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Kees Scherer - Temple of Nefertari at Abu Simbel, Egypt, 1965-1968
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vitor
comecei a transitar livremente com as mãos em suas veias antebrassais, seguia seus pelos pretos no peito, uma curva acentuada em cada sorriso, em cada traço de sentença. sentia percorrer por algo novo, um conhecer de mundo tão animado e ao mesmo tempo um pouco triste, semblante confuso parecido com que já tinha visto, entre o estar só e o não estar. deslizei também pelos seus cabelos e cachos adocicados, nem lembro quantas vezes nos transamos, mas foram muitas, espessas trocadas, grosseiras estudantis da safadeza. como queria entender aquilo que ocorria, que nos partia em mil pedaços à beira daquele abismo.
movimento molhado foi esse encontro de margens circundadas pelo passado, búzios abertos búzios fechados, empurrando os arames da cumplicidade no olhar esnobe enquanto me entendo atento. ou aos teus pés simbólicos de homúnculo dançarino-pensante, admirando o limite demarcado como se fosse seu trunfo. Distante. aff como poderia saber que ele não acredita Naquele e ainda me zombaria, que está fora disso tudo aqui que sou? eu absorto nos meus pensamentos me viro e questiono a experiência da natureza minha realidade.
apaixonado pelo seu distanciamento nos meus olhos baços tentando entender, diante de ti o que vê?
Percebe que minha fala tem algo de ambíguo? por esse medo da essência de não entender achei que estaria resolvido mas nem isso posso ser sem aprender, sem inutilmente tentar estar livre e me perpetuar. gravado no meu peito o amor inexistente. mas te sei que está lá a virilidade secreta. não sabia que vida de amante era tão solitária, babada em um feltro impenetrável de gosto rabisco e do tédio. As pessoas possuem um tédio ocioso, o tedio desse seu sorriso falso, desses buracos de osso que não carregam nada, que aflora a rememoração da morte. nada nessa mão nada nessa outra. nem desses seus caboclos que você nem cuida, sempre cada vez mais curto e me gritando de cadela vagabunda. eu deitada como se fosse ficar ali no triste caminho das pedras distantes.
eu me sentia continuando em você, sem algum sentido nenhum isso, retardando a crescente abertura do que não tive, ironicamente procurandodentro e fora ao mesmo tempo, escorrendo nesse rio como se não tivesse corpo, e sem corpo sem serventia.
trágica ternura de um amante que não tem serventia sem o corpo, sem as escamas de apego, caindo além da garrafa escorregadia e quebrada no muro improvisado, o quadro do espírito de porco ao meu lado, a efemeridade do delírio, mas não mais em tu, mas também em mim,, secreto, trágico, rodando num esférico arco de verniz rubro sobre as esfinges. traga-me o que não posso suportar para então que eu entenda que vivo. esbarro em qualquer outra brecha que me possa aparecer, venha me ensine a amar e dizer que tudo ficara como os meus sonhos, mas verdadeiros anos não foram em vão, e eu precisaria passar por tudo isso até chegar … e apenas chegar. queria escutar tudo isso no meu encontro com o vazio,
agora
toda vez que tento te contar me lembro de vc falando sobre sua vida e sobre suas escolhas musicais, ou ainda fazendo um bekinho pra gente tomar café. era chic, eu sentado ao lado de uma mesa bastante curiosa pela forma e pela altura, como nos cachos das bananeiras na sua porta, vida tranquila aparente. aspecto geral: uma casa simples para uma pessoa não tão simples. eu não tenho cortinas. eu não sei o que é planta dentro de casa, só lá fora no sereno e na chuva.
olhando de volta para mim, alteridade me mede e me refugia para outro universo que não entendo, um outro que fui, submerso ao estado plantativo, esnobe, queria sair dessa terra, desse desfalecimento de todo todo estranhus modius que me apossou, desfruto encantado quando eu também fui Nada. nada para ele, nada para ela, nada para a instituição. que não quero eu senão as sementes, empurrar na sombra da própria discórdia, louco fechado, traço de ruína com tanta leveza de um cetim. a carne que deveria ser minha, e ser acariciada, percorrida até os mais altos ponto celestes, e fuder d e l i c i o s a m e n t e nos dias apaixonados.
e na última vez, algo estranho desaguou em mim. uma pose destilando incertezas e abandono. eu não consigo esquecer ele até terminar de escrever tudo sobre ele, e assim me esvaziar dele, sabotar esse discurso de homem macho febril hipócrita, decorrente de um desfeito. talvez seja a dor de crescimento, talvez eu não sabia o que fazer depois de tudo que aconteceu. Saber o que os sábios sabem e emanam. que eu entenda de amor. um dia.
