addamantio-l
addamantio-l
the gambler
81 posts
i feel something so right doing the wrong thing i couldn't lie. everything that kills me makes me feel alive. lorenzo addamantio. 21 years old. i am the one you're begging for.
Don't wanna be here? Send us removal request.
addamantio-l · 4 years ago
Text
Durante os primeiros meses de casamento, Lorenzo se entregou a todo tipo de alternativa que o desvencilhasse de sua esposa. Esteve em lugares que sabia que ela jamais estaria, bebeu coisas que ela jamais chegaria nem mesmo perto.Houveram vezes que ele tentara acabar de uma vez com a própria vida. Beber até não sobrar nada vivo, se drogar até morrer drogado como alguns integrantes do clube dos 27, ainda que sua idade não condissesse com isso. Tentou por outros métodos mais drásticos, mas tudo o que sentia era mais sede por mecanismos de autodestruição. Como já dizia a música: everything that kills me makes me feel alive. Ou também: everything that drowns me makes me wanna fly.
No entanto, nos meses seguintes percebera que ser o deus da destruição não faria a maldita Faletti a largar do seu pé. A maldita havia se apaixonado por aquilo que  Lorenzo era e precisaria de estratégia para aquele martírio acabar de um modo que as pessoas que o moreno se importava não sairiam tão prejudicadas. Lorenzo então começou a colecionar amantes muito específicos, fortunas, pessoas que dantes sequer seriam cogitados. Aprender a negociar, a lavar o dinheiro dos políticos que ele fodia, dos mafiosos que se colocavam na coleira.
Tudo para quê? Para convergir em Vegas.
Naquela maldita Vegas que estava agora, com olhos famintos em sua pele e salivas escorrendo para o seu homem. Aquilo fazia o sangue do italiano ferver, ao mesmo tempo que o enchia de orgulho. Se fosse cair, que fosse por um filho da puta tão bom quanto ele.
Voltar pra sua verdadeira casa, ser quem sempre foi, mas com a conta bancária tendo mais que a mesada que seu pai fornecia há dois anos. Voltar como parte da pútrida Vegas, que era uma forma física do que havia dentro do italiano. Mas a merda da vida gosta de chutar as bolas das pessoas coincidiu de que enquanto articulava sua volta, um loiro filho da puta apareceu no seu caminho.
E por filho da puta não queria dizer apenas na sensualidade aflorada. Mas um ardiloso que é capaz de perverter quaisquer pensamentos. Menos os dele. Se deixou sentar na cadeira, ter seu corpo melado de álcool - que foi roubado da mão do americano e ingerido. Estava há horas sem beber, sua irritação tava ficando cada vez mais forte. Deixou que Vincent fizesse tudo o que quisesse por um só motivo: Emma. Vince a trouxe pras lembranças do italiano e sabia bem que um de seus seguranças era fiel a esposa e que era mantido em seu squad apenas para que Emma sofresse com o quanto Lorenzo se divertia. 
Apesar de se manter sereno, inerte enquanto Vincent dava o seu show para o público, Lorenzo deixou escapar alguns gemidos. Enroscou seus dedos entre os fios, puxando-os de vez em quando. Quanto mais o tocava, mais o queria devorar. Ouvi-lo aos gritos até que a maldita Vegas tremesse inteira da mais pura inveja de como o loiro estava sendo privilegiado. Já não prestava mais atenção nos lances, no que estava acontecendo fora do que era os dois. Isso até o maldito Vincent fazê-lo perceber que era melhor cair fora daquele show, que voltasse para seus negócios e deixasse que outros o comprassem.
“E quem você acha que é para me dar ordens, donna?” Ergueu a sobrancelha ao nível mais alto. Seus olhos brilhavam em um misto de irritação com desejo. Desejo que claramente não seria satisfeito, o que só deixaria em maus lençós o próximo. Segurou-o pelo queixo e o olhou no fundo dos olhos. Talvez, provavelmente, aquela seria a última vez que se veriam. Parava para decorar a expressão destruída do homem. Tantas eram as coisas que passavam na cabeça naquele momento que a pele branca registrou a marca das violentas mãos de Lorenzo. Apertava-o com força que as unhas derramavam o sangue do homem. “Você sequer tá merecendo muito da minha atenção.” Resmungou.
Não poderia negar que estava excitado, que por estar nu, Vincent conseguiria senti-lo sem nenhum pudor. Queria fazê-lo lamber seus corturnos, queria enchê-lo de tapas e socos até que todas as lições de dois anos atrás voltassem. Mas se obsessões Vincent somente aceitava de Lorenzo, desafios e rebeldia o italiano somente aceitava desse idiota vindo diretamente do quinto dos infernos.
“O percebo mais interessado em quem o comprará do que em mim...” Continuou. Soltara então o loiro por completo, esboçando apenas um pequeno sorriso. Estava em um misto de não se importar de que o seu homem fosse dormir com outro aquela noite ou simplesmente começar a quebrar o orgulho do filho da puta que acha que poderia mandar em um deus. 
Seus dedos tocaram delicadamente a face machucada. Correu por cada cicatriz lenta e docemente. Um tipo de toque que nunca havia sequer feito em toda sua vida. Nesse momento conseguia ouvir seu próprio coração descompassado, quase como um tolo completamente apaixonado - não que ele fosse. Inclinou o corpo para que a língua serpenteasse pelo peito molhado de whisky e suor, um gosto que lhe acendia e lhe queimava completamente. “Talvez eu devesse ir...” O tom de voz, talvez, o denunciasse. A cobra que ele era ainda estava ali, os dados que lhe empurrarão para Vince era quem decidiriam.
Lorenzo tinha confiança e sorte nos dados.
Ele o beijou. Calmo, lento, doce como todos os toques que dera a partir da ordem. Num movimento rápido conseguiu abrir a própria calça de linho puro Segurou, posteriormente, o americano pelas pernas e o encaixou melhor em si, passando a mover o próprio corpo embaixo do amante de forma que ficasse evidente o que seria perdido. Movia-se lentamente numa dança que a música somente tinha em sua cabeça, os gemidos no ouvido do americano grudado a si - já que não havia qualquer espaço - eram poucos, mas provocantes. 
Poucos minutos depois, Lorenzo o segurou em seu colo e o colou sentado na cadeira. Seu pé foi direto para o peito do loiro, a cadeira virou bruscamente calando a boca de todos os que participavam daquele showzinho. Vince gostava de se exibir, Lorenzo gostava de ser adorado, mas, também, gostava de ser invejado. 
“Desaprendeu a implorar?” Questionou, trocando o peito pelo rosto. A marca do coturno italiano ficaria ali, naquele rosto imaculado por dias. O olhava de cima, irritado por absolutamente tudo e nada ao mesmo tempo. “Este é o teu lugar, donna. Não é dando ordens a mim.” Após a fala, tirou o pé do rosto dele e manteve o sorriso superior na cara.
addamantio-l​:
Enquanto estava parado em frente ao Vincent, escutava os lances dados para que o loiro fosse seu escravo por uma noite. Ouvia as vozes de seus seguranças de longe, cumprindo a ordem que dera de cobrir as ofertas. Sabia que não precisava pagar para tomar o que era seu, mas não tinha certeza de nenhum dos movimentos de Vince - coisa que adorava.
“Seus?” Os lábios do italiano se curvaram num sorriso maior do que estava até aquele momento. Aos poucos, soltou o pescoço e agarrou os fios dele com possessividade. Lorenzo não era de ninguém, era verdade, mas não queria dizer que com aquele maldito americano era diferente. Ao contrário. “Se firzer por merecer… Talvez eu possa pensar”. Tomou-o em um beijo bruto, impositivo, faminto. Cheio de saudade, posse. Cheio de Lorenzo e sua tirania, cheio de amor e de ódio. Obcecado, inebriado…
Os carnudos lábios faziam com que o moreno voltasse para casa. Mas o beijo cheio de posse e saudade se interrompeu tão bruscamente quanto começou, para que os lábios de Lorenzo cravassem no pescoço do homem para devorá-lo como a muito não fazia. Mais uma marca, mais um momento de posse.  Mais do que os lábios de Lorenzo pertenciam ao americano, mas nenhuma palavra foi dita enquanto o gosto do sangue lhe invadia os lábios. Mordera até sangrar, que todos se fodessem e entendessem que Vincent poderia vender seu corpo e dançar para todos, mas era nas mãos de Lorenzo que ele se derretia. Que se desmontava, que toques pequenos eram suficiente para gemidos.
 Antes daquele momento, Lorenzo tinha passado muito do seu tempo tentando ocupar a mente com adrenalinas passageiras. Qualquer coisa que o levasse a beira da morte para que ele pudesse sentir alguma coisa, alguma vida. Antes daquele momento, esgotara todas as drogas e overdoses e só tinha uma que seria capaz de suprir aquilo.
Aqueles malditos olhos! 
Aquele maldito desespero!
Aquela adoração que o fazia tremer por dentro. 
