Passaram-se os tempos em que estagnar-se no limite ainda era uma alternativa real. Agora, resta-nos o infinito.
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Minhas Composições Encurtaram
Apenas encurtaram.
É como se a exaustão que me carrega fisicamente ao fundo tivesse se agarrado à abstração da expressão da minha mente.
Como se o caminho longo fosse árduo demais e existesse um receio de seguir em frente correndo o risco de precisar ser carregada, ou seguir me arrastando no resto da trilha, ou nem chegar ao destino.
E é curioso que a limitação é válida apenas para o transmitir literal. Sobre a trava que impede de vomitar o que me inspira ou assola sob qualquer superfície oportuna, limitando a criatividade a uma única consciência.
Autossabotagem.
Enquanto isso, na mente, afloram ideias que se agrupam em pensamentos supostamente lógicos que, devido às correntes fictícias, não saem de onde estão, mas fazem conexões internas chegando a fazerem fluir uma auto-conversa. Metáforas de metáforas que se arrastam e se afastam tanto do palpável que deixam de ser o que são, por definição, por passarem a se referir ao surreal.
O abstrato existe e inunda o ser, mas na hora de saltar do mar e encharcar o mundo, mais da metade prefere não sair, talvez devido ao conforto no todo azul.
O apelo é desespero, pois não quero que se perca, dentro de um só ser, um mundo interno que anseia por trocas, já que poucas memórias aprisionadas, que tornam-se efêmeras, não são o suficiente para transfigurar as ideias em experiências e conexões.
E o pior? Não é certa a causalidade e a destinação.
Talvez seja apenas um momento vital de auto-composição.
Também existe a possibilidade de que, talvez, disso surja um individualismo discreto que pode tornar-me, aos poucos, fadada à prisão interna, afogada dentro do meu próprio ser.
Mas prefiro ser otimista, pode ser só o cansaço.
Era isso, e agora paro por aqui.
É aquele infortúnio: minhas composições encurtaram, e aquela maldita parcela já se recusa a fluir.
D. C. de Oliveira
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Se hoje fosse o topo, você teria medo do que vem amanhã?
D. C.
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Sociedade Individual
A vida se alimenta da vida. É estranho precisar daquilo que falta. Se falta alegria, busque a alegria. É estranho precisar buscar algo que é o que está escasso. Imagine se você vai a uma loja porque precisa de um produto, sei lá, farinha. Você chega na loja e pergunta se o produto está disponível, pois é só dele que você precisa, mas o fornecedor responde que a farinha está em falta. Você então explica o porquê de querer esse produto querendo uma solução vinda deste fornecedor, e ele responde dizendo que sabe a solução, e que esta seria conseguir a farinha, porém ela não está disponível em sua loja. Simples, você iria até outra loja buscar. Esta situação foi literal, mas vamos pensar de uma forma mais metafórica. Você está sem felicidade (o produto), e o fornecedor é você mesmo. Você vai buscar essa felicidade dentro de si mesmo, mas percebe que o fornecedor, você, não tem o produto. E você entende que a solução seria unicamente esse produto, mesmo sabendo que não tem. E agora? Precisa de outra loja, outro fornecedor. Poderia ser qualquer fornecedor: um amigo, familiar, um profissional, parente, ou até mesmo um conhecido, ou desconhecido, mas precisa ter outro(s) fornecedor(es) quando o produto interno acaba. Isso demonstra o quão social é o ser humano. Nós claramente precisamos um do outro quando o interno fica vazio, e então, é o que eu disse, a vida se alimenta da vida. Quando acaba o conteúdo da nossa, precisamos de outra. Por que é tão fácil pensar na solução quando a situação é hipotética e se trata de farinha? Por que se torna tão difícil quando o assunto é indivíduo e sentimento? Por não envolver capital? Não acharia estranho, já que estamos sempre tão envolvidos com o consumo dessa forma... Isso não é um julgamento, é difícil ser social dentro de uma cultura de individualismo e ego inflado, então muitas vezes podemos nos afundar na porta de nossa "loja" por orgulho de buscar em outras que talvez tenham até mais do que necessitamos. Precisamos entender e assumir que a nossa vida é uma sopa grudenta, junto com várias outras, e que todos precisamos de ajuda. Não é saudável ser o seu único fornecedor. A vida se alimenta da vida, e fique a vontade para degustar a minha, desde que traga de volta a sua.
D. C. de Oliveira
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Sozinha. Um cigarro. Uma cerveja. E uma série sobre depressão.
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Leonizada
Leonina, não sei o que acontece...
Estou encantada com o que não existe em mim.
Estou hipnotizada com algo que parece substancialmente meu.
Será que o etanol está competindo com minha sensatez?
Será que estou vivendo um auto-amor disfarçado de terceira pessoa?
Leonina, o que faço com esse novo?
