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De forma a concluir o segmento e o exercício desenvolvido no âmbito da unidade curricular criei uma pequena playlist cuja temática é precisamente essa: conclusão.
Todo um set deverá acabar da sua forma mais gloriosa e emproada [este é parte do pensamento que tenho no processo de ordenar uma playlist], tendencialmente a seleção musical para estes momentos é aquela que transmite ao ouvinte um sentimento de nostalgia. Nostalgia essa que serve de base emocional para as músicas que seguem.
Sega Bodega - Requiem for a dream A meio do caminho entre o Chile e a Irlanda o que é que existe? Exatamente, Sega Bodega. Membro integrante da editora NUXXE ao lado de Shygirl e Coucou Chloe, Salvador Navarrete antes conhecido no meio artístico como PEACE, chama-se agora Sega Bodega e é um produtor de eletrónica experimental cujo caminho ainda é longo mas o sucesso já se faz sentir. Entediado pelos bloqueios criativos e desmotivação, Sega Bodega veio com o conceito de cortar e juntar cenas de filmes criando assim um novo trailer produzindo a soundtrack dos mesmos. Nascem então dois EPS SS(2015) e SS(2017), sendo que cada faixa tem o nome do filme para o qual se destina. Requiem For A Dream integra o EP de 2017 destinando-se ao filme de mesmo nome. Esta música enquadra-se perfeitamente na narrativa visual do trailer transmitindo a quem vê mais do que um sentimento de nostalgia, uma sensação de grandeza e imponência causada pelos intensos sintetizadores.
serpentwithfeet - Cherubim Vindo de uma família extremamente religiosa Josiah Wise que dá pelo nome artístico de serpentwithfeet, iniciou-se na música enquanto membro no coro na sua igreja local algures em Nova Iorque, tendo-se mudado para Filadélfia para estudar música na Universidade de Artes. Após alguns anos em Paris e Filadélfia volta a Nova Iorque em 2013 onde inicia de forma mais concreta a sua carreira na música. Lançou o seu primeiro álbum neste ano de 2018, tendo sido bastante falado pelos meios de comunicação social e chamado à atenção de artistas como Björk. O seu passado musical enquanto criança e a sua área de estudo fazem-se ouvir ao longo de todo o álbum sendo notadas algumas influências clássicas e de gospel. A música Cherubim não é excepção e é a faixa escolhida para integrar a playlist, apesar de não ser algo que convencionalmente se ouviria num set.
Emmanuel Top - Acid Phase Emmanuel Top é um nome do techno que aos veteranos da cultura de clubbing em nada é estranho. Tendo atingido o seu auge por volta dos anos 90 (altura em que o acid techno se fazia ouvir pelas discotecas) o DJ e produtor francês é constantemente referido quando se fala de acid techno, sendo este o autor de sucessos como Turkish Bazar e Acid Phase. Esta música integra a playlist uma vez que causa um forte sentimento de nostalgia. Não creio que o sentimento seja causado pela melodia e intensidade mas sim pelos elementos sonoros que marcam uma época na qual o mundo das raves estava mais forte que nunca, desde os sintetizadores aos bpms esta é uma faixa que nos remete para aquela que, segundo acredito, fosse a cultura underground da época.
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Após a revolução ucraniana de 2014 resultado do seu estado de crise social, política e económica, a comunidade mais jovem local viu os seus espaços de entretenimento fecharem ficando sem sítio para onde ir. Foi neste contexto e como meio de protesto perante a situação social e política do país que começou a surgir um movimento crescente e intenso de raves ilegais por toda a cidade que tomavam espaços abandonados, desde fábricas a pontes, como pista de dança. Tendo saído do estado de crise e contando com uma situação cultural alternativa empobrecida, aos quais acrescenta todo o contexto histórico, surge o ambiente perfeito para o aparecimento deste tipo de movimentos.
É neste contexto que surge o movimento CXEMA, um movimento rave undergound focado no dança e música e eletrónica orientado sobretudo para a população jovem de Kiev. Segundo o seu criador Slava Lepsheev, qualquer coisa pode acontecer nestas festas, sendo propício o aparecimento da polícia dando por concluída a noite. Estas situações são tomadas como parte do processo enquanto forma de protesto.
São consideradas as festas mais puras e genuínas no sentido de quererem oferecer aos jovens aquilo que lhes foi retirado dado o cenário político do seu país.
A título de curiosidade este movimento colaborou recentemente com o Boiler Room, e deu projeção a artistas produtores de techno como Buttechno, que por sua vez chegou a produzir a banda sonora para runways de designer de moda como Gosha Rubchinskiy. Apesar de não ser ucraniano, este designer russo é uma das personagens principais na criação a leste da Europa, dando oportunidades às camadas populacionais mais jovens incentivando-as a criar, criando ele mesmo mais do que peças de roupa uma comunidade e movimentos. Focando neste designer e na sua influência a nível cultural recomendo a visualização do documentário realizado pela i-D acerca do mesmo.
É caso para dizer que depois da tempestade vem a bonança, que neste caso resulta numa vontade enorme de criar e fazer acontecer ao nível cultural.
Querendo saber um pouco mais acerca do panorama cultural ucraniano ouvindo relatos de que o vive diariamente recomendo a visualização do documentário também ele realizado pela i-D, Exploring Ukraine's Underground Rave Revolution.
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Agora com uma ideia do panorama nacional da cultura de clubbing em Portugal mais assente, vamos falar sobre a presença desta cultura (mais propriamente de raving) fora do território nacional. Este post aborda sobretudo o cenário de raving em Glasgow, Escócia, tendo como base o documentário da i-D "Inside Glasgow's underground after-hours party scene", no qual são entrevistados os intervenientes que fazem movimentos como Forij acontecer.