Lorenzo o olhava com a superioridade de sempre, o tocava com posse. Segurava-o pelos cachos, obrigando-o a alimentá-lo com seu desespero e adoração que o fazia se arrepiar completamente, o deixava louco para que todo o corpo de Vincent fosse apenas sua tela, sua obra.  Todos aqueles anos e, finalmente, Lorenzo se sentia completo e odiava, odiava toda a dependência que tinha dele.
Vincent até poderia dizer que conhecia muitas facetas de Lorenzo. Os lábios doces e com gosto de nicotina barata, ou álcool barato. O cheiro do perfume italiano, as mãos de ferro. Aquelas mãos que destruia e reconstruía, ordens em forma de palavra, camas aquecidas e dores escondidas atrás de um sorriso malicioso ou vontades para ser atendidas, mas Vincent nunca tinha visto sua versão rica, nunca havia dado a carteirada de filho de político, integrante de várias máfias ao redor do mundo, dono autoproclamado de todos. 
Dinheiro nunca tinha sido um problema. Nem mesmo quando se arrastava por Vegas. O menino mimado de Palermo tinha uma relação estranha com o dinheiro, visto que boa parte de seu estilo de vida era mantido e suas merdas ignoradas pela quantidade de autoridades compradas ou que lambiam o chão que ele pisava, haviam bandidos que entregaram suas fortunas para que Lorenzo fosse agradado, mas não gostava de conforto. Seu lugar era na imundícia, na sargeta. Erguendo-se como um deus dos destruídos e dos caóticos. 
Soltou-o por completo, então e extendeu uma das mãos em direção ao amante. “Vai me deixar aqui?” As palavras soaram melodiosas, como uma canção de uma serpente pronta para dar um bote, envenar qualquer outra pessoa dentro daquele corpo, fazê-lo esquecer de qualquer toque. “Vai dar a outro o que ME pertence, donna”. Estava dando a ele uma escolha, apesar de não soar como uma. Seria seu pela compra ou por escolha. “Vem e eu sou seu.” A mão estendida, um sorriso certeiro no rosto. 
Apesar de tudo ter começado no banheiro de um cassino, queria estar longe. Um beco escuro pra foder e beber. Algo cheio do que eles eram.
Se Lorenzo era serpente, Vincent era a canção da doce e mortífera flauta que a atraía. Quieta, submissa à superioridade da víbora, mas que ecoava dentro da mente do animal faminto como uma sonata impossível de se desenrolar. O moreno era impiedoso, sanguinário, violento e ainda era o loiro o mais imprevisível de ambos: uma ironia singular, um acaso para coroar tão distinta relação – se é que se pode chamar assim  as fodas e a obsessão que, para ele, eram de puríssima poesia. Às luzes caóticas do cassino, tudo era-lhe d’uma beleza hipnótica, os valores por seu corpo não paravam de subir e isso intorpecia cada centímetro daquele corpo sem barreiras, vindo ao mundo para destruir e ser destruído. Ainda assim, nada parecia tão fodidamente entorpecente quanto o outro, sentia dele o aroma de sangue, álcool e alguma colônia que deveria valer mais do que sua própria vida. O quão irônico era toda aquela porra? A última visão que teve de Lorenzo antes daquela noite fora  uma adaga cravada contra aquilo que chamava de coração e, ainda assim, ambos sabiam que não poderiam reverter aquele maldito encontro. Ele poderia simplesmente destruir a cara do outro, fugir, gritar, chorar… e, ainda assim, o que estava fazendo? Criando as doces canções para a sua víbora, como o fodido tolo santo que foi ao se apaixonar por um Judas de olhos castanhos e mãos de ferro. Vincent não podia, simplesmente não podia… era mais cruel, mais sedutor e mais forte que todos os seus homens, exceto por um.
E, honestamente? Que se foda essa narrativa.
Vincent é o fruto proibido.
E Lorenzo é o primeiro pecador.
Um riso dançou naqueles lábios róseos ao sentir a pressão dos fios sendo puxados, conquanto sequer houve tempo de uma resposta à altura. Já estava sendo invadido com aquele beijo possessivo, ultraviolento, embebido na vontade e no ritmo que apenas eles dois possuíam. Porra! Não havia néctar tão dourado, linhas de cocaína tão alucinantes ou coleiras tão perfeitas ao pescoço dele. Lorenzo era tudo isso e muito, muito além. Ainda assim, se você está em um jogo tão viciante e sujo quanto o deles dois, não há como não possuir um blefe em mãos. Aqueles olhos tão angelicais, lábios manchados pelo beijo faminto, as bochechas coradas pela deliciosa dor de estar nas rédeas alheias. Ainda assim, ele se sentia tão vitorioso quanto Lorenzo que lá estava, se deliciando com o fruto proibido, se afundando mais e mais naquele corpo feito para destruir e para conquistar.
O grunhido animalesco que desceu por sua garganta ao sentir os dentes rasgando sua carne o colocou em um estado de adrenalina intensa, a perda de sangue fazendo a mente pulsar, as luzes cegando seus olhos por um precioso e célere momento. Aquilo era melhor que qualquer noite que tivera em anos, aquilo era violência como ele gostava: verdadeira. Cruel. Um ato de pura depravação que à mente fodida do Vincent era como amor verdadeiro. Arqueando o corpo, um gemido perfeitamente melífluo dançou pelos lábios dele até que pudesse ser ouvido por todos. Aquele escravo possuía um mestre. Aquela obra-prima era de um valioso colecionador. Não importava as variações, nada trazia mais satisfação ao americano do que foder e ser fodido pelo o outro, de um modo ou de outro. Ele era um filho da puta procurando por redenção —- não, você não acreditou nisso, não é? Mas, se Vincent acreditasse em perdão divino, seria rendendo-se aos pés do italiano. Lavando-os em sua insana adoração. Em seu estranho amor.
Ele conseguia sentir os olhos comendo-os, os lábios salivando, as notas com gotículas de suor advindas da sensação de ânsia, de desejo. E como Vincent adorava ser objeto de adoração de outros. Se Lorenzo vivera quebrando rédeas de máfias italianas, seu amante permanecera em sua mesma vivência de conquista, luxúria, hotéis mofados e drogas baratas. Mas, ah! Era inegável o quão fodidamente perfeito ele era: uma tela de cicatrizes, pêlos dourados e olhos de oceanos inteiros. Aqueles oceanos que agora admiravam Lorenzo. Um sorriso completamente de filho da puta cresceu nos seus lábios ao ouvir a voz dele novamente.
O quão divertido seria aquilo? Perderam-se os costumes de oferecerem um pequeno show público? Ah, não Vincent. Mordendo o lábio inferior, ele utilizou uma das cadeiras de sua própria apresentação para fazer com que Lorenzo se sentasse. Não havia outra opção, uma vez que o próprio Vince já estava sentado no colo dele, lambendo aqueles lábios com um sorriso sacana. Puxando uma das garrafas de whisky, derramou o líquido contra ambos, os corpos encharcados e todos os olhos em ambos. O loiro era perfeito em fazer com que tudo girasse a seu redor, até mesmo Lorenzo Addamantio, o garoto mimado e acostumado com poder. Ainda assim, ele não parou: abriu a camiseta alheia à força, enquanto os lábios buscavam também o pescoço alheio, pele embebida em whisky e saliva, agora. E descendo, sugando e mordendo toda aquela pele. “Quando você retornar para a porra da sua esposa, ela vai querer saber disso…” disse, enquanto repetia o ato do outro momentos antes, cravando a boca contra o abdômen de Lorenzo, aplicando pressão, rindo enquanto se dava ao prazer de olhar para o alto. Vê-lo como um rei. Seu rei.
De pé novamente, ele sentou-se mais uma vez no colo alheio. Os lábios dançando pelo ouvido dele, até virem finalmente as palavras: “Me dê um comando e eu faço o que você mandar porque minha droga preferida é você.” Ele esfregava o corpo suado contra o outro, um gemido provocante e alto, enroscando-se contra Lorenzo como se ele quem fosse a serpente agora. “Você É meu, Lorenzo. Agora, mostre para todo mundo o contrário.”
9 notes · View notes
addamantio-l · 4 years ago
Text
As luzes hipnóticas e o som altíssimo reverberavam na alma de Vincent, sempre disposto a oferecer um show inesquecível àqueles que possuíam a oportunidade em vê-lo. Um sorriso sarcástico dançou em seus lábios ao notar os lances subindo, enquanto notas de diversos valores e países caíam sob seus pés, não havia dúvidas de que ele era a fruta proibida que todos almejavam um pedaço. Dependendo dele, estaria cheirando carreiras de cocaína no colo de um homem qualquer, conquanto precisava quitar sua dívida. Se exibia como nenhum outro antes ou depois dele, a sensualidade no olhar, a disposição a se submeter… quem seria tolo de não oferecer milhares de dólares para fodê-lo até perder a consciência?
