#scionstask
Explore tagged Tumblr posts
shatteredglcss · 6 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
                                                          GANNICUS & OPHELIA
                      ❝ We were shattered into pieces and now we are back together.  ❞  
Dizem que a única situação inevitável na vida de alguém é a morte. Essa espera qualquer mortal, independente de sua religião, no fim de sua vida. Esse final, para alguns, vem antes do esperado. Oitenta, noventa, cem anos de idade? Não. Ela não escolhe se buscará criança ou adulto, simplesmente aproxima-se e toma a vida de seus mortais. Exceto quando outra divindade decide interferir em seus planos, é claro. Como foi exatamente o caso de Ophelia Laelia Saavedra-Dragonova, quando diante do acidente quase perdera a vida, mas em compensação perdera a si mesma. 
                     Voltemos ao início, porém, a anteriori da pseudo-morte de Ophelia. 
É um belo dia, ensolarado em terras argentinas. A ida de uma família em uma viagem para Bariloche, longe da capital. As praias e parques de diversão foram o auge para o casal de gêmeos adotado por Cesare e Tomislav. Enérgicos, vibrantes, não paravam um minutos sequer, cada um com seu respectivo daemon: Ophelia, carregava Gannicus enrolado em seu braço, uma jovem cobra cega e Dante segurava Crixus, um gato persa e coloração laranja, enquanto caminhavam para a próxima montanha russa, sem medo algum da altura. Ambos, quando juntos pareciam dividir forças e receios, para que acada um superasse as suas adversidades. No entanto, enquanto as crianças brincavam, nos bastidores Cesare e Tomislav fortemente discutiam por algo que os gêmeos nem ao menos perceberam. 
Foi somente ao retornar ao carro após tomar um banho, para retornarem aos seu respectivo lar durante a viagem que iniciou-se algo que ficou claro com a água para Dante e Ophelia. Os gêmeos se entreolharem, suspiraram juntos diante da recorrência das discussões nada saudáveis. As memórias aqui ficam curtas, pois as razões da discussão parecem sem sentido, sem importância alguma ou mesmo relevância. Os daemons das crianças, porém, agem de forma agitada, tanto a cobra cega quanto o jovem gato decidem engalfinhar-se também como Cesare e Tomislav, mas de forma afetuosa, um agarrado ao outro como se jamais desejassem separar-se um do outro. Gannicus, por exemplo, próximo de Ophelia, comentava-lhe o quão irritado estava com toda aquela discussão sem pé nem cabeça e dizia o quanto gostaria de voltar para a casa. Já Crixus praticamente rosnava, apenas não rugia pelo fato de não ser leão, pois sentia-se colérico com a impaciência dos adultos sentados no banco da frente. 
Foi então que tudo aconteceu rápido demais. O volante perdeu a direção das mãos de Tomislav, empurrado por Cesare. Tentaram recuperar a mesma, mas o carro dirigiu-se diretamente para um paredão de rochas na estrada, amassando a parte frontal do motorista por completo. O estrago no lado do passageiro foi menor, pois Tomislav iante do impacto transformara-se em um animal de carapaça dura. Dante havia sido poupado do maior impacto na parte traseira, mas Ophelia foi atingida por um pedaço de metal amassado da estrutura do veículo, perfurando sua cavidade torácica e enchendo seus pulmões de sangue. Gannicus emitia um som que era estranho até mesmo para uma cobra, seu corpo transfigurando-se em uma figura que não podia ser discernida por Ophelia naquele momento dada a memória da dor cortante. 
No entanto, uma divindade ( ou seria demônio? ) que assistia toda aquela situação se compadeceu pela figura feminina que agonizava, achou injusto que essa perdesse sua vida devido ao fato da irresponsabilidade de dois homens crescidos. Lilith, a mãe dos monstros e dos demônios criava mais uma cria para si, tomando-a como afilhada, deixando o pedaço de metal que cortava as carnes da jovem preso no interior de suas costelas como fonte de sua mágica e da vida que não seria retirada de si, frustrando o trabalho de Azrael, anjo da morte. Gannicus que agora tomava uma forma reptiliana similar a um lagarto ao invés de um ofídio parava de guinchar, mas adquiria uma expressão morta, como a sua scion, desprovida de vida. Beba o sangue, minha querida, faz parte de sua renovação, você será transformada. Uma voz sensual, feminina e materna atravessava o crânio de Ophelia, ela que foi atraída pelo pescoço da pessoa mais perto de si: Dante. O irmão gêmeo parecia ter aceitado o destino quando percebeu Ophelia sugando-lhe seu sangue, mas algo acontecia enquanto o líquido escarlate virava vida para a Dragonova.
Gannicus começava a modificar-se mais uma vez a cada gota de sangue ingerido e Crixus parecia agonizar, chorava o gato do irmão gêmeo, assim como ele próprio derramava lágrimas ao perceber sua vida sendo esvaída. ‘ O que é isso? O que é... ’ Era Gannicus tentando se comunicar, mas ele contorcia-se e Ophelia finalizava o irmão, drenando-o por completo enquanto seus olhos, ah seus olhos: dois buracos negros destituídos de vida que brilhavam com uma crueldade que não pertencia a criança alguma. A memória lhe foi usurpada após a situação, sem nenhum socorro, sem nenhum grito, apenas a voz de Gannicus e Crixus trêmula em seu ouvido. 
Quando acordou, estava em um hospital, sozinha. Assustada, foi parada por enfermeiras de retirar todo o aparato médico de seu corpo e foi levada até seu pai, Cesare, ao qual curiosamente tinha a sensação de tê-lo visto morrer. Pediu por Tomislav, mas não teve resposta, tampouco sobre Dante, antes de levarem-na para conversar com o Saadreva. Teve uma explicação infantil dada à sua condição, mas Lilith, em sonho, a contatava para mostrar a verdade sobre suas habilidades e suas dádivas. O sangue era a sua fonte de poder assim como a alma e não havia escapatória. 
Ophelia passou muito tempo isolada, tentando lidar com a situação, mas como uma sombra que carregava consigo, o instinto e a ânsia pelo poder eram grandes. Mais uma vítima drenada por completo, mudanças tanto em si como em Gannicus. Uma cabeça de bode era adquirida ao daemon, de maneira curiosa. A quimera, Gannicus tanto quanto Ophelia sofriam com a transformação, encurralando um ao outro ao descobrir as novas personalidades e almas que carregava em uma só pessoa, uma mescla com a sua própria, mas perdia-se. As vezes, sentia como se não fosse a si própria, levada a agir como um outro indivíduo. 
E então vieram os vícios. Primeiro álcool, depois o cigarro. O primeiro entorpecia-lhe os sentidos, o segundo alimentava a falta de hormônios prazerosos, alimentando o ciclo. Por último, porém, passou a envolver-se com substâncias de cunho mágico, para ser usurpada da realidade e assim, ter para si um pedaço de paz diante do caos que via dentro de si e que era compartilhado por Gannicus. O daemon, quimera, composto por três almas e fragmentos de muitas outras utilizadas em pouca quantidade para ativar seus poderes, dando-lhe também uma cauda ofídica e pernas traseiras reptilianas. Inconstante, mais até que Ophelia, uma vez que seu problema de fragmentação era equilibrado ao ser muito mais explícito no daemon, poupando-a de um transtorno que poderia ser muito mais grave. 