Inserida num panorama social e político perturbado pelo Brexit e pela independência da Escócia, encontramos na pequena cidade de Glasgow uma comunidade jovem local bastante empenhada e preocupada com o futuro do seu país sendo este, como muitos outros, um dos casos em que as raves e movimentos associados não servem apenas como momentos de abstração aos males do quotidiano, servem também e sobretudo como forma de protesto para com os mesmos.
Sendo esta uma cidade geograficamente e demograficamente pequena com uma política de ordenamento territorial desadequada (como se pode constatar no documentário) e na qual reside uma das melhores escolas de artes europeias - Glasgow's Art School, a criação de uma comunidade jovem motivada a ultrapassar problemas socio-culturais é natural e consistente. Aliado aos problemas de planeamento de território que têm vindo a resultar no abandono de edifícios, existe ainda o facto de estar ser uma cidade de caráter fortemente industrial. Ora, estes dois fatores combinados facilitam o surgimento de espaços para o acontecimento de raves, sendo também estes os motivos pelos quais estas acontecem enquanto forma de protesto.
Foi neste contexto que surgiu Forji, um coletivo progressista de artistas visuais, músicos DJ's e produtores, funcionando como uma rede criativa com o intuito de construir uma plataforma para as diferentes áreas artísticas mencionadas focando na cultura urbana, uma cultura cuja representação não é socialmente bem aceite.
Se quiseres saber mais aprofundadamente acerca do panorama de raving na cidade escocesa ouvindo relatos e opiniões dos jovens locais e quem faz e como fazem acontecer estes movimentos de protesto e festa recomendo a visualização do mini-documentário referido.
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De volta a este segmento temos desta vez uma playlist mais focada no estilo denominado de "batida". Não, não é techno nem eletrónica pura e bruta como a que convencionalmente nos referimos. Esta playlist consiste num pequeno conjunto de músicas que celebram a música de dança de influências sobretudo brasileiras associadas a um contexto diurno.
Kaytranada - Lite Spots De descendência canadiana e do Haiti, Louis Celestin FKA Kaytranada é um dos produtores de r&b e house mais falados atualmente, pelo seu registo e sonoridade singulares. Dando os primeiros passos na produção musical aos 15 anos, foi em 2010 (com 18 anos) que começou a sua carreira enquanto músico profissional sob o nome de Kaytradamus, mudando o seu nome artístico para Kaytranada em 2012. Foi em 2016 que lançou o seu segundo álbum "99.9%" que lhe deu maior visibilidade e exposição na indústria musical (apesar do seu valor já ser reconhecido pelos seus trabalhos anteriores, em especial o EP "Kaytra To Do"). Ao longo da sua carreira conta com colaborações com artistas de renome sobretudo no hip-hop, como po exemplo Anderson Paak, Vic Mensa, etc… A música escolhida integra o álbum "99.9%" sendo uma faixa bastante dançável e de um mood bastante positivo, com samples da música "Pontos de Luz" de Gal Costa.
Sango - Amor No Morro Nascido e criado em Seattle, Sango é provavelmente dos produtores que melhor se encaixa no contexto desta playlist. Apesar da sua nacionalidade americana este é facilmente tomado como descendente brasileiro, não por traços fisiológicos mas sim pela sua música. A sua produção musical vai do funk tipicamente brasileiro ao hip-hop e r&b. Se há alguém que usa e abusa (e bem) de samples e ritmos brasileiros é Sango, influencia fortemente notada no seu álbum "De mim, para você", do qual a música escolhida faz parte. Em todo o álbum podemos ouvir samples de funk desde o famoso "txu txa" a vocais mais claros. Em "Amor No Morro" foi samplada a música "Curriculum" da autoria de MC João.
Branko feat. PEDRO - MPTS Acabamos então esta segunda playlist com uma faixa de um artista já falado num post transato - Branko. Em colaboração com PEDRO (ex-KKing Kong) e em nome da Enchufada Na Zona, surge a música MPTS. Esta música não é estranha às pistas de dança nacionais e nela podemos ouvir uma panóplia gigante de influências internacionais, algo bastante presente no trabalho de ambos os produtores.
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Voltando a falar de artistas influentes no meio da música eletrónica, falo desta vez de um já referido e que requer poucas apresentações, de seu nome Richard David James fka Aphex Twin. Serve o presente post de complemento ao que foi falado na Playlist 01.
Agosto de 1971 no Reino Unido, nasce aquele que virá a ser nos anos 90 um dos pioneiros e mais influentes artistas na música eletrónica. Desde tenra idade mostrou interesse na área da música aliada à tecnologia e programação, tendo em 1989 começado a enveredar profissionalmente na área da música enquanto DJ. É em 1991 que lança o seu primeiro EP Analogue Bubblebath sob o nome de Aphex Twin, sendo em 1992 que lança o seu já referido grande sucesso discográfico "Selected Ambient Works 85–92". Desde este momento o seu crescimento foi exponencial chegando a esgotar salas e festivais, sendo portanto considerado um dos artistas mais influentes do meio que esteve nos ouvidos de toda uma geração e hoje ainda assim continua. A sua presença em público é, como referido na Playlist 01, reduzida no que à comunicação social diz respeito, tendo inclusive faltado a uma cerimónia de Grammys na qual foi vencedor. No entanto o seu contacto com os fãs é notório, relembro que na sua atuação do NOS Primavera Sound 2017 este esteve à conversa com os fãs após o set.
No que há produção musical diz respeito este é, como já foi dito, um dos maiores produtores de eletrónica IDM, sendo dentro do género um dos artistas mais dinâmicos e versáteis que existe, passando do ambiente para sonoridades de Drum and Bass até à eletrónica mais ritmada, mantendo sempre detalhes identitários no que produz. É possível identificar esta mistura de subgéneros em músicas como DruqKs e Vordhosbn, dois dos seus grandes sucessos dentro de um registo semelhante. O seu maior sucesso é no entanto uma música com uma sonoridade bastante peculiar e estilo bastante próprio, o que por sua vez também se reflete no videoclip, Windowlicker.