Ali, o loiro era uma espécie de êxtase que nenhuma droga poderia oferecer tamanho efeito. Olhos cerúleos, corpo bronzeado, uma exposição maliciosa de cicatrizes e delírios, a feição de um verdadeiro monumento: tão maleável, quase implorando para ser fodido ali mesmo. Além de que, claro, não havia sequer um vestígio de vestes, a excitação que crescia por seu corpo ao ouvir os valores subindo fazendo seu pau pulsar. Era um verdadeiro Narciso, perdido em sua própria imagem. No quão imaculado ele era. Que se fodesse tudo, não estava ali para ser puritano, permitindo-se até mesmo em tocar seu membro brevemente, um gemido obceno que sobressaiu-se à música. Como resistir?
Quiçá, já não houvesse mais conserto à psiquê tão depravada que ele possuía. E ele não ansiava por salvação alguma, muitíssimo contrário. Sua obsessão em prazeres e dores desconhecidas quase o matou, diversas e diversas vezes. Fora abusado pelos pais, teve de viver em trocas de favores sexuais, gritou no topo do prédio mais alto de Vegas que queria nada além do que fosse tóxico, cruel, inumano. Assim, quem sabe, esqueceria de quem era por alguns breves minutos de loucura. Envolveu-se com gangues, com banqueiros, com traficantes… e ainda assim, não possuía porra alguma além daquele apartamento na região mais esquecida da cidade. Após sua última overdose, mantiveram-no dopado em remédios, não havia como tal comportamento ser considerado adequado. Mas, ah! Vince é bom em fingir. Relatou os abusos, foi às reuniões, tornou-se um queridinho! Ele gosta de brincar e se auto-titular um Tyler Durden, mas sem a parte nerd.
Após um tempo, a ultraviolência o encontrara. Sempre.
Teve um romance com um empresário notório, fodas altas, dinheiro no bolso, cocaína da melhor qualidade. Ele poderia usar roupas da Versace e beber martinis sempre que quisesse. Mas, a vivência é uma merda e logo tudo tornou-se um espiral de sangue e psicopatia: espancamentos com bastões, asfixia com cordas, marcas de cigarro naquele corpo já tão machucado… Obsessão alheia era algo que Vincent aceitava apenas de um filho da puta no mundo. E ele ainda possuía as marcas dos dentes de Lorenzo na pele para lembrá-lo disso. Porra! Não havia como aquilo não terminar em Vince quase completamente fodido e trancafiado pelo tal cara, possivelmente morto, se tivesse chance. Demorara semanas, ele sequer sabia o período, até ser encontrado de maneira tão inexplicável quanto. Homens que, certamente, não eram dali. Não houve tempo de sequer perguntar. Algum idiota ainda se preocupava com ele.
Quanta ironia.
Depois, vieram as dívidas com o cassino. Nada tão impossível de se contornar. Apenas àquela noite, e ele estaria livre novamente. Conquanto, o destino é mesmo um grande filho da puta! Vincent não entendeu perfeitamente o que estava acontecendo, até… seus olhos fraquejaram por um instante. Aquilo deveria ser outra de suas visões de Lorenzo, querendo quebrar ainda mais o que restava de sanidade em sua mente. Merda! Merda! Merda! Não ali. Ele não poderia ter outra crise ali. Porém, Vince não se moveu. Ele não conseguiria, de qualquer forma.
Coração batendo alto, reconhecendo o quão diferente Lorenzo estava desde a última vez em que se viram, olhos cansados, completamente destruído por dentro. Assim como ele próprio. Há algum toque em pessoas destinadas que sempre se reverberam, se encontram, se devoram. Não havia como resistir. Era realmente ele, Lorenzo Addamantio. O homem de seus sonhos e delírios. O homem de seus pesadelos e sofrimento. Vincent cerrou os punhos,  mas era tão fraco e havia esperado tanto… sentiu-se a verdadeira putinha dele. Como demonstrar anos de ódio, obsessão, amor, saudade e tantos outros sentimentos?
E, ah! Aquele vocativo. Nada havia mudado, havia? O simples toque dele puxando-o para perto o fez gemer baixo, olhos azuis brilhando com aquela admiração que nunca havia morrido. Ele atreveu-se em erguer uma das mãos para tocar a dele contra si, fechando os olhos. Se aquele era o carinho entre eles, que fosse, que se dane. Vincent precisava daquilo. Precisava de Lorenzo mais do que ar para respirar. Os lábios carnudos dele moveram-se em palavras desconexas, silenciosas, cheias de contradições. Mas, o que ele fez foi deslizar a língua quente e doce contra aqueles lábios. “Meus. Finamente meus…” Um sussurro, antes de repetir a ação, deixando um traço de sua saliva entre eles.
Vincent nunca for a fraco diante de Lorenzo, mas sentiu-se como uma peça de mármore que finalmente encontrara seu escultor novamente. Não existia outra explicação.
Ele poderia ajoelhar-se ali, aos pés de Lorenzo. E quiçá, não fosse suficiente.
Enquanto estava parado em frente ao Vincent, escutava os lances dados para que o loiro fosse seu escravo por uma noite. Ouvia as vozes de seus seguranças de longe, cumprindo a ordem que dera de cobrir as ofertas. Sabia que não precisava pagar para tomar o que era seu, mas não tinha certeza de nenhum dos movimentos de Vince - coisa que adorava.
"Seus?" Os lábios do italiano se curvaram num sorriso maior do que estava até aquele momento. Aos poucos, soltou o pescoço e agarrou os fios dele com possessividade. Lorenzo não era de ninguém, era verdade, mas não queria dizer que com aquele maldito americano era diferente. Ao contrário. “Se firzer por merecer... Talvez eu possa pensar”. Tomou-o em um beijo bruto, impositivo, faminto. Cheio de saudade, posse. Cheio de Lorenzo e sua tirania, cheio de amor e de ódio. Obcecado, inebriado...
Os carnudos lábios faziam com que o moreno voltasse para casa. Mas o beijo cheio de posse e saudade se interrompeu tão bruscamente quanto começou, para que os lábios de Lorenzo cravassem no pescoço do homem para devorá-lo como a muito não fazia. Mais uma marca, mais um momento de posse.  Mais do que os lábios de Lorenzo pertenciam ao americano, mas nenhuma palavra foi dita enquanto o gosto do sangue lhe invadia os lábios. Mordera até sangrar, que todos se fodessem e entendessem que Vincent poderia vender seu corpo e dançar para todos, mas era nas mãos de Lorenzo que ele se derretia. Que se desmontava, que toques pequenos eram suficiente para gemidos.
 Antes daquele momento, Lorenzo tinha passado muito do seu tempo tentando ocupar a mente com adrenalinas passageiras. Qualquer coisa que o levasse a beira da morte para que ele pudesse sentir alguma coisa, alguma vida. Antes daquele momento, esgotara todas as drogas e overdoses e só tinha uma que seria capaz de suprir aquilo.
Aqueles malditos olhos! 
Aquele maldito desespero!
Aquela adoração que o fazia tremer por dentro. 
Lorenzo o olhava com a superioridade de sempre, o tocava com posse. Segurava-o pelos cachos, obrigando-o a alimentá-lo com seu desespero e adoração que o fazia se arrepiar completamente, o deixava louco para que todo o corpo de Vincent fosse apenas sua tela, sua obra.  Todos aqueles anos e, finalmente, Lorenzo se sentia completo e odiava, odiava toda a dependência que tinha dele.
Vincent até poderia dizer que conhecia muitas facetas de Lorenzo. Os lábios doces e com gosto de nicotina barata, ou álcool barato. O cheiro do perfume italiano, as mãos de ferro. Aquelas mãos que destruia e reconstruía, ordens em forma de palavra, camas aquecidas e dores escondidas atrás de um sorriso malicioso ou vontades para ser atendidas, mas Vincent nunca tinha visto sua versão rica, nunca havia dado a carteirada de filho de político, integrante de várias máfias ao redor do mundo, dono autoproclamado de todos. 
Dinheiro nunca tinha sido um problema. Nem mesmo quando se arrastava por Vegas. O menino mimado de Palermo tinha uma relação estranha com o dinheiro, visto que boa parte de seu estilo de vida era mantido e suas merdas ignoradas pela quantidade de autoridades compradas ou que lambiam o chão que ele pisava, haviam bandidos que entregaram suas fortunas para que Lorenzo fosse agradado, mas não gostava de conforto. Seu lugar era na imundícia, na sargeta. Erguendo-se como um deus dos destruídos e dos caóticos. 
Soltou-o por completo, então e extendeu uma das mãos em direção ao amante. "Vai me deixar aqui?" As palavras soaram melodiosas, como uma canção de uma serpente pronta para dar um bote, envenar qualquer outra pessoa dentro daquele corpo, fazê-lo esquecer de qualquer toque. "Vai dar a outro o que ME pertence, donna". Estava dando a ele uma escolha, apesar de não soar como uma. Seria seu pela compra ou por escolha. "Vem e eu sou seu." A mão estendida, um sorriso certeiro no rosto. 
Apesar de tudo ter começado no banheiro de um cassino, queria estar longe. Um beco escuro pra foder e beber. Algo cheio do que eles eram.