Após o incidente, a relação de Ophelia com Gannicus tornara-se brevemente mais distante. As personalidades, porém, demonstravam as três almas que foram absorvidas por ela: Dante, a sua própria e a alma de uma ex-amante, tomada em um período de fúria e perda de memória. A cabeça draconiana era basicamente reflexo de Gannicus antes de ter sido transfigurado por absorver Dante, responsável, organizado, violento, orgulhoso e sensato, tirando a violência, características que se opõem completamente as da argentina. Por outro lado a cabeça felina, oriunda de Dante e que agora pertencia-lhe, não havendo distinção entre Gannicus e as cabeças, exibia uma personalidade soturna, indiferente e isolada e a memória que sempre tivera do gêmeo era que esse sempre fora um indivíduo extrovertido e emocional, mais um contraste. Já a cabeça de bode possui irresponsabilidade completa, um desejo por caos e loucura inimaginável, sempre instigando Ophelia a continuar com seus vícios e a render-se ao hedonismo, o que era com um reflexo negativo da personalidade da mulher que absorvera. 
Os três compõem pedaços do que passa na cabeça da própria Ophelia, seus conflitos internos jamais exteriorizados por completo, deixando óbvio a verdade sobre quem ela mesma o era: ninguém e ao mesmo tempo, todos aqueles que já absorvera em sua vida, transtornada, perdida em si mesma, apenas com a âncora de Dante, o único que permaneceu em espectro fantasmagórico em seu interior, pois fora o primeiro que fora tomado por forças obscuras que originavam de Lilith. 
E essa é a verdade que se transcorre sobre a razão de Gannicus ser um daemon inusual, fragmentado, com personalidade inconstante e decisões imprevisíveis. A morte que havia de ter buscado Ophelia foi enganada por Lilith que impediu que mais uma vez outra garota, outra mulher perecesse diante da irresponsabilidade de homens.
 Ao mesmo tempo, porém, que agraciava-lhe com uma dádiva, era lhe entregue também uma maldição expressa claramente na forma fixa de seu daemon. 
8 notes · View notes
brilhabriana · 6 years ago
Photo
Tumblr media
“Multiverso é um termo usado para descrever o conjunto hipotético de universos possíveis, incluindo o universo em que vivemos. Juntos, esses universos compreendem tudo o que existe: a totalidade do espaço, do tempo, da matéria, da energia e das leis e constantes físicas que os descrevem.”
                 ❛ ——  * ˙˖✶  “ BRIANA BRUNELLESCHI;  TASK!’ 〉
A pequena Briana carregava consigo um exemplar de um livro de autoajuda conforme caminhava até o lado exterior do palácio sob a luz das estrelas. Certo, não seria necessário lembrar que era relativamente cedo para que a garotinha de nove anos estivesse realizando uma leitura como aquela, porém – em algum momento de sua vida – Briana tinha aprendido que a melhor maneira de aprender algo era através dos livros. E, certamente, aquele poderia ser útil no seu pequeno dilema que vinha enfrentando no colégio. O adiantamento de turmas havia sido relativamente bom em sua vida acadêmica – não bom o suficiente para empolga-la, visto que ainda não tinha aprendido nada novo – porém a sua vida social não poderia estar pior naquela fase de sua vida. Nenhum adolescente em sã consciência gostaria de ser visto andando como uma menina no meio do ensino médio e isso acarretava em uma exclusão eminente da Brunelleschi.
Particularmente, aquele estava longe de ser um problema para a princesa, pois, por exemplo, ela poderia ocupar a sua mente pensando com coisas importantes como o efeito das forças gravitacionais na aproximação do horizonte de eventos enquanto os seus colegas estavam perdendo tempo em conversas banais que pouco interessariam daqui a alguns anos. No entanto, nem todos pareciam ser condescendes com a ideia da garota de isolamento social. Lorenzo poderia ser o príncipe regente da Itália, ter dezenas de obrigações com o principado que era responsável, mas, acima de tudo, não deixava de ser pai. E, como tal, vinha mostrando uma recorrente preocupação com a situação que sua filha enfrentava no colégio. No telefonema da noite anterior, inclusive, a sua voz havia soado triste demais enquanto sugeria que a filha tentasse fazer amigos.
E apenas a consciência de que seu pai estava chateado havia impulsionado Briana a tentar a fazer amigos, mesmo contra a sua vontade. “Mas pode ser divertido, Briana!!” Gian comentou em sua mente, transformando-se em um pequeno passarinho e pousando sobre seus ombros. “Nós poderíamos chegar a mesa dos populares, se você se empenhasse em ajudar aquelas meninas bonitas do outro dia!” o daemon continuou a falar em sua mente, soando animado até demais para o gosto da italiana. Ao contrário da princesa, Gian pensava que a solidão não deveria fazer partes de sua vida; por ele, ambos deveriam ser como Verena, rodeados de amigos e mais ligados em bonecas, não em livros empoeirados da biblioteca. —— Você também, Gian? Achei que conseguisse me entender! Eu não quero amigos. —— a italiana retrucou para ele, movimentando a mão de maneira que pudesse espantá-lo para que ele deixasse o seu ombro.
O diminutivo corpo abaixou-se, então, e o exemplar do livro fora deixado sobre o solo conforme ela se sentava sobre o chão. Ainda soava irracional demais que seu pai não conseguisse entender o seu lado da moeda. Lorenzo era sempre tão inteligente e perspicaz! Por que ele não conseguia ver o seu ponto de vista?! —— Tudo seria mais fácil se a mamãe estivesse por aqui. Titio Miguel me contou que ela tão inteligente quanto eu. E eu sei que ela não deveria se preocupar em fazer amigos. —— ela comentou com o seu daemon, deixando a pequena bolsa com a sua bombinha asmática no próprio colo. Eram raras as vezes em que a garotinha se permitia lamentar pela morte de sua mãe, mas pareciam ser naqueles momentos em que a mulher mais fazia falta em sua vida. Doía não ter ninguém que conseguisse compreendê-la e, em alguma parte de seu interior, ela sabia que Belinda seria essa pessoa.
E o seu incomodo era facilmente palpável em seu laço, pois, pela primeira vez em muito tempo, Gian se dedicou a ignorar uma possível ascensão social. Não precisavam fazer amigos ou fingir ser o que não eram por causa de terceiros. “Você não precisa fazer amigos se não quiser, Briana. Nós não precisamos fazer nada para agradar o seu pai.” o daemon, então, teve a sua forma mudada para a de um cachorro, um Husky Siberiano, e se aproximou da princesa de maneira que pudesse subir em seu colo em uma espécie de consolo. “Além disso, quem garante que a sua mãe não deve estar em algum lugar cuidando de você?” O daemon tinha se lembrado da leitura que haviam feito na semana passada e, certamente, aquele era o momento ideal para empregar a famosa teoria das cordas. Qualquer coisa que envolvia ciência era válida para ele quando se tratava de animar a sua amada Briana.
Mas você disse que não acreditava na possibilidade da coexistência dos universos… Disse que era uma teoria com falhas consideráveis. —— a princesa rebateu com uma aparente confusão em seu rosto, erguendo ambas as sobrancelhas se fixavam sobre a figura em seu colo. Podia parecer exagero, mas, sinceramente, Gian parecia mais bonito do que nunca naquela forma. Gostava da segurança que o animal transmitia e, pelo que havia lido há alguns anos, aquela era uma das espécies mais inteligentes de cachorros.“As falhas existem, correto. Mas como nós poderíamos deixar de acreditar em uma teoria que Hawking defendia?” e com isso o Daemon tinha ganhado a discussão e sabia disso. Briana, então, passou a se deitar sobre a relva da grama, fixando seu olhar nas estrelas brilhantes no céu conforme o cachorro descia de seu colo para tomar um lugar ao seu lado.