Acerca da sua performance ao vivo posso concluir, com base no que assisti em 2017, que esta é uma das melhores que já vi ao vivo. Um set de 3 horas com ritmos, registos e estilos variados durante as quais foi impossível estar parado. Os próprios visuais do concertos estavam ao nível da música, isto é, bastante elevados, demonstrando adequação ao público que se encontrava perante si com grafismos dinâmicos de elementos tipicamente portugueses como os três pastorinhos, a Ana Malhoa e o "emplastro", intercalando com motion graphics com filmagens ao vivo do público a dançar ao longo do set. Concluíndo, um set magnífico no qual foi impossível estar parado obrigando-nos a estar quase sempre de olhos abertos. Infelizmente não existe nenhuma gravação completa do set online, no entanto há a do Field Day em Londres, a qual não foge muito ao que se passou no Parque da Cidade no Porto, a 10 de Junho de 2017.
De forma a concluir o post, gostava de destacar a capacidade e um bom uso que Richard David James faz da sua influência na indústria musical, procurando sempre projetar artistas em ascensão, incluindo-os na sua setlist. Powell e DJ Nigga Fox já foram parte integrante das setlists de Aphex Twin.
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Neste novo segmento, "Playlist" será apresentada uma seleção de músicas focadas sobretudo na música eletrónica, passando pelo techno mais conhecido ao experimental menos conhecido, na qual serão ainda comentadas e explicados os contextos de cada uma das obras, bem como uma breve análise ao respetivo artista.
Tzusing - 日出東方 唯我不敗´ Tzusing nasceu na Malásia tendo passado uma boa parte da sua vida em Singapura, Tailândia e Chicago, permanecendo atualmente entre Xangai e Taipei. Toda este deslocamento entre diferentes culturas é possível de ser ouvido em toda a sua música, um techno com uma vertente industrial com influências do clubbing ocidental e sonoridades orientais sobretudo ao nível da percussão. A sua música apesar de não conter vocais anda em torno das temáticas da sexualidade, identidade e poder. Em relação ao que foi dito é possível ser ouvido na música seleciona, desde as suas influências culturais à sua temática, 日出東方 唯我不敗 promete ser um dos pontos altos em qualquer dj set.
Aphex Twin - Alberto Balsam Aphex Twin é daqueles que precisa de poucas apresentações sendo um dos artistas pioneiros no mundo da eletrónica que hoje conhecemos [sim, tem um lugar reservado neste blog], tendo passado pelos ouvidos de toda uma geração, mesmo daqueles que não se identificam com o estilo musical. Richard David James é natural do Reino Unido, no entanto a sua presença é mundial sendo um daqueles artistas cujo contacto e presença pública é um tanto que peculiar. Isto é, em contexto de interação com os fãs e presença com os mesmos é um artista de destaque, no entanto a sua vinda a público e disponibilidade para entrevistas é completamente o oposto, como podemos ler numa das suas raras e mais recentes entrevistas à Crack Magazine. Para se conhecer as suas obras não basta ouvir um álbum, por dois motivos: são imensos, são bastante diversificados, deslocando-se entre o drum and bass minimal, techno experimental, acid house/techno, e o ambient, registo musical no qual fez mais sucesso com o albúm "Selected Ambient Works 85-92" (no caso de querer começar a ouvir a sua discografia recomendo em primeiro lugar a leitura de um flowchart do mesmo). A música escolhida - Alberto Balsam, é uma das faixas integrantes do álbum "I Care Because You Do", produzido entre 1990 e 1994, seguindo um registo de ambient. Este foi o seu último álbum a ser produzido na integridade com equipamento analógico.
Ansome - Dragons Dynamite (Perc Remix) Kieran Whitefield, mais conhecido por Ansome, iniciou o seu percurso académico na área do design de som e produção musical na Universidade de Exeter a sul de Inglaterra, demonstrando desta forma um forte interesse na área da música. Foi com o deslocamento para o centro Londrino que foi mais fundo na cultura de clubbing, iniciando nesta altura a produzir o seu próprio conteúdo. Após um breve percurso entre editoras locais fixou-se em 2015 na Perc Trax, editora que ainda hoje integra. A música escolhida faz parte do seu EP Coffin Dodge, um dos seus maiores êxitos, sendo o remix da mesma da autoria de Perc, DJ e produtor "cabecilha" da editora anteriormente identificada. Dentro do mundo do techno, Ansome é ainda um nome com um longo caminho pela frente, no entanto bem encaminhado e com rumo ao sucesso, sobretudo no que ao techno industrial diz respeito.
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Na continuação do segmento "Artistas" focado nos artistas atuais mais influentes e relevantes no panorama nacional, falo desta vez de Violet, um nome bastante cubiçado sobretudo fora de Portugal onde, como vimos, a cultura apesar de ter alguma história ainda se encontra em crescimento.
Natural de Llisboa a DJ e Pordutora Inês Coutinho que dá pelo nome de Violet é uma das artistas underground com maior relevância no panorama atual. Fundadora da Rádio Quântica e da label Naive, membro integrante do já falado coletivo Mina e residente na discoteca Lux Frágil, Violet conta com um curriculum extenso dentro da cultura clubbing e do pé de dança, focando nas subcategorias de acid house, jungle e industrial techno.
