Tumgik
31yanthems · 15 days
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Tenho tentado entender
e acho que queria ser uma grande coisa na sua vida. Uma memoria rasgante no meio do dia, um lamento, um sonho. A coisa mais especial dos ultimos tempos, um chacoalhão nos dias, uma surpresa que você tenta recolher pedaços da memória que já tá se desfazendo. Queria que te preocupasse que essa lembrança possa estar sumindo, e que por isso você talvez tenha inventado alguma coisa, aumentado. Queria que te preocupasse não saber mais distinguir o que é real e o que você queria que fosse real, ou que as coisas mais legais já tenham sumido desse registro frágil. Queria que você ouvisse a música pensando em mim. Que você se achasse estúpido e emocionado, que questionasse sua sanidade. Que sonhasse acordado. Que visse minhas fotos com um sorrisinho. Que bolasse mil rotas de me encontrar, e que a impossibilidade delas serem reais te fizesse querer chorar. Até chorar. Queria que eu fosse mais legal do que você imaginava. Que você tivesse impulsos de me mandar uma mensagem. Que você falasse de mim pro seu terapeuta. Que tivesse preocupado com esse sentimento. Queria te ver de novo e entender o que aconteceu comigo. Queria nunca ter te visto aquele dia. Queria ser melhor. Mais madura, forte, leal. Queria exterminar essa angústia e me sentir menos patética e perdida. Encarar as coisas das quais eu devo estar fugindo.
Eu to muito perdida, numa solidão imensa.
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31yanthems · 2 months
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excel da alma
vamos lá. é preciso ser prática agora, objetivamente adulta. como? o método mais antigo de tomada de decisão: prós e contras num papel documento na tela. mas depois eu faço. comecei aqui e me dei conta que nem sei o que comparar. fez mais sentido enquanto projeto abstrato na minha cabeça.
to meio desesperada, e só eu posso me ajudar. meu deus, que regressão bizarra.
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31yanthems · 2 months
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preciso falar.
Tumblr media
e é pra não se transformar em outra coisa, ou que a coisa desapareça.
tenho testado alguns limites da responsabilidade de existir. existir em mim, existir com os outros. ignorando muito do que eu sei que é preciso fazer pra não sair dos trilhos.
é um desempenho meia boca de botar o pé na borda do diferente. como desaprender a andar antes de concluir o passo pro abismo ou pro trampolim. uma preguiça que me encolhe.
os dias passam, to na mesma. nada é triste como ja foi um dia, então tudo bem.
afinal, ta tudo aqui na palma da minha mão, não tá?
me lembram disso o tempo todo. tem dias que eu tenho certeza que tenho o prêmio da vida: trabalho bom. durmo ao lado de quem me ama. um lar. o privilégio de uma rotina serena. família por perto. saúde. possibilidade de realizar coisas, ir aqui e ali com certa independência.
acho que era tudo isso o que eu sempre quis.
mas então, de onde veio esse sentimento? o de anteontem, esse tão novo. sinto ele vir ora do estômago, ora da razão mesmo. eu vejo as razões, mas me intriga o que ele é.
eu quero tentar traduzir aqui. é um choque não sentir culpa. fiz exatamente o que eu queria ter feito, segui o que a honestidade de SER me liberou fazer. eu já era assim? o que despertou aqui?
de repente repensar tudo o que tá ao meu redor ficou natural. do nada, um deslocamento que boa parte do dia parece um sonho esquisito. to no sofá da minha casa. o que que eu to fazendo aqui?
era ali que eu queria tá. lá. paralisar tudo pra fazer durar esse dia que foi só meu.
fiquei o dia pensando que, se minha vida fosse uma série. esse episódio seria um dos mais legais. aqueles especiais, com uma direção de arte bonita. lembrei agora daquele episódio da marnie em girls, que ela reencontra o ex namorado. o melhor da série toda. dá um estranhamento, dá tristeza, dá esperança, dá tesão, dá tristeza de novo, e desesperança no final.
revi duas vezes a cena da julie, a angustiada do filme que ja tinha me arrebatado. revi o filme todo. é tanto daquilo da cena de penetra no casamento. tanto daquilo aqui dentro. gritando.
essa a minha noite, a que eu preciso falar, foi incrível. palmas por eu ter coragem de sair sozinha. palmas. me arrumei, me senti bonita o suficiente, botei um brincão e fui ser só eu naquela cidade imensa que me dá tantas sensações conflitantes.
depois de um susto de achar que daria tudo errado, e que sou burra de perder meu celular, que o karma me atingiu só por eu ter alguns pensamentos específicos demais nesse dia, veio a reviravolta.
me atravessou, literalmente. de casaco e nike preto.