Se a sua mãe existia em algum outro universo paralelo ao dela, as estrelas poderiam ser a única coisa que compartilhavam em comum. Não importava qual era a profissão de Belinda, como seria a vida de Briana no outro mundo, se a mulher realmente poderia compreendê-la como a princesa achava que podia, nem mesmo outros planetas e galáxias seriam capazes de apagar o gosto em comum que deveriam ter pelos cosmos. —— Eu espero que ela também tenha gosto por apreciar as estrelas, Gian. Assim, nesse momento, nós podemos estar olhando uma para a outra. —— a princesa comentou baixinho para o seu daemon, esticando a mão para passar a mão pela extensão do corpo do Husky Siberiano. E, bem, daquela vez, Gian se limitou a assentir em resposta. Não era necessário que falasse nada por agora. Tudo que precisava era apreciar a paz que tomava conta do corpo da garotinha.
Passaram-se, então, minutos de quietude até que Briana tivesse vontade de dizer algo. —— É loucura, mas eu realmente posso sentir que ela está em algum outro lugar, Gian. Eu quero acreditar que ela está comigo, seja onde for. —— soprou as palavras em meio a quietude do jardim, virando a cabeça para que pudesse ter uma melhor visão do daemon ao seu lado. “Sua mãe está com você em algum lugar, Bri. Você não precisa apenas acreditar nisso.” o daemon considerou no seu ápice de otimismo. —— Mas como eu poderia provar isso pra alguém? —— a princesa perguntou com uma genuína curiosidade, erguendo ambas as suas sobrancelhas e balançando a sua cabeça em um contido gesto de confusão. “Do jeito que você sempre provou que estava certa, Briana. Mas, acredito, que para isso nós vamos precisar de um livro de física em vez desse.” Gian retrucou em sua mente, se colocando de pé sobre as suas patas e pulando contra o corpo de Briana, passando a lamber o seu rosto em um gesto de carinho. —— Física? Parece interessante, Gian. Tão interessante quanto uma continuidade a teoria do Hawking. —— a italiana considerou conforme abraçava o seu daemon, sentando-se sobre a grama. “Interessante? Vai ser brilhante, Briana!”
8 notes · View notes
hailwolfg · 6 years ago
Photo
Tumblr media
𝐅𝐫𝐚𝐠𝐦𝐞𝐧𝐭𝐬 𝐨𝐟 𝐚𝐧 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐯𝐢𝐞𝐰 𝐰𝐢𝐭𝐡 𝐏𝐫𝐢𝐧𝐜𝐞 𝐊𝐚𝐫𝐥 𝐑𝐨𝐬𝐞𝐧𝐛𝐞𝐫𝐠. — 𝐓𝐀𝐒𝐊 𝟎𝟎𝟐.
Mais ou menos na metade do caminho para fora da Academia Avalon, o príncipe alemão foi abordado por um grupo de fãs e jornalistas pedindo por fotos e declarações. Nunca fora uma pessoa naturalmente simpática, mas era capaz de se tornar qualquer coisa quando a necessidade pedia. Porém, não considerava o momento uma real necessidade, já que a atenção do público não permaneceria focada em sua esplendida pessoa por muito tempo, já qe a ilha estava repleta de outros membros da realeza dispostos o suficiente para comentar a respeito do ataque draconino em Shangri-la. Para ele isso já era assunto velho. E também não estava com ânimo para fotografias, o que rapidamente tratou de comunicar.
Karl pretendia ir até o que havia restado do templo de Tanâtos para lhe fazer uma oferenda e também rogar que o deus viesse buscar logo todos aqueles que o perturbavam nos últimos dias. Aparentemente agora acrescentaria na sua lista muitos daqueles que o rodeavam e  o atrasavam na saída da academia.
“Oh, príncipe! Você foi tão corajoso enfrentando aqueles dragões. Eu vi! Você estava tão concentrado e é sempre tão dedicado! Você não teve medo?” a pergunta de uma garota gorducha e cheia de sardas o pegou de surpresa quando ele tentou escapar do abraço dela, sem sucesso. “Medo? É claro que não!” era para ele um absurdo que alguém cogitasse a possibilidade de um Rosenberg fugir com o rabo entre as pernas. Exceto por Volker, que já demonstrara inúmeras vezes não ser digno das próprias bolas. “Um soldado tem que estar preparado para tudo e de todas as formas possíveis. Desde que seja para enfrentar criminosos comuns ou lagartixas voadoras.” respondeu no exato instante em que um microfone foi colocado na sua frente, por pouco não esmagando seu nariz perfeitamente alinhado.
Livrou-se do aperto da gorducha apenas tempo o suficiente para ser agarrado por um dupla de magrelas gêmeas. “Quantos dragões você matou?” perguntou uma delas. “Cinco ou seis. Não fiquei contando.” mentiu, pois havia tornado os próprios ataques em uma espécie de esporte naquela noite, sempre mantendo a conta daqueles que atingiam o alvo.  Karl havia matado cinco das bestas feras, mas só um deles fora grande o suficiente para se vangloriar. “Por favor, seja o pai dos meus filhos!” a outra suspirou, quase rasgando-lhe a camiseta quando ele tentava escapar. “Não. E tenho pena de quem seja um dia.” falou sem emoção e sinalizando para um dos guardas, cujo tratou de afastar as gêmeas dele.
“Você tem visto a pitonisa pela academia? Ela não dá notícias desde o ataque.” desta vez fora um jornalista baixinho que o questionou pouco depois do alemão quase tê-lo esmagado com os pés. A pergunta teria pegado qualquer culpado de surpresa, mas Karl não eram um culpado qualquer afinal, sabia se controlar diante de imprevistos assim sem se entregar. “ Não, não tenho. Mas ela com certeza deve estar muito ocupada tentando se comunicar com os deuses para formularem juntos alguma resposta idiota do porque não fomos avisados com antecedência do ataque. Afinal, essa era a função dela, não é mesmo? Só mais uma razão para que o povo pense muito bem em quem vão depositar sua fé. Ela é só uma garota.” franziu o nariz, satisfeito por ter conseguido filtrar as próprias palavras e não ter dito as verdades sobre o que pensava da pitonisa.
“Príncipe, aqui, por favor!” seus olhos foram ao encontro da figura de colarinho que agitava uma mão no ar e tentava chamar sua atenção. “A Alemanha, entre tantos outros países,  foi a única a ainda não fazer nenhum comunicado sobre se pretende e em como irá auxiliar as vítimas do acidente. Você poderia nos contar qual será a participação de vocês depois de tudo?” Karl teve vontade de socá-lo. Quem eram os outros para exigirem que seu país e ele próprio fizessem alguma coisa para um cidade qualquer e extremamente distante. Se dependesse dele, a Alemanha não moveria um centavo para nada que envolvesse aquela causa. Já não tinha feito muito ao matar aqueles dragões? “É só você dar uma mão e eles já estão querendo o corpo todo.” ouviu sua daemon-harpia comentar mentalmente, já que o tempo todo estivera sobrevoando-os lá no alto. “Sem tempo, irmão.” foi o único e último comentário que deu antes de acionar os guardas para abrirem o caminho.  
6 notes · View notes
tothamonfaruk · 6 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
 𝙋𝙧𝙞𝙣𝙘𝙚 𝙏𝙤𝙩𝙝𝙖𝙢𝙤𝙣 𝙘𝙤𝙪𝙡𝙙𝙣'𝙩 𝙢𝙖𝙣𝙖𝙜𝙚 𝙩𝙤 𝙖𝙫𝙤𝙞𝙙 𝙩𝙝𝙚 𝙢𝙤𝙨𝙩 𝙖𝙬𝙠𝙬𝙖𝙧𝙙 𝙡𝙞𝙫𝙚 𝙮𝙤𝙪𝙩𝙪𝙗𝙚 𝙞𝙣𝙩𝙚𝙧𝙫𝙞𝙚𝙬 𝙚𝙫𝙚𝙧: "𝙁𝙧𝙞𝙚𝙣𝙙𝙨𝙝𝙞𝙥 𝙘𝙤𝙢𝙚𝙨 𝙛𝙞𝙧𝙨𝙩!"