Na sua presença no mundo da música eletrónica aparece com um registo com uma forte mensagem político-social, abordando em especial a temática do feminismo e libertação/aceitação de género [para entender o contexto em que se insere enquanto artista foi escrita uma publicação focada no coletivo Mina, do qual a mesma faz parte], tendo portanto realizado "pesados" trabalhos nestas temáticas em colaboração com vários artista pelo mundo fora tendo já chamado à atenção de diversos nomes em diversas áreas como Octo Octa, Or:la, Underground Resistance no mundo da música, e Donatella Versace no universo da moda, a qual lhe encomendou a produção musical para os espetáculos de moda nas semanas da moda de Paris e Milão.
No que ao seu percurso inicial diz respeito Coutinho, emigrada em Londres, passou por muitos espaços descontextualizados do movimento clubbing algo que vê hoje como uma experiência positiva através da qual expandiu horizontes no mundo da música, chegando a ter que passar música em locais como por exemplo salões de hotel. Foi esta frequente descontextualização que lhe permitiu aprender a misturar diferentes estilos de música apreciando-os a todos ao mesmo tempo. Sobre Londres, Violet diz em entrevista à Resident Advisor que esta cidade lhe conseguiu oferecer aquilo que no seu tempo Lisboa não conseguiu e que hoje traz consigo para cá.
Mais sobre Violet poder ser lido na sua entrevista à Resident Advisor, onde se pode conhecer um perfil mais detalhado sobre Inês Coutinho e o seu percurso no mundo da pista de dança.
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Na continuação do tópico anterior, desta vez falamos dos movimentos clubbing a norte de Portugal, em particular na cidade Invicta, falando um pouco do panorama geral em termos culturais e depois focando em alguns movimentos.
Sem especificar géneros é seguro dizer que a agenda cultural focada na música da cidade do Porto é das melhores, se não a melhor em termos de oferta tanto em variedade como quantidade e qualidade, fazendo desta cidade um foco cultural do país, incentivando por sua vez ao aparecimento de movimentos mais underground integrados a nível social e cultural na sua agenda, isto é, não existe grande perconceito para com estes movimentos apesar das dimensões geográficas e culturais da cidade (apesar de ser uma cidade grande, o centro histórico e cultural do Porto é, ao contrário de Lisboa, bastante concentrado no centro da cidade).
Sobre o panorama cultural nortenho no que à música eletrónica diz respeito (em especial techno), pode-se dizer que, ao contrário do que acontece em Lisboa, o propósito deste não se foca tanto na intrevenção a nível social (apesar de assumir valores semelhantes), sendo o seu principal objetivo dançar e festejar os 130bpms. Ao afirmar que não se foca tanto na intervenção social, pretendo com isto dizer que não faz verbalmente uso destas temáticas (queer e de aceitação/libertação de género) como meio de definição dos eventos.
Segmenta As festas deste coletivo nortenho encontram-se cediadas numa venue com bastante história a nível cultural - Cinemas Passos Manuel. Este espaço aberto em 1971 serviu de sala de cinema até 2002 data em que fechou temporariamente. Abrindo portas em 2004 com novos espaços que permitiam a exploração de outras áreas culturais, como é o caso de clubbing. Em 2015 recebe o movimento Segmenta, criado por Gonçalo e Joana (como se apresentam) para celebração dessa mesma cultura.Incluindo nomes grandes dentro do underground e experimental no seu line-up, Hierolgyphic Being, Suzanne Kraft e Low Trax já integraram o seu cartaz e nomes nacionais de mesmo nível como DJ Lynce e Conhecido João. O facto de se inserir num espaço com registo histórico na cidade do Porto atribui valor acrescentado ao movimento uma vez que procurar continuar a cultura e impedir que estes espaços percam para a onda turistica que se faz sentir, na qual estes espaços localizados em pontos centrais tendem a fechar para "agradar ao estrangeiro". Neste movimento gostaria de destacar em especial o seu registo gráfico, todo ele bastante caraterístico e, pessoalmente muito bem conseguido, com traços orgânicos e manuais, estando ao encargo de Carlos Milhazes e João Frederico.
Ácida Para aqueles que se encontram minimamente próximos com a cultura clubbing em Portugal sabem que este é um coletivo que precisa de poucas apresentações. No entanto, para aqueles que se depararam com este blog por mero acaso passo para as apresentações. Sediada no Porto, a Ácida é um tanto que nómada, isto é, ao contrário da segmenta esta não se estabiliza numa venue específica. Encontra-se presente em vários espaços do Porto saltando por vezes a Lisboa ou Barcelos para nos presentear com afters no Milhões de Festa.Este é um dos movimentos que, à semelhança do que vemos a sul, procura também a celebração da indentidade de género livre sobretudo através da sua comunicação, no entanto o seu público é, comparativamente um pouco mais recatado a demonstra-lo. Neste contexto existe ainda a Arena Spa Superiora de calibre um pouco maior no que a line-ups diz respeito. Além dos já referidos dj's nacionais, as festas da ÁCIDA já contaram com nomes de renome no techno internacional que hoje ocupam lugar em cartazes de festivais como Neopop, um deles é o Dax J.
Para um público mais genérico que apenas pretende a celebração da música eletrónica sem contextos político-sociais à mistura existem espaço como o Gare e Indústria Club, que por abragerem um público maior e terem maior capital conseguem trazer frequentemente nomes maiores como Fjaak ou Ben Klock.Da mesma forma que em Lisboa há espaço para todos os públicos, no Porto isso também acontece, sendo o contexto underground um pouco mais livre e aberto ao público em geral.
Ficam então fechados os posts associados aos movimentos nacionais esperando ter dado a conhecer aos leitores aquilo que de melhor acontece no clubbing nacional. Agora só vos resta conhecer e dançar!
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Na temática dos movimentos focados na celebração da música electrónica e respetiva cultura, foco desta vez o panorama nacional. Este post será dividido em duas partes iniciando com uma introdução ao surgimento dos referidos movimentos, no qual será abordado o cenário a sul do país, em particular Lisboa. No entanto, fazendo uso das palavras da editora lisboeta Principe Discos, “Portugal não é só Lisboa”, sendo que no segundo e conclusivo post do segmento será abordado em especifico o panorama nortenho do país, tendo como principal foco o Porto.
