skol Beats”, enquanto tomava a bebida que nosso amigo havia comprado para que dividíssemos. Dei seu espaço, tentei sempre estar perto, mas te dando o espaço que você queria. Quando entramos na festa, foi como se tivéssemos vivendo nossos primeiros meses. “Vamos ao banheiro comigo? ”. Dançamos, bebemos, encontramos amigos e nos divertimos. Estava ótimo. Eu me sentia bem e imaginei que ele também estivesse. Eu só não percebi que estava criando uma falsa esperança, mais uma vez. A esperança de que tudo tinha passado e que estava tudo bem entre a gente. E que, a partir daquele momento, nada seria tão pesado como havia sido anteriormente. Já não tínhamos mais segredos entre nós. Ele me conhecia, conhecia meu jeito. Havia dito que não queria mais viver no meio de mentiras, que não queria nunca mais me contaria mentiras e, enfim, era tudo o que eu queria. Como se não tivesse acontecido nada na noite anterior, minha confiança foi se moldando novamente, de forma forme e resistente. Pena que não demorou muito tempo. Ele estava, de fato, gostando da balada e dos amigos, e da bebedeira. Mas como estávamos vivendo situações complicadas, de afastamento, constantemente, não percebi que a felicidade dele era referente àquela situação... E não a mim. Ele sentia falta de sair com os amigos sozinhos – já tinha me dito antes-, de fazer o que fazia quando estava solteiro, coisas que eu julgava erradas para quem tem um relacionamento. E aquela noite fomentou tudo isso. No dia seguinte eu viajei, era véspera do dia das mães e a minha quis passar um tempo no interior, com todas as irmãs dela reunidas. A mãe dele viria para cidade, e ficaria com ele. Ele disse que ela queria sair, ‘baladar’ e afins. É a mãe, no dia das mães, eu não tinha como falar alguma coisa. Não me preocupei. Passei o dia bem, mesmo que longe dele. Em alguns momentos tentava falar e recebia resposta horas depois, mas já estava acostumado. Chegou a noite, ele e a mãe foram comer e beber em algum bar próximo de onde eles estavam. Ela, desistiu de ir para festa, já ele, me mandou uma mensagem. “Minha mãe desistiu de ir porque está cansada, você se importa de eu ir sozinho? “. Como se fosse a resposta mais automática e sem dúvidas do mundo, disse que me importaria e, principalmente, que não queria que ele fosse. Eu sabia que o ex dele estaria lá e uma das coisas que ele omitiu de mim foi que havia falado com o ex. Me senti inseguro. Eu estava distante. Senti ciúmes. Ele ficou bravo, não aceitou o que eu tinha dito. Não via problema em sair naquela situação. O lembrei de toda as vezes em que ele foi para a casa da mãe e eu fiquei em casa, porque não queria que ele se sentisse mal e porque respeitava ele. Ele disse que precisávamos conversar e, por um minuto, eu vi toda a cena do hall do prédio se repetindo. Eu sabia que não era para ser assim. E, por fim, ele não foi na festa. Acordei cedo no dia seguinte e mandei uma mensagem de bom dia. Conversamos pouco. Eu estava com saudade. A madrugada de quinta tinha sido boa, mas já era domingo e eu sentia necessidade em vê-lo. Perguntei se poderíamos nos encontrar quando eu chegasse. Ele disse que me avisaria, porque talvez fosse tarde demais para eu ire ter que voltar. Estava na estrada, voltando para São Paulo, torcendo para chegar cedo. Recebo uma mensagem dele dizendo que estava saindo para encontrar com um amigo e senti ciúmes. Me senti em segundo lugar. Eu queria vê-lo e, para mim, seria tarde demais. Mas ele estava disposto a encontrar os amigos para beber ou qualquer outra coisa. Começamos a discutir quando eu respondi seco a última mensagem dele. E, em resumo, nada do que eu tinha pensado que estava ‘resolvido’, de fato, estava. Eu cheguei em casa, Não sei se ele estava no bar ou não, se estava em casa. Só havia recebido uma mensagem dizendo que “já já” ele voltaria para casa. Continuamos a brigar. E em meio a discussão, recebo uma mensagem que diz “Eu não quero mudar, não estou pronto pra mudar por você, talvez eu não queira mudar”. E, diferente de antes, não houve nenhum arrependimento nessas palavras. “Você só vai ser feliz com uma pessoa que seja exatamente como você quer que ela seja. E essa pessoa não sou eu. Eu não vou mudar, eu não quero mudar”. E eu vi meu mundo caindo, mais uma vez. Minha aliança, que ainda estava no meu dedo, eu peguei e joguei na parede