Aprendera com o grande Faruk a sempre ser comedido diante dos olhos do público, pois uma palavra errada poderia causar uma catástrofe e, obviamente, era impossível voltar atrás. Por tais razões, Toth preferia se manter longe da mídia o máximo possível, exceto pelas redes sociais que ele usava raramente e com muito cuidado.
Entretanto, após o ataque em Shangri-la e a notícia de que o príncipe estivera presente na tragédia ativamente ajudando as vítimas ter se espalhado, convites e pedidos para entrevistas bombardeavam seus agentes todos as horas desde que ele retornou ao Egito naquela curta semana de férias. Tanto que os responsáveis por sua imagem haviam chegado a conclusão de que cedo ou tarde o egípcio teria que falar sobre o ocorrido. E melhor seria se fosse cedo.
Assim sendo, uma entrevista rápida foi planejada com um canal do youtube extremamente famoso no país. O responsável pelo mesmo era um amigo próximo do próprio Tothamon, justamente para deixá-lo mais à vontade aos olhos do público e também para ser um bate papo mais casual.
A entrevista foi ao ar no dia 1º de Abril. E parte dela está aqui fielmente traduzida e transcrita.
𝐈𝐧𝐭𝐞𝐫𝐯𝐢𝐞𝐰 𝐰𝐢𝐭𝐡 𝐓𝐡𝐞 𝐂𝐫𝐨𝐰𝐧 𝐏𝐫𝐢𝐧𝐜𝐞 𝐨𝐟 𝐄𝐠𝐲𝐩𝐭, 𝐓𝐨𝐭𝐡𝐚𝐦𝐨𝐧 𝐅𝐚𝐫𝐮𝐤.
Toth estava sentado em uma cadeira alta no meio do que seria o porão/estúdio de gravação do amigo. Por sorte era Mohammed quem ocupava o outro assento na frente e quem o estaria entrevistando. Eram amigos desde pequenos quando compartilhavam as aulas no palácio do Cairo. E apesar dos seus pais também serem amigos, o Faraó não via o youtuber com bons olhos atualmente, pois o achava muito espalhafatoso no seu canal. Mas oras, essa era a melhor parte de estar na companhia do outro.  Os dois trocaram algumas caretas para ficarem mais à vontade antes de ser anunciado que as câmeras estavam ligadas e que a gravação havia se iniciado. “Depois de muita insistência e HQs perdidas... É um enorme prazer ter a sua ilustre presença aqui hoje, Vossa Alteza!” o entrevistador deu início, sempre sincero e arrancando um riso curto do príncipe. Era estranho ouvir uma pessoa com quem tinha tamanha ligação o chamando de Vossa Alteza. “O prazer é todo meu, especialmente por poder revê-lo, Mohammed. E prometo que vou fazer bom uso das edições limitas que você me presenteou.” deu um sorriso divertido, juntando as palmas das mãos e cruzando os dedos. Automaticamente se preparando para o turbilhão de perguntas que se iniciaria. “É bom mesmo! Não imagina a luta que tive para conseguir aquelas belezinhas. Mas, isso não importa agora. Vamos ao que interessa.” Toth assistiu com ansiedade as fichas de perguntas na mão do amigo enquanto ele as embaralhava.
“Primeiro o mais importante. Qual a sua banda preferida?”
“Queen.” respondeu sem nem precisar pensar.
“Eu já sabia, mas ok. Continuando...  O mundo inteiro se comoveu com a catástrofe de Shangri-la e suas vítimas. Só que para o público as coisas ainda estão meio confusas, justamente pelo o que ocorreu ter sido tão i-na-cre-di-tá-vel. Você pode nos dizer o que estava fazendo quando viu ou presenciou o que teria sido “o anúncio” do terrível episódio? Mas, se estava fazendo algo constrangedor, por favor... Nos conte também.”
“Não estava fazendo nada de mais, garanto! Eu me recordo de estar no evento da Pitonisa, bebendo champanhe com uma recém conhecida e conversando.” umedeceu os lábios com o olhar distante, tentando se lembrar o mais precisamente do que vivenciou. “Então teve um barulho enorme, que eu achei fazer parte da comemoração. Mas depois percebemos que a cidade estava em chamas e que tinha criaturas gigantes sobrevoando ela.”
“Parece assustador! Mas, mesmo diante desse quadro terrível, você chegou a sair do Hotel em que o evento estava acontecendo, certo? Nós temos até algumas fotos das câmeras de segurança ao redor da cidade, que mostram você no meio de todo aquela destruição.”
“Eu não poderia ficar de braços cruzados diante de tamanha necessidade e muito menos ir me esconder como os meus guardas insistiram tanto para que eu fizesse. Seria ir contra a minha própria natureza.” era impossível imaginar que poderia ter tido uma atitude diferente, mesmo que o Faraó discordasse. “Lembro que, graças a Seth, consegui orientar algumas pessoas a irem para o subsolo, onde era mais seguro. Então, depois de verificar que minhas irmãs estavam bem - ao menos uma delas porque Neftis tem o talento de sumir nas horas erradas -, fui correndo para a cidade na intenção de ajudar os moradores.”
“Muito corajosa a sua atitude, Alteza. E o que exatamente você viu quando chegou no centro de Shangri-la? “
“Só vi fogo, destruição e morte. O ar estava repleto de fumaça negra e a carbonização humana não é nada agradável de inspirar.” reviveu a memória como se tivesse voltado no tempo, incapaz de impedir um tremor que lhe tomou a espinha. “Haviam muitas pessoas feridas e sofrendo pelas perdas que tiveram. Todos com medo dos dragões que apareceram do nada e os atacavam sem a intenção de parar. Um tremendo caos!”  era inevitável também não recordar da tristeza que sentiu ao ver tais cenas. “ Mas, é preciso dizer, que também vi muita bondade naquela noite. Pessoas ajudando seus vizinhos ou até mesmo desconhecidos. E todo mundo se unindo para enfrentar aquele mal em comum, sem ligar para as diferenças. Inclusive, pensando nisso agora, chega a ser muito comovente. Ainda podemos ter esperança na humanidade, meu amigo.”
“Pelo menos uma coisa boa é que essas situações conseguem liberar o melhor das pessoas.  E... ainda sobre a sua presença na batalha, nós gostaríamos do seu comentário a respeito de duas pessoas com as quais você foi visto por lá. Primeiro, o Princípe Australiano, Aaron Rutherford ( @srvivcr ). Você e ele foram vistos saindo de uma casa em chamas e lutando com um dragão enquanto tinham uma criança no colo. Para quem ouve isso parece até cena de cinema. Como isso aconteceu? É por isso que você cortou o cabelo?” 
Soltou um riso curto com o último questionamento, jogando os cabelos negros e agora mais curtos para trás instintivamente. “Foi sim! Nunca é uma boa ideia enfrentar o fogo quando você tem o cabelo muito comprido. Ficou bem chamuscado, então tive que cortar. Pelo menos minha mãe ficou feliz, ela sempre quis que eu fizesse isso.” revelou com um dar de ombros antes de seguir para a próxima fala. “ Aaron é muito corajoso! Ele se mostrou prestativo a me ajudar a derrubar uma porta, depois que percebi haverem uma mulher e uma criança trancados lá. Assim que nós conseguimos entrar, o dragão derrubou o teto e nos atacou. Acredito que, naquele momento, nossa maior preocupação era manter o bebê a salvo e o levar para um lugar seguro. Aaron é um ótimo parceiro, muito centrado e lúcido nesses momentos de crise!”