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É palavra inexistente da fala que não diz esboços do que quer dizer
É coisa vazia, estrangulamento leve dorzinha alada mexendo aquele coração entre pedras
Salivei só de pensar na boca da pelvi o tesão da saliva escorre no silêncio Como é bom dar e receber carinho de uma coisa preciosa O amor é tão bonito por dentro.
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Publicação faz parte da Coleção Pajubá, editada pelo selo Hecatombe e editora Urutau. Pela linguagem fotolivro, Barbatana mergulha sobre percursos do encontro e da ruptura da linguagem dentro do cenário homoafetivo, e bsuca sobretudo ums resposta quase epistolar sobre o amor. A venda no link da editora Urutau https://editoraurutau.com/titulo/barbatana
"O título que Lucas Malkut dá ao seu livro de estreia guarda uma provocação inicial: o que a parte de um corpo pode falar sobre o corpo? E o que não está nele que também o anuncia? Em Barbatana, este jogo de presença-ausência parece desenhar as linhas com que o autor registra aquilo que fica de quem se dispõe a seguir com o movimento do mergulho. Dividido em quatro partes e intercalado por fotografias, alguns dos poemas possuem certa fisionomia de carta, introduzindo ao leitor a presença (ausência) de um outro um você; ou uma multidão a ser alcançada. Mas é no fugidio que reside a implicação literária aqui perseguida, como se para Malkut fosse uma sina capturar (com o corpo) o que é de natureza incapturável - ou ainda como se o mesmo, ;lambendo tudo que há contradição;, desejasse tal condição. E este é o acordo: quero me misturar até ao que nunca vi;. É assim que a voz em Barbatana, que ora assume o nome do próprio autor, atira, para destinatários incertos, senhas e imagens que ficam a boiar por um certo tempo. E nesse quase-epistolar não há como saber se estamos diante da memória ou de conjurações. Chance-fantasia, nos fisga o autor em um dado momento. E não é assim que conspiramos? No contato com o ambiente ao redor, um exterior estimulante/fulminante, o corpo acontece. Na rua você é tão radiante / mas em casa se cobre todo, emudesse pode ser um lamento permitido, mas para Malkut tanto o dentro quanto o fora dão em águas. Em Barbatana, o mar se metamorfoseia, assim como lhe é próprio, e pode ser lido como sendo a cama, o desconhecido, a lente ou o próprio corpo: somos quase idênticas (eu e a água). Mas não é necessariamente um tema. Está mais para uma via de acesso com muitas direções, cuja função é a de criar o compromisso literário em nome de um arcabouço semântico prioritariamente encarnado, essencialmente erótico. Como quem diz: quem escreve deve ser o corpo em movimento, desviado e libidinoso, que se propõe, sem receio, a ser incompreensível, que recolhe o todo por onde passa;, mesmo que deixe rastros emaranhados sobre a imagem".
Jjoão Paes
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classificado
meu nome é Lucas e estou desenvolvendo esse formato de ensaio com fotos avulsas Depende do interesse da pessoa
Podemos pensar em fazer C/L interno ou externo, nudes ou uma pegada mais artística se é que me entende
aqui está um pouco do meu trabalho
como disse ainda não há trabalhos em nudismo pq estou desenvolvendo, mas há outros para ter uma noção 71XXXXXX
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Será que minha mente virou brilhante?
Para Jj.
Para com isso binha pensa que o dia só está nascendo e os nãos não estão por perto
Pensa nos espaços errados demais quando falam por si só
Pensa na dinâmica de querer dar fim nas coisas (só penso nisso)
na imaturidade de dizer sim álgumas coisas
delícia mesmo é dizer quando se quer dizer tchau
Pensa no caso das viúvas grávidas , a vida dá jeito dá fim mas dá começo o tempo todo.