do meu quarto. Estava com raiva. Não conseguia aceitar que tudo o que tivemos seria facilmente trocado por baladas, bebidas e festa com os amigos. Não conseguia entender que ele se sentia melhor distante do que próximo de mim. E me senti acabado, novamente. Falei coisas que eu não devia, no meio da minha raiva. Da minha falta de aceitação com o que estava acontecendo. Não conseguia me explicar, apesar de saber que eu não tinha o que explicar. Eu queria terminar com aquela briga. Eu queria fazer com que ele enxergasse tudo o que ele estava desistindo. Todos os planos que ele estava jogando para o alto, mas eu não conseguia. Eu simplesmente não conseguia. Já não sabia mais o que fazer. E me calei, me calei para chorar, tudo o que eu guardei. Fui dormir e acordei reflexivo, eu precisava escrever. Escrever sempre foi minha melhor forma de extravasar as coisas que eu vivia. E olha que não foram poucas. Mas decidi uma coisa enquanto pensava, enquanto escrevia. E deixo como dica...
Na próxima vez que for declarar algum sentimento para alguém, pense bem. Quando declaramos o que sentimos para outro alguém, esperamos que seja recíproco ou pelo menos que esse outro entenda. Entretanto, não é o que sempre acontece. A vida segue, ela tem que seguir. Mas essa marca, esse acontecimento, nunca sairá de você. E é só isso que eu queria que você soubesse.
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whenyoulookmyway · 8 years
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whenyoulookmyway · 8 years
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A gente finge. Finge que sorri com felicidade no sorriso, finge que se contenta com o pouco que resta, finge que o amor basta. E quando não basta, a gente dá um jeitinho de bastar. Mas nunca basta. Nunca. Porque fingir que está tudo bem, é menos doloroso do que acreditar que tudo está perdido, inclusive a gente.
Alugue Felicidade. (via inverbos)
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whenyoulookmyway · 8 years
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whenyoulookmyway · 8 years
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whenyoulookmyway · 8 years
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I barely know myself
I’m a paradox. I want to be happy, but I think of things that make me sad. I’m lazy, yet I’m ambitious. I don’t like myself, but I also love who I am. I say I don’t care, but I really do. I crave attention, but reject it when it comes my way. I’m a conflicted contradiction. If I can’t figure myself out, there’s no way anyone else has.
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whenyoulookmyway · 8 years
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Tentando me encontrar, me sinto perdido
São 4 horas da manhã e me pego refletindo ao invés de estar dormindo como qualquer ser humano normal. Meus olhos, desta vez secos, mal consigo fechar. Por um momento é como se eu tivesse esquecido como fazê-lo. Olho para frente, no caso para cima, vejo apenas o escuro, uma escuridão completa. Penso que gostaria que minha mente fosse igual o que vejo: preto, simples. Um escuro, uma simples paz. Mas ao contrário disso, é cheia, turbulenta e angustiada. A maioria das vezes é como se nada que eu pensasse tivesse sentido. Será que há sentido? Aliás, se o sentido da vida é se encontrar, garanto que não o fiz. Sou completamente perdido, porém em mim mesmo. E com perdido eu digo que não encontrei o que falta, o que falta em mim. Falta um pedaço, sou incompleto, disso tenho certeza. Incompleto de modo que muitas vezes me sinto vazio. Vazio como se não existisse - Não fosse Descartes a me salvar nessas horas com a sua clássica “Penso, logo existo”, duvidaria. Chego à conclusão que se René tem mesmo razão, eu existo. E como existo. Pensamentos, duvidas, questionamentos não me faltam. Entretanto gostaria que faltassem. Que eu não tivesse dúvidas ou pensamentos conturbados, que não tivesse que decidir entre ser ou não ser, entre querer ou não querer, estar ou não estar. Decidir sempre foi muito difícil para mim. Talvez eu não tenha nascido pra isso, tenha nascido errado. E então penso que não existir seria a melhor coisa, enquanto confirmo a minha existência por simplesmente pensar. São muitas contradições, opções e inconclusões. Talvez seja esse o motivo de não ter me encontrado. 