“E a segunda pessoa que preciso comentar é a princesa do Canadá, Madelynn Beaumont. ( @mcdelynn ). Vocês pareceram muito próximos e...”
“Você “precisa” comentar? Fala sério, Mohammed!” interrompeu o outro com um tom divertido, porém deixando claro que o assunto não lhe dava conforto. Fizera o máximo para não comentar a respeito da princesa desde o início, mas agora se via emboscado. Talvez ter mencionado ela antes para o amigo não tivesse sido uma boa ideia.
“Sim, sim. Eu preciso graças aos seus fãs que lotam nossas redes sociais implorando para que eu pergunte sobre isso. Então culpe a eles, Toth, e não a mim... Digo, “Alteza”! “
“Ok, eles podem sempre perguntarem o que quiserem. Estou aqui pra isso.”   suspirou em sinal de desistência, logo dando de ombros e só torcendo para o questionamento não ser nada muito constrangedor.
“Muito bem então. Bom, você foi visto com a princesa canadense por muito dos moradores que se refugiaram no túnel de entrada da cidade. Eles falaram que você demonstrou enorme preocupação com a princesa, inclusive que a carregou nos braços depois que o nariz dela sangrou... E por isso só espero que se eu bater a minha cara naquela porta agora e meu nariz sangrar, você também me carregue nesses seus braços fortes e reais. Seria um sonho virando realidade, Alteza. Mas, por favor, nos conte o que aquelas pessoas não conseguiram ver entre vocês. ”
Sua expressão se congelou momentaneamente no que seria uma mistura de surpresa, vergonha e de quem achou graça da pergunta. “Você nunca muda, não é?”  semicerrou os olhos para o amigo, acusatório. “ A princesa estava dando tudo de si para ajudar aos feridos e, claramente, todo mundo tem um limite. Ela acabou passando mal pelo cansaço e quase desmaiou bem na minha frente. Eu fiz apenas o que qualquer outro teria feito: fui ajudar. Exceto por isso, não tem nada para contar. ”
“Uhum, sei. Ajudar. É disso que vocês jovens chamam agora?”
“Ah, dá um tempo! Eu conheci a princesa canadense naquele dia no evento. Não posso respirar perto de alguém e você já cria conspirações.”  o tom era sério, apesar de suas sobrancelhas levantadas e o olhar cômico que lançava para o entrevistador. Não tinha como ficar nervoso com o amigo por algo do tipo.
“Conheceu ela naquele dia? Ora, você disse que estava bebendo champanhe com uma recém conhecida antes do acidente... Eram a mesma pessoa? Se sim, imagino que isso pode significar alguma coisa.” 
“O começo de uma grande amizade, sem dúvidas.”
"Hum, já percebi que o assunto te deixa um pouco desconfortável, então vamos pular para o próximo... Já sabe o que vai fazer quando voltar para Agartha? Além de me ligar todos os dias, é claro. Digo, você tem intenção de se voluntariar para algo? Por exemplo, ajudar a construir novas casas, já que você tem uma habilidade maravilhosa com areia e poderia produzir rapidamente muito cimento.”
“ Com certeza Seth não poderia ter me presenteado com uma habilidade melhor do que produzir cimento.” comentou com ironia e entrando na brincadeira. “Mas sim, tenho intenção de ajudar no que for possível.  O próprio Faraó irá encaminhar um grupo de ajuda humanitária para Shangri-la e eu também vou me certificar de que tudo o que o Egito enviou e enviará para auxílio na reconstrução da cidade chegue nas mãos certas.”
(veja o resto da entrevista no canal oficial do youtube.)
6 notes · View notes
egyptianprincessxn · 6 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
                  Interview with the Princess of Egypt, Neftis Faruk
Não podia esconder que programas de televisão a deixavam nervosa, Neftis parecia sempre escolher a pior hora pra falar certas coisas e essas horas calhavam de ser quando haviam câmeras a filmando. Toth e Nefertiti eram muito melhor com aquilo do que ela, e era sempre mais fácil quando os três estavam juntos, entretanto, naquele dia precisou ir sozinha até o estúdio para o programa que lhe convidou para contar o que havia acontecido em Shangri La e como andava a vida na corte ou em Avalon. Khufu tinha uma gravata borboleta no pescoço, o que fez com que a princesa desse uma risada baixa na direção do gato. “Nem parece o gato rabugento e enrugado de sempre, está muito bem Khufu.” disse em voz alta para o gato que estava literalmente sob um pedestal ao seu lado enquanto os maquiadores, outros funcionários e agentes trabalhavam ao seu redor com poucos minutos para o programa ao vivo iniciar. 
Encaminharam a princesa pelos bastidores até a entrada do palco, esperou que seu nome fosse dito e os aplausos e então entrou com um sorriso aberto nos lábios, tentando disfarçar o próprio nervosismo, o que ela não acreditava estar acontecendo na realidade. “Bem vinda, Alteza! Sempre linda, nunca decepciona com a beleza!” o apresentador saiu de sua bancada para lhe dar um abraço, que Neftis retribuiu antes de sentar-se na poltrona ao lado do homem. “Espero não decepcionar também nos outros quesitos, ninguém quer uma futura rainha que só tem a beleza para oferecer.” deu uma risada quase que teatral, passando os olhos para a plateia que lhe acompanhou, deixando o homem levemente sem graça. “Muito sagaz, Vossa Alteza.” ele também riu antes de voltar a falar. “Mas ficamos sabendo que mostrou-se muito mais do que apenas um rosto bonito, acho que todos ficamos orgulhosos por isso.” a plateia repetia ‘sim’ em uníssono enquanto Neftis apenas sorria em resposta, sentindo o peito pesando ao perceber que iriam fazer questionamentos sobre Shangri La. “Fico feliz em saber disso, é gratificante, é bom estar aqui para esclarecer as coisas também.” completou, se preparando para o bombardeio que viria a seguir. 
“Acho que todos nós estamos mais curiosos para saber como se sentiu ao estar no olho do furacão.” 
“Bom, a verdade é que quem sofreu bem mais foram os civis que estavam fora do hotel, é um fato que não podemos esquecer.” respirou fundo, tentando amenizar suas memórias para que pudesse falar com o mínimo de decoro e sem se desesperar. “De qualquer forma eu estava do lado de fora quando o ataque começou ao hotel, infelizmente tive um momento de insensatez que me fez entrar para procurar meus irmãos, pensei que fosse uma boa ideia. Vi cenas terríveis, foi difícil perceber que estava no meio daquilo tudo.” de fato fora assustador, mas Neftis já havia visto coisas bem piores, só não queria bancar a insensível ao vivo. 
“Você tem planos do que vai fazer daqui para frente? O que pretende fazer quando voltar?”
“Sinceramente? Ainda não sei, só sei que meu pai, o Faraó, já deixou claro que o Egito vai contribuir com a reconstrução da cidade e com as ajudas humanitárias para os civis, tudo o que for necessário para que voltem a ter o conforto que tinham antes de tudo isso acontecer. Sabemos que dinheiro ou voluntariado não trará quem se foi, sentimos muito por isso, mas é o que faremos para tentar amenizar o desastre ocorrido.”
“Tem vontade de ajudar pessoalmente os feridos e os moradores?”
