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O embrulho estava quase fazendo um “mêsversário” dentro do seu armário, que seu pai não o matasse e que Yi também não. Ao menos o namorado havia lembrado do presente dele, Jianyu queria se enfiar num buraco por ter esquecido de entregar por tanto tempo. Então, assim que o mais novo o lembrou do dito cujo, Yu correu até o closet para pegá-lo, novamente descendo as escadas para deixá-lo ao lado das chaves do carro para não esquecer novamente.
Analisou a caixinha vermelha por alguns segundos, havia tantas em seu mostruário que podia se considerar um especialista em Cartier. Talvez nem tanto. Um riso soprado fora ouvido na casa vazia enquanto o chinês continuava observando a caixinha, abrindo-a para ver o modelo do relógio e, desta forma, deixando cair o cartão branco com as iniciais do pai cair sobre o mármore do balcão.
Naturalmente estava em mandarim e a caligrafia impecável era conhecida por ele, Huang havia escrito ele mesmo, era até surpreendente.
"Meu caro Yi,
Espero que aceite esse presente com todo o seu coração. Não sou o maior entendedor dos sentimentos, sou um velho teimoso que começou a aprender agora sobre afeto, mesmo dentro da minha família. E agora você faz parte dela também. Espero que ame e cuide do meu filho, pois eu acabei não aproveitando a chance que me foi dada.
Seja mais do que bem vindo à nossa família.
Abraços, Huang."
Jianyu guardou o bilhete novamente dentro da caixa com um sorriso descrente nos lábios e ficou encarando-a por alguns bons minutos.
- Velho inacreditável…
Murmurou sozinho, pegando a caixa e as chaves enquanto caminhava calmamente pela sala vazia do apartamento, indo em direção à porta de saída finalmente.
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Girlfriend? Ahn... I don’t think so || POV
Passaram-se pelo menos meia hora desde que se sentou na frente do notebook, encarando a tela ao tomar coragem pra fazer aquilo. Não conseguia entender o motivo de estar tão amedrontado daquela forma.
Quer dizer, ele sabia sim.
Era a primeira vez que comunicaria a família sobre um namoro “oficial” e sabia que eles, principalmente o pai, teria muita expectativa a respeito. Aliado ao fato de que Wong Huang não aceitaria seu herdeiro namorando com outro rapaz. Ou seja, tudo pra dar errado.
Ele podia se manter quieto e deixar as coisas como estavam, como o próprio namorado havia sugerido, entretanto, Jianyu queria muito mais do que precisava de fato. Mil coisas se passavam em sua cabeça no momento, desde o pai tendo um mal súbito, ou tendo um ataque de fúria, ou exigindo que ele voltasse para Xangai imediatamente. Muitas coisas para listar. Por isso tanto receio em contar, mas também muita vontade. Seu empasse pessoal estava lhe matando por dentro.
Deu um último suspiro profundo e, finalmente, ligou para o pai pela chamada de vídeo.
A cada segundo que se passava onde o patriarca não atendia, Jianyu se via mais tentado a desistir da ideia, mas logo quando ele iria desligar de fato, a imagem de Meiyun apareceu na tela.
- Meimei? O que aconteceu? Cadê o bàbà?
- Gege! Relaxa, só atendi pra ele porque ele está com a mão ocupada, tá cozinhando. Acredita?! - os olhos da caçula dos Wong se arregalaram conforme ela andava pela casa, onde ele reconheceu ser o caminho até a cozinha.
- Não! Claro que eu não acredito que ele está cozinhando! Eu quero ver!
- Pois acredite. O ano do touro está trazendo muitas mudanças aqui pra casa, você não faz ideia. - ela riu, começando a andar de costas e erguer o tablet para que os pais pudessem o ver. - Família, Jianyu no pedaço.
- Meu filho! Que surpresa você ligando pra gente! - a mãe fora a primeira a falar, se aproximando da tela pra simular um beijinho, arrancando um sorriso terno de Jianyu. - Está tão bonito, fez alguma coisa no cabelo? E meu deus, como você está magro, por acaso não está comendo? A Yue está comendo?
- Mà, mà, mà... màmà! Calma! Respira, ninguém ‘tá com pressa aqui. E eu não estou muito magro coisa nenhuma, e sim, a Yue está comendo. Mais que uma draga. - todos na chamada riram. - Bàbà! A Mei disse que você estava cozinhando eu não acreditei, mas olha... quem diria.