Luminiscência carmesim varria o chão embebido em whisky caro e carreiras de cocaína sendo inaladas com notas de cem dólares. Haviam vivências que não se transmutavam, a dele -- uma dessas em questão, quiçá a mais longínqua de quaisquer mudanças. Desde a última vez que vira Lorenzo Addamantio, o que já era destrutivo tornou-se um vício, uma jogatina. Apostar a própria vida em uma roleta russa que existia apenas em sua mente completamente transviada para com a realidade. Fora preso uma ou duas vezes, esteve com outros homens, esteve em reabilitação após ser encontrado em estado de overdose por pura heroína. Não havia familiares, não havia amigos ... para ele, existia apenas as rodovias. E a gentileza de estranhos. O corpo mutilado, usado, torturado: tantas vezes, tantas ridículas vezes. Já parecia-lhe mais sua psiquê afetando-o propositalmente, outrora, ele pensava em ... não, ele não seria tão fodido assim. Era nos momentos de fraqueza que recordava-se do sorriso de Lúcifer, o anjo-caído e pai de todos os pecadores. O quanto Vincent ansiava em quebrar cada osso daquela feição quase esculpida por Michelângelo, o quanto queria poder apontar uma arma àquela face. Conquanto, ele já sabia respostas, “meu coração te assusta, mas uma arma não?”, para quê insistir?  
Passaram-se dois anos desde a última vez em que o vira. O que mais lhe traía era a porra da mente dizendo que ainda pensava nele. Que nada era igual ao que era com ele. Sim, o grande filho da puta que o destruiu. Vincent já havia parado de tentar descobrir o porquê. Quiçá, vinha de seus pais. Quiçá, ele merecesse essa grande merda de vida. Quantas vezes ele já havia tentado desistir? Incontáveis. Nas mesas dos hotéis, os pulsos cortados, heroína, remédios para dormir... Nada, nada, aliviava o poder daqueles olhos castanhos. Nenhuma mão era tão perfeita ao toque --- QUE SE FODA, LORENZO.
Ele era apresentação especial em um cassino de Vegas aquela noite. Por lá, já era conhecido por suas extravagâncias e por sempre querer ser fodido nos banheiros. Vincent devia favores à chefia que trabalhava no contrabando de cocaína, então, fazia o que sempre fizera de melhor: seduzia, destruía, causava um turbilhão de emoções em palco enquanto as negociações importantes aconteciam ao fundo do local. Ah! Como era fácil para ele, tornar-se esse camaleão, como o impregnante veneno de uma cascavel corroendo suas veias. Era quase contraditório o quanto ele amava essa sensação e ao mesmo tempo a repudiava. Os cachos loiros mantiveram-se ao passar dos anos, assim como o corpo com cicatrizes enormes e musculatura perfeita. Ele carregava uma tatuagem do clube de motoqueiros da Harley Davidson em um dos braços, porém. Não tão diferente, estava ele?
O palco minúsculo estava cercado por olhos famintos de ambos os sexos. Naquela noite em questão, fora anunciado que a sensação do From Dusk ‘Til Dawn dançaria com uma cobra em mãos, exatamente como a porra do filme! Porém, Vincent fora inda mais adiante: estava completamente vendado. Quando adentrou ao conhecido palco, palmas e palavrões de todos os tipos. Ele estava nu, a serpente dançando por seu corpo enquanto a música ao fundo o fazia contorcer-se em movimentos únicos, apelativos, inebriantes. Não havia como escapar da visão de um Adônis entre as citadas luzes vermelhas. O sibilo da serpente era tão convidativo, mas nada quanto a expectativa em vê-lo sem a máscara. Em saber quem faria tamanha apresentação...
Quando Vincent retirou a máscara que cobria seu rosto e a serpente fora entregue à uma funcionária, ele começara a rastejar pelo chão. Capturando olhares e notas, como um monstro buscando por redenção...
Até ver aqueles olhos ali, o observando do alto.
Uma risada amarga em seus lábios, já havia o visto tantas vezes. Em tantos lugares e situações. Não havia como ser o tão amado herdeiro que abandonara tudo por ... migalhas. Falsidade. Em um surto repentino de ódio, ele bravejara, “Quem pagar mais caro me tem como escravo por hoje!”. Ainda assim, seu coração batia descompassado. Olhos diretamente em Lorenzo.  
9 notes · View notes
addamantio-l · 4 years ago
Text
Muita, muita coisa havia acontecido desde que vira o maldito loiro pela última vez. Muita coisa que poderia ter sido evitada se seus dois irmãos não fossem idiotas e sua noiva não fosse uma menina mimada que não conseguia manter as próprias vontades - diferente de Lorenzo. Ou, pelo menos, era desta forma que preferia enxergar a si mesmo. Era assim que deitava a cabeça no travesseiro e tentava dormir. Mas ele havia mudado, apesar de nem tanto assim.
A Sicilia era bem diferente de Las Vegas. Não era tão cheia de sujeira apesar de o menino mimado de Palermo conseguir exatamente o que queria em sua terrinha. Tinha os contatos certos, as pessoas que se arrastariam por ele o máximo que ele exigisse pela sua atenção. Adoradores estavam aos montes para si. Implorando pela atenção do deus, pedindo para que fossem tomados por ele. Mas nenhum conseguia persegui-lo como aquele maldito loiro!
Homens entraram e saíram dos quartos chiques ocupados por Lorenzo. Bebidas dos mais diversos tipos e preços. Nada parecia igual. A destruição de luxo perdera seu efeito há meses. Se destruíra com toda a cocaína que encontrara, se enfiara em todas as festas riquinhas em que encontrou, se pôs em perigo em todas as máfias que devia alguma coisa... Apesar de conseguir tudo o que ele queria, não era o bastante. 
Sentia falta do cheiro de mofo e das paredes que descascavam de seu apartamento na frente do bordel - apartamento este que comprou, mas nunca mais visitou - da água que nunca estava fria, ou do maldito calor desertico. Não havia espaço para que um rei com menos de 30 anos se destruisse que não fosse de forma silenciosa e luxuosa. Algo que nunca foi parecido com ele. 
Lorenzo agora usava terno e gravata.Sua barba estava por fazer mas já não tinha mais o sorriso fácil de antes. Não andava mais sozinho por aí. Os seguranças andavam com ele para cima e para baixo o que apenas deixava o humor do homem péssimo. Entendia os motivos, mas jamais aceitaria perfeitamente. Assim que pisou em Vegas após todos aqueles anos foi um alívio. A respiração voltou para seu corpo com a lufada de ar quente que tomou na cara.
Retirou a gravata e jogou para um dos seguranças. Estava em casa. Finalmente. Livre de Emma, livre de territórios que não fossem dele. Livre dos tablóides. Estava ali a negócios, mas que se fodesse tudo. Aquilo era alguma coisa perto do verdadeiro Lorenzo. Ouviu seus funcionários dizerem que ele estava diferente e ele simplesmente os dispensou. Caminhou pelos becos tal qual fazia antigamente, deslizando a mão saudosamente pela parede suja. Respirando Vegas, voltando a si. Comprou a primeira bebida que viu pela frente, entrou no primeiro bar chinfrim. Dia após dia. A destruição que valia a pena passar.
Então, quase um mês depois da chegada, fora encontrado por seus seguranças. Estava com a cara enfiada em um boeiro e com uma das mãos estendidas em direção a ele. Sua fala era mole e diferente. Não dava para saber se o inglês que tinha sotaque ou era o italiano mal falado. Estava sem as roupas chiques e cheio de hematomas. Como aquilo seria explicado ao clã italiano? Lorenzo estava cagando baldes. 
Na noite seguinte foi lembrado do que estava fazendo ali. O cassino. Os negócios. Talvez, se desse certo, poderia se mudar de vez da maldita Sicilia e deixar a esposa para trás de uma vez por todas. Os anos fizeram-no odiar ainda mais aquela maldita garota. No cassino, de qualquer forma, foi ele mesmo. Ainda era excelente em mais do que o pôquer, mas no contar as cartas. Sairia de lá três vezes mais rico do que entrou. De ressaca, com um humor dos infernos, Lorenzo foi convidado para ver a performance da vez ao lado dos acionistas. Falaram que era a visão do céu e do inferno em um corpo. Um anjo louro que poderia seduzir a todos que bem entendesse. Lorenzo riu e lançou a própria sorte. Acendeu o cigarro.
Maldita hora que aceitou.
Os dados não jogaram ao seu favor. Era a primeira vez em anos!
O menino mimado de Palermo não precisava tocar aquele corpo para saber quem era. Não precisava ver os olhos para ter certeza absoluta de tudo. Ficou vidrado no show alheio, possuido por uma sensação de nostalgia e posse. Ainda pertencia a ele. Tudo pertencia a ele de um jeito ou de outro. Grudou os dedos nos assentos, apertando até que os nós ficassem brancos e em seguida virou para um dos seguranças. Pagaria por uma conversa, depois, poderiam ver o que aconteceria. Cravou seus olhos nos de Vincent enquanto não fazia nada além de tragar profundamente seu cigarro e soltar. 