o que que tá acontecendo? parte 1
a intenção era dar oi. o surpreendente único rosto conhecido, tão gracinha, vou dar um oi em algum momento. justo, porque depois de um tempo sozinha em uma festa a coisa começa a ficar esquisita, deslocada demais, e eu não tava afim de voltar pra casa. eu saí querendo que alguma coisa acontecesse. fazer uma amiga, ouvir um elogio, quem sabe inventar uma personagem pra vestir numa conversa meio bêbada. queria viver por mim, queria muito. e nesse dia a coragem tava maior, ou sei lá, uma energia intuitiva.
dei oi.
a voz do outro oi era calminha, estranhamente aberta a ficar por ali, continuando a falar nesse mesmo tom. legal, pensei. quais as chances. acho que a companhia vai ser boa, improvavelmente boa.
não tá um estranho ruim. mas tá um estranho estranho.
mas ainda to feliz, talvez pela bebida, talvez porque eu não iria embora pra ficar sozinha naquele quarto. queria muito mesmo fazer um amigo. alguém que me fizesse perguntas. que elogiasse minha camisa ou meu perfume.
caramba que saudade de ser interessante. que saudade.
que legal dançar. que rosto bonito na minha frente. que presença suave e gentil. que sorte, porque é tão fácil eu achar que todo mundo é chato demais. tava seguro, tava leve e eu tava ali. eu.
ninguém pra me mandar ir embora. ninguém com dor no pé pra eu ter que ir embora junto. era eu comigo mesma, gastanto um dinheiro que é meu, sem um mínimo de satisfação pra dar, sob um olhar que eu nunca mais tinha ficado feliz assim em receber.
toca lenny kravitz. toca mj. beyonce, a melhor, que é love on top. que set sucesso, que drink bom, que liberdade de não conhecer absolutamente ninguém e ser quase invisível na cidade grande. que ótimo momento pra neutralizar tudo e começar a partir dali, pelo menos ate o fim desse episódio de 6 ou 7 horas.
que episódio legal.
o que que tá acontecendo? parte 2
essa cena é aquela que eu torceria muito pra personagem se encorajar. tudo caminha pra isso, só vai! você tá TÃO feliz. por tanta coisa que tava entalada e escondida aí nesse baú interior. eu te entendo, faz TODO sentido isso acontecer a essa altura da série. é humano, é ser mulher, é ser ainda jovem, é se deixar emocionar e sentir coisas. faz todo sentido, mesmo que alguns fãs da série te achem péssima. o episódio tá tão fluido... e intrigantemente encantador.
a trilha sonora ainda tá um grande hit, a casa é escura e as luzes piscam colorido. ta frio e ao redor todo mundo dança, ninguém ta suado. to torcendo pra personagem, vou ficar com raiva se ela tomar outra atitude agora. questão de coerência, te acompanhei por todas essas temporadas pra saber que, pra essa específica angústia não ficar no estado de sempre, mais favorável que isso não vai ficar.
toma um ar no banheiro. tá bonita. vai viver.
e não tem quase nenhuma culpa aqui. é uma fenda no espaço-tempo, é a bebida. é a cabeça oca de se arriscar e, só hoje, ligar os 22 anos.
a música continua, mas a festa vai acabando.
lá fora tá mais frio. ai que fofo o casacodMEUDEUS quando que eu iria imaginar? de repente, meu coração ta deitado em uma mentinha fleece nessa calçada. o que-que-ta-acontecendo.
queria ficar, mas os 22 anos tão voando ali, ja to com quase 30 de novo. mas e se eu ficasse ali? faria sentido? quero um pouco chorar, mas nao sei bem o porquê. a plena experiência dos 31 em engolir inquietudes não deixa nada transparecer no meu rosto. acho.
o episódio tá acabando... respiro e sou responsável. é hora de dar tchau, o sol ainda não nasceu. tem que ser assim. engole seco e é isso aí, digere depois.
aí que na verdade foi adeus, né. e eu não to entendendo o porquê de eu ainda querer chorar desde então. qualquer coisa além desse caminho seria ruim, nenhuma hipótese de dar certo.
mas eu quero chorar. tenho que trabalhar, mas precisei escrever porque falar pra alguém não é uma saída. já é madrugada. é íntimo demais. muitos elementos inexplicáveis.
e claro que é um bando de sentimento ampliado, porque a personagem da série sou eu. é minha mente que tem o histórico todo dessa vida, dessa falta, dessa curiosidade adormecida.
são minhas as frustrações, os anseios, os medos, a autoestima, a adolescente que ainda vive em mim tá aqui. é aqui que toca yo la tengo quando ela vem, é do fundo do meu coração.
é
a
minha
vida.
eu vou seguir nela assim, sabendo que essa névoa mental vai se dissipar, com saudade imensa já desse episódio, essa vazão que não vai se repetir.
mas que legal ter vivido ele.
#ue
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