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whenyoulookmyway · 8 years
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whenyoulookmyway · 8 years
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whenyoulookmyway · 9 years
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Meu companheiro solidão
É sábado. Acordo e abro os olhos. Tento levantar, mas falho. Penso que preciso, então tento pela segunda vez e consigo. Não saio da cama, preciso me preparar. Pego meu celular, nada novo. Saio da cama e piso no chão frio. Não sinto o choque térmico, pois também estou. Abro a porta e me deparo com o nada. Me acostumei. Escovo os meus dentes e lavo o meu rosto. No espelho me vejo. Nada de novo, talvez uma espinha na testa. Além disso, apenas vazio. Meu estômago ronca. Abro a geladeira, apenas para pensar. Lembro que antes de voltar para casa deixei de passar no mercado para comprar comida, estava convencido de que não teria de comer às 4h30 da manhã. Fecho a geladeira com mais um vazio, no estômago dessa vez. Não me importo, logo passa. Vou para a sala e ligo a TV. Entre jornais relatando desastres e programas sem fundamento, desligo. Não há nada de bom passando. Volto para o meu quarto e ligo meu notebook. Na internet vejo os relatos da noite anterior. Festa, bebidas e amigos. Ainda me sinto vazio. Likes e comentários nas fotos me fazem parecer super social, super bem humorado e super feliz. Me sinto incompleto. Vejo outros posts. Te vejo, me sinto só. Você curtiu a minha foto, afinal somos amigos. Você comentou que achou engraçado, afinal, conhece meu lado palhaço. Mas parou por ali. Tentei interagir, mandar mensagem pra você. Você não me ignorou, mas não me deu oportunidade de continuar conversando. Parei. No fundo eu sabia que você não estava afim de falar comigo naquele momento, talvez não tivesse assunto. Talvez nossos assuntos sempre levem ao nosso passado. Passado esse que você prefere deixar para trás. Você não queria me magoar, eu sabia disso. Antes mesmo de eu perceber, lágrimas ínfimas já haviam saído dos meus olhos. Tentei controlar, mas não consegui.  Levanto da cama e vou ao banheiro lavar o rosto. Me vejo no espelho e dessa vez estou abatido. Volto para o meu quarto. Me sinto sozinho, perdido, sem você. Talvez isso passe logo, talvez não. Revejo seus posts. Sua vida parece estar boa. Será que apenas nas redes sociais assim como a minha? Eu espero que não. Decido que não tenho mais nada para fazer no computador, então desligo. Volto para a cama com o mesmo sentimento da noite anterior, vazio. Recebo uma mensagem, é de um amigo. “Vamos beber? Passo aí daqui a pouco” - “Demorou” respondo sem pensar. Levanto, tomo banho e me troco. Estou pronto e meu amigo chega. Saio e encontro meu grupo de amigos esperando do lado de fora. Eu os cumprimento com aquela felicidade vista nas redes sociais. Me perguntam como eu estou e como consegui chegar em casa ontem. No meio de gargalhadas digo que estou ótimo e me gabo por não ter me envolvido em um acidente de carro, visto a condição que eu me encontrava quando saí da festa. Eles riem. Fiz meu papel direito, eles estão acreditando. Entro no carro e assumo o personagem feliz. Minha vida foi construída nessa imagem. Apenas interpreto. Até que aqueles meses de teatro me ajudaram muito. Paro por um momento e penso o que estou fazendo. Não cedo, me mantenho. Com eles, minha vida é essa. Continuo a rir, falar besteiras e aparentar estar ótimo. Penso que talvez, quando eu chegar em casa, eu consiga encarar a minha realidade novamente. Talvez não consiga, é normal. Porém, entre todas as coisas, eu tinha uma única certeza. A certeza de que mais tarde eu teria um encontro com o meu companheiro solidão. E daí quem sabe, eu poderia ser eu mesmo, sem todas aquelas mascaras. 
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