O que faço com o velho novo?
Será a ascendência?
Talvez, por causa dela, existam tantas interrogações no texto. Maldita libra.
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Busca Pela Busca
Objetivo, meta ou foco. Impossível não banhar-me da pessoalidade nessa composição por motivos óbvios. Como viver sendo tão momentâneo? Ouço com atenção definições de diversas formas de objetividade dos senhores objetivados, mas ainda não me enxergo ou me enquadro nessa variedade espectral. O agora, aos meus olhos, parece tão instigante, saboroso e prioritário. Talvez seja, mas o exagero intrínseco me sufoca. O momento oscila radicalmente dentro de uma curta escala temporal. O bom e o ruim seguem lado a lado, quase permitindo uma fusão. Mas ao mesmo tempo, se diferem logaritmamente. O bom é extraordinário, o ruim é amargamente sombrio. Um dualismo diário. Bipolaridade com pólos extremos. Quase como dormir gelo e acordar vapor sem passar pelo intermediário, fisicamente sublime. Dentro desta perigosa percepção, o teoricamente diminuto pode tornar-se desastrosamente turbilhante. Ou seja, quando não há o tal objetivo, tudo se torna intensamente importante, com tanto valor quanto qualquer outra coisa, tão prioritário quanto todas as outras prioridades, porém pode variar muito ao longo de um único dia. Talvez, dentro de poucas horas, picos de orgulho e decepções apareçam. E quando o momento não satisfaz, apesar de parecer insignificante às pessoas de longo alcance (os senhores objetivados), pode significar o caos interno do senhor momentâneo. Qualquer dessas “micrometas” (se é que assim podem ser chamadas) quando não atingidas, viram desespero, desestabilidade emocional e estrutural, assim como um objetivo não cumprido, com talvez o mesmo peso do longo prazo, só que muitas e muitas vezes ao dia. Como preservar uma escultura erguida quando qualquer peça que seja retirada, ou que o vento derrube, faz com que todas as outras se despedacem tragicamente ao chão? O lógico é estar sempre se prevenindo, portando uma munição de tubos de cola. Viciando-se em colar os pedaços de todas as “pequenas” tragédias. Seria um vício ou um método de sobrevivência individual? Ou um suicídio coletivo, se por análise Darwiniana, considerando que os objetivos seriam uma vantagem evolutiva para conseguir viver metabolicamente por um longo período. Estaríamos nós, senhores momentâneos, dando passos para a extinção? Que assim seja, então, não queria mesmo ter filhos. Engraçado ler essas frases de efeito, "Vivam o momento" (que normalmente partem de algum slogan capitalista induzindo a um tipo de consumismo compulsório, mas esta seria uma outra longa história...), eles dizem, sem considerar que pode não partir de uma escolha, dizem isso sem calcular o real auto-consumo, o impacto do momento e simplesmente desconsideram a existência da prisão do agora, a qual passei o texto inteiro tentando mostrar. Excluem as consequências. O fardo. Mas ainda há dúvidas em alguns desses momentos. Será que compensa tentar aderir ao sistema de metas para seguir me frustrando a longo prazo só para aumentar o meu prazo de validade? Teoricamente, é mais fácil viver batendo com a cara no muro de ano em ano do que várias vezes ao dia. Ou seria essa espera pelo suposto sucesso tão esmagadora quanto a soma de decepções momentâneas? Ou um prolongamento de infelicidade por algo que talvez não aconteça? Todos os caminhos são diferentemente falhos e difíceis, a questão é: qual a falha que mais convém resistir? Qual a rota mais suportável? Os objetivos me assustam e esta é a verdade que tanto contorno, a covardia que me esforço para camuflar, mas ainda assim permanece como verdade. Um medo fantasiado de valentia. Uma saída de emergência disfarçada de sábia escolha. Nunca foi uma opção, mas neste instante, este é o meu tangível, e enquanto sobreviver ainda é conveniente, permaneço assim. Quem sabe, em um destes múltiplos momentos, valha a pena me esforçar para tentar mudar a direção. Mas pelo menos, por enquanto, resta-me o deleite e a espera. E encontro satisfação. Agora.
D. C. de Oliveira
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“Escalada fértil.” Poesias Visuais Por: D. C.
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O Palco da Angústia
Fitada de longe ou quando passa raspando, admirada e exaltada por terceiros, encontra-se a dor interna. Junto com essa falsa idolatria que eleva a um altar fictício a atadura da mente humana. O sofrimento romantizado, enquanto o indivíduo que sofre apodrece por dentro.
"Você viu ciclano chorando pelo ocorrido? Coitado."
"Espero que melhore, que fique tudo bem."
"Sim, ele estava sofrendo muito, pobre homem!"
"Pois é."
"Mas e o fulano, viu como este estava?"