- Oi, filho. Bom, sua mãe disse que eu não iria conseguir fazer um jantar pra nós, então vim mostrar meus dotes escondidos. - ele ria, mesmo sem olhar na direção da câmera, concentrado na carne que estava cortando com aquela faca enorme. - Precisa de alguma coisa?
Mais uma vez Jianyu quase desistiu de contar o que queria, a casa parecia estar em paz e até unida pela primeira vez que não era numa ocasião especial, não queria estragar aquilo. Comprimiu os lábios algumas vezes, tamborilava na mesa com os dedos e suas pernas chacoalhavam sob ela. Estava uma pilha de nervos, mas ver o pai cozinhando daquela forma acabou fazendo Jianyu ter uma gotinha de coragem que claramente seria usada pra jogar a bomba.
- Eu preciso contar uma novidade pra vocês. Eu estou namorando.
Todos pararam, quase como se a conexão tivesse se perdido, até mesmo o pai ficou estático. A mãe tinha as sobrancelhas arqueadas, mas a Meiyun o queixo caído, porém a expressão completamente impávida e sem expressão de Huang foi o que mais te preocupou.
- Você o que? - Meiyun perguntou novamente.
- Estou namorando. Namoro, sabe? Mãos dadas, beijinhos, dormir juntos e o resto que vocês já devem imaginar.
- Eu sei, seu idiota! Mas vindo de você é quase o retorno de Jesus Cristo e nós nem somos cristãos! Como assim você está namorando, Jianyu?! Quem é a doida?
- Que horror, pirralha! Eu sou um partidão!
- Sim, e cachorro também, mas tudo bem.
- Meiyun! - Yanyu gritou para a filha.
- É verdade, mãe!
- Eu acho isso ótimo, quer dizer que finalmente está criando juízo nessa cabeça, rapaz. Quem é a garota? Ela é bonita? É filha de alguém importante? - o mais velho se aproximou da tela, sentando-se bem na frente.
Jianyu congelou da cabeça aos pés, havia travado e, mesmo com o pai a milhares de quilômetros longe, não conseguia pensar que ele iria lhe acertar com outro tapa no rosto, era como se seu corpo já esperasse isso.
- Na verdade... - percebeu a expressão do pai mudar com aquela hesitação. Era óbvio que ele já havia entendido e Jianyu nem precisou terminar de falar. - Não é ela, é ele.
Outro choque, não por ser um homem, mas até a mãe e a irmã pararam para olhar a expressão do patriarca. Se estivessem num desenho animado, provavelmente Wong Huang mudaria de cor do verde ao roxo de raiva, mas por mais que estivesse claramente irado, ele não falou nada.
- Você tem certeza, filho? - a voz temerosa da mãe pode ser ouvida.
- De que eu estou namorando ou de que ele é um homem? Enfim, seria sim para as duas perguntas. - apertou os lábios, cruzando os braços na frente do peito. - Pai, eu poderia muito bem ter escondido isso e mantido em segredo como sempre aconteceu, mas ele é alguém importante demais pra mim, e ele me faz feliz, tão feliz ao ponto de querer contar pra vocês.
Huang permanecia quieto, olhando vez ou outra para Yanyu enquanto Meiyun já havia saído de perto há muito tempo. Se a tensão já era grande com Jianyu longe, imagine ao lado do homem, a mais nova fez muito bem.
- Jianyu, você sabe que eu não aprovo isso, e sabe tudo o que eu acho e tudo o que abomino. Eu poderia ir agora até Seul e te puxar pela orelha de volta para casa, te prender atrás de uma mesa e fazer você assumir suas responsabilidades. - ele se ajeitou na banqueta, cruzando os dedos sobre o tampo de mármore do balcão. - Mas eu não fui o melhor pai do mundo, te mandei para longe porque queria me ver livre dos seus problemas, trouxe tristeza para a sua mãe, talvez tenha sido duro demais com as suas irmãs. Desde o seu aniversário eu pensei em muitas coisas. Meiyun me contou dos seus trabalhos, de como você vai bem no seu mestrado e como é elogiado, como leva a sério.
Ele fez uma pausa, olhando para a esposa ao seu lado, que o incentivava com um sutil aceno de cabeça, sorrindo minimamente. Naquele ponto Jianyu já estava perdido com as palavras do pai, estava esperando todos os tipos de xingamentos do mundo, assim como demonstrações de agressividade ou o que fosse. Nunca em sua vida imaginou o pai tão calmo daquela forma. Bem, ele não estava exatamente calmo, mas com certeza não estava exaltado.
- Não te prometo achar lindo, nem ficar contando pra todo mundo como eu faria se fosse uma mulher. Espero que você me dê um tempo, tudo bem? Eu preciso refletir sobre essa informação.
- Pai... Quem precisa de um tempo pra refletir agora sou eu. Eu achei que você iria me matar virtualmente, eu realmente achei que você amaldiçoaria até nossos ancestrais. Eu não sei nem o que dizer, você... Caramba, finalmente eu posso dizer que amo você e não é por obrigação.
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Into in the stars
Era difícil explicar sentimentos que chegavam e tomavam seu coração daquela forma, até porque o chinês nunca conheceu tal sentimento antes em seus vinte e sete anos de idade. Ainda que Yi tivesse dito que não precisava de um pedido de fato, Jianyu tinha seu dedinho de romantismo e, bem, tecnicamente seria seu primeiro namoro, não queria passar em branco ainda que não fosse exatamente um pedido.
A música calma se misturava ao som do vento tocando o mar e as ondas pequenas quebrando na areia, os meninos haviam combinado de passar a virada na praia, como praticamente todos os turistas também, então não estavam exatamente sozinhos naquela hora, porém o grupo estava um pouco mais separado do resto.
Volta e meia, Jianyu verificava o pacote de presente que mais parecia um envelope grande escondido na mesa perto deles. Entre as risadas e brincadeiras, a princípio, Jianyu precisava agradecer a presença dos amigos naquela noite, afinal, eles faziam parte de sua vida e amava cada um deles. Era grato por tudo, não tinha absolutamente nada do que reclamar. Talvez fosse só o champanhe fazendo efeito, mas é fácil sorrir ao lado de quem se ama.
E logo veio a contagem regressiva e a queima de fogos, as comemorações e tudo o que tinham direito, até banho de champanhe caro demais pra ser desperdiçado daquela forma teve. Mas, mesmo colando por conta da bebida, Jianyu tirou um tempinho para pegar o envelope na mesa, com cuidado para não o molhar e estragar o que tinha dentro. Não conseguia nem mesmo esconder o sorriso quando o entregou para o Yi.
Um cartão com um mapa do céu, um pingente dourado com algumas gravações, um papel timbrado e assinado como documento oficial e outro cartão com um QR Code para um aplicativo que Jianyu já havia instalado no celular.
- Relaxa, não é uma certidão de casamento, eu não sou tão desesperado assim. - acabou rindo baixo. - Abre o cartão primeiro. - instruiu.
Esperou que ele o fizesse enquanto o olhava de forma muito boba, o que vinha acontecendo com certa frequência na presença dele.
“Como você mesmo disse, um pedido de namoro seria mera formalidade, mas eu sou um homem formal e aqui estamos. Ok, nem tanto.
De qualquer forma, espero que aceite o presente de uma forma singela perto do que eu realmente sinto por ti, garoto. Depois de tanto tempo você me mostrou que gostar de alguém não é somente trocar beijos e ter noites em claro sob os lençóis. É em você que eu penso quando vou dormir e também quando acordo. Conto as horas pra ver o seu sorriso direcionado a mim, e pra sentir o seu cheirinho fresco que você tem quando eu grudo no seu pescoço e não solto mais. Eu sou uma pessoa melhor quando estou contigo e te agradeço imensamente por me mostrar o quão boa é essa sensação.
O presente é uma mera formalidade, mas é uma formalidade muito bonita, eu juro. O nome dela é Yiyu, e sim, eu sou um grande clichê ambulante. Agora todas as vezes que você olhar para o céu pode dizer que estamos juntos nas estrelas.
E eu sei que você aceita, mas, só pra confirmar...
Quer namorar comigo, Yi?”
Não era tão bom com as palavras sem que elas viessem acompanhadas de uma melodia, esperava que não tivesse ficado ruim seu recado no cartão.
Os documentos eram o registro do nome da estrela que Jianyu havia comprado, brilhante e que tinha certo destaque em meio as bilhões de outras. Ao menos para ele. No pingente estava gravado o nome da estrela, “Yiyu” e suas coordenadas. E, para finalizar, localizou a estrela com o aplicativo ao lado do garoto mais bonito da face da terra e que, por incrível que parecesse, agora era seu namorado.
- Feliz ano novo, Yi! Agora vai ter um namorado pra te encher o saco doze meses por ano se você não desistir antes. - franziu o nariz numa careta boba, tomando os lábios alheios agora oficialmente como seu namorado.
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Serenade for him || POV
Foi sorte o violão estar dentro do carro, ou não, porque o chinês sempre carregava o instrumento junto, logo, era de se esperar. Depois de ter bebido com os garotos, ter comido e depois bebido outra vez na comemoração do fim da semana de provas, um Jianyu bêbado e meloso começou dar sinais de vida em seu âmago.
Assim começou o maior melodrama de Yu convencendo os outros a chamarem um carro pra chegarem até a República Freesia. Ele estava são? Não estava, mas quem ligava, se os quatro se juntaram pra fazer besteira, o que era uma serenata pra alguém que se gosta, não é mesmo?
Não demoraram pra chegar na casa e, munido do violão e de uma coragem que só a bebida lhe permitia sentir, Jianyu começou a tocar as primeiras notas de Perfect, do Ed Sheeran. Esperava ter escolhido a janela certa, que, no caso, tinha que ser a do Yi.
Ian, Saerori e Tomás estavam lhe dando apoio moral. Ou tentando, na verdade os três estavam entre risos e celulares apontado enquanto o chinês ali pedia silêncio pra ele se concentrar nas notas embaralhadas em sua cabeça tonta pelo álcool.
Recomeçou a música algumas vezes, outra vez pedindo silêncio aos três patetas, e depois de algumas tentativas ele finalmente acertou a melodia e, finalmente, voltou a tocar.
Estava indo bem no inglês, por incrível que parecesse, e até os outros ficaram mais silenciosos na esperança que, em algum momento, Yi finalmente aparecesse na janela e, com muita sorte, não tacasse um balde de água na cabeça dele.
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Photo


Com a semana de provas correndo solta, Jianyu entendia que os estudantes estavam realmente precisando de alguma ajuda, claramente ele não era nenhum profissional que iria ajudar os colegas, mas, podia tentar dar algum afago gostosinho para os estômagos que corriam risco pela quantidade enorme de café ingerido durante aqueles dias longos e intensos de estudos.
Assim, contratou uma doceria para entregar donuts recheados e de diversos sabores para todas as salas da faculdade, inclusive para os professores, que também trabalhavam demais com as correções de atividades avaliativas.
Junto com os donuts um bilhete anexado nas caixas dizia:
“Eu sei que o café se tornou o seu melhor amigo essa semana, mas por favor, não tenha uma úlcera. Um docinho alegra todo mundo, mesmo nessa semana infernal.
有了愛,建宇 “
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youtube
Minhas considerações sobre esse trabalho é que a dedicação e o talento de todos que me ajudaram me mostrou o motivo dessa instituição ser tão conceituada. Em nenhum momento nenhum aluno fez corpo mole ou não deu importância, tudo foi feito com o máximo de carinho e dedicação que foi possível. No fim, descobrir que eu pude contar com tantas pessoas, foi no mínimo incrível. Nunca me senti tão inserido e tão empolgado com um projeto como estive com esse. Espero, de verdade, que agrade a todos que vieram prestigiar o lançamento.
Minhas considerações sobre esse trabalho é que a dedicação e o talento de todos que me ajudaram me mostrou o motivo dessa instituição ser tão conceituada. Em nenhum momento nenhum aluno fez corpo mole ou não deu importância, tudo foi feito com o máximo de carinho e dedicação que foi possível. No fim, descobrir que eu pude contar com tantas pessoas, foi no mínimo incrível. Nunca me senti tão inserido e tão empolgado com um projeto como estive com esse. Espero, de verdade, que agrade a todos que vieram prestigiar o lançamento.
謝謝你發自內心的
(Obrigado de coração)
有了愛,建宇
(Com amor, Jianyu)
Obrigado especial aos colegas que participaram desse projeto.
Interpretada por: Wong Jianyu.
Composta por: Wong Jianyu.
Produzida por: Wong Jianyu, Shin Hoseok, Curso de Música da Taebaek University.
Produção visual: Hwang Hyojin, Athena Allen Young, Curso de Cinema da Taebaek University.
Fotografia: Oh Haein, Kang Yuna.
Coreografia: Wong Jianyu, Krittapak Sukumpantanasan.
Figurino: Jo Chanhyuk.
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Como sempre precisou fingir um sorriso amigável e diversos apertos cumprimentos pela área de convivência da casa dos Wong. A casa enorme, agora se via decorada com as cores bordô e dourado, até as louças usadas tinham algum detalhe em dourado, assim como os enfeites das mesas e os uniformes dos garçons. Como todo ano. Wong Huang dizia que dourado trazia boa sorte e prosperidade no aniversário, logo, todos os anos nos aniversários dos integrantes da família, teria alguma coisa em dourado para exibir.
Entre os convidados, a ‘alta sociedade’ de Xangai. Empresários e suas famílias, alguns jornalistas de tablóides, bem como integrantes da família num geral, não era um evento enorme, mas tinha pelo menos umas cem pessoas com margem de erro para mais ou para menos. Jianyu já estava acostumado com aquilo, contudo, estar acostumado não era sinônimo de estar confortável. Ele nunca estava confortável em fingir. Ao menos, desta vez, havia convidado os colegas da Taebaek, meio que a contra gosto do patriarca, mas não tinha nada o que fazer já que eles já estavam ali. Desta forma, a experiência do jantar em si estava sendo mais tolerável, além das irmãs, é claro, não podia mensurar quantas saudades tinha daquelas meninas.
Minsu, Kitt, Yi foram os convidados amigos, Kun também fora convidado antes já que era da família, logo, Jianyu preferiu ficar mais na companhia dos quatro, ainda que quase sempre o pai o arrastava para falar com algum figurão da cidade, algum parceiro ou sócio. Era exaustivo fingir e na maioria das vezes ele não o faria, contudo, definitivamente este aniversário ele não queria qualquer tipo de confusão. Só queria beber seus champanhes, comer um pouco, sorrir e acenar e ir embora logo.
Nem tudo é como se espera, porém.
Enquanto se divertia com os colegas, num momento de pausa do exibicionismo da prole, Jianyu fez alguma brincadeira não tão inocente ao beijar o rosto de Minsu. O “problema” fora que o beijo pegou no canto de sua boca e claramente fora proposital, até porque Minsu e Yu já tinham combinado, o que não passou despercebido dos olhos do patriarca Wong. Huang se aproximou, ainda em seu teatro de pai amoroso, olhando firmemente para o filho durante o percurso. O aniversariante nem mesmo precisou ouvir o que ele tinha pra dizer, já sabia que os dois iria brigar ali mesmo e, por esse motivo, preferiu se afastar dos garotos por um momento.
— Se me derem licença, gente, eu preciso achar um canto pra levar uma bronca sem fazer escândalo. — Brincou, tentando tranquilizar os outros, mas se afastando com um pouco de pressa em direção à cozinha da casa, cujo cômodo estava cheio de empregados.
Respirou fundo e também pediu licença ao pessoal que estava trabalhando, logo pedindo desculpa pelo que viria acontecer ali. Mal deu tempo de todos saírem e Huang irrompeu pela porta, desmanchando a expressão leve e alegre, tomando uma clara expressão de fúria no rosto.
— Você quer trazer a desgraça para essa família, Jianyu? O que acha que está fazendo? Por acaso acha que eu vou tolerar essa abominação dentro da minha casa?! — Não havia como negar que a voz do homem era imponente, na verdade, Huang era um homem imponente por si só, e mesmo Yu tendo seu pézinho na rebeldia, não conseguia não abaixar a cabeça para o mesmo.
— Eu não tenho culpa se você enxerga coisa onde não tem. Não fiz nada demais, beijei o rosto do meu colega, foi um gesto de afeto. — Suspirou pesadamente, cruzando os braços na frente do corpo.
— Não sou burro, Jianyu, quase beijou a boca daquele garoto. Já avisei que não quero isso na minha casa.
— Pai, foi um beijo no rosto. Só um beijo no rosto de um amigo!
— Amigo? Eu não sou cego, vocês dois, na verdade você e aqueles três estão de graça o dia inteiro juntos, eu sabia que você iria me provocar, mas não sabia que seria tanto, até o Wei percebeu e veio me falar. Quando você vai crescer? É seu aniversário, meu filho, mais três anos e você completa trinta anos! Já passou da hora dessas brincadeiras com outros homens. Você precisa casar!
— Brincadeira? Tá dizendo foder com outros homens?