Antes de abordar em particular o presente do panorama nacional, considero relevante fazer uma viagem no tempo aquelas que creio ser as suas origens. Durante o regime Salazarista, o espaço na agenda cultural nacional para movimentos semelhantes era pouco ou nenhum, sendo que, no caso de existirem, estes movimentos recônditos eram de tal forma secretos que o seu registo é escasso. Não obstante, com a vinda de retornados oriundos de África, vieram também novas influências culturais e rítmicas marcadas por um novo espírito de liberdade (na abordagem da temática do colonialismo, é relevante não esquecer o mal que causou, daí salientar este novo espírito). Mentalidades abertas abrem também novas portas às quais a cultura musical não foi indiferente. Movimentos começaram a aparecer e artistas a expressar mais ativamente a sua liberdade de expressão, como é o exemplo de Antonio Variações. Despoletado o início do movimento, foi uma questão de tempo e maturação (influenciada pela multiculturalidade e meios de comunicação social) até chegarmos aos dias de hoje.
O panorama da cultura de clubbing lisboeta atual carateriza-se por uma forte liberdade de expressão humana, algo já bastante presente no cerne da mesma. Colocando a ideia numa perspectiva espectral, num extremo temos a cultura orientada para o público em geral e no outro para um contexto mais underground. Consoante a sua localização no espetro, as formas de expressão vão variando.
Mina e Rabbit Hole Num contexto mais underground da noite lisboeta encontramos festas e coletivos como a Mina, que por sua vez se encontra diretamente ligada à Rabbit Hole. Perante relatos e registos online podemos afirmar que esta é possivelmente das noites nacionais que mais se aproxima às noites berlinenses de espaços como Berghain, marcadas por uma conotação fortemente erótica e de aceitação sexual e de género. Inclusive, o próprio lema do coletivo constata isso: “mina aims to bring together ravers and DJs in a techno underground clubbing scene for sexual and gender liberationmina is hedonistic and non-reproductivemina is techno-quantum beatsmina is suspensionmina is sex positivemina is a rave” Este é então um espaço que na sua base promove a aceitação interpessoal nas vidas noturnas e fora delas, aliando às mesmas sonoridades rítmicas de techno e eletrónica mais experimental. No passado mês de Novembro o coletivo realizou algo que muitos movimentos do género ambicionam, uma colaboração com a já falada Boiler Room, tendo presente neste dia de dj sets artistas como Violet, VIEGAS, Photonoz e Marum, todos eles pioneiros na cultura clubbing underground em Portugal.
Aproveito o parágrafo anterior como mote para traçar um breve perfil dos artistas. Violet, falada no post relacionado com a Boiler Room, é uma das mais faladas artistas techno nacionais, tendo sido recentemente destacada pela Resident Advisor e ter marcado presença em Berghain, a cobiçada discoteca de renome alemã. Photonoz é também um nome que à capital do techno europeia não é estranho, sendo também ele um artista em ascensão, nacional e internacionalmente. Como estes todos os outros artistas do coletivo crescem como um todo, fazendo desta uma “familia” singular de djs e ravers. Um relato mais detalhado do que é uma das noites descritas pode ser lido em O Corvo.
Lux Frágil Num contexto direcionado para o público geral existem espaços como o Lux Frágil, uma discoteca lisboeta que conta com uma história bastante longa no panorama de clubbing, sendo esta um dos principais focos nacionais na referida cultura. Falar sobre a história da música eletrónica e cultura clubbing em território nacional sem referir este espaço é praticamente impossível. Podendo ser tomado como "mais uma discoteca", não deixa de ser um marco importante na cultura que ainda nos dias de hoje procura agradar o seu publico com nomes maiores no panorama da música eletrónica, mesmo que, para um público global pouco ou nada digam (apesar de ser um espaço aberto a um público mais abrangente, toda a cultura de clubbing não deixa de ser algo mais recôndito e considerado underground ou alternativo, o que por sua vez faz com que o que acontece no seu interior não tenha grande projeção exterior). Nomes como Fjaak e Marcel Dettman ou ainda nomes do coletivo/editora anteriormente falado como VIEGAS, já deixaram por lá a sua marca.
[Em modo de apreciação gostaria de destacar a presença do espaço nas redes sociais, desde o seu design à interação com o público, este é, a nível pessoal, uma referência no meu trabalho.]
Como é possível constatar a capital portuguesa tem espaço para todo o tipo de pessoas na vida noturna dedicada ao techno, para encontrarmos qual a melhor para nós é preciso investigar, sair e dançar. No próximo post a temática será semelhante, no entanto 300km a norte - Porto.
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Para quem tem acompanhado o blog que maior assiduidade já deve ter reparado na repetição de um nome digno de destaque pela sua relevância no panorama nacional (e não só). Para quem é a primeira vez que se depara com este blog ou apenas não leu com atenção, o nome é João Barbosa, mais conhecido por Branko.
Nascido em Lisboa, começou a sua carreira em 2002 enquanto produtor e dj na banda Buraka Som Sistema que, até à data da sua separação, eram um dos grupos com maior impacto e influência no que à sonoridade do kuduro (acompanhado por melodias eletrónicas) em Portugal diz respeito. Podemos então reparar que desde a sua entrada profissional no mundo da música (há cerca de 16 anos) sempre houve grande influência, devido ao meio e contexto, pelos ritmos angolanos descritos. Esta influência bem como a de ritmos do funk brasileiro e da respetiva música tradicional e ainda de sons portugueses mutados pela eletrónica e hip hop, é particularmente notória no seu primeiro álbum a solo - “Atlas”.