Viu os lances. Viu seus seguranças participando enquanto descia do camarote. Precisava testar uma coisa. Andou até o palco onde o homem se oferecia e o segurou pelo pescoço e o trouxe para si. Seus olhos se encontraram depois de dois anos e tão de perto e finalmente um sorriso brotou ali. “Donna.” Soltou em uma voz melodiosa e autoritária.
𝐡𝐞'𝐬 𝐦𝐲 𝐬𝐞𝐫𝐩𝐞𝐧𝐭𝐢𝐧𝐞, 𝐇𝐄'𝐒 𝐌𝐘 𝐂𝐎𝐋𝐋𝐀𝐑.
Luminiscência carmesim varria o chão embebido em whisky caro e carreiras de cocaína sendo inaladas com notas de cem dólares. Haviam vivências que não se transmutavam, a dele – uma dessas em questão, quiçá a mais longínqua de quaisquer mudanças. Desde a última vez que vira Lorenzo Addamantio, o que já era destrutivo tornou-se um vício, uma jogatina. Apostar a própria vida em uma roleta russa que existia apenas em sua mente completamente transviada para com a realidade. Fora preso uma ou duas vezes, esteve com outros homens, esteve em reabilitação após ser encontrado em estado de overdose por pura heroína. Não havia familiares, não havia amigos … para ele, existia apenas as rodovias. E a gentileza de estranhos. O corpo mutilado, usado, torturado: tantas vezes, tantas ridículas vezes. Já parecia-lhe mais sua psiquê afetando-o propositalmente, outrora, ele pensava em … não, ele não seria tão fodido assim. Era nos momentos de fraqueza que recordava-se do sorriso de Lúcifer, o anjo-caído e pai de todos os pecadores. O quanto Vincent ansiava em quebrar cada osso daquela feição quase esculpida por Michelângelo, o quanto queria poder apontar uma arma àquela face. Conquanto, ele já sabia respostas, “meu coração te assusta, mas uma arma não?”, para quê insistir?  
Passaram-se dois anos desde a última vez em que o vira. O que mais lhe traía era a porra da mente dizendo que ainda pensava nele. Que nada era igual ao que era com ele. Sim, o grande filho da puta que o destruiu. Vincent já havia parado de tentar descobrir o porquê. Quiçá, vinha de seus pais. Quiçá, ele merecesse essa grande merda de vida. Quantas vezes ele já havia tentado desistir? Incontáveis. Nas mesas dos hotéis, os pulsos cortados, heroína, remédios para dormir… Nada, nada, aliviava o poder daqueles olhos castanhos. Nenhuma mão era tão perfeita ao toque — QUE SE FODA, LORENZO.
Ele era apresentação especial em um cassino de Vegas aquela noite. Por lá, já era conhecido por suas extravagâncias e por sempre querer ser fodido nos banheiros. Vincent devia favores à chefia que trabalhava no contrabando de cocaína, então, fazia o que sempre fizera de melhor: seduzia, destruía, causava um turbilhão de emoções em palco enquanto as negociações importantes aconteciam ao fundo do local. Ah! Como era fácil para ele, tornar-se esse camaleão, como o impregnante veneno de uma cascavel corroendo suas veias. Era quase contraditório o quanto ele amava essa sensação e ao mesmo tempo a repudiava. Os cachos loiros mantiveram-se ao passar dos anos, assim como o corpo com cicatrizes enormes e musculatura perfeita. Ele carregava uma tatuagem do clube de motoqueiros da Harley Davidson em um dos braços, porém. Não tão diferente, estava ele?
O palco minúsculo estava cercado por olhos famintos de ambos os sexos. Naquela noite em questão, fora anunciado que a sensação do From Dusk ‘Til Dawn dançaria com uma cobra em mãos, exatamente como a porra do filme! Porém, Vincent fora inda mais adiante: estava completamente vendado. Quando adentrou ao conhecido palco, palmas e palavrões de todos os tipos. Ele estava nu, a serpente dançando por seu corpo enquanto a música ao fundo o fazia contorcer-se em movimentos únicos, apelativos, inebriantes. Não havia como escapar da visão de um Adônis entre as citadas luzes vermelhas. O sibilo da serpente era tão convidativo, mas nada quanto a expectativa em vê-lo sem a máscara. Em saber quem faria tamanha apresentação…
Quando Vincent retirou a máscara que cobria seu rosto e a serpente fora entregue à uma funcionária, ele começara a rastejar pelo chão. Capturando olhares e notas, como um monstro buscando por redenção…
Até ver aqueles olhos ali, o observando do alto.
Uma risada amarga em seus lábios, já havia o visto tantas vezes. Em tantos lugares e situações. Não havia como ser o tão amado herdeiro que abandonara tudo por … migalhas. Falsidade. Em um surto repentino de ódio, ele bravejara, “Quem pagar mais caro me tem como escravo por hoje!”. Ainda assim, seu coração batia descompassado. Olhos diretamente em Lorenzo.  
9 notes · View notes
addamantio-l · 7 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
#this is highly offensive #i want more
2K notes · View notes
addamantio-l · 9 years ago
Text
v-wright :
Luminescência escarlata provinha de anúncio onde poderia-se ler que haviam vagas em outro dos hotéis módicos de Vegas; a iluminação tornava muito clara a presença de incisão que atravessava-lhe o maxilar, pontos arruinados e sangue esterilizado com álcool. Os longos cachos loiros jaziam presos no alto de sua cabeça, porém algumas longas mechas caíam-lhe pelo rosto; lábios ansiavam pelo que aguardava-lhe, veias tomadas pelo suave veneno de seu próprio aniquilamento, deixando-no dopado em seu moroso extermínio. As delongas de Lorenzo tiravam-lhe qualquer eutimia, dedos inquietos buscando por sua cartela de filtros, logo abrasando um deles, a cidade jazia em eterno movimento e ainda haveria o perfeito ápice em que aquelas ruelas devorariam-no vivo, porém os olhos cerúleos não demonstravam nada além de sua fome que crescia impregnada em suas entranhas como um aviso que o homem há tempos ignorava. Trajava camisa dos Pistols, jeans e cortunos – uma visão um tanto quanto atípica, até para ele próprio, porém as brisas quentes que dançavam-lhe por entre os poros deram-lhe tal liberdade; o italiano disse-lhe que divertiriam-se no cair da escuridão, não haviam motivos para armar-se, nem mesmo em seus trajes. Dependência demoníaca que tomava-lhe o corpo poderia ser comparada ao quebrar de ondas indômitas, porém brasas que queimavam-lhe a psiquê e intoxicavam-no com o proibido, faziam-no vacilar – era alvo fácil diante de um caçador implacável e Vincent sentia-se pequeno, próximo demais de seu fim naquelas mãos que tomavam-lhe e faziam o que bem entendessem sobre sua persona. Fumaça deixou-lhe os lábios com ar de de fúria, de eterno pandemônio; o que mais poderia esperar de Wright? Sua fatal sexualidade, o aroma de suor e porra brotando de sua pele artística e, sim, no sentido mais impudico e grosseiro da palavra, porém isso aguardava do Addamantio. Apenas um sorrido preenchendo-lhe lábios escarlates, sangrentos. Os devaneios já não causavam-lhe aflitos como antes, apenas luxúria; luxúria por sua própria queda diante de seus desejos. Prazeres violentos têm fins violentos e o americano guiava-se por meio destes como uma serpente, sua arma era sua destruição e o gatilho estava apontado para o obscuro amante; que isso servisse-lhe como aviso, como motivo para escapar. Porém, o homem continuava retornando à seu encontro – quando ele próprio não corria até ele – então não havia salvação para nenhum deles. Para os ímpios e perversos não há paz e talvez tenha aprendido isso tarde, muito tarde. Fora atraído novamente para a realidade quando o outro surgiu por entre negrume, um riso na boca maliciosa, um novo trago enquanto devorava-o com o olhar; não há motivos para esconder isso. E Wright sabia ser o único ponto fraco de Lorenzo; aqueles seus olhos profanos, a adoração desmedida. Que tudo se fodesse por um instante, ele precisava da reação alheia antes de qualquer coisa.
Por entre o bairro que o Addamantio morava, ele já era conhecido. Fosse no bordel onde ele comprava bebidas ruins para abastecer a casa, por trazer vários homens por seu apartamento e ali se ouvir gritos e mais gritos, mas também  pelo modo soberbo de ser. Era só um idiota que desperdiçava a sua vida com uma completamente sem regras. Andar por aquele bairro ou qualquer outro era parte da rotina sombria do italiano – se é que poderia ser chamada assim. Chegara em um ponto de que queria uma droga forte em seu sangue, que somente a vida que levava de caras, jogos e bares de motoqueiros já não era o suficiente. Nem coca, nem maconha. Era uma droga mais forte regada por uma dose de adrenalina sem sentido. Lorenzo queria fazer alguma loucura, algo que lhe enchesse de vida, não simplesmente foder em algum beco escuro, de cara cheia e entorpecido por alguma droga. Ele queria um pouco mais e quando isso acontecia, sabia que era sua dependência que ele não assumia em voz alta. Vincent. Um procurava o outro; um estava ligado ao outro de uma forma bem fodida e sem saída. Um beco que não havia saída, ainda que todas as cartas estivessem perdidas pelos dois lados.