“Com os feridos eu não tenho como ajudar, acho que temos bastante estudantes das áreas de saúde pra isso, todos os que precisam de médicos estarão bem amparados. Agora, a respeito dos moradores, eu espero voltar para a ilha e ajudar no que eu puder sim, não faço parte do voluntariado, mas ajudarei no que for necessário.”
“Por que você sentiu a necessidade de voltar ao Egito logo após o desastre? Foi a pedido de seu pai, ou foi por vontade própria?”
“Com certeza meu pai tem parte nisso, foi uma ordem meio que urgente e meus irmãos também voltaram. Mas eu precisava voltar, acho que não é surpresa, ao menos para o meu povo, que meu patrono divino é Anúbis, então coisas pesadas ocorreram e, por eu ter uma breve ligação com o outro lado precisei tirar um tempo para mim, ficar com a minha família, foi importante. 
“Você pode nos dizer um pouco do que ocorreu lá dentro? Narrar como aconteceu? Porque nós soubemos do príncipe mexicano, foram achados juntos, acho que todo mundo quer saber o que estava acontecendo.”
O sorriso do homem lhe tirou um pouco do sério, Neftis não precisava falar sobre o que Juan estava fazendo com ela, não era relevante quando dezenas de pessoas se feriram ou morreram. A princesa ficou muda por alguns segundos, seus olhos encaravam a plateia e eles estavam sedentos para saber qualquer coisa daquele assunto. O mundo do entretenimento era ridiculamente fútil. “O que ocorreu? Bom, havia fogo por todo lado. Pessoas carbonizadas, havia sangue e havia gritos. Os dragões eram gigantescos e eu os vi devorando pessoas. Partes do prédio caiam sobre quem estava por baixo, caiu sobre mim também, mas Juan conseguiu me proteger, se querem saber. O cheiro de carne queimada é angustiante, o grito de pessoas sendo devoradas vivas por labaredas gigantes é angustiante. Foi isso o que estava acontecendo lá.” o silêncio se instaurou por alguns minutos, o apresentador tinha o rosto petrificado, mas logo o teatrinho voltou quando ele pediu palmas sabe-se lá pelo que. 
“Então ele te salvou? Parece cena de filme, não é?” a plateia se inflamou mais uma vez. “Por que estava com ele, Alteza?”
“Porque eu quis.” ergueu os ombros, já não tinha mais o sorriso de antes no rosto e a garota passou a apertar os próprios dedos em sinal de nervosismo. “Era uma festa, por acaso estávamos conversando e tudo aconteceu. E isso não tem importância nenhuma em comparação ao que aconteceu na ilha. Deveriam se manter focados nisso.”
“Com certeza as vidas perdidas e os feridos tem mais relevância. Inclusive a sua, Alteza.” ele desconversou quando percebeu a irritação na voz alheia. “Sofreu algum ferimento? Está bem agora?”
“Não tive nenhum ferimento sério, alguns arranhões  e o mais sério foi um corte no meu supercílio quando o pedaço do teto desabou.” apontou para onde estava o ferimento mencionado. “Infelizmente Juan não teve a mesma sorte, ele acabou sofrendo a maior parte do impacto.”
“E como saiu de lá?”
“Saímos pelo estacionamento, achei que seria o local mais seguro, mesmo que o prédio estivesse ameaçando desabar de uma vez, subsolos são fortes, foi o lugar mais seguro que pensei no momento e dei um jeito de chegar até lá, ocorreu tudo bem felizmente, foi um alívio perceber que não havia morrido ainda, acho que ele deve ter pensado o mesmo.”
“Seu pai tem conhecimento sobre seu envolvimento com o príncipe do México?”
“Não tem envolvimento. Não se pode conversar com outra pessoa que todo mundo imagina coisas.” riu de forma forçada, tentando não ranger os dentes por dentro. 
“Como pretende levar a vida em Avalon daqui em diante. Acha que vai levar algo do que aconteceu com você?”
“Como sempre levei, me esforçando com minhas atividades, tentando retomar a vida como antes, mas levando o desastre como uma experiência que devemos tirar algum ensinamento. Vou levar tudo por muito tempo ainda, há coisas que não conseguimos esquecer nem se quisermos, como uma sina. É triste, mas é a vida.”
5 notes · View notes
impaviiido · 6 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
                                           PEDRO HENRIQUE & UYARA
                                            ❝ We are more than we are: we are one. ❞
Desde que Pedro Henrique conhecia-se por gente, Uyara sempre esteve ao seu lado, leal e dotada de fidelidade. No entanto, isso jamais foi espelho de que ela concordava com as decisões e ações do bastardo: ora, pois, Uyara era uma lady! E ladies não se metem em sujeiras e brincadeiras que pareciam ou podiam sujar seus lustrosos pelos, mesmo que em formas diversificadas antes de fixar-se em uma suçuarana orgulhosa e vaidosa. 
A pior problemática entre scion e daemon deu-se com a decisão de Pedro Henrique de alistar-se para o exército e permanecer no mesmo por tempo indeterminado. Uyara não aceitou a decisão, teria que ver-se em treinamentos, rolar na lama, dormir em florestas, definitivamente tudo aquilo que ela mais rechaçava por preferir viver em castelos, rodeada de luxos e regalias.
 ‘ Como assim você tomou decisões sem que eu estivesse ciente delas, Pedro Henrique? Isso é simplesmente deplorável! Você não espera que eu corra atrás de seus inimigos ou o acompanhe em trincheiras, certo? Olha essas garras, elas não foram feitas na manicure para que você chegasse com essa notícia terrível. Aí, como é difícil ser eu! ’ Ela exasperou, enquanto rodeava a cama do scion antes de jogar-se sobre a mesma dramaticamente, movendo todas as molas do móvel do quarto compartilhado com outros militares. O rapaz, por sua vez, colocou uma mão na testa, tentando lidar com o xilique da daemon frente à sua decisão e respirou fundo.
‘ Olha só, Uyara. Você sabe e conhece meus planos, imagino. Então, consequentemente sabe que para ele ter alguma relevância futura eu vou precisar de apoio militar e muitos dos soldados e até mesmo coronéis estão extremamente insatisfeitos frente às decisões tomadas por meu pai e seus conselheiros. Então, porque não pegar essa oportunidade ao favor dos meus objetivos? Por caprichos seus? ’ O brasileiro exibia um olhar incomodado com a atitude da daemon, vendo-a como uma criatura dotada de futilidade por não ver a razão atrás de seus planos. A felina emitiu um som similar a um rugido de desgosto, enquanto expunha os dentes de maneira ameaçadora para Pedro Henrique. 
‘ É claro que vejo senso em sua decisão, você não é tão idiota assim, Pedro Henrique. Mas a questão a ser debatida é o fato de que você tomou uma decisão sem me consultar, mesmo sabendo que eu dependo inteiramente de você assim como você depende de mim. Se eu decidir retornar ao Quinta da Boa Vista, você não poderá fazer nada, já imaginou? Agora, pensa em mim, meus desfiles, como vou ficar afastada da moda e jogada na selva!? Eu não nasci pra essa vida, Pedro Henrique! ’ Ela exasperou, colocando uma pata no colo do scions com o olhar dotado de uma mágoa e irritação que o scions vira apenas em poucas vezes. Por fim, ele respirou fundo e colocou sua mão sobre a pata da daemon, acariciando a pelagem parda da mesma.
‘ Eu vejo o seu ponto, mas é crucial para atingir meus objetivos e eu já sabia que você daria um xilique se escutasse a minha proposta, Uyara. Posso te propor um trato e uma trégua? ’ Questionou-a, sentindo-se já prestes a ter sua paciência esgotada para com a daemon, mas ainda restava-lhe um ímpeto de tentar equilibrar a balança. Uyara maneou a cabeça positivamente, confirmando a pergunta do bastardo. ‘ Nós iremos fazer tudo o que for necessário para subirmos de patente e insígnias, conseguirmos medalhas e a atenção dos rebeldes, pois pretendo aliar-me à causa, apenas preciso de influência para ser notado para tal. Em compensação, eu me disponho a acompanhá-la em qualquer desfile que você participe, não só como coadjuvante, mas como modelo de tudo o que você quiser e deixarei-a brilhar e ter seu momento. Temos um negócio, Uyara? ’
A daemon pareceu considerar, virando a cabeça para o lado em silêncio. O semblante de Pedro Henrique continha certa impaciência, no entanto. Ele queria a resposta da suçuarana e ela parecia disposta a causar-lhe um ataque de nervoso com seu xilique. No entanto, a mesma virou-se na direção do scion, depositando uma lambia áspera na palma de sua mão. ‘ Aceito os termos e condições, mas você terá que vestir e exibir-se nos desfiles em que eu desejar e terá que também portar-se em festas e eventos quando eu tornar-me famosa entre o mundo da moda daemon ’. Empertigou-se ao falar, olhando-o quase ambiciosa. O rapaz, porém, não hesitou dois segundos em aceitar a situação toda, sem saber onde metera-se, tão logo. No entanto, nem ao menos Uyara tinha certeza do quanto estaria ferrada ao ter que lidar com treinamentos e missões militares.
No entanto, após acordado o negócio, scion e daemon eram uma dupla inseparável e passaram a trabalhar em conjunto como nunca antes. Apesar dos conflitos e das críticas constantes entre os hábitos que um não apreciava no outro, quando tratava-se da seriedade em finalizar uma missão ao proteger uma fronteira contra o tráfico e contrabando de armas, proteger contra invasores ou simplesmente permanecer sentado em uma cadeira enquanto maquiavam-no para caminhar em uma passarela em prol da daemon, era feito com sério profissionalismo. Assim, ambos militar e modelo daemon pareciam coexistir com certa harmonia, aprendendo até mesmo a apreciar os gostos um do outro mesmo que com ressalvas.
 Afinal, indepentende de qualquer situação que lhes aparecesse, ambos eram um só.
5 notes · View notes
natyaofgeorgia · 6 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
◐ ᴍᴀʟᴋʜᴀᴢ, ᴍʏ sᴏᴜʟ ◑
Como sempre, Natya acordou com um pesadelo. As lembranças dolorosas de um passado o qual queria esquecer atormentava seus sonhos e por isso até mesmo temia dormir, porque sabia que assim que fechasse os olhos, as imagens ruins viriam. O ritual do herdeiro. Uma tradição milenar e antiquada por qual todos os herdeiros deveriam passar. Como quase sempre os herdeiros eram homens, acontecia aos treze anos de idade, que marcava o fim da infância e o início da idade adulta. Para Natya, a primeira herdeira do sexo feminino em séculos, também ocorreu nessa idade, também coincidindo com sua menarca, o que tornou tudo duas vezes pior.
Entretanto, havia três anos que tinha acontecido. Era apenas mais uma memória ruim para a coleção da princesa da Geórgia. A mais recente tinha sido com sua patrona. Ou melhor, ex patrona. A sensível deusa báltica do sol havia abandonado Natya. E ainda, com uma maldição! Era terrível. A garota havia visto a mulher em seus sonhos (sua silhueta, pelo menos) e ela parecia terrivelmente irritada ao anunciar que deixaria Natya, rogando-lhe uma maldição. Se a vida tinha como ficar pior, aquele  era o ponto mais baixo, Natya tinha certeza.
“Uma criança desprovida de inteligência e da garra dos georgianos, você é uma vergonha para a dinastia e seu país.” Havia sido as exatas palavras delas. A morena não se importava, afinal não tinha sido a primeira vez que ouvia algo do tipo. O pensamento de que era uma incapaz não era novidade. Contudo, não esperava ser largada pela sua patrona. O que faria? E qual era a maldição? Saule havia sido um tanto obscura quanto a isso, não sendo clara o suficiente para que Natya pudesse entender.
Passados dois minutos, cansou de tentar entender. Saltou da cama e deu um sorridente bom dia para Malkhaz. O daemon que havia tomado a forma de gorila há pouco mais de um ano era completamente assustador. De pelagem negra e olhos mau humorados, era enorme. Quando se colocava em duas patas, podia muito bem alcançar a altura de dois metros. Natya sabia que ele não podia machucá-la, mas o comportamento quieto, silencioso e amistoso de Malkhaz fazia que a princesa pensasse que também não era digna. De qualquer forma, ela foi se arrumar para o café.
Encarar o refeitório era horrível. Não tinha um grupo de amigos. Aliás, todos achavam Natya um pouco estranha demais e o daemon um pouco mal encarado demais. Eram uma dupla improvável e indesejada, por isso apenas pegou seu uma fruta e se dirigiu para outra área, próxima aos pátios externos. Fugir das pessoas não significava paz. Bem ali, no banco onde gostava de sentar, estava Barz Alceu. Natya não sabia de onde ele era, não se importava, mas sabia que filho de um marquês, um garoto mau educado e mimado, ressentido pelo seu pequeno título de nobreza. Porém a princesa não queria desistir de seu lugar. Era seu lugar. Havia boas lembranças ali. Era onde havia visto pela última vez Erekli, seu melhor amigo imaginário. O lugar aonde a brisa soprava na temperatura ideal e havia belas flores por perto. Não pegava sol pela manhã, apenas no final da tarde. Precisava daquele lugar. Era seu. Era perfeito. Era seu. Não era tolice brigar por algo que desejava, que era seu.
“Eu quero que você saia do meu lugar.” Falou para Barz. Ele, junto de seus amigos tão idiotas quanto, ergueu os olhos verdes lentamente e abriu um sorriso amarelo. “Não tem seu nome aqui, tonta.” Respondeu e então cuspiu no banco. Natya sentiu seu sangue ferver e desejou ter poderes para machucar aqueles idiotas, que riam como hienas. “Você é um idiota mal educado!” Brandou, o mais brava que sua voz infantil e seu tamanho permitiam. “Você está me irritando.” Alceu anunciou, se levantando. Natya sentiu Malkhaz inquieto, embora estivesse calado. “Você é uma tonta. É o que todos pensam.” Falou, em uma tentativa de intimidá-la. A princesa queria desferir um soco naquela cara branca, mas sabia que só iria ferir a si mesma. “Não me importo. Mas caso se importe com o que todos pensam sobre você, eles acham que você é um invejoso!” Natya gritou, chamando atenção das outras pessoas por perto. A face de Barz assumiu um tom avermelhado, mas ela não estava preocupada.
Em uma velocidade assustadora, talvez concedida por seu patrono, Barz empurrou Natya, fazendo com que ela caísse de traseiro há uns dois bons metros de onde estavam. No pátio. No sol. O grito enfurecido de Malkhaz foi a última coisa que ouviu. A distância doía nela também, mas algo pior acontecia em seu corpo. Era como se pegasse fogo. Sua pele estava em chamas, queimando. Podia sentir se tornando um ser desfigurado, a fumaça deixando suas vestes. Doía. Doía. Ardia. O sol era como um veneno em sua pele. Natya só conseguia se debater em agonia, gritando de dor. Não conseguia enxergar, não conseguia ouvir nada, seu ser sendo apenas reduzido a dor. Sua existência era dolorida. Não havia outra forma de descrever. Queimava. Sentia que podia ser a qualquer momento reduzida a um monte de pó. Queria morrer.
Então veio um alívio. Estava no colo de Malkhaz. Uma roda de alunos e daemons havia se formado em volta, mas Natya estava nos braços de Malkhaz, que a aninhava como se fosse um filhote. Sua pele não existia mais, era apenas carne vermelha e fedida. Sentia-se um monstro, mas sentia-se protegida. E também estranha. Nunca havia experimentado tanta proximidade com o gorila. Ele era reservado demais, sequer se comunicava com a scions. Mas aquela ele estava ali, cuidando dela, protegendo-a. “Obrigada.” Ela disse, enfiando seu rosto no pelo dele para chorar sem que os outros vissem. Eu te protejo. Ele respondeu. Não era uma grande declaração. Ou uma grande frase de incentivo e cumplicidade. Mas era maior do que todas as coisas que ele tinha dito. Era um passo dado em direção a uma amizade. Sabia que suas vidas estavam conectadas, mas Natya nem sabia se o daemon gostava de viver, podendo muito bem tê-la deixado ao sol, virando pó. Contudo, o gorila gritou, agrediu os agressores e foi ao resgate da princesa. Era um início. Tanto Natya quando Malkhaz sentiam isso.
4 notes · View notes
egyptianprincessxn · 6 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
My soul, who I am. 
Quando seu único ponto de refúgio se torna o único ser que a compreende não há problema em brigar ou aceitar as críticas ofertadas. Anúbis fora bondoso ao privar a pequena Neftis de seus poderes mais obscuros, era divertido ver a criança pregando peças quando aprendera a usar seu poder primário, quando atravessava portas e paredes assustando os moradores do Palácio do Cairo, ou quando fugia das broncas do nosso amado Faraó por suas traquinagens. Neftis era risonha, uma criança feliz. Khufu ainda não era um gato, tinha a forma de um leão pois Neftis adorava as ilustrações que via do animal, a enorme juba e o rugido poderoso eram mágicos na visão da menina. Inseparáveis. Mais do que já eram, não somente pelo laço mágico, era mais, talvez o comum para qualquer daemon, entretanto não deixava de ser forte. 
Entretanto, o grande deus da mumificação não poderia privar sua criança da outra dádiva, esta que infelizmente não era tão alegre e nem tão bonita. Feita de trevas, vinda do Duat. Necromancia. Comunicação com os mortos, para os egípcios, soa como algo bom, afinal, passaram séculos aperfeiçoando as técnicas de mumificação para que seu corpo terreno tivesse a chance de retomar seu Ba e Ka e finalmente se transformar no Akh, o corpo completo com alma e força vital para viver eternamente ao lado dos deuses em seu plano. Não somente isso, havia ainda o temido Tribunal de Osíris, onde Anúbis aguardava segurando sua fera Ammit que devorava os impuros sem nenhum tipo de remorso. Para passar por este julgamento o coração deveria pesar menos que uma pena, isso queria dizer que tal espírito fora bom em vida, que não praticou o mal e não desrespeito aos deuses, seria aceito ao lado dos mesmos e, assim como Rio Nilo, renasceria para a vida eterna. Caso contrário, Ammit, o demônio de Anúbis, monstro que combinava um felino, um hipopótamo e um crocodilo, o devorava e assim seu espírito se perdia para sempre, sem o renascimento, apenas o fim. 
Há quem diga que é uma dádiva importante, pessoas que perderam suas famílias com certeza adorariam a chance de voltar a se comunicar com os mesmos. No entanto, não era tão simples assim. Neftis ainda era pequena o suficiente para ter medo de fantasmas, logo, seu poder somente lhe causava angustia sem fim, afinal ela não o controlava de fato. E foi no pior momento possível que esse lhe aflorou. 
Era noite, Khufu dormia aos pés da cama e Neftis jazia escondida sob os lençóis em sua cama, como uma barraca improvisada, sua esfera ainda era uma lanterna, como aquela que Anúbis usava para guiar os mortos, mas a criança ainda não entendia de fato o que aquilo queria dizer, e estava acesa pois já havia passado a hora de dormir, desta forma, teria que se esconder de sua mãe e não acordar Nefertiti na cama próxima. Tinha em mãos um livro de conto de fadas, dos que ela mais gostava de ler, aqueles que Maya lia quando estava disposta. Os risinhos da princesa eram abafados pela mesma com a mão por sobre a boca, a aventura de fazer algo que não podia era emocionante, mesmo que inocente daquela forma. 
Fora em meio a sua leitura que a angustia e dor tomaram conta de seu corpo, como um aviso de mau agouro, algum ruim aconteceria, mas Neftis estava com medo de fazer algo e acordar sua irmã. Por pura curiosidade, a princesa descobriu sua cabeça, a lanterna em sua mão lançava uma luz fraca pelo cômodo no momento em que Khufu pulou sobre a cama, ele também havia sentido algo, provavelmente por causa dela. E então sua primeira aparição se fez presente. Era uma pessoa, porém translúcida, tinha os olhos fundos e suas túnicas eram velhas e rasgadas, ela gemia, mas não era em dor. Um gemido que fazia a criança se arrepiar de medo. Aquela imagem se aproximava da cama, lentamente, tinha um braço esquelético esticado, como se pedisse algo, a boca aberta derramava sangue escuro por suas vestes e ela não parava de chegar perto. A criança chorava, calada, mas era nítido suas lágrimas correndo pelo rosto, pingando por seu pijama enquanto que Khufu mantinha-se ao lado dela, como um aviso de que estava ali já que ele parecia entender melhor o que estava havendo e não podia interferir nos planos de Anúbis. 
O toque da criatura sobrenatural na menina, porém, lhe deu uma visão diferente, como se tivesse saído do seu quarto e virado uma espectadora de algo que ela não tinha controle. E foi ao assistir a todo aquele horror vivido pelo que havia sido uma bela mulher e fora morta por seu marido. E Neftis assistiu, tudo, de perto e como se estivesse acontecendo de forma real em sua frente. Para uma criança era a pior coisa para se assistir, mas Anúbis havia a feito assistir pela dádiva que lhe fora ofertada. 
Quando sua mente retornara ao quarto, Khufu já não era mais o filhote de leão de outrora, -- Neftis só entenderia quando mais velha o motivo da mudança -- era um animal menor e completamente sem pelo, um gato sphynx, enrugado e estranhamente fofo que a encarava intensamente. Tinha a respiração rápida e descompassada, ainda chorava em silêncio e tremia devido ao medo que sentia e as imagens que não saiam de sua mente. O daemon ainda a olhava, não parecia ter piscado e ela devolvia a intensidade do olhar, ao mesmo tempo que havia ternura no mesmo, ao menos um acalento num momento de angustia. Khufu tentava a acalmar, como se fosse de fato um humano, seu pai ou sua mãe lhe consolando, ele parecia entender o que havia acontecido e talvez tivesse uma noção do que viria pela frente a partir daquela noite. 
As visões de Neftis passaram a ser recorrentes, e Khufu estava sempre ao seu lado para lhe consolar depois de ver as mortes dos espíritos vagantes. É o único que consegue deixar Neftis minimamente confortável ao receber as visões pois a princesa não pode mais fugir de sua sina. Neftis já teria visitado Anúbis no Duat se não fosse seu gato ranzinza, portanto, por mais que os dois vivam discutindo na frente dos outros, Neftis é grata por ser Khufu a lhe acalmar durante suas crises nervosas e suas visões de horror proporcionadas por sua dádiva um pouco controversa. 
Os fantasmas lhe assombram, mas Khufu a ajuda a continuar viva, mesmo atormentada todos os dias de sua vida.
4 notes · View notes