“Atlas”, lançado em 2015, é um álbum inspirado nas viagens de Branko pelo mundo, passando por locais como Cidade do Cabo (África do Sul), Nova York (EUA), Amesterdão (Países Baixos), São Paulo (Brasil), entre outras… contando com colaborações de artistas em ascensão destas mesmas localizações como Princess Nokia e DJ Sliink. Este álbum e todo o seu conceito acabou por ser transportado para televisão, integrando a programação da RTP2 nas quais podemos ver documentações das viagens do músico.
Nos últimos anos tem trabalhado com artistas de maior renome no panorama internacional e nacional como M.I.A., Santigold, Mr. Carmack, Sara Tavares e Dino D’Santiago, tendo sido já destacado em revistas como a i-D, Hypebeast e The Fader.
Não só pelos seus trabalhos musicais tem influenciado o panorama cultural português, Branko é ainda pai de uma editora cada vez mais conhecida - “Enchufada Na Zona”. Neste contexto já “acolheu” uma série de artistas e potenciais artistas luso-descendentes, tudo dentro do mesmo registo musical como por exemplo: Pedro (até há um ano conhecido como Kking Kong) e Rastronaut. No contexto da cultura clubbing esta editora tem tido um forte impacto no panorama nacional não só pelas inovações musicais mas também pelo conceito de festas e fomento da cultura pelo país, um dos melhores exemplos disso é possivelmente a sua marcante presença e influência em “pequenos” festivais que muito fazem pela cultura, como é o caso do Festival Iminente.
Como dito no post anterior, Branko, em nome da “Enchufada Na Zona” tem mensalmente um programa na NTS Radio, no qual consegue fazer chegar a todo o mundo o melhor da cultura clubbing nacional.
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Criada em Londres (Hackney) em Abril de 2011 por Femi Adeyemi (também ele pai do movimento falado no post anterior), a NTS Radio mostrou desde cedo uma abordagem diferente ao conceito de broadcasting. Apesar de funcionar do ponto de vista empírico como uma rádio comum, esta diferencia-se ao nível conceptual, isto é, não é emitida a uma determinada frequência que podemos escolher no carro e ouvir, não. A sua emissão via online para todo o mundo, foca-se na música e nos artistas enquanto dj’s pondo de parte a interação e o tempo de antena ocupado por um locutor. O seu espaço físico é também ele peculiar uma vez que passa por despercebido aos olhos de quem passa, sendo facilmente confundido com uma pequena cozinha de take away, é naquela salinha com mesas de mistura e sintetizadores que tudo acontece.
Com o passar dos anos a NTS Radio já se expandiu, à semelhança de outros movimentos, para novos pontos no globo. Permanecendo em Londres, cresceu e passou a marcar presença física em Los Angeles e Shanghai, contando com mais de 72 nações ouvintes todos os meses e mais de 130 “segmentos”.
Movido pela ideia de que a rádio pouco ou nada de novo apresentava ao seu público, Adeyemi viu a necessidade de fazer aquilo que as grandes corporações radiofónicas não fizeram por ele e por um vasto público - oferecer novo conteúdo, variado e desconhecido. É neste contexto e com a necessidade de que surgissem motivos e desculpas que pudessem proporcionar a diversão através da música, Adeyemi e mais 5 colegas deram início a este projeto.
Assumindo-se enquanto “rádio comunitária”, a NTS Radio procura ultrapassar barreiras, trazer algo de novo e ajudar a cultura underground e respetivos artistas a crescer e a receber o devido valor. É conceptualmente que surge a novidade e se introduz a ideia de “rádio comunitária”, uma vez que, como já referido, a sua estrutura de funcionamento desvia-se do padrão da rádio. Convidados e artistas residentes têm na plataforma um espaço temporal disponível para apresentação de dj sets, alguns periódicos , outros nem tanto, sendo que existem programas a acontecer em simultâneo no site da rádio, no qual também podem ser ouvidos programas anteriores. Sumariamente, a NTS acaba por ser uma plataforma de dj sets (live e recorded) de novos artistas. Para reforçar a ideia de rádio comunitária existem ainda espaços online dedicados à conversação durante os dj sets, onde a pergunta mais frequente é “track ID?”, o que por sua vez acaba por criar uma forte comunidade unida pela música e por artistas específicos.
Outra particularidade da rádio é que não existe um estilo definido, isto é, o artista responsável por aquela hora de set tem total liberdade de tocar o estilo de música que quer e o que quer ouvir, dando desta forma um cunho pessoal ao momento que acaba por ajudar a quebrar a barreira artista/ouvinte. Também pelos hosts recorrentes ou convidados, conseguimos evidenciar que no que ao estilo musical diz respeito não existem limites, desde o house e techno, hip hop e grime à clássica e jazz, passando pelo rock e experimental. Alguns dos artistas de renome que por lá passaram e ainda passam nos dias de hoje contam: Autechre, Floating Points, Four Tet, Jamie XX, Jeff Mills, M.I.A, Mount Kimbie, Run The Jewels, Ryuichi Sakamoto, Skepta, Thurston Moore e por último, apelando ao orgulho português, Branko (um artista muito falado e influente no meio quer nacional quer internacional que será abordado num post futuro).
Para os mais interessados, os programas da NTS Radio podem ser ouvidos no respetivo site na integra bem como visualização da set list: https://www.nts.live/
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Desde o post de introdução até ao momento que muito falo de “movimentos (underground)” no contexto da cultura clubbing e música eletrónica. Mas que movimentos são estes? Quem são e o que fazem? Onde estão? Analisadas as origens da cultura pelo mundo e especificamente em Portugal podemos então responder as estas questões.
