Tumgik
yurisquotesandstuff · 12 hours
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Carta para o futuro
hoje é dia 20/09/2024, e estou digitando da casa que aluguel num condominio arborizado do Anil, no Rio de Janeiro. o barulho da máquina de lavar está alto e como sempre, coisas estranhas acontecem comigo.
Hoje ainda estou no meu emprego de shopping, e minha intenção é digitar sobre a coragem que estou criando para um futuro. Um futuro de tentativa, de ousadia, de saída da zona de conforto que não é tão confortável assim. Pretendo sair daqui, dessa cidade porque anseio por desbravar, por entender, por sentir o que a rotina não me permite.
tem tanta gente lá fora, tanto vento que ainda não bateu no meu rosto. ____
Agora falando como se já tivesse saído do meu emprego:
Hoje me despeço do que por 1 ano foi meu lar e do trabalho que foi meu por mais de 3 anos, com um frio na barriga que me deixa sério. Não sei muito bem o que vou fazer mas confesso que por isso me sinto com aquela mistura de medo e alegria, o que eu poderia chamar de aventura. é verdade que a certa estabilidade que eu tinha gritou comigo para que eu repensasse, mesmo que até ela esteja toda animada com a minha predisposição ao acaso. todo o meu corpo treme como quem está prestes a levantar voo, aquele momento em que a montanha russa começa a andar e não dá mais pra desistir. Tenho tantas dúvidas, sei que o mundo não é um filme, não é essa fantasia perfeita embora seja cheio de magia. O que me espera não faço ideia,mas da vida que eu tinha, tenho certeza que não dava mais.
e agora eu vou, como quem se joga de uma vez na piscina fria se obrigando a passar pelo inicio desafiador: chamo de uma coragem covarde. pra concluir, deixo uma frase atribuída a minha querida Clarice Lispector que faz bastante sentido neste contexto: depois do medo, vem o mundo.
Depois do medo vem o mundo.
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yurisquotesandstuff · 11 days
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O agora?
Acabei de vir da sala. Tomei uma taça de vinho. Hoje foi um dia pouco triste. Fui duro com minha mãe e provavelmente matei a minha Costela de Adão que tenho desde 2018/2019 por uma teimosia, tendo sido alertado por mim mesmo e continuado mesmo assim. o vidro em que ela estava caiu e quando tentei segurar, todas as folhas quebraram e saíram, ficando só os caules, como uma grande mão verde e fina. Isso me doeu mais. Foi triste falar com a minha mãe, mesmo achando ter sido necessário em algum lugar dentro de mim (longa história), mas ver as minhas folhas verdes agora em processo de morte foi como machucar quem eu gosto. Que ironia, né?!
Na sala eu deixei as luzes indiretas e amarelas acesas, e inspirado por Clarice tentei Ser. O vinho é doce demais, pretendo não comprá-lo mais. Mas o ritual da taça e o cansaço de hoje me auxiliaram a entrar em um clima de reflexão, a reflexão que me segue como algo presente mas que eu não desbloqueei o suficiente pra mergulhar com gozo, com a intensidade, sem essa taquicardia constante e a vontade de tudo a todo tempo. posso dizer assim?
Vendo a minha sala enquanto ouvia musica clássica pensei em algumas coisas. Pra contextualizar, estou com aquela tristeza silenciosa, não desesperadora, mas genuína, daquelas que me permitiria sentir prazer, embora rapidamente o sentimento viesse e quem me olhasse perceberia, creio eu. o tipo de tristeza que me permite digitar.
com meu vinho branco doce na mão, coloquei uma essência de Eucalipto no aromatizador de ambiente, luzes amarelas e o sofá... como pode, né? Sei que não ficarei aqui pra sempre, mas a vida é muito doida, agora eu estou. o agora é soberano, mas enquanto digitei aquele agora virou passado e este momento também vai passar. Fiquei na sala sem celular e não senti falta. Devo ter ficado uns 30 minutos, calculo. o tempo passou rápido. Tive reflexões que me incentivaram a escrever na hora para que eu não perdesse. mas seria como tirar foto do pôr do sol antes de apreciá-lo e postar na internet. Como imaginado eu já esqueci o que pensei, mas pensei na minha avó Maria algumas vezes, na minha avó Rosa que ainda está viva mas não sei até quando. Tudo isso foi um Agora e o Agora de Agora é diferente e é engraçado como um dia no futuro vou olhar pro dia de hoje com estranhamento. como se fosse engraçado que a minha vida já tivesse sido assim um dia. Eu consegui Ser um pouco hoje, isso é um bom sinal. Uma pena que eu não lembre de quase nada do que pensei, sei que o narciso adoraria que soubessem que sei. mas eu, por mim mesmo, o lado que acho não tão ruim, me incentivou a me amar mais, porque mesmo ninguém me vendo falar, eu sei o quão longe posso ir. O vinho doce acabou e cessei aquele momento sincronizado com o fim da sinfonia de Beethoven nº7. Ou foi a nº9? coloquei lembrando do que Clarice falou sobre o filho dela, e quis saber se eu também tenho capacidade pra entender. Não obtive resposta completa, mas sei que fui distante dentro de mim. Nada muito magnifico, acho que a ansiedade me deixa muito no raso, mas pude mergulhar um pouco, forçar um mergulho mesmo com ar nos pulmões. preciso mergulhar mais fundo, tocar na areia lá em baixo no grande mar azul, e pra isso preciso tirar o ar dos pulmões. Espero um dia conseguir.