Lorenzo estava vestido com uma camiseta preta desbotada que dava para ver a corrente de prata enfiada por debaixo da blusa, calça jeans escura e desbotada com alguns rasgos pela perna e coturnos mal amarrados que arrastavam pelas ruas empoeiradas das vielas de Las Vegas. O cabelo que já estava crescido estava em um pequeno rabo de cavalo e a barba já não escondia nenhum hematoma. O que não queria dizer que os olhos não estivessem vermelhos e que ele não andasse por aí com um cigarro preso na boca, cambaleando, e uma garrafa de vodca barata na outra mão – e esta estava bebida bem mais que a metade. Nem de longe Lorenzo estava bêbado, mas também não estava sóbrio. Ao chegar no ponto em que Vincent estava a lhe esperar, Lorenzo olhou o lugar por completo. Precisava saber onde estava com clareza e se valia a pena. Queria que sua caminhada também valesse a pena; embora de um modo ou de outro, Lorenzo transformava tudo ao seu redor do modo que ele queria, para fazer com que tudo fosse de seu agrado. “Donna.” Dissera num cumprimento debochado e superior enquanto pisava no cigarro caseiro de maconha.
violent delights // violent ends.
1 note · View note
addamantio-l · 10 years ago
Text
v-wright
Reconhecia e recebia pequenos detalhes vindos do italiano; talvez fosse a convivência, talvez fosse aquele dom que recebera para saber ler pessoas e aproveitar-se disso, apesar de que nunca se aproveitara de Lorenzo como fazia com outros, ainda não tinha destruído o futuro casamento dele ou feito questão com que a princesa italiana soubesse que o noivo voltava à América pelo simples prazer de tê-lo, pois já não se convencia com a ideia de que o outro pisava naquelas terras por diversão ou liberdade, não com outras pessoas ao menos. Vincent sempre fora orgulhoso, cheio de si, apenas não via qualquer vantagem em deixar com que identificassem estes traços de sua personalidade, seria um verdadeiro desastre; porém, havia Lorenzo, assim como havia o que aquele maldito homem fazia consigo, arruinando todos os atos dele com um simples olhar, tirando-o dos eixos, despertando e intensificando aquilo que ele tanto procurava esconder, então era dito um ciumento, desesperado, infantil… Ainda era capaz de ouvir a voz alheia atirando-lhe tais palavras que lhe eram como um tapa tempos atrás, a última vez em que se viram antes daquela noite provavelmente, mas um tapa vindo dele era-lhe como um beijo, o mais apaixonado e o que o fazia cair em tentação repetidamente, não havia cura para a doença de nome Lorenzo e Vincent não a queria, de qualquer forma. Mil vezes negaria isso, mil vezes negaria a influência alheia em si e o esqueceria em outros braços; experimentaria aquela liberdade fodida que o movia em outras mãos e destruiria seu corpo e mente através de outro homem, até tê-lo próximo novamente, atraindo-o através da escuridão de sua aura, da força de suas palavras, do poder que possuía sobre ele. Porém, Wright é como a própria lua, tão repleto em fases e momentos que é quase impossível conhecê-lo verdadeiramente; nutre um desejo ardente por alguém num instante e em outro o devora em sua loucura, põe um ser num pedestal de puro diamante para manchá-lo, havia um quê de pura insanidade por trás daqueles olhos azuis, apenas ofuscado por outros atrativos que ele oferecia. O verdadeiro motivo por trás de tudo isso é que ambos haviam construído um tipo de relação única, que incluía doses cavalares de sexo, saudade e provocação, afinal não havia sido este o jogo desde o início? Aquele loiro não estava ali para menos do que uma boa partida, fora criado assim; poderia ter qualquer um em mãos, assim como poderia ser um destes nomes que ficam gravados através da história, mas ele sempre gostou de suas coisas simplórias, como um bom violão nas manhãs e uma foda memorável nas noites, isso até conhecê-lo, pois aquele homem virara sua existência de cabeça para baixo, de uma forma que nem o próprio saberia dizer; algo além de palavras, que o acordava no meio da noite e deixava-o pensativo durante o dia. Se Lorenzo soubesse certamente se aproveitaria disso para obter vantagem, conhecer um ponto fraco dele e isso o tiraria da mesa por algum tempo; conhecimento é poder, disso ele bem sabia, por isso mantinha várias facetas suas no escuro e talvez a mais poderosa entre estas fosse o próprio Lorenzo.
Enxergava tempestades e raios cortando os céus com os quais aqueles olhos castanhos eram construídos, porém há um controle muito invejado e poderoso naquele homem diante de si; Vince sabia, conheceu-o de tal forma, poderia ser infantilidade esperar algo mais do que tais visitas que destruíam-lhe o interior vez ou outra, era-lhe um brinquedo, não? Porém, ainda assim, fazia-o queimar e transbordar em todo aquele delírio; tanto escondido por parte de ambos que já não sabia mais quem possuía o título de melhor jogador daquele estranho amor, é verdade. Colocar a relação de ambos como cartas espalhadas sobre uma mesa de cassino parecia-lhe tão fodido quanto real, quase como se pudesse sentir naipes e números queimando contra sua pele como ferro em chamas, porém fosse orgulhoso demais para deixar com que os gritos guturais presos em sua garganta fossem ouvidos pelo outro. Oscar Wilde uma vez disse que ‘tudo no mundo é sobre sexo, exceto sexo; sexo é sobre poder’ e então que fizessem suas apostas mais uma vez pois Vince estava pronto para perder a mente no que a noite pudesse oferecê-lo. Ah, os impulsos! Estiveram sempre ali, instigando-o, fazendo-o perder qualquer controle sobre sua já abalada mente; eram-lhe o combustível, o mais mortal entre qualquer um. O mais dilacerante de seus impulsos, porém, é aquele que o faz colocar tudo a perder; como um jogador vencido por seu próprio jogo que mostra sua verdadeira face, limpa de blefes e pequenos truques, aquele que coloca todas as suas cartas diante da mesa com olhos tão inocentes quanto os de uma criança, se é que alguma vez ele foi ou teve a inocência de uma. Força misteriosa age por baixo daquela pele banhada pelo calor americano e esculpida por todos aqueles outros homens que outrora foram-lhe a razão de viver, tal força capaz de fazê-lo sentir veias, músculos e órgãos serem tomados por algo maior e destruidor; a sujeira e a insanidade de seus pensamentos ainda seriam-lhe a morte. Aguardava-a com uma dose de sua melhor bebida, de qualquer forma. O que quero dizer com isto é que o Wright não passa de um fodido destruído pela vida que vê muita luz e paz interior em reproduzir todo aquele ódio que destrói-lhe o interior em outras almas; o amargor do veneno que secretamente banha-lhe o paladar fazendo-o tão forte quanto vulnerável, mas enquanto Lorenzo não fizesse uso desta sua fraqueza seria-lhe então sua missão pessoal em marcá-lo pessoalmente.
Um rei de espadas sempre pareceu-lhe uma ótima aquisição, apesar de vê-lo muito além do que um simples naipe em seu baralho. Há coleção de sentimentos desconhecidos sendo descobertos pelo americano em relação ao outro, daqueles que são melhores velados em um canto qualquer da psiquê humana.
Quantas contradições, Vincent Wright. Quanto medo.
E sorriu. Ah, aqueles lábios vermelhos abertos magistralmente em uma belíssima curva.
Cedo demais para que soubessem de tamanho corte em sua essência, não?
Deixem rolar os dados por mais algum tempo.
Sendo assim, Wright é mar, um oceano inteiro deságua dentro daquelas suas fervorosas veias, desconhece qualquer calmaria e quando a demonstra é o início de uma tempestade, Lorenzo que aprendesse a lidar com isto, pois não havia qualquer indício de mudanças. Que aquelas mãos disciplinadoras caíssem e ferissem-lhe a pele quantas vezes fossem necessárias; nunca sentiu-se intimidado pela dor, ao contrário. A dor não é ruim, é boa, ensina-lhe coisas e disso o americano sempre soube, então que viesse toda aquela fúria que sentia do outro, que derramasse contra si e que lhe fizesse delirar, se possível. Fez com que as irises caíssem pelos que falavam sobre ambos por uma fração de segundo, ele nunca teve qualquer problema com uma plateia de admiradores anônimos, porém as tais falas sobre o modo com o qual trocavam olhares o fez ter de enfiar as mãos naqueles pesados cachos dourados, a saliva dentro de seus lábios tornando-se quase ácida durante um período de tempo, porém o olhar era idêntico. Há uma transparência naquele homem tão orgulhoso, apesar de não ser nada mais que uma tela em branco para vários homens satisfazerem seus mais imundos desejos, que raramente é demonstrada e talvez aquele fosse um destes momentos; ah, aqueles olhos que mais pareciam serem um presente de um demônio para que arrastasse multidões consigo se assim o quisesse… Devoravam e pediam para serem devorados pelo outro, como se fosse alguma divindade para qual apenas ele pudesse oferecer sacrifícios, tal pensamento fazendo-o morder o lábio superior num estranho misto de fervor e ansiedade, pois apesar de tudo que aquele corpo mil vezes humano e mil vezes demoníaco já havia experimentado, o italiano ainda era sua droga preferida.