"Conversando com as pessoas como se nada tivesse acontecido. Não chorou o suficiente."
"Quanta falta de consideração!"
"Atitude estranha do sujeito."
Contradições e mais contradições. Suficiente para quem? Quem assiste.
A dor é assistida. Como se fosse um show de horrores, um espetáculo, uma obra de arte em exibição. O sofrimento virou palco, virou pose, exposição. É quase como um lazer. Observável e contemplável, quando nos ombros de outro. Pessoas ansiando por lágrimas e lamúrias alheias, desejando-as, aguardando-nas. Existe uma cobrança direcionada à dor. Como se esta precisasse ser assistida pelos espectadores ansiosos. Espectadores que desejam o sofrimento para então consolar de forma limitada, segurando corpos semi-soltos em precipícios com apenas uma das mãos enquanto a outra escondem por trás das costas. Sem intenção de salvar, mas sim de estagnar e observar. Até se cansarem. Existe um "sofrentômetro" que mede a dose socialmente aceita, nem muito e nem tão pouco. Quando se cansam de assistir a dor, ah, aí vira frescura, exagero, teatro. Oferecem a segunda mão quando um dos braços já se tornou mais forte que o outro. Quando a posição já se tornou cômoda para o que sofre. Isso quando o enfermo não maleia e acaba soltando o braço e deixando o corpo cair, sem titubear. O sofrimento é a doença da mente. Enfermidade interna. Porém tratada tardiamente por ser vista, inicialmente, como bela. Quando tratada.
D. C. de Oliveira
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"Purplish blue." Poesias Visuais
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Conversation
Introspecção Reconstitutiva: Descompartimentar
Emocional: Ei, se você é tão sábia, tão esperta, calculista e perfeccionista, por que não assume o controle total? Eu sou, na verdade, uma pedra no seu caminho, não é mesmo? Quem bagunça tudo e atrapalha os planos.
Razão: Você realmente acredita nisso?
Emocional: Claro! Pense bem. Se não fosse por mim, tudo seria bem mais fácil. Os objetivos seriam alcançados com tanta facilidade e praticidade.
Razão: Pronto. Tocou na palavra certa. Praticidade. Prático.
Emocional: Como assim?
Razão: Essa é a minha função. Ser prática. Trabalhar. Processar.
Emocional: E isso não resolveria tudo?
Razão: Emocional, me responda com sinceridade. Me diga o que você sente quando olha para um computador?
Emocional: Que complicado... Ah, consigo ver uma ferramenta. Que talvez tenha mecanismos que me causem algumas sensações. Alegria, talvez, irritação, depende do que eu fizer com ele.
Razão: Certo. E o que você acha do computador? Como ele é, como se comporta...
Emocional: Ah, difícil porque ele não sente nada, só processa, então é mais um recurso.
Razão: Interessante. Mas e se alguém querido fizer uma ligação pra você através do computador?
Emocional: Aí sentirei afeto, felicidade, coisas boas... Eu, não o computador.
Razão: Exatamente. Eu seria o computador e você, a ligação. Eu te possibilito, mas você carrega algo que eu não tenho acesso. Você é o que nos torna humanos. As emoções, sensações, tudo isso é por sua causa. Se não fosse por você, o ser humano seria uma máquina com funções, sem surpresas e sem individualidade. Você gostaria disso?
Emocional: Não! Jamais!
Razão: Eu também não, então vamos seguir juntos. Eu sou sim um recurso, mas gosto de ser o seu recurso. Com emoção. Contigo. Deve ser um porre não passar de um computador. Eu não sou assim. Já ouviu dizer que a razão é afetada pela emoção? Se não fosse você, eu não faria o que faço. Não seria como sou. Suas intervenções são o que me tornam mais necessária e me constroem.
Emocional: Acho que entendi. Você tem razão. E como não teria, não é mesmo?
Razão: Seu senso de humor é inacreditável. Mas isso mesmo, eu gosto de estar aqui.
Emocional: Vejam só a razão sendo sentimental. Meio controverso, não?
Razão: Mesmo sendo a razão, ainda sou a razão humana. Não existe verdade absoluta em um ser. Razão suprema. Talvez exista a verdade individual. Você faz parte de mim. Sou o seu recurso por saber tudo o que acontece contigo. Pelo menos eu tento saber. E me esforço para ajudar.
Emocional: Hmm... E você gosta de me ajudar?
Racional: Ora, estou aqui para isso.
Emocional: Ah... Então, aproveitando o assunto, estou um pouco triste...
Razão: Lá vamos nós de novo... Conte-me, Emocional, o que te aflinge?
Emocional: Então, é que...
D. C. de Oliveira
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Quote
Será que estamos indo rápido demais? Afinal, existe um limite de velocidade permitido? E quem foi que permitiu?
D. C.
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O véu recobre o céu. Por: D. C. Poesias Visuais
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