Com o crescimento continuo e aumento progressivo do sucesso da cultura foram surgindo por todo o mundo movimentos associados à mesma, cada um dentro do seu registo musical e estético, mas todos disseminadores e promotores da música eletrónica, procurando levar a todos os cantos do mundo o melhor que esta tem para dar, o que em muitos casos resulta em: dança.
Neste novo segmento acerca dos diferentes movimentos musicais que surgem por todo o mundo serão referenciadas e faladas algumas curadoras musicais, editoras e rádios. A abordagem terá algumas distinções entre os projetos nacionais e internacionais, uma vez que nos primeiros consigo entender de forma mais explicita o contexto socio-cultural em que surgem, uma vez que foi nele que cresci e vivo.
Boiler Room
O ano é 2010, o lugar é Londres. Convidados para produzir uma mixtape para uma revista online, Thristian Richards e Femi Adeyemi, introduziram uma nova concepção à ideia de live set: a visualização via livestream dos dj’s ao longo do momento, surgindo desta forma aquilo que, até há pouco tempo, distinguia a Boiler Room de outros movimentos. Além disso o próprio caráter intimista do dj set com uma ligação direta do artista ao público com um reduzido número de barreiras faz deste um espaço de dança e festa singular, uma vez que, vulgarmente esta distinção artista/público é feita de forma muito bem definida.
Nestes últimos anos tem sido possível acompanhar um crescimento notável desta curadora cultural independente, contando com eventos um pouco por todo o mundo, até à data cerca de 4000 atuações por cerca de 150 cidades. Por Portugal, a Boiler Room já passou por Lisboa (2016) focando-se na música local, colaborando com artistas de raízes nacionais, como Branko, Buraka Som Sistema, Mariza e a editora Príncipe Discos; e pelo Porto neste decorrente ano com uma festa focada no techno, que contou com nomes como Carl Craig (USA), Violet (PT) e Surgeon (UK).
Não só geograficamente se expandiu, como também o fez musicalmente. Nascendo com um perfil virado para a música eletrónica, a Boiler Room conheceu mutações no que ao seu registo musical diz respeito, abrangendo nos dias de hoje estilos mais variados como Jazz, Clássica, Hip Hop, e outros locais e tradicionais, fazendo deste um projeto que, da mesma forma que abraça tudo o que de bom na indústria musical é feito, também procura abraçar tanto quanto pode a multiculturalidade e os conceitos de igualdade e respeito mútuo através das notas musicais e respetivas batidas.
Identidade gráfica
Nos primórdios da sua existência o logotipo da Boiler Room consistiu num sinal de aquecedores removido de uma parede onde se encontrava sediada, o que refletia em parte a seriedade e as perspectivas futuras existentes no projeto. Este logotipo apenas durou 6 meses acabando por ser substituído pelo mesmo que ainda hoje é utilizado. Desenhado por Adam Tickle, o novo logo resulta de um cruzamento entre um slipmat da Technics e o lettering da Pure Garage.
Podemos afirmar que, esteticamente, um live set da Boiler Room é composta por planos. Visualizando pela prespetiva da câmera conseguimos separar 3 planos: no 1º está o artista e no 2º o público, deixando um 3º plano livre para explorações gráficas e visuais, que na grande maioria dos casos resulta numa projeção contínua do logotipo acima descrito, noutros uns visuais mais arrojados e intensificados pela sonoridade.
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No post anterior foi apresentada uma breve história de um estilo de música que mais se faz ouvir na cultura clubbing, o techno. Hoje, e dando continuação ao conhecimento do passado da cultura, será abordada a existência desta cultura em Portugal e como se tem mutado ao longo dos anos.
Passado
Após pesquisar um pouco sobre o passado do movimento clubbing em Portugal facilmente somos geograficamente remetidos para Lisboa, e faz sentido! Convencionalmente existe uma certa aversão à centralização histórica e cultural na capital portuguesa, no entanto, em tempos de regime salazarista era em Lisboa que se sentia mais diretamente e fervorosamente as consequências de um regime ditatorial, o que por sua vez origina movimentos de revolta que muitas vezes andam de mãos dadas com movimentos associado a culturas mais recônditas, como é o caso. Foi na década de 80 que se começaram a fazer ouvir na capital as primeiras festas de acid house, apoiadas pelos serviços de rádio que muito fizeram e fazem para difundir e fazer chegar a mais pessoas o estilo. No contexto descrito existe um nome que facilmente salta à vista em toda a world wide web, a discoteca Lux Frágil. De um sítio conhecido por Frágil no bairro alto, passa-se em 1998 para uma antiga oficina de automóveis transformou-se dando origem à casa Lux Frágil. Não só a música fez e faz parte do contexto do Lux, mas também as artes plásticas, o design e a moda entram na lista, fazendo deste um espaço conhecido pela sua singularidade. “Liberdade”, “Identificação”, “Individualidade” poderiam ser palavras para descrever a situação política no pós salazarismo mas são na verdade alguns dos adjetivos utilizados pelos habituais e novos visitantes para descrever o espaço. Desta e de outras casas saem dj’s de renome no panorama nacional, a ex-dupla “Undergound Sound of Lisbon”, Yen Sung (dj ainda hoje residente no Lux), Tó Pereira (mais conhecido como DJ Vibe), entre outros.
[Nesta abordagem não muito aprofundada pretendo apenas dar a conhecer e entender ao leitor as origens dos movimentos em território nacional e que a sua intensificação já data mais de 3 décadas].
Presente
No panorama em geral toda a cultura de clubbing encontra-se em ascensão, múltiplos artistas a surgirem, mais e melhor programação em diversos espaços, mais movimentos independentes e festivais focados na eletrónica são alguns dos elementos propulsores deste crescimento internacional. Portugal não é excepção, de norte a sul do país somos capazes de encontrar espaços e festas dentro de géneros variados da música eletrónica.