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foi o suficiente para poder voltar a escrever, essa pasta-dor que não passa. em silêncio eu consigo escrever. só que não existe Silêncio em seu conceito. Você me escuta quando eu falo com você?
Nessa noite sonhei que estava numa cafeteria com o Ruivo Baiano e eu não sei o que ele disse sobre o Irmã Dulce mas eu estava chorando, chorando uma velha dor.
Dor da esquisitice. Esse final de semana transei duas vezes com duas pessoas diferentes. Em uma eu gozei, e na outra não. O que não gozei foi na segundavez o que me fez perder a segunda-feira no outro dia.
Esse dia era hoje.
Fui no mercado e novamente estava tentando carregar mais do que podia. na esquina um exu me cruzou perguntando se eu queria ajuda. recusei. Um passo depois minhas coisas espalharam no centro da rua. Eu Chorei.
E eu pude ver todas as minhas coisas espalhadas na rua a dimensão sustentando uma vida que não tenho ou insisto dizer qeu dá
A verdade é que eu quero morar na beira da margem para poder pescar. Se eu pudesse pescar o peixe que eu vou comer na sexta-feira seria um dia bom. Uma noite boa e calma respirando o meu desejo. Em vão eu não consigo pegar as coisas que eu comprei. O exu retorna e me ajuda, outro homem no outro lado da rua me ajuda tbm. O turvo da raiva e desespero me rondou o dia todo até que pegou exatamente neste momento. tudo o que tinha até então se espalhou na rua.
me esparramou por inteiro e pude me ver. vulnerável. o date ruim, o sexo bom, o trabalho que não rende o mês, o copo e o jarro quebraram e a cachça escorreu.
Aviso: não posso mais carregar mais do que possuo!, e não tenho feito mais trocas ultimamente, fui ressecando com o vento, as roupas estão ressecando com o tempo.
penso tanto na falta que ela realmente apareceu. e isolado ganho o andar novamente, as coisas elas que se mexem, as partes elas se mexem tbm, derretendo na cozinha. não é ruim estar só, é ruim estar só e não fazer nada sobre isso.
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osun é sol interno dentro da casa que você mora o ouro osun é areado de nítida essência na porta d'água residência
ensolaradas folhas penetram o noturno tempo empedradas suas correntes são nubladas de momento se vê no frescor da casa irradia a beleza da cara e da minha beleza tardia
plúmbeo alicerce prazer minha deusa anterior
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era de aquário se prepare se sua mãe já era teimosa e tudo começou a decolar no telescópio 🔭 tem uma aglomeração as luzes só piscam e duas garotas escrevem jutas quase que no mesmo ritmo em dois cadernos e lapiseiras reluzentes a luz pisca e me sinto indo e vindo no vento, tentando entender as linhas que quase devoro na hora do fenômeno quero subir a mudança só se leva o que se têm os rastros ficam enquanto não se mistura enquanto não cruza o ascendente em virgem afobados os erês dão entender que nossas maiores conquistas são reflexos momento, tão old style quanto os anos 90's e agora tudo era óbvio entre latidos, o cão e o mundo que se abre de novo nem por um instante fui ver. me deitaria e me aceitaria como parte do seu trabalho de arte sobre o amor
Morro do cristo, visão de saturno 2022.
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a estrela impenetrável nem de um ângulo, nem de outro os escritores me empurram para a fotografia
a fotografia me joga pras artes visuais as artes visuais preferem que eu estivesse morto e eu só quero ser e te odiar 04/12/2020
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constantemente um outro. kalaia mostra em seu espelho a imagem do outro, pra você que é um outro, uma possibilidade de ser o que jamais nenhum outro foi, um completo integrado que respira a devoção por inteiro. eu sou a voz do tempo e de nada adianta dizer contrário. espesso, a esfera significativa do constante outro que me vejo. Naquilo que vi e acredito que seja verdade: opostos os corpos que transacionam na vibração.