Carne é fraca, a razão forte; há uma eterna batalha cravada a ferro e fogo dentro daquele ser perante o outro, há uma sutil estranheza que se habita por baixo de sua pele quando tem certeza do que estar por vir, como naquele próprio instante, há uma necessidade de mais e mais que ainda acabará levando-o a insanidade. Por completo. Mas faltam-lhe motivos para afastá-lo do que o prende e toda vez que corre os olhos por aquele homem diante de si tem total certeza de que toda aquela fodida admiração que emana de sua conturbada psiquê ainda seria pouco, pouco demais. A tal altura já pouco se importava em ser rebaixado a nada, não seria a primeira tampouco a última vez, o sangramento de toda aquele delicioso desprezo de Lorenzo apenas o queria fazer ir mais longe, mais profundo, cada novo corte em seu orgulho significava-lhe tanto sua fraqueza quanto seu ápice e, por todas as forças que regem o universo, aquilo trazia-lhe os mais diversos arrepios, podia sentir a carne novamente reinando, pois em sua mente jazia apenas o vazio, o impulso e a motivação, bastava uma faísca produzida pelo outro para que tudo tornassem-se chamas e o outro nunca o decepcionou neste quesito. Uma risada escapou-lhe pela boca, trêmula e banhada em um prazer exclusivo, que tudo fosse para o Inferno de uma vez. Ele não se importava. Nunca se importou.
Sobre o colo alheio era uma verdadeira força prestes a chegar ao seu máximo e cair em destruição. Conhecia todo seu poder, tinha certeza do que poderia fazer com aquele homem se assim o quisesse, porém caía em seu próprio feitiço; sua adoração, aquele sentimento que queimava-lhe veias e transformava todos os seus pensamentos em faíscas, seria sua perdição. E traria-o junto consigo, Vincent sabia. Ambos caminhavam em largos passos até o mais alto e profundo dos abismos com toda aquela arrogância e orgulho em seus rostos; a morte sempre fora tão bem quista, não? Que mal poderia ser? Aqueles seus olhos azuis tempestuosos como os oceanos não demonstraram qualquer surpresa ao vê-lo sem aquele acessório, porém o americano cravou um tanto as unhas contra a pele alheia, algo trazendo-lhe ânsia em seu profundo interior; nascera e morrera no silêncio de suas palavras. Os lábios torceram-se por instante incontável dentro da mente do loiro, porém ele apenas encostou estes contra a pele morena; o contato delicado dos lábios do Wright contra a violência através daquela pintura italiana, até ouvir tal fala. Apenas esparramou todo aquele contato quase sagrado em torno daquele rosto qual se lembraria até o último dos dias. Tão contrário a ele próprio, Lorenzo nunca aparentou ser um amante de cicatrizes contra sua epiderme louvável, mas o que o beijava demoradamente vez ou outra enxergava-as de forma belíssima, poderia até suspirar caso não estivesse ocupado, naquele segundo em questão, rindo num tom muito íntimo para o outro após ouvir todas aquelas falas,mais uma vez. O hálito ainda contra carne do italiano ao que escolhia suas falas. – Você me fez assim, gosta disso. Patético por você, por nós. – Atreveu-se em rir, não só de sua desgraça declarada, mas pelo simples fato de permitir-se em relaxar o corpo contra o alheio, em marcar-lhe a pele com os dentes, em dançar aquela sua língua quente e venenosa por ali; sentir-lhe o gosto com prazer, rir pelo que era pequeno. Pequeno e tão apreciado por Wright, pois poderia mesmo ser um patético, mas quem não seria diante do outro? – Patético, porém nunca um escravo de sua presença. Vê, você quem veio até mim, Lorenzo. Como todas as outras vezes. Não seria uma derrota tão humilhante admitir isso.
A respiração fora brutalmente interrompida por aqueles movimentos seguintes; o rosto encheu-se em luz, aquelas íris tão assustadoramente cerúleas acostumando-se com o que seu corpo fazia-o sentir. Tão pequeno, tão domado por aquelas mãos e, ainda assim, tão tomado pelo prazer que aquilo tudo lhe passava. Eletricidade ainda seria pouco para descrevê-lo. Há uma verdadeira confusão dentro do americano que observa o estrangeiro com a boca pesada na vontade em beijá-lo, as mãos cruzando o caminho até o encontro de seus ombros antes de serem presas por ele, aquele corpo embaixo do italiano tão manipulável e trêmulo não escaparia daquelas mãos nem mesmo se estas fossem a causa de seu fim. Riu em seu deleite silencioso, olhar tão penetrante sobre o outro em toda sua fúria poderia ultrapassá-lo, mas Lorenzo era poder e força em todos os sentidos. O que restava para um Vincent completamente desmontado e ao dispor daquele homem sobre si além de deixá-lo num caminho aberto até sua vitória?
Houve um riso devorado entre a fúria daquele ser em chamas que punha toda sua raiva contra si com deleite, o loiro era capaz de sentir tamanhaacidez banhada em flamas na ponta de sua língua. O torso ergueu-se ao encontro do alheio, lábios abrindo-se já em movimento deram-lhe abertura para afogar-se naquele mar inteiro, olhos fechados com muita força enquanto as mãos finalmente puderam deslizar através de vestes até o encontro daqueles fios curtos, todos os sentidos inundados por Lorenzo, as unhas fazendo-se presente exatamente onde estavam, querendo puxá-lo ainda mais para seu mais profundo. Se recebia cólera, Vincent oferecia-lhe brandura, oferecia-lhe o mais puro mel, oferecia-lhe tudo; permitia-se em explorar cada centímetro da boca alheia com aquele conhecimento que nutrira com perfeição, tocava-lhe a língua com a sua própria e gemeu em meio tudo aquilo ao sentir as mãos dele tentando-o, aniquilando a falta que sentia de tais toques de forma violentamente lenta e provocante, um suspiro demorado o fez deixar a respiração cortada em um momento daquele beijo. As pernas que antes prendiam-se contra o corpo alheio como se fosse-lhe algum tipo de salvação pessoal perderam força, caíram contra a mesa, encolhendo-se buscando por mais de tamanho arrebatamento que provinha da mão alheia e seus beijos que tiravam-lhe qualquer noção de realidade, criavam-lhe um Elísio muito particular e sujo, fodiam-lhe a mente e o corpo. Vincent tremeu em completo êxtase sob aquele corpo forte e dominante, os lábios abrindo-se para outro gemido que morreu na ponta de sua língua, completamente apaixonada pela alheia naquele instante para ser egoísta e tornar aquele momento apenas seu.
Ao fim dos beijos, ainda podia sentir o gosto alheio dançando por seu paladar, ansiando por mais, fazendo-o ainda respirar fundo, forte. Deu-lhe todo e qualquer espaço de carne ao sentir dentes contra pele, boca sugando-lhe logo em seguida, tirando-lhe de seu eixo por um momento. Abriu os olhos, porém nada ali fez-lhe muito sentido, pois via apenas o italiano em sua mente e luzes momentâneas, mas foi completamente puxado de volta para o que faziam quando sua voz rouca fez-se presente para que todos ali pudessem ouvir, outro de seus gemidos que atravessou-lhe os lábios livremente, um uivo feroz que mandava Lorenzo para o Inferno em toda sua magnificência e que agradecia-o por isso, por ser um completo filho da puta que bem sabia virar qualquer jogo a seu favor quando desejava; tudo isso antes de morder o lábio inferior para manter aquilo tudo pessoal, mesmo que fosse impossível.
Como tudo diante daquela força arrasadora de nome Addamantio.
De qualquer forma, sempre dispensaram o pessoal, não?
Pandemônio atingia-lhe a essência, fazia-o entorpecido e tudo aquilo pertencia unicamente ao italiano que agora unia testas em um gesto incompreendido por Vincent que sentia-se perdido, totalmente perdido. Junto de Lorenzo esteve mais perdido do que toda sua existência; entretanto, a perdição, como tudo que é experimentado em excesso, também torna-se vício. Sua visão era claro reflexo de sua alma, pedia-lhe misericórdia, assim como também o massacrava num silêncio sangrento. O selar de lábios arrancou-lhe de tamanha distração, seu próprio interior. Jazia novamente em seu colo, os movimentos idênticos aos de instantes atrás, como se nada houvesse acontecido realmente ali. Era mesmo espantoso o quanto ambos poderiam mudar de simplória água para o mais tinto dos vinhos em questão de segundos, apenas para repetirem estes atos diversas vezes; devorando-se através de suas próprias manipulações acerca do que sentiam. Wright já sequer era capaz em lutar contra tal fato.
Contemplara então tal sorriso inabalável enquanto os dígitos agora corriam contra aqueles traços mais uma vez, querendo guardá-los para si, junto daquela visão, em segredo. Ao ouvir aquelas palavras cortantes, o loiro não demonstrou reação alguma mais uma vez, porém seus braços caíram contra os lados de seu corpo num movimento único, piscando os olhos diversas vezes, cílios pesados demais para que repetisse tal ação, de forma a fazê-la tão mecânica quanto as falas alheias, aquelas falas que sempre dançavam por seus lábios presas em sua garganta, arranhando-a para fazerem-se presente, quase conseguia sentir o gosto de sangue em seu paladar. – Ruína… Diz isso como se já não houvesse nosarruinado no momento em que seus olhos encontraram os meus. Ainda assim, se deseja tanto me ver ruir diante de seus pés e para uma platéia, Lorenzo, faça melhor em uma próxima vez.
Sentia-se realmente arruinado em essência, mas os passos eram de quem possuía o mundo em suas mãos. E a confiança, de quem tinha plena certeza de tê-lo em seu domínio.
Mirou-lhe olhos ciganos ao vê-lo se aproximar outra vez, bem sabia que o italiano não resistiria, porém esperava alguma resistência, algum tempo. Torceu aqueles lábios vermelhos num sinal tranquilo de que havia compreendido; dali por diante todas as cenas que protagonizariam seriam-lhe um teatro, pois precisava mesmo aliviar a mente de tudo que havia acontecido há tão pouco tempo, mas que eram-lhe uma pequena eternidade. Estalou a língua dentro da boca ao ouvir tamanho atrevimento por parte do italiano, limitando-se em sorrir, um tanto despreocupado, um tanto moleque. Umedeceu aquela sua boca inteira, sentindo-se completamente eletrificado para o que viria. Respirou fundo antes de buscar seu melhor tom de voz.
– Ofereço a noite sem a vitória, rapazes. Não pensem que estou preso em uma coleira, não a do nosso querido estrangeiro aqui. – Proferiu um Vincent banhado em luxúria, charme fatal e poder enquanto revirava os olhos ao sentir os pés contra sua cadeira mais uma vez; cartas são o caso mais duradouro de sua existência, assim como aquela manipulação que parecia correr junto do sangue quente por suas veias, então se Lorenzo pensava que poderia tomá-lo como fraco diante de suas mais queridas paixões, poderia se divertir um tanto. Como uma fênix, Wright sempre ressurgia depois de seu completo declínio. O rosto foi ao encontro de um dos jogadores ao seu lado, umedecendo os lábios enquanto o olhar desenhava aqueles lábios rudes e masculinos junto do filtro que ali queimava antes de voltar a observá-lo por completo; um sorriso em sua boca e aquele mesmo filtro alheio faziam da expressão de Vince mais tranquila segundos depois. Sem qualquer vergonha, sem qualquer medo.
– Não sejamos tímidos, são apenas cartas. Oh, certamente haverá belíssimas recompensas de qualquer forma a todos nós, eu adoro uma boa foda pós jogos. – Respirou fundo enquanto tragava mais de seu cigarro, deixando com que fumaça abandonasse seus lábios em caprichosas argolas enquanto os cantos dos olhos observavam os jogadores começando a apreciar toda aquela conversa de ambos. Estavam vencidos, porém um bom blefe sempre deixa um jogo mais interessante, intenso. Que deixassem aqueles homens serem envolvidos por ambos, de uma vez por toda. – Traga também uma boa garrafa de vodka, vamos celebrar do velho jeito, meus caros!
Se Vincent soubesse de certas coisas a respeito de Lorenzo, talvez tudo fosse diferente entre eles. Talvez o loiro entendesse melhor todos os meandros daquele homem que costumava ser tão arbitrário em tudo o que fazia. Às vezes é que todo mundo tem suas razões escondidas para ser exatamente como é e gostar das coisas que gostam. Talvez se Vincent soubesse o que realmente o levava de volta ao seu país natal fosse compreender como funcionavam as coisas; como era paradoxal o homem em que tinha se viciado.
Aquela palavra era realmente perfeita para definir Lorenzo. Um paradoxo ambulante e extremamente volátil. Ao mesmo tempo em que ele poderia ser melancólico, ficar com os pensamentos em casa e de como acabar com um casamento que já era falido antes da realização, era um poço de alegria, de diversão e que contagiava a todos a sua volta pelo simples fato de existir.
Lorenzo era quase um ator. Sabia manipular as pessoas de um modo que havia se tornado um vício. Sabia exercer seu poder sobre elas de um modo que não houvesse questionamentos. Suas ações vinham entre o impulso e o calculado. Alguma linha tênue quase inexistente. Talvez ele fosse apenas uma metamorfose constante, que quando chegava ao seu ponto mais alto, entrava em decadência para que o processo recomeçasse.
Voltar pra América tinha a ver com o mais libertino dos prazeres, tinha a ver com ter achado seu segundo lugar no mundo. Um lugar que Lorenzo poderia sobreviver. Desde que foi exilado de seu país graças aos caprichos que tivera, que quase destruíram sua família e levaram o país a uma guerra de máfias, ele vagara pelo mundo atrás de um lugar aonde pudesse ser ele mesmo. O antigo Lorenzo. Não aquele cujo erros o tornaram amargo.  Agora ele tinha um apartamento, num bairro que condizia com quem ele era, sabia se virar bem por Vegas, especialmente os piores bairros. Sabia pra quem se sufocar e ser apenas um bom garoto para depois vingar-se da pior maneira possível e para quem já mostrar as garras logo no começo da conversa.
Só que na América também existia um certo Vincent que tinha conseguido desestruturar um homem como aquele italiano. Criado, crescido em meio ao vício de ser servido pelos outros, desacostumado a receber nãos. Manipulador convicto, mas viciado nos truques do americano em fazê-lo ser diferente. Novamente, um vício em experimentação. Não podia dizer que voltava pra América por causa de todos os investimentos e a libertinagem. Mas essa parte ficava escondida atrás dos olhos do garoto de Palermo.
“A tempestade perfeita” como é sempre chamada é um fenômeno científico raro que consiste simplesmente num encontro de duas tempestades que se ajuntam para tornar-se ainda mais destrutivas. Isso era Lorenzo com Vincent; O clichê de encaixes perfeitos, mas com um quê do século em que eles vivem; sem romance, mas com muito toque, com raios e ventos que pessoas ao redor deles não conseguiam ficar em pé. Os dois que se destruíam em camas diferentes, passaram a destruir um ao outro.
Não pense que Lorenzo Addamantio era um homem fácil de ser conhecido. Como qualquer ser humano, ele tinha seus pequenos padrões e suas manias; como a de sempre beber um gole antes de acordar, de jogar roupa suja debaixo da cama e de sempre guardar alguns Euros em casa, tinha seus pontos fracos escondidos atrás de um tirano, mas não queria dizer que no primeiro olhar se conheceria alguém como ele. Lorenzo poderia fazer o papel perfeito de uma vítima quanto de um algoz, bastava ter contexto para ambos. Felizmente ou infelizmente, Vincent ainda não tinha notado como poderia cortar as camadas do manipulador para encontrar a parte mais frágil de si.
E era bom que o outro pensasse que tudo girava em torno de si. Que os problemas de Lorenzo eram apenas a destruição de seu eu mais sofisticado por uma droga de homem. De certa forma, alimentar os egos dos outros para depois quebrá-los fazia parte do jogo que pertencia ao italiano. E, apesar de toda força, controle e essência dele, Vincent havia feito cortes que com sete meses de ausência tinham se fechado, mas agora estava Lorenzo sangrando de novo nos mesmos lugares.
Tudo em Lorenzo era mecânico e calculado, menos os olhos que eram feitos de areia movediça. Talvez fosse a superioridade que tinha dentro de si que fazia com que as pessoas não conseguissem mais sair daquilo uma vez que os olhos dele se fixassem a outrem.  Estava ali apenas para jogar, uma vez que seus objetivos primários foram atingidos.
Veja bem, Lorenzo nunca perde. Talvez porque mesmo fodido por dentro, Lorenzo fosse incapaz de desistir e aceitar uma derrota, ainda que não fosse assim tão humilhante; O americano de olhos azuis tempestuosos e mar sujo poderia afogá-lo, mas nos últimos suspiros, Lorenzo tomaria forças e voltaria a nadar; E era por isso que vira e mexe havia um estalar de dedos em direção ao americano. O suicídio que aviva.
Já poderia dispensar o outro, afundar-se no tédio, brincar com outros, mas tinha uma corrente invisível que ligava os dois. Lorenzo odiava a prisão que os unia, mas também não podia dizer que estava preso a alguém que não era assim tão ruim. Estava entediado pelo fato de Vincent já ter cumprido o papel da noite. No entanto havia um lado irracional seu que se debatia entre as correntes de modo que não conseguia pensar em pessoