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addamantio-l:
Enquanto estava parado em frente ao Vincent, escutava os lances dados para que o loiro fosse seu escravo por uma noite. Ouvia as vozes de seus seguranças de longe, cumprindo a ordem que dera de cobrir as ofertas. Sabia que não precisava pagar para tomar o que era seu, mas não tinha certeza de nenhum dos movimentos de Vince - coisa que adorava.
“Seus?” Os lábios do italiano se curvaram num sorriso maior do que estava até aquele momento. Aos poucos, soltou o pescoço e agarrou os fios dele com possessividade. Lorenzo não era de ninguém, era verdade, mas não queria dizer que com aquele maldito americano era diferente. Ao contrário. “Se firzer por merecer… Talvez eu possa pensar”. Tomou-o em um beijo bruto, impositivo, faminto. Cheio de saudade, posse. Cheio de Lorenzo e sua tirania, cheio de amor e de ódio. Obcecado, inebriado…
Os carnudos lábios faziam com que o moreno voltasse para casa. Mas o beijo cheio de posse e saudade se interrompeu tão bruscamente quanto começou, para que os lábios de Lorenzo cravassem no pescoço do homem para devorá-lo como a muito não fazia. Mais uma marca, mais um momento de posse. Mais do que os lábios de Lorenzo pertenciam ao americano, mas nenhuma palavra foi dita enquanto o gosto do sangue lhe invadia os lábios. Mordera até sangrar, que todos se fodessem e entendessem que Vincent poderia vender seu corpo e dançar para todos, mas era nas mãos de Lorenzo que ele se derretia. Que se desmontava, que toques pequenos eram suficiente para gemidos.
Antes daquele momento, Lorenzo tinha passado muito do seu tempo tentando ocupar a mente com adrenalinas passageiras. Qualquer coisa que o levasse a beira da morte para que ele pudesse sentir alguma coisa, alguma vida. Antes daquele momento, esgotara todas as drogas e overdoses e só tinha uma que seria capaz de suprir aquilo.
Aqueles malditos olhos!
Aquele maldito desespero!
Aquela adoração que o fazia tremer por dentro.
Lorenzo o olhava com a superioridade de sempre, o tocava com posse. Segurava-o pelos cachos, obrigando-o a alimentá-lo com seu desespero e adoração que o fazia se arrepiar completamente, o deixava louco para que todo o corpo de Vincent fosse apenas sua tela, sua obra. Todos aqueles anos e, finalmente, Lorenzo se sentia completo e odiava, odiava toda a dependência que tinha dele.
Vincent até poderia dizer que conhecia muitas facetas de Lorenzo. Os lábios doces e com gosto de nicotina barata, ou álcool barato. O cheiro do perfume italiano, as mãos de ferro. Aquelas mãos que destruia e reconstruía, ordens em forma de palavra, camas aquecidas e dores escondidas atrás de um sorriso malicioso ou vontades para ser atendidas, mas Vincent nunca tinha visto sua versão rica, nunca havia dado a carteirada de filho de político, integrante de várias máfias ao redor do mundo, dono autoproclamado de todos.
Dinheiro nunca tinha sido um problema. Nem mesmo quando se arrastava por Vegas. O menino mimado de Palermo tinha uma relação estranha com o dinheiro, visto que boa parte de seu estilo de vida era mantido e suas merdas ignoradas pela quantidade de autoridades compradas ou que lambiam o chão que ele pisava, haviam bandidos que entregaram suas fortunas para que Lorenzo fosse agradado, mas não gostava de conforto. Seu lugar era na imundícia, na sargeta. Erguendo-se como um deus dos destruídos e dos caóticos.
Soltou-o por completo, então e extendeu uma das mãos em direção ao amante. “Vai me deixar aqui?” As palavras soaram melodiosas, como uma canção de uma serpente pronta para dar um bote, envenar qualquer outra pessoa dentro daquele corpo, fazê-lo esquecer de qualquer toque. “Vai dar a outro o que ME pertence, donna”. Estava dando a ele uma escolha, apesar de não soar como uma. Seria seu pela compra ou por escolha. “Vem e eu sou seu.” A mão estendida, um sorriso certeiro no rosto.
Apesar de tudo ter começado no banheiro de um cassino, queria estar longe. Um beco escuro pra foder e beber. Algo cheio do que eles eram.
Se Lorenzo era serpente, Vincent era a canção da doce e mortífera flauta que a atraía. Quieta, submissa à superioridade da víbora, mas que ecoava dentro da mente do animal faminto como uma sonata impossível de se desenrolar. O moreno era impiedoso, sanguinário, violento e ainda era o loiro o mais imprevisível de ambos: uma ironia singular, um acaso para coroar tão distinta relação – se é que se pode chamar assim as fodas e a obsessão que, para ele, eram de puríssima poesia. Às luzes caóticas do cassino, tudo era-lhe d’uma beleza hipnótica, os valores por seu corpo não paravam de subir e isso intorpecia cada centímetro daquele corpo sem barreiras, vindo ao mundo para destruir e ser destruído. Ainda assim, nada parecia tão fodidamente entorpecente quanto o outro, sentia dele o aroma de sangue, álcool e alguma colônia que deveria valer mais do que sua própria vida. O quão irônico era toda aquela porra? A última visão que teve de Lorenzo antes daquela noite fora uma adaga cravada contra aquilo que chamava de coração e, ainda assim, ambos sabiam que não poderiam reverter aquele maldito encontro. Ele poderia simplesmente destruir a cara do outro, fugir, gritar, chorar… e, ainda assim, o que estava fazendo? Criando as doces canções para a sua víbora, como o fodido tolo santo que foi ao se apaixonar por um Judas de olhos castanhos e mãos de ferro. Vincent não podia, simplesmente não podia… era mais cruel, mais sedutor e mais forte que todos os seus homens, exceto por um.
E, honestamente? Que se foda essa narrativa.
Vincent é o fruto proibido.
E Lorenzo é o primeiro pecador.
Um riso dançou naqueles lábios róseos ao sentir a pressão dos fios sendo puxados, conquanto sequer houve tempo de uma resposta à altura. Já estava sendo invadido com aquele beijo possessivo, ultraviolento, embebido na vontade e no ritmo que apenas eles dois possuíam. Porra! Não havia néctar tão dourado, linhas de cocaína tão alucinantes ou coleiras tão perfeitas ao pescoço dele. Lorenzo era tudo isso e muito, muito além. Ainda assim, se você está em um jogo tão viciante e sujo quanto o deles dois, não há como não possuir um blefe em mãos. Aqueles olhos tão angelicais, lábios manchados pelo beijo faminto, as bochechas coradas pela deliciosa dor de estar nas rédeas alheias. Ainda assim, ele se sentia tão vitorioso quanto Lorenzo que lá estava, se deliciando com o fruto proibido, se afundando mais e mais naquele corpo feito para destruir e para conquistar.
O grunhido animalesco que desceu por sua garganta ao sentir os dentes rasgando sua carne o colocou em um estado de adrenalina intensa, a perda de sangue fazendo a mente pulsar, as luzes cegando seus olhos por um precioso e célere momento. Aquilo era melhor que qualquer noite que tivera em anos, aquilo era violência como ele gostava: verdadeira. Cruel. Um ato de pura depravação que à mente fodida do Vincent era como amor verdadeiro. Arqueando o corpo, um gemido perfeitamente melífluo dançou pelos lábios dele até que pudesse ser ouvido por todos. Aquele escravo possuía um mestre. Aquela obra-prima era de um valioso colecionador. Não importava as variações, nada trazia mais satisfação ao americano do que foder e ser fodido pelo o outro, de um modo ou de outro. Ele era um filho da puta procurando por redenção ---- não, você não acreditou nisso, não é? Mas, se Vincent acreditasse em perdão divino, seria rendendo-se aos pés do italiano. Lavando-os em sua insana adoração. Em seu estranho amor.
Ele conseguia sentir os olhos comendo-os, os lábios salivando, as notas com gotículas de suor advindas da sensação de ânsia, de desejo. E como Vincent adorava ser objeto de adoração de outros. Se Lorenzo vivera quebrando rédeas de máfias italianas, seu amante permanecera em sua mesma vivência de conquista, luxúria, hotéis mofados e drogas baratas. Mas, ah! Era inegável o quão fodidamente perfeito ele era: uma tela de cicatrizes, pêlos dourados e olhos de oceanos inteiros. Aqueles oceanos que agora admiravam Lorenzo. Um sorriso completamente de filho da puta cresceu nos seus lábios ao ouvir a voz dele novamente.
O quão divertido seria aquilo? Perderam-se os costumes de oferecerem um pequeno show público? Ah, não Vincent. Mordendo o lábio inferior, ele utilizou uma das cadeiras de sua própria apresentação para fazer com que Lorenzo se sentasse. Não havia outra opção, uma vez que o próprio Vince já estava sentado no colo dele, lambendo aqueles lábios com um sorriso sacana. Puxando uma das garrafas de whisky, derramou o líquido contra ambos, os corpos encharcados e todos os olhos em ambos. O loiro era perfeito em fazer com que tudo girasse a seu redor, até mesmo Lorenzo Addamantio, o garoto mimado e acostumado com poder. Ainda assim, ele não parou: abriu a camiseta alheia à força, enquanto os lábios buscavam também o pescoço alheio, pele embebida em whisky e saliva, agora. E descendo, sugando e mordendo toda aquela pele. “Quando você retornar para a porra da sua esposa, ela vai querer saber disso…” disse, enquanto repetia o ato do outro momentos antes, cravando a boca contra o abdômen de Lorenzo, aplicando pressão, rindo enquanto se dava ao prazer de olhar para o alto. Vê-lo como um rei. Seu rei.
De pé novamente, ele sentou-se mais uma vez no colo alheio. Os lábios dançando pelo ouvido dele, até virem finalmente as palavras: “Me dê um comando e eu faço o que você mandar porque minha droga preferida é você.” Ele esfregava o corpo suado contra o outro, um gemido provocante e alto, enroscando-se contra Lorenzo como se ele quem fosse a serpente agora. “Você É meu, Lorenzo. Agora, mostre para todo mundo o contrário.”
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addamantio-l:
Muita, muita coisa havia acontecido desde que vira o maldito loiro pela última vez. Muita coisa que poderia ter sido evitada se seus dois irmãos não fossem idiotas e sua noiva não fosse uma menina mimada que não conseguia manter as próprias vontades - diferente de Lorenzo. Ou, pelo menos, era desta forma que preferia enxergar a si mesmo. Era assim que deitava a cabeça no travesseiro e tentava dormir. Mas ele havia mudado, apesar de nem tanto assim.
A Sicilia era bem diferente de Las Vegas. Não era tão cheia de sujeira apesar de o menino mimado de Palermo conseguir exatamente o que queria em sua terrinha. Tinha os contatos certos, as pessoas que se arrastariam por ele o máximo que ele exigisse pela sua atenção. Adoradores estavam aos montes para si. Implorando pela atenção do deus, pedindo para que fossem tomados por ele. Mas nenhum conseguia persegui-lo como aquele maldito loiro!
Homens entraram e saíram dos quartos chiques ocupados por Lorenzo. Bebidas dos mais diversos tipos e preços. Nada parecia igual. A destruição de luxo perdera seu efeito há meses. Se destruíra com toda a cocaína que encontrara, se enfiara em todas as festas riquinhas em que encontrou, se pôs em perigo em todas as máfias que devia alguma coisa… Apesar de conseguir tudo o que ele queria, não era o bastante.
Sentia falta do cheiro de mofo e das paredes que descascavam de seu apartamento na frente do bordel - apartamento este que comprou, mas nunca mais visitou - da água que nunca estava fria, ou do maldito calor desertico. Não havia espaço para que um rei com menos de 30 anos se destruisse que não fosse de forma silenciosa e luxuosa. Algo que nunca foi parecido com ele.
Lorenzo agora usava terno e gravata.Sua barba estava por fazer mas já não tinha mais o sorriso fácil de antes. Não andava mais sozinho por aí. Os seguranças andavam com ele para cima e para baixo o que apenas deixava o humor do homem péssimo. Entendia os motivos, mas jamais aceitaria perfeitamente. Assim que pisou em Vegas após todos aqueles anos foi um alívio. A respiração voltou para seu corpo com a lufada de ar quente que tomou na cara.
Retirou a gravata e jogou para um dos seguranças. Estava em casa. Finalmente. Livre de Emma, livre de territórios que não fossem dele. Livre dos tablóides. Estava ali a negócios, mas que se fodesse tudo. Aquilo era alguma coisa perto do verdadeiro Lorenzo. Ouviu seus funcionários dizerem que ele estava diferente e ele simplesmente os dispensou. Caminhou pelos becos tal qual fazia antigamente, deslizando a mão saudosamente pela parede suja. Respirando Vegas, voltando a si. Comprou a primeira bebida que viu pela frente, entrou no primeiro bar chinfrim. Dia após dia. A destruição que valia a pena passar.
Então, quase um mês depois da chegada, fora encontrado por seus seguranças. Estava com a cara enfiada em um boeiro e com uma das mãos estendidas em direção a ele. Sua fala era mole e diferente. Não dava para saber se o inglês que tinha sotaque ou era o italiano mal falado. Estava sem as roupas chiques e cheio de hematomas. Como aquilo seria explicado ao clã italiano? Lorenzo estava cagando baldes.
Na noite seguinte foi lembrado do que estava fazendo ali. O cassino. Os negócios. Talvez, se desse certo, poderia se mudar de vez da maldita Sicilia e deixar a esposa para trás de uma vez por todas. Os anos fizeram-no odiar ainda mais aquela maldita garota. No cassino, de qualquer forma, foi ele mesmo. Ainda era excelente em mais do que o pôquer, mas no contar as cartas. Sairia de lá três vezes mais rico do que entrou. De ressaca, com um humor dos infernos, Lorenzo foi convidado para ver a performance da vez ao lado dos acionistas. Falaram que era a visão do céu e do inferno em um corpo. Um anjo louro que poderia seduzir a todos que bem entendesse. Lorenzo riu e lançou a própria sorte. Acendeu o cigarro.
Maldita hora que aceitou.
Os dados não jogaram ao seu favor. Era a primeira vez em anos!
O menino mimado de Palermo não precisava tocar aquele corpo para saber quem era. Não precisava ver os olhos para ter certeza absoluta de tudo. Ficou vidrado no show alheio, possuido por uma sensação de nostalgia e posse. Ainda pertencia a ele. Tudo pertencia a ele de um jeito ou de outro. Grudou os dedos nos assentos, apertando até que os nós ficassem brancos e em seguida virou para um dos seguranças. Pagaria por uma conversa, depois, poderiam ver o que aconteceria. Cravou seus olhos nos de Vincent enquanto não fazia nada além de tragar profundamente seu cigarro e soltar.
Viu os lances. Viu seus seguranças participando enquanto descia do camarote. Precisava testar uma coisa. Andou até o palco onde o homem se oferecia e o segurou pelo pescoço e o trouxe para si. Seus olhos se encontraram depois de dois anos e tão de perto e finalmente um sorriso brotou ali. “Donna.” Soltou em uma voz melodiosa e autoritária.
As luzes hipnóticas e o som altíssimo reverberavam na alma de Vincent, sempre disposto a oferecer um show inesquecível àqueles que possuíam a oportunidade em vê-lo. Um sorriso sarcástico dançou em seus lábios ao notar os lances subindo, enquanto notas de diversos valores e países caíam sob seus pés, não havia dúvidas de que ele era a fruta proibida que todos almejavam um pedaço. Dependendo dele, estaria cheirando carreiras de cocaína no colo de um homem qualquer, conquanto precisava quitar sua dívida. Se exibia como nenhum outro antes ou depois dele, a sensualidade no olhar, a disposição a se submeter… quem seria tolo de não oferecer milhares de dólares para fodê-lo até perder a consciência?
Ali, o loiro era uma espécie de êxtase que nenhuma droga poderia oferecer tamanho efeito. Olhos cerúleos, corpo bronzeado, uma exposição maliciosa de cicatrizes e delírios, a feição de um verdadeiro monumento: tão maleável, quase implorando para ser fodido ali mesmo. Além de que, claro, não havia sequer um vestígio de vestes, a excitação que crescia por seu corpo ao ouvir os valores subindo fazendo seu pau pulsar. Era um verdadeiro Narciso, perdido em sua própria imagem. No quão imaculado ele era. Que se fodesse tudo, não estava ali para ser puritano, permitindo-se até mesmo em tocar seu membro brevemente, um gemido obceno que sobressaiu-se à música. Como resistir?
Quiçá, já não houvesse mais conserto à psiquê tão depravada que ele possuía. E ele não ansiava por salvação alguma, muitíssimo contrário. Sua obsessão em prazeres e dores desconhecidas quase o matou, diversas e diversas vezes. Fora abusado pelos pais, teve de viver em trocas de favores sexuais, gritou no topo do prédio mais alto de Vegas que queria nada além do que fosse tóxico, cruel, inumano. Assim, quem sabe, esqueceria de quem era por alguns breves minutos de loucura. Envolveu-se com gangues, com banqueiros, com traficantes… e ainda assim, não possuía porra alguma além daquele apartamento na região mais esquecida da cidade. Após sua última overdose, mantiveram-no dopado em remédios, não havia como tal comportamento ser considerado adequado. Mas, ah! Vince é bom em fingir. Relatou os abusos, foi às reuniões, tornou-se um queridinho! Ele gosta de brincar e se auto-titular um Tyler Durden, mas sem a parte nerd.
Após um tempo, a ultraviolência o encontrara. Sempre.
Teve um romance com um empresário notório, fodas altas, dinheiro no bolso, cocaína da melhor qualidade. Ele poderia usar roupas da Versace e beber martinis sempre que quisesse. Mas, a vivência é uma merda e logo tudo tornou-se um espiral de sangue e psicopatia: espancamentos com bastões, asfixia com cordas, marcas de cigarro naquele corpo já tão machucado... Obsessão alheia era algo que Vincent aceitava apenas de um filho da puta no mundo. E ele ainda possuía as marcas dos dentes de Lorenzo na pele para lembrá-lo disso. Porra! Não havia como aquilo não terminar em Vince quase completamente fodido e trancafiado pelo tal cara, possivelmente morto, se tivesse chance. Demorara semanas, ele sequer sabia o período, até ser encontrado de maneira tão inexplicável quanto. Homens que, certamente, não eram dali. Não houve tempo de sequer perguntar. Algum idiota ainda se preocupava com ele.
Quanta ironia.
Depois, vieram as dívidas com o cassino. Nada tão impossível de se contornar. Apenas àquela noite, e ele estaria livre novamente. Conquanto, o destino é mesmo um grande filho da puta! Vincent não entendeu perfeitamente o que estava acontecendo, até… seus olhos fraquejaram por um instante. Aquilo deveria ser outra de suas visões de Lorenzo, querendo quebrar ainda mais o que restava de sanidade em sua mente. Merda! Merda! Merda! Não ali. Ele não poderia ter outra crise ali. Porém, Vince não se moveu. Ele não conseguiria, de qualquer forma.
Coração batendo alto, reconhecendo o quão diferente Lorenzo estava desde a última vez em que se viram, olhos cansados, completamente destruído por dentro. Assim como ele próprio. Há algum toque em pessoas destinadas que sempre se reverberam, se encontram, se devoram. Não havia como resistir. Era realmente ele, Lorenzo Addamantio. O homem de seus sonhos e delírios. O homem de seus pesadelos e sofrimento. Vincent cerrou os punhos, mas era tão fraco e havia esperado tanto… sentiu-se a verdadeira putinha dele. Como demonstrar anos de ódio, obsessão, amor, saudade e tantos outros sentimentos?
E, ah! Aquele vocativo. Nada havia mudado, havia? O simples toque dele puxando-o para perto o fez gemer baixo, olhos azuis brilhando com aquela admiração que nunca havia morrido. Ele atreveu-se em erguer uma das mãos para tocar a dele contra si, fechando os olhos. Se aquele era o carinho entre eles, que fosse, que se dane. Vincent precisava daquilo. Precisava de Lorenzo mais do que ar para respirar. Os lábios carnudos dele moveram-se em palavras desconexas, silenciosas, cheias de contradições. Mas, o que ele fez foi deslizar a língua quente e doce contra aqueles lábios. “Meus. Finamente meus…” Um sussurro, antes de repetir a ação, deixando um traço de sua saliva entre eles.
Vincent nunca for a fraco diante de Lorenzo, mas sentiu-se como uma peça de mármore que finalmente encontrara seu escultor novamente. Não existia outra explicação.
Ele poderia ajoelhar-se ali, aos pés de Lorenzo. E quiçá, não fosse suficiente.
#E LA VAMOS NOS KKKKKKK#nossa lully perdao sao 4 da manha eu lembrei de strangelove e chorei#qualquer erro culpa do lorenzo por ser meu homem dos sonhos#IV. HE'S MY COLLAR.
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𝐡𝐞'𝐬 𝐦𝐲 𝐬𝐞𝐫𝐩𝐞𝐧𝐭𝐢𝐧𝐞, 𝐇𝐄'𝐒 𝐌𝐘 𝐂𝐎𝐋𝐋𝐀𝐑.
Luminiscência carmesim varria o chão embebido em whisky caro e carreiras de cocaína sendo inaladas com notas de cem dólares. Haviam vivências que não se transmutavam, a dele -- uma dessas em questão, quiçá a mais long��nqua de quaisquer mudanças. Desde a última vez que vira Lorenzo Addamantio, o que já era destrutivo tornou-se um vício, uma jogatina. Apostar a própria vida em uma roleta russa que existia apenas em sua mente completamente transviada para com a realidade. Fora preso uma ou duas vezes, esteve com outros homens, esteve em reabilitação após ser encontrado em estado de overdose por pura heroína. Não havia familiares, não havia amigos ... para ele, existia apenas as rodovias. E a gentileza de estranhos. O corpo mutilado, usado, torturado: tantas vezes, tantas ridículas vezes. Já parecia-lhe mais sua psiquê afetando-o propositalmente, outrora, ele pensava em ... não, ele não seria tão fodido assim. Era nos momentos de fraqueza que recordava-se do sorriso de Lúcifer, o anjo-caído e pai de todos os pecadores. O quanto Vincent ansiava em quebrar cada osso daquela feição quase esculpida por Michelângelo, o quanto queria poder apontar uma arma àquela face. Conquanto, ele já sabia respostas, “meu coração te assusta, mas uma arma não?”, para quê insistir?
Passaram-se dois anos desde a última vez em que o vira. O que mais lhe traía era a porra da mente dizendo que ainda pensava nele. Que nada era igual ao que era com ele. Sim, o grande filho da puta que o destruiu. Vincent já havia parado de tentar descobrir o porquê. Quiçá, vinha de seus pais. Quiçá, ele merecesse essa grande merda de vida. Quantas vezes ele já havia tentado desistir? Incontáveis. Nas mesas dos hotéis, os pulsos cortados, heroína, remédios para dormir... Nada, nada, aliviava o poder daqueles olhos castanhos. Nenhuma mão era tão perfeita ao toque --- QUE SE FODA, LORENZO.
Ele era apresentação especial em um cassino de Vegas aquela noite. Por lá, já era conhecido por suas extravagâncias e por sempre querer ser fodido nos banheiros. Vincent devia favores à chefia que trabalhava no contrabando de cocaína, então, fazia o que sempre fizera de melhor: seduzia, destruía, causava um turbilhão de emoções em palco enquanto as negociações importantes aconteciam ao fundo do local. Ah! Como era fácil para ele, tornar-se esse camaleão, como o impregnante veneno de uma cascavel corroendo suas veias. Era quase contraditório o quanto ele amava essa sensação e ao mesmo tempo a repudiava. Os cachos loiros mantiveram-se ao passar dos anos, assim como o corpo com cicatrizes enormes e musculatura perfeita. Ele carregava uma tatuagem do clube de motoqueiros da Harley Davidson em um dos braços, porém. Não tão diferente, estava ele?
O palco minúsculo estava cercado por olhos famintos de ambos os sexos. Naquela noite em questão, fora anunciado que a sensação do From Dusk ‘Til Dawn dançaria com uma cobra em mãos, exatamente como a porra do filme! Porém, Vincent fora inda mais adiante: estava completamente vendado. Quando adentrou ao conhecido palco, palmas e palavrões de todos os tipos. Ele estava nu, a serpente dançando por seu corpo enquanto a música ao fundo o fazia contorcer-se em movimentos únicos, apelativos, inebriantes. Não havia como escapar da visão de um Adônis entre as citadas luzes vermelhas. O sibilo da serpente era tão convidativo, mas nada quanto a expectativa em vê-lo sem a máscara. Em saber quem faria tamanha apresentação...
Quando Vincent retirou a máscara que cobria seu rosto e a serpente fora entregue à uma funcionária, ele começara a rastejar pelo chão. Capturando olhares e notas, como um monstro buscando por redenção...
Até ver aqueles olhos ali, o observando do alto.
Uma risada amarga em seus lábios, já havia o visto tantas vezes. Em tantos lugares e situações. Não havia como ser o tão amado herdeiro que abandonara tudo por ... migalhas. Falsidade. Em um surto repentino de ódio, ele bravejara, “Quem pagar mais caro me tem como escravo por hoje!”. Ainda assim, seu coração batia descompassado. Olhos diretamente em Lorenzo.
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