Amanhã vou tentar andar confiante como se eu soubesse que posso pensar grande. Espero sentir alguma diferença.
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yurisquotesandstuff · 1 month
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mais sobre o mar.
precisei vir aqui correndo. eu, obviamente ouvindo sobre aquela que me dá a mão, e como um choque devido ao toque, me ajuda a caminhar rumo ao transcendental, a Clarice, tive uma leve epifania sobre o mar.
Outro dia na verdade eu já tateei por esse pensamento, mas agora as palavras me vieram mais concatenadas à mente. é que mar não me acalma. talvez depois eu sinta alguma coisa química ou espiritual, não sei se tem a ver com o sal, ou vem do contato com a natureza, que eu possa dizer ser calma, um transe, uma limpeza. Mas o mar em si não me acalma, isso é cliché demais e não representa o que eu realmente sinto. Na verdade o mar me perturba. Olhar para ele é ver o tempo, o peso, a natureza bruta absoluta que não te pergunta o que você pensa e continua sendo, é desde o início. O mar não segura quando você está prestes a cair, é pura selvageria, imparcialidade. Se um bebê cair as ondas não vão parar. O mar é implacável, feroz, completamente selvagem. Ele é o mesmo de milênios atrás, e escuro, profundo, misterioso. Com uma covardia resignada eu entro, e depois de pedir a proteção divina, passo a acessar um outro mundo dentro do mundo. entregue ao selvagem, me vulnerabilizo de tal forma, como no espiritual: estar no oceano é me entregar a alguém maior e mais forte que eu. Estou tocando em algo milenar, tão grande que me aterroriza.
Também por isso eu pularia de paraquedas embora a altura me encha de medo, é de um pavor tão grande mas de uma aventura tão intensa quanto. é isso: aventura. Eu entro na água completamente alerta, vulnerável, com coragem e covardia. Estar diante de algo tão grande e poder mergulhar e tocar os átomos que o formam e estavam lá há tanto tempo, ter uma ligação direta com uma baleia e um peixe cego e terrível, me dá tudo menos paz. Fico sério, tenso e então encosto naquilo sagrado, e quando quero, mergulho e tento ao máximo no som do fundo do mar me conectar com tudo o que posso ali, abro os olhos e vejo pouco, mas sei que há muito. Então estou disponível tanto a sentir a falta de ar sufocante dentro da energia da onda quebrando quanto os respingos de água do vento terral depois da onda passar, que é algo tão divino que um ser humano não merecia sentir.
E a noite, que nos deitamos protegidos e o oceano continua vivo e selvagem? se eu volto à mesma praia depois de 12 anos, as ondas não pararam nem um segundo de quebrar incessantemente no mesmo lugar, o show continua mesmo que nenhum ser humano esteja vendo, e cada onda é diferente uma da outra. Então me vem o incômodo da eternidade: quanto tempo é a eternidade? tédio? ausência de tempo como dizem. O escuro é mais negro ainda. e eu seria louco demais de tocar aquele mar agora, dentro da proteção das minhas paredes. Mas aqueles átomos me esperarão até o amanhecer, e eu vestirei minha roupa de banho e os tocarei. tocarei átomos que a noite estão no mar.
É perceber tudo isso e mesmo assim perceber uma semelhança incrível comigo. fomos feitos pelo mesmo criador e isso é como se fosse uma mágica escondida. Dá o sentimento parecido com uma criança que acredita em magia, vê a magica, se arrepia toda, mas não entende muito bem o que viu, como explicar, e tem vontade histérica de comunicar o que presenciou e aparentemente os adultos não veem. uma maravilha aos olhos, o segredo de um gênio da lâmpada, imperceptível bem diante dos nossos olhos. o mar assusta porque é pura magia. E eu em choque, porque mergulhei na magia e amanhã é outro dia comum, num mundo onde existe o oceano. Isso é loucura.
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yurisquotesandstuff · 2 months
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regresando
A vontade de sair do trabalho é muito grande. Estou em um cargo de liderança e sinto que a estou perdendo. estou bastante fraco e sem muita confiança. Mergulhei mais profundamente no vício impuro, estou pior que no começo. E outro dia me olhei, e sim, falta pouco para meus 30 e já aparento ter quase 30. Ainda me vejo como um adolescente ás vezes, mas me sinto envelhecendo.
Quero sair do trabalho também porque me lembro que mesmo nos momentos mais depressivos quando em pandemia, eu sem emprego, pelo menos eu tinha tempo para refletir sobre a vida. Hoje eu até penso, mas preciso correr pra tomar banho, cortar unha rápido, ou vegetar aguardando ansiosamente a hora de vir embora, sentindo o tempo pesado passando, com angústia como quem está debaixo d'água e sente a necessidade do ar. Não escrevo porque tudo passa, e cada vez sinto mais superficialmente.