[será ambíguo?]
era esse pensamento que obcecava meu corpo no chão. um corpo de não pertencimento selvagem, ileso ao aspecto, desdém de uma cidade pequena. Um corpo nascente porém invertido e ejaculando maldades no mesmo sentido imerso de emoções clandestinas. Seria a luz o trovão na ascendência adquirida junto ao nome feito a lápis? como será o meu eu-morte? virá tarde? ainda não estou integrado a essa paisagem... me desloco constantemente no sufoco ensaio emendando alguma outra coisa ali móvel, alguma coisa fria que é interna e se afasta. Sinto a falta como uma imensidão dos dias que me esfarelam. A estrela nas mãos poentes desde sempre mostrando um rosto limpo de olhos fortes e verdadeiros que não sabe mentir, tateando o esfumaçado e corroído tempo de esfinge sagrada. às migalhas nas travessas do que tive direito: sexo com homens, beijos resistentes, geralmente estrangeiro, quando posso dizer que vivi em um país é quase uma benção, e deveria ser uma constante viagem de Tempo, incorporando a onda e o nada.
[deserto]
abaixo de mim tem uma última fonte de desejo, uma despedida que nunca chegou. Ou se foi há muito tempo. Por isso eu canto. Canto por você. Canto pela alma mesmo não sendo tardiamMinha vida. Eu-vida-esperança na sua presença, na sua sagrada arma do quase-amor. Pavio constante. Estrada do Eutro. Dupla letargia. Sorrio porque agora parte de mim é lembrança sua, viajas constante comigo dando o de comer e o de correr a rua, dando tempo ao tempo.
[sonho]
uma vez olhei no fundo do mar e pude ver as linhas cristalinas que emendam o espaço, as fendas verdes-irís de dentro mar. Era lua nova e meu corpo estremeceu como um cão fugitivo de braço-abrigo. Constante água na boca. Atmosfera demorada deliciava sem nem arder na cara e me prender aos teus mais lindos nadas, ocos expelindo o lascivio livre arbítrio de enseada. Venta muita a cara de quem estive à sós. Você vem com um outro. A mesma medida no olhar prendendo o sepulcro tempo, a vida em pedaços. Lisos altos, um tecido branco nas costas - a beleza em si - a dona da vida, esfinge amarela, dedos, girassóis.
[é perigoso escrever]
demorei muito para tentar escrever girassol, um contorno que surgiu de suas pequenas pétalas douradas e sementes rajadas, rondando eternamente em direção à luz mais forte, sinistra, interna, Eu-Girassol, repleto de ascendência diluída nas mãos, no pinto, no sovaco, no desejo aprendiz que se desfaz do corpo-aprendizado. Vou aproveitar antes que a terra coma.
[a terra come]
tudo é deserto se a terra já consumiu o seu redor. E mesmo assim, na mais pura e delicadeza maldade da ilusão, mais cedo ou mais tarde vem, vem Você-miragem do outro alguém. Do outro corpo além do meu, etérea imagem do rosto de alguém. Um lembrete, Rosto-aviso, entregue na solitude. Vem. Assovia. Chama por mim, desenfreado coração. Te admiro muito. Mas hoje preciso descansar.
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Como não saberia amar, meu amor, se atravesso o deserto carregando o vazio?
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O desejo só esquece a si, um trajeto ruidoso com cheiro puro de cinzas no mármore. O balcão não era nem frio nem calor, era apenas este beijo molhado e escorrido, e trêmulo. Afoito mesmo. Paixões misteriosas não podiam acontecer, não saberiam jamais da sua voz rouca de personagem mal resolvido. Mal crescido, mal alimentado. E eu ali sentado ao som de Strauss (de que peça mesmo?), enxergando seus olhos fechados refletidos nos metais das paredes. Atravessado de portas espinhosas. Puxado pelos cabelos e arrastado pelo chão gélido do salão principal seu nome: renascido. Há o abismo entre eu e sua camisa branca. Meu transe estava aí aonde está você agora. Fechado e cheio de perguntas. Nunca mais o vi. E por aí vai. Acho que o texto vai ser o início de um memorando. Rápido como foi e intenso como jamais será novamente.
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desconvidado é ferro e agulha esse vento soco tempo abro uma fagulha e ferida denso num transtorno polar
escrevo para alguém não muito distante como se fosse quase ouvir se tenho algo a falar
senão em qualquer lugar eu sendo um constante estrangeiro volto com as pistas do mesmo envolto no lapso solar
há anos fui alguém contornando uma malha estranha teia, um vazio mar
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entre frestas
vórtices
escorrendo ///////////////////////////////////////////////////////////////ponto arestas e água
via folhas planagens
debaixo da terra fininhas
algo quase como se fosse esse livro
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