Um riso de escárnio escapou dos lábios do mais novo ao mesmo tempo em que a mão do pai lhe o atingiu no rosto com uma violência que com certeza fora ouvida por quem estava próximo.
— Além de tudo não tem respeito nenhum com o próprio pai. Eu criei você para ser um exemplo, agora você usa a sua perversão como se fosse um elogio. Você é uma vergonha, Jianyu.
A mente confusa apenas lhe deixou entorpecido, não estava acreditando naquilo, não pelo tapa em si, mas o motivo daquilo tudo. Era inacreditável o fato de que o pai pudesse ser tão hipócrita, ou tão ruim ao ponto de falar e fazer aquilo simplesmente pelo fato de não ter relacionamentos somente com mulheres. Podia ficar bravo por usar drogas, por não ser tão presente na vida empresarial da família, mas por aquilo era tão surreal que beirava o absurdo.
Tinha a destra sobre a área que foi atingida pelo tapa, seu rosto ardia e tinha certeza que estaria extremamente vermelho dada a violência ao qual fora atingido.
— Vergonha? Você diz que eu sou uma vergonha? Pai, você tem tantas amantes que é impossível contar. Eu sei dos abortos que as obrigou a fazer, acha que ninguém conhece a lenda de Wong Huang? Você tem rabo preso com tanta coisa errada, sai como pai perfeito, mas não sabe ao menos o nome do meio da sua filha mais nova, até porque nunca foi a nenhum recital da garota desde que ela nasceu há dezoito anos. Você não dorme na mesma cama que a mamãe e não a permite se divorciar. Diz que me criou para ser um exemplo? Como eu vou ser um exemplo se o meu pai, que deveria ser meu exemplo, é tão sujo quanto um esgoto a céu aberto? — Jianyu conseguia sentir a voz embargando, ainda que segurasse firme para não chorar na frente do mais velho. Ao tempo em que via os olhos do pai se transformarem em ódio puro e incandescente. — Não suporta que eu sou feliz independente das migalhas de afeto que um dia você cogitou me dar. Eu sou melhor do que você porque eu não segui o seu exemplo deplorável. Um ótimo empresário, o mais brilhante que eu conheci, mas também o mais morto por dentro. Não quero ser uma casca seca, pai. Eu não sou você.
Huang apenas tremia com a raiva em seu âmago, Jianyu podia sentir o ódio irradiando do mais velho, ainda que ele não dissesse nada de fato, sabia que logo mais ele explodiria.
— E sim, eu fodo com homens. Com mulheres. Com os dois. Com dois homens ao mesmo tempo e às vezes um homem e uma mulher. É esse todo o problema, pai? O fato de eu transar com caras? Eu tenho muitos problemas maiores do que as pessoas com quem eu durmo. Fique sabendo que muito dos seus amigos presentes aqui já me pediram pra dar certo tipo de carinho pra eles.
Um sorriso de canto adornou os lábios de Jianyu, e não era de alegria, Jianyu queria muito deixar o mais velho a par do que já havia acontecido embaixo do próprio nariz. Pegou uma das garrafas de champanhe aberta de um dos baldes de gelo, levando aos lábios num grande gole antes de sair pelas portas novamente. O rosto ainda vermelho e a má atuação de alguém calmo de Huang eram o suficiente para quem os conhecesse saber que algo havia acontecido.
—Por favor, um minutinho da atenção de todo mundo! Banda, só um minutinho por favor. Eu queria falar algo. — Jianyu subiu numa mesa, quase caindo no processo, mas se equilibrando logo após. Todos sorriam em sua direção, provavelmente esperavam algum discurso de agradecimento sobre a festa. — Meu pai, esse homem incrível que me criou, está muito chocado com o fato de que eu aqui durmo com homens. Acreditam? — Um silêncio tomou conta do salão. Nenhum sorriso a mais foi visto. — Então é isso, é só pra não acharem que ele não sabe, agora todos vão saber. Por favor, tampem os ouvidos das crianças. Eu transo com homens. E, só pra deixar claro, meninas também são bem vindas. Não se preocupem em cochicharem pra ele porque se alguém cogitar a fazer disso uma fofoca pejorativa, eu vou dar motivos pro rostinho de quem me manda mensagens e me liga aparecer junto nos tabloides. C’est la vie, amigos. Curtam a festa e feliz aniversário pra mim!
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ZHANG YIXING FOR MADAME FIGARO HOMMES CHINA ☆ MAY 2020 ISSUE
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