Na verdade senti bastante nas viagens que eu fiz, que só me mostraram quanta coisa existe neste mundo e eu dentro daquele lugar por tanto tempo. o dinheiro, no caso a falta dele, nos limita. atitudes nos limitam. é dificil mesmo. estou conversando com algumas pessoas do mundo afora e tenho me percebido tão desinteressante. sei que tenho visto algo mágico, mas minhas questoes e meu desequilibrio emocional fazem uma bagunça em mim. e por isso eu emano o transcendental e a decadência, creio que só com minha presença. Quero fugir.
#desabafo
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yurisquotesandstuff · 2 years
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era pra eu escrever no “diario” mas a aflição e a preguiça são tantas que ou escrevo aqui ou nao escrevo.
mais um banho de agua fria. estava tudo certo pra eu me mudar, mas um dos moradores do terreno que minha vó herdou nao me quer lá. estou com dor. quero sair daqui. quero morar só. quero sair de perto dessa gente daqui de casa. dói. dói porque sei que Deus me deu mais um banho de água fria. meus planos que crio com intensidade acabam assim: diferentes do que eu imaginei.
Estou chateado, irado. não leio mais, não corro mais, discuto sozinho em uma briga imaginária. vivo em aflição. pagar aluguel é caro demais. tem uma casa vazia e eu não posso. vou saber o porquê disso um dia. Ah se vou.
mas se bem que se Deus nao quiser mostrar, nao vai mostrar. estou muito fraco na fé. estou com raiva. se viver é estar sempre nessa posição desconfortável, prefiro estar morto.
acho que é até por isso que nem curto muito viver. meus planos não saem como quero. não amo, não vivo intensamente. sou um solitário. que raiva!
se nasci só pra isso. que eu nunca tivesse nascido entao. se isso é um prêmio, que prêmio amargo. pelo menos hoje. se sou ingrato, sei que meu Deus sente o que eu sinto. e se me considera ingrato mesmo assim… então eu deveria sorrir em meio a dor. se tem gente pior, que sofram suas dores. eu sinto as minhas; ou me expresso ou morro por dentro de vez.
sou um louco que nao sabe o que diz. sua vontade é boa, perfeita e agradável. ele diz, então é verdade. mas de sinceridade pra quem me lê: nao é nem um pouco agradável estar dentro de mim neste momento. me tiraram muita coisa, na verdade eu nunca tive. sempre cheguei perto do mar azul em um calor escaldante, mas nao mergulhei. o mar me foi tirado e mais um pouco de deserto foi posto à frente.
minha família me faz mal. estou exausto.
nao conseguiria viver bem, com meu salario dividindo ele com um aluguel.
Sou ingrato, talvez. mas um ingrato complexo, e deve se ser levada em conta toda a minha trajetória, as minhas dores, cada calo, minuto, centésimo dessa minha vida de esperança e frustração. como eu almejei e cai. e quando algo legal vai acontecer, não acontece de fato. e se me limito somente a isso? a ingratidão, quem me nomeou como tal é um sádico possivelmente. se nao estiver equivocado, eu estarei, e se de fato sou somente ingrato, que eu morra. serei ingrato e egoísta, pq minha história requer um triunfo. mas triunfar me deixa cansado. to com raiva demais. tenho sonhos que só doem pela distância que parecem estar de mim. “tá” tudo distante, “tá” tudo incômodo.
não sei se viajarei pra arraial d’ajuda, nao sei se terei tal conforto na terra. e se a vida for sentir o que to sentindo hoje… nao a quero.
não quero. e talvez o que eu nao quero, aconteça. já que o que eu quero não acontece.
todavia, eu nao queria a Deus, e ele me escolheu. tem coisas que nao quero e são melhores pra mim.
não quero nem pensar que estar dentro dessa casa que estou hoje seja o melhor diante de toda a aflição que sinto agora. quero fugir. e se bater a maluquice eu fujo. gasto tudo. to esperando uma resposta. preciso ainda me dobrar pra receber. to bastante é cansado. eu podia nunca ter que existido. seria um ingrato a menos.
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yurisquotesandstuff · 2 years
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Noites
Eu gosto, às vezes, de parar na janela a noite, geralmente tarde, pra sentir o que se passa. Digo de energia, do vento e o que ele traz, do som do silêncio, do cheiro e do gosto do ar, do mistério da vida, do tempo que passa pra nunca mais voltar. As vezes vejo e sinto muito, mas dentro de mim anda tudo tão caótico que me afasto rápido, como num pré-choque. Tem tanto mistério e uma onda de coisas em tudo isso que me vem, que, dentro da minha realidade, saio de cena porque o contraste do caminho ao êxtase com meu interior de caos grita. Exatamente como um momento que induz alegria, e vem a tristeza, a frustração, dor que se tem dominando, lutando e vencendo. Então é acrescida mais uma tristeza. O resultado que a angústia traz fica mais claro, como que colocada diante de um fundo branco. Eu sinto aquilo tudo, mas não consigo mergulhar na magia que acontece do lado de fora. Como explicar? é como passar por um parque de diversões ou qualquer lugar que claramente mostra todo o potencial de entretenimento. Há a identificação com o que se vive ali, mas estou a caminho do trabalho, em outra realidade, em outro estado de espírito, e tudo se limita ao campo virtual. Espero sinceramente que passe. Espero que esse véu presente e insistente, ou o que quer que seja isso, me abandone. Ou eu o domine. Quero mergulhar no que vejo. E lá dentro, sentir como pura vida. Completamente, livremente. Liberdade absoluta que me foi prometida um dia, como penso que deve ser.