No Porto existe a Segmenta, a Ácida, a Arena Spa Superiora, movimentos independentes que em colaboração com espaços de renome como o Gare ou os Cinemas Passos Manuel têm marcado presença no panorama nacional. Em Lisboa, podemos encontrar o já referido Lux Frágil e ainda movimentos um tanto mais recônditos e de contexto mais intimista.
E como o presente também é feito do passado, a rádio continua a ter um papel importante na cultura. Programas como o “Música com pés e cabeça” do Rui Vargas na Antena 3, ou ainda toda a dinâmica existente na Rádio da Universidade de Coimbra (RUC) têm levado a uma maior diversidade de ouvintes o melhor da eletrónica (e não só) que se faz nos dias de hoje.
[Estes e outros movimentos, bem como rádios e editoras serão abordadas e analisadas do ponto de vista dos seus registos gráficos, visuais e sonoros numa outra publicação].
Futuro
Analisado o presente podemos afirmar que o futuro da cultura (apesar de um passado consistente) entra agora numa nova fase de ascensão. Será moda porque a Vice fez uns quantos documentários? Ou porque a Nina Kraviz foi capa da Mixmag? Quanto a isso não é possível fazer grandes afirmações, mas que muito está para acontecer sim. A motivação interpessoal é cada vez maior, algo que podemos constatar pela quantidade de novidades a surgir; o contexto político, social e económico que se faz viver sobretudo nos países do ocidente, torna-se propício a novos movimentos. Esses motivos levam-me a querer que este é um futuro que tem muito para dar.
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Antes de abordar alguns dos pontos referidos no post de apresentação do blog, considero de relevante importância fazer uma introdução de caráter histórico à temática, de forma a contextualizar os leitores. Este post é então uma breve abordagem à história da música eletrónica, em especial o techno, e as suas origens.
No final dos anos 70 a estrutura sócio-econômica de Detroit encontrava-se em decadência, a sua economia de caráter fortemente industrial colapsara. Como forma da população mais jovem encontrar uma escapatória ou até mesmo um refúgio, começaram a surgir sub-culturas de clubbing e com isto novos estilos e referências no mundo da música. Em menos de uma década, e com o apoio de Coleman Young (figura 1) presidente da cidade na época, Detroit encontrava-se em “estado de festa” repleto de clubes por toda a cidade, com políticas liberais no que há música diz respeito, incentivando dj’s e artistas a experimentarem novas sonoridades e instrumentos. Um exemplo desta onda de novidades no mundo da música, é o estilo electro, com influências da eletrónica alemã de Kraftwerk e ritmos do hip-hop bastante presentes no panorama socio-cultural americano.
Um passeio por Detroit até ao subúrbio Belleville Three, permite-nos conhecer 3 dos impulsionadores do techno mais próximo do que conhecemos hoje - Juan Atkins, Derrick May e Kevin Saunderson (figura 2) - que após serem introduzidos ao house de Chicago iniciaram um novo processo de criação na música eletrónica. Através de técnicas e métodos próprios criaram um som mais rítmico acopulado a um baixo mais forte. O house que até à data se fazia ouvir na vida noturna começou a perder para o techno, clubes como Cheeks e The Music Institute acolheram o estilo e os respetivos artistas. Surgem então os famosos sintetizadores da Roland hoje utilizados de forma intensiva no hip-hop e na eletrónica 808, 909, 303.
Nos finais dos anos 80 o estilo chegou à Europa, onde foi recebido de braços abertos em especial no Reino Unido e Alemanha (Berlim), onde a estrutura social e política fez com que surgissem novas sub-culturas e movimentos de raves ilegais que serão abordados numa proxima publicação.
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Sou Francisco Morais Soares, encontro-me em fase conclusiva da licenciatura em Novas Tecnologias da Comunicação e pretendo especializar-me em Design Gráfico. O domínio das artes visuais e cultura musical são dois dos meus principais interesses pelo que vejo neste projeto uma oportunidade de expor e aprofundar conhecimentos na área da música, enriquecer e experimentar novas técnicas gráficas de forma livre e autodidata , sendo que graficamente todo o blog será baseado no experimentalismo que frequentemente anda de mãos dadas com a temática escolhida.
No contexto da unidade curricular de Laboratório Multimédia 5 surgiu o blog “Pavimento”, cuja temática é cultura musical focando-se no movimento clubbing e música eletrónica, em Portugal e no mundo. O nome surge da expressão “partir pavimento” por vezes utilizada no contexto para enaltecer e hiperbolizar uma noite ou um dj set.
Sobre Portugal irei abordar o passado, presente e futuro da cultura clubbing, bem como toda a influência que teve e continua a ter na cultura visual. No panorama mundial procuro referenciar alguns documentários e notícias de forma menos concentrada em comparação ao nacional, uma vez que a proximidade à cultura e sub-culturas adjacentes é menor, de forma mais genérica e expositiva respeitando sempre a privacidade destes movimentos mais recônditos. Haverá ainda espaço para textos de opinião acerca de sub-temas relacionados e apresentação de editoras, rádios, labels e referências que em muito servem para cimentar e fortalecer a música eletrónica.
A longo termo vejo neste blog a oportunidade de criar uma webzine alargando a variedade de conteúdos para, por exemplo, reviews e reportagens. Além de estimularem em mim motivação para prosseguir com o projeto, vão ainda servir como fonte de referência alguns dos seguintes produtores de conteúdo media: VICE, i-D, Pista!, Thump, Noisey, Rimas e Batidas, A Cabine, Resident Advisor, Mixmag e Boiler Room.
Pretendo oferecer aos leitores uma oportunidade de conhecer e aprofundar o conhecimento na matéria mostrando a um público mais diversificado este movimento cultural que é por vezes negligenciado.
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