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yurisquotesandstuff · 2 years
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Terapia da escrita
Dizem que escrever é muito importante, e na verdade era pra eu estar escrevendo no meu bom e amigo caderno verde água. mas confesso que escrever demanda bastante de mim e a demora da escrita com a velocidade dos meus pensamentos prejudica, creio, a expressar tudo o que quero.
Vou mais uma vez procurar não me cobrar nada de magnifico. Isso é terapêutico pra mim, então aqui estou.
Minha irmã continua em surto psicótico em mais ou menos 2 meses. Foram e estão sendo dias ruins.
Interessante que me deu um gás a ponto de vir escrever depois de tempos distante é que eu estava fazendo uma meditação guiada e quando foi preciso lembrar de um momento em que senti paz, não lembrei de nenhum. tentei aquele dia caminhando em Maricá, com os meus dois vizinhos, mas não rolou. Tentei algumas lembranças da Bahia, mas também não era isso. Tudo possui um pequeno véu de dor. Todos os meus momentos em que me lembro, tem uma dor silenciosa, contínua e incessante. Há 2 dias, quando mais perto de Deus estou, em que sinto paz: comentei essa semana, pouco depois de sair da igreja que queria que todos sentissem o que sinto quando estou perto da fogueira. Mas se você me perguntar agora como é, não saberia explicar, tampouco reproduzir. Mesmo nesses momentos, a preocupação me vem, meu futuro, esse vício maldito que assola minha vida.
Interessante que há muito tem sido assim: em Rio das Ostras com eles na adolescência em meus 14 anos, dias ótimos, mas dolorosos em alguma camada, creio. (ou a tinta de agora manchou os outros dias). Naquele meu sentimento intenso por aquela pessoa que até hoje mexeria comigo. Dor, dor, dor, companheira ingrata. Acho que é por causa do Chamado. Eu sempre fui eleito e os eleitos sofrem aflições. Talvez seja necessário sentir essa dor contínua. Se eu me permitir extravasar a raiva, culparia meu Deus e morreria como que seguindo, talvez, o conselho da esposa de Jó. Como pode eu não lembrar de 1 só dia de paz absoluta? mesmo que me venha à memoria os dias de banho após muita brincadeira, e o cheiro gelado do ar condicionado no quarto, aquele sono pesado de quem recarregaria a energia em um sono profundo em uma boa cama.
Ah, acho que lembrei de um dia de paz: o dia do sono possivelmente mais perfeito que já tive. Minha tia tinha um pinscher e por alguma razão ele dormiu comigo e com a minha vó na cama, em uma união maravilhosa.  Minha tia não deixou que eu ficasse com ele. Vendeu. Como sempre desagradável!
Minha família me deixou algumas marcas que não gosto. Adoraria ser diferente, mas Deus que permitiu que fosse como é.
Olha, vou parar por aqui. tá meio amargo e vou dormir.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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Filmes Antigos
Outro dia percebi que uma das minhas peculiaridades não era dividida com mais pessoas, diferente de outras que acho únicas, mas são na verdade comuns. Pelo menos não com duas que me ouviam quando revelei me sentir mal quando assistia filmes antigos. 
Lembrei do dia em que abri uma garrafa de vinho e decidi assistir a um filme sábado a noite, se não me engano. Abri o Amazon Prime, escolhi um com o nome “HouseBoat”. Era um filme tão velho que nem minha mãe tinha nascido, e minha vó era uma criança. Com o conhecido mal estar que me acompanha quando assisto algo feito há décadas, fui pesquisar como os atores estavam mais de meio século depois: a criança já tinha morrido, aos sessenta e poucos, e a jovem mulher continuava viva. Não lembro do desfecho, mas acho que o filme só continuou enquanto minha taça continuava cheia. Aquela criança morreria antes da mulher na vida real e eu já sabia tudo. Sempre que decido assistir à um filme antigo, na minha cabeça, vem o mal estar e as reflexões. tudo antigo tem um peso, uma melancolia. Meu avô estava vivo. Como era a vida naquele momento? o sol estava brilhando. havia uma festa com os vários que já estão na sepultura hoje, sorrindo entre si? o mundo ficaria mais pesado porque depois daquele tempo viria o 11 de setembro, viriam mais sequestros, assassinatos, mortes, enfim.. tudo o que veio e aquela época não sabia. Ah, sei lá! Será que faz sentido? nossa como eu odeio a solidão, e mesmo assim, amo os frutos que são gerados, ás vezes.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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“Ano Novo!”
Eu estava tendo alguns insights e me prometi que não escreveria sobre eles. São íntimos demais. Mas depois chegava como que remoído o impulso de escrever sobre as outras coisas que me vinham, pois não paravam. 
Hoje senti a solidão de maneira plena, ou pelo menos, com mais contraste do que venho sentindo tudo por muito tempo. Como em um filme onde vários flashes de memórias vão surgindo simbolizando o pensamento do personagem, vou me pegando em sensações parecidas e diferentes: sonhos, memórias, lamentações, alegrias, e uma luz amarela cintilando na casa a frente, nesta noite estranha, diferente e perigosamente silenciosa. Hoje tem algo mais. 
Porque tão grande vontade de respirar na noite calma e fria do inverno distante? Mesmo sabendo que, dependendo, a solidão também virá. Mas sinto que há um mundo acontecendo lá fora, e eu preciso fazer parte, eu preciso acontecer. Não, eu não sei como redigir, mas eu preciso sentir uma alegria além. Quero estar apaixonado... Apaixonado por alguém de olhar triste. Onde eu possa estar em um lugar melancólico e toda a beleza ser além!
Me vêm lembranças do meu passado triste, porém de certa forma repleto de uma esperança humana e egoísta, mas palpável e prazerosa; uma esperança que ainda ecoa, mas não vale mais, como uma ponte desativada que permanece erguida, bastando alguém acessar ilegalmente.
Eu o vi sorrindo em um story. E me da um pouco de pudor citar em meus textos íntimos, depois de muito tempo, alguém que não foi, mas simbolizou tanto pra mim. Ele sorria como se eu nunca tivesse existido. Faz tanto tempo, eu era tão outro, Meu Deus... Eu os vi vivendo o que só me vem como lembrança, como se fosse uma outra vida, não esta. Faz tanto tempo, e é tão louco que se possa viver daquele jeito, que eu nem sei o gosto que dá a mistura de tudo que eu sinto, e me vem como que já repleto de suco gástrico, confuso - parece que comi correndo muita coisa diferente. 
E os sonhos... sozinho nesta casa, com a Frida somente, pelo menos aqui em cima, após ter assistido “As Vantagens de Ser Invisível”, assustado e inconformado com a solidão, imagino o ar gelado do túnel, a música que minha pele vai absorver no momento, e a pura magia da adolescência que eu penso que perdi sendo Deus sabe o quê, sentindo talvez limitado depois de ter vivido por um momento esta tal magia da adolescência, naquele dia caminhando com eles, e vendo-a chorar, noite de Maio. Ou o sentimento de cumplicidade transcendente com os dois na praia de Cordeirinho, em Maricá.
Neste ano faço 27 anos e ainda anseio por mágica, anseio pelo ar gelado em um túnel, as luzes dos prédios à noite em outro lugar, com a música perfeita e um grupo de amigos, apaixonado, sentindo tão intensamente que todo o meu corpo estremece e expande a ponto de lágrimas rolarem.
Por que me foi tirado e nada foi colocado no lugar? A própria solidão hoje apareceu e eu a vi não mais entre nuvens. Ví claramente.
O fato de poder encará-la diretamente, sem nuvens ao redor e logo hoje, me faz refletir: o que será que o Criador tem preparado pra mim neste ano? Daqui há 365 dias posso responder. Hoje fica o que sei: nada.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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Um pouco sobre mim
Gosto dos escritores que falam da alma, porque geralmente revelam semelhanças com a minha - chamo de alma o que se sente por dentro de maneira intensa, profunda, enigmática, e não se sabe exatamente a fonte. Onde se sente aquilo que não tem nome definido. Seja alma a hospedeira do inefável ou não, sei que sinto certas coisas por camada diferente daquela que sente fome, sono, frio. Sinto também que tem mais de uma forma de Eu dentro de mim: embora todas vivam unidas, não são as mesmas, e tem funções diferentes: provavelmente corpo, alma e espirito, sei lá. O que sinto, não sei se os outros sentem, menos ainda se se pode escrever sobre tal mistério - Exatamente a materialização do imaterial, como dar formato ao amor.  Escrever é dar forma ao disforme. Explosão. Como explicar que alguém se sente embriagado pelo cheiro do mar como li esses dias? O cheiro do mar mexe com algo de dentro de mim e sinto algo transcendental. Eu não ouso dar nome ao que me vem, sei que acontece alguma coisa que me deixa com a perplexidade de quem descobre um segredo que abalaria a realidade. Sinto o medo de quem descobre que a magia existe, e ninguém mais vê. Não vou me forçar tanto para explicar o intangível, que é de onde eu sinto. Sei que certos cheiros não trazem só cheiro: algo dentro de mim acende. Existem sentimentos além da saudade, que definitivamente não tem nome. Eis a magia secreta.
Quando criança, ao ver a maldade acontecendo, eu sempre olhava para o silêncio misterioso do ambiente e me perguntava como podia o dia continuar brilhando, o vento continuar soprando, enfim. Uma cena de briga, um momento durante e após o roubo de um carro, uma pessoa assassinada estirada no chão, por exemplo, e tudo continuar como estava, pelo menos aparentemente: a noite sendo a noite, o dia sendo o dia, animais ainda vivos, vivendo. Nenhuma vingança imediata do céu. Às vezes eu acordava no dia seguinte e o sol brilhava, aparentemente como se mais uma gota tivesse caído no cálice da tolerância do céu, mas ainda brilhava, dando mais uma chance ao mundo, o que me deixava perplexo: algo acontecia, algo era contabilizado mas o sol brilhava, não sei explicar o espanto. E como? como um sol brilhando me dizia tanto? Como um cheiro me diz tanto? e porque eu, agora, sinto tamanho desgosto, e não me sinto bem? Ao assistir filmes adultos, se eu me pegava observando alguma planta, no fundo, mexendo ao vento, me dava uma espécie de tristeza, como trair quem se ama; como a ingratidão perante o amor legítimo; como sujar por pura maldade uma roupa alva feita e lavada com zelo de avó; como um deboche ao sagrado, que terrível. Nesse caso, também imaginava o nascimento da atriz(o), o contraste entre a devassidão exposta e a pureza de um recém nascido, as fotos, o berço confortável, também refletia sobre a permissão de que tudo isso acontecesse, a vida permitida até hoje; imaginava a foto de um bebê cuidado como todos os outros, precedendo um futuro tão terrível... Ah! é muito pra mim. 
Sempre ao ver pecado debaixo do céu, eu via como um esgoto sendo jogado no limpo e azul mar mediterrâneo. Uma ingratidão. Também eu sou ingrato: ao pecar, também me observo com igual espanto. Relutante observo a cor da natureza, pura, viva, em contraste com a minha, resultado de uma atitude ingrata, de sujar o mar azul, e ele ainda brilhar, embora o cálice esteja enchendo - sinto imerecimento e ira.
Tenho também outros detalhes: se me fosse pedido para escolher entre dormir em uma bicama, eu certamente escolheria o segundo andar. Seria uma espécie de aventura, uma espécie de ninho, e eu amo aventuras. Falando em aventuras, me imagino no ultimo andar daqueles apartamentos com plantas na janela, em plena Paris, com meus livros, meu abajur e um ciclo social, daqueles que dá um perfume a vida.
Tenho um desejo vaidoso, presumo, de que conheçam meu interior, de que saibam o que eu sou, o que sinto; todavia, seria um tédio total quando soubessem, eu sei. Mesmo adivinhando que não seria esse o caminho, sei que eu não me basto e acho que meus olhos entregam essa insaciedade. Não tenho Paris, nem ciclo social, tenho essa cidade em que vivo desde que nasci. Este bairro, esta rua, a zona norte do Rio, Rocha Miranda. Também nada disso adianta, nenhum sonho adianta, uma vez que só poderei ser feliz vivendo os sonhos Dele. Sempre que peco, volto a lamentar pela vida que a carne queria viver, a carne que, quando toma a frente, faz o que pode pra me sujar e eu volto aqui a desabafar. 
Deus vai vencer isso para mim. Eu não terei, muito provavelmente, a vida que quero. Mas viverei uma felicidade de verdadeira liberdade que jamais teria vivendo o que projetei pra mim. Desde o fundo do poço: um pouco sobre mim. 
Yuri C. 25/12/2021
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yurisquotesandstuff · 3 years
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Chuva
Como eu queria que estivesse chovendo. Só pra que eu me sentisse menos estranho em contraste com o tempo bom. Sob a chuva eu me camuflo melhor, me escondo. O dia fica triste e a melancolia não parece tão inconveniente, destoante. A chuva me esconde como um cobertor protege dos monstros. O lado externo combina com meu interior. Sim, o sol e o verde brilhante nao combinam com a tristeza. Não que não se possa ser triste sob o sol. Só que o tempo “bonito” me traz uma culpa a mais, como se o tempo estivesse permitindo a felicidade, e eu estivesse desperdiçando as permissões do dia. Essa culpa o tempo nublado não traz. O “mau” tempo abraça, não destoa, compõe. Sim, me sinto menos distante quando o tempo também não está alegre. Se é que a chuva entristece, pois acho que encontro paz neste meio. Mas entenda, um personagem preto e branco debaixo de um arco iris não combina. Uma reflexão melancólica em plena luz do sol existe, sim, mas não combina.
Voltando depois de mais ou menos 1 hora: começou a chover. Devo me sentir melhor…
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yurisquotesandstuff · 3 years
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Melancolia de um Forró
Da minha infância lembro mais de sentidos do que dos momentos em si. Por isso que é comum eu sentir um vento, cheiro, enfim, sentir algo e como resultado ter a sensação de que não é a primeira vez.
Sinto o cheiro de uma fogueira, cheiro de madeira queimando, cheiro de antigamente. No ambiente paira um frio, um frio de madrugada, frio de lugares distantes, com o silêncio denso que diferencia da atmosfera do inicio da noite. E eu só consigo sentir, não explicar. Há também um sono que dói, a música mística que envolve alegria e tristeza. O som compondo a cena.
O forró tem um quê de tristeza, um som de paixão sofredora, e deu a noite a aparência de passado. Um momento com o peso do que é antigo. Uma melodia sobre amor. A dor de ver as paredes do lugar levantadas há décadas, que não se movem, solitárias, vendo dia pós dia a mesma imagem, imagem que, vendo por pouco tempo, já desejo não ver mais. “E se se eu tivesse que ser essa parede pra sempre?” Dá um mal estar, aflição.
Neste ambiente quem dança colado, sorri.
O frio, a fogueira queimando, a vida acontecendo e um perigo: aquele que crianças puras sentem ao estarem em lugares de energia pesada com pessoas impuras em impureza, acrescido da falta de hábito de se estar tarde da noite fora de casa, vulnerável, lutando contra o sono que não entende por que não é atendido. Um lugar no interior, distante, um bar com a parede descascando, tons pasteis, luz amarelada do ambiente melancólico, lugar que emana a atmosfera dos anos 90, gente de idade avançada e o semblante de quem é antigo demais, e já viveu e andou muito longe de casa, já pecou demais. A energia de caminhoneiro solitário nas estradas distantes e desertas próximo a uma criança pura, o peso do contraste. Um ambiente com a música triste, onde quem ouve se alegra. O passado sendo presente. Uma criança em um bar longe de casa, com sono doído, e o cheiro, e o frio, e o som e a nostalgia, mesmo que só sinta tudo isso, mas não faça ideia de que sente, do que sente. Mas vai marcar, e anos depois escreverá sobre isso.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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Cheiro
Preciso falar sobre o cheiro que se sente de mato: sim, de alguma planta, árvore ou a mistura delas que causa um cheiro transcendental, que ativa memórias de sensações as quais ainda nao vivi. Não o sinto sempre, e se já senti, nem sempre tenho a experiência de epifania. Mas ontem tive.
Não sei se por causa do meu momento, ou de loucura (duvido, neste caso), mas estava no ônibus com a mente acesa e pela janela entrou um cheiro de mato, não o cheiro de qualquer natureza, um especifico que não sei explicar. De repente, ou o cheiro me trouxe reflexão, ou a reflexão e o cheiro se encontraram perfeitamente como ondas em direções opostas se chocando. Eu ví de relance uma vida alegre e cheia de sensações: estava em outro estado, longe de casa, perto do mar e havia uma mulher que era minha (amiga ou algo mais, não sei. julgo que era minha pelo fato da ligação que tínhamos). Ela usava uma saia ou vestido longo, até o pé. A roupa mostrava sua ligação com a natureza; as cores, a vibe, o ambiente, a atmosfera, era uma atmosfera da Bahia, aquele Q místico, espiritual específico dos lugares próximos ao mar… Era talvez um restaurante, um café em Arraial d’Ajuda, com mesas ao ar livre, e era, se não me engano, noite. De novo, contemplei uma vida de aventuras das quais não tenho, de imaginações do que eu poderia viver, mas estou em uma estrada totalmente diferente. Literalmente.
Começo a observar a superfície das sensações que estão por aí, possíveis de serem vividas. E quão intensas são… Elas existem e eu poderia vivê-las, mas não.
Chegou a hora de dormir. Contudo, meus sonhos e imaginações são o que possuo do que não vivi. Eu os guardo, e de mim, só o meu Deus tira. Amanhã eu trabalho.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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considerando
Não gosto de falar das minhas qualidades, de considerar meus talentos e caminhar consciente deles, aquela consciência crua. Além de dar certa sensação de “hiperventilação”, me causa um “algo-estar” estranho, certo pedantismo que não deveria aparecer, misturado com o comportamento do peixe fora d’água, um ex pobre em um restaurante de luxo, a mão que sobra e para no bolso, o ar de deslocado. Não sei, não sei. Já nem sei mais se me faço entender. Quando falo ou reflito sobre isso exige-se de mim constância, prova, e revela a instabilidade da minha natureza: a inteligência junto com os absurdos dos meus defeitos. Fico como uma criança que exclama, com orgulho de si, que já sabe andar de bicicleta, e embora se esforce na demonstração, a performance perfeita que ocorreu no oculto se mostra mais defeituosa. Não sei se faço sentido a quem lê. Não sei nem mesmo se consegui expressar exatamente o que eu quis - isto torna meu texto coerente. Sei que é melhor deixar que elogiem meu equilíbrio no esporte, porque quando anuncio o quão bom sou, tendo a cair no chão.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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angústia
Hoje vim falar sobre angústia. Sobre tudo o que eu quiser além disso, ou, talvez, fale sobre tudo menos a própria angústia. Não porque exista uma intenção estratégica por trás. Quem sabe eu simplesmente não saiba falar sobre o tema?
Sei que busquei e orei muito pelo que conquistei hoje, mas vivendo este sonho, tenho chegado em angústia que se equipara ao que senti no tempo de transição da vida antiga para a nova. Estou mais ou menos assim: O pensamento vem como algo instantâneo, como se eu não o pudesse controlar. Se estou comendo, subitamente perco a fome; se estou devaneando ao olhar pela janela e ele vem, tudo perde o sentido; se estou caminhando e o monstro aparece, instantaneamente minha fisionomia muda. Meu Deus me preparou com avisos antes, mas dentro da tempestade, as águas batendo contra mim, vivo entre o que sei que devo fazer e o que sou impulsionado pela minha mente. A mente: lugar de grandes epifanias e batalhas travadas. Vivo exatamente no meio do mar neste momento, onde ele se abriu, mas um exército violento me persegue. Sei do suficiente para que eu confie e descanse, mas o ato de confiar não é tangível; a confiança não se vende, não se toca, transcende. Eu digo que confio, mas preciso agir em confiança neste momento, e como estou? me encontro no momento certo onde preciso por a confiança em prática, mas como soco no coração a realidade me bate. O que temi, aconteceu. Estou angustiado, mas preciso confiar. Reflito em mim e em teoria coloco tudo sob controle, mas como um vazamento desagradável, a umidade volta e jorra água raivosa, rindo maliciosamente, louca pra me afogar. Eu estou exatamente sobre o mar, e o meu Senhor me estende a mão. Avanço aterrorizado. Meu coração aperta como se algo físico o fizesse. E é só isso! escrevi para que em um futuro onde isto se torne lembranças, eu possa voltar e exaltar o meu Senhor. 
Espero ter falado algo que transpareça minha situação. Se não falei, paciência. Só mais um aperto por dentro. Eu acho.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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Reflexões em um dia nublado
Desejo conseguir trazer o mesmo desenrolar que estava sendo feito em minha cabeça a caminho do metrô.
É difícil escrever sobre si mesmo; preciso ter alguns sentidos funcionando a meu favor, o que não depende somente de querer - não me controlo por completo. Quando as coisas favorecem é prazeroso, flui, mas não é fácil. Há vezes que quero, mas nada contribui, e aí o fácil acontece: não consigo acessar a inspiração, a síntese do meu Eu em palavras.
Estava andando, e, embora meus olhos estivessem incomodados com a claridade, os óculos escuros ainda nao estavam em meu rosto. por quê? havia uma guerra silenciosa sobre o que fazer diante da opinião dos outros. Vivo em guerra: eu contra o que foi construido em mim. anseio por uma vida leve, simples e autêntica, mas quase que naturalmente algo se levanta a favor do mal: reflito sobre meu corte de cabelo, a roupa e o que causa a imagem que apresento. Quem eu sou dentro do outro não devia ser importante assim. Sigo uma lógica de vida onde quem sou pro criador deveria importar, mas existe a guerra constante que aparece na superficie de mim o tempo todo. O que postar? o que expor? por que os óculos continuam na bolsa quando estão a minha disposição?
Construo, pelo pouco que sei, o que está passando na mente alheia, e quando desejo ser algo especifico, mas não alcanço isso dentro do outro, um incomodo surge. Eu me pergunto o por quê. É por isso que ser simples é trabalhoso: eu poderia só pegar os óculos e colocar no rosto porque isso faz sentido, estão a minha disposição, e são meus. Mas antes, uma pequena discussão surge em mim, um diálogo imaginário com quem ousar escarnecer da minha ousadia, do meu jeito excêntrico(já que ser excêntrico é ser diferente da massa), o jeito da busca do Eu, da tentativa tímida, ousada e vaidosa de autenticidade. Me vejo usando a justificativa que sempre uso: “são óculos escuros, não óculos de sol. são usados pra claridade e é conveniente”. Surge o ar de uma superioridade infeliz pois conheço o termo certo - óculos escuros. Me justifico dentro do outro, faço-o me aceitar, respeitar. Nesse periodo, meu foco está no caminho que estou percorrendo e no destino das minhas mãos: pegar ou nao pegas os oculos? Não quero riso de canto de boca sobre mim. Mas qual a razão disso? por que me incomoda? seria mais facil se eu pegasse os óculos e usasse-os, simplesmente. A claridade me incomoda e comprei algo para conte-la. Contudo, o simples é raro, caro, dificil, distante. Por que eu não sou eu? “o coe lek” nao sou eu, mas as vezes ajo como se fosse, pra me construir dentro do outro. Mais uma guerra, ou talvez a mesma em departamentos diferentes: a parte animal, a construção cultural e a luta pelo autêntico e puro. Os óculos agora estão em meu rosto. Luto para não parecer confrontar quem passa por mim. Se houverem olhares a justificativa já está pronta. Continuo, rumo à verdadeira liberdade. Estou bem, são para a claridade, eu sou eu. Ser simples é um desafio diário. Avante.
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yurisquotesandstuff · 3 years
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No banco de trás de um carro
Que o Senhor tenha piedade de mim. Os prédios estão de pé e há luzes de lares. As pessoas estão vivendo e tem gente sentada em um barzinho rindo, junta, alegre. Tem luzes acesas e um frio. Lugares desertos: pequenos pontos em grande quantidade nesta cidade. A vida acontecendo e não para. Que o Senhor tenha misericórdia de mim. Preciso viver, preciso sentir. Não de maneira virtual, mas grandemente, profunda, intensa e ilimitadamente, preciso imergir completamente, estar totalmente envolvido pela vida, senão, todo o meu eu não será saciado por completo. Vida: caótica, grande. Sensações: tantas que acredito haverem, só meu Deus sabe. Passo por um rio na escuridão, luzes de um prédio. Pessoas que ainda nao conheci. Mulher sentada com amigos na varanda de um lindo restaurante do outro lado da avenida de frente pro mar, uma pele boa e rosto modificado esteticamente. Ela é alta e ri, eles também. Os predios já estão lá: altos e com vida dentro. Que Deus me ajude!
Onde estará essa mulher agora? continua rindo? e eu? onde estarei? Que sensação estranha e ainda não vivida/sentida como sei que poderia ser.
Há um acidente a minha frente. A vida sendo a vida. Uma praia, um vento cheirando a natureza, a obrigação de se ter um momento mágico; mas é a vida, nas alternâncias da direção o vento também traz o cheiro de fezes. Esta é a vida: orgânica; animal caçando animal. A vida é selvagem. Luzes, bairros, vizinhos. Ah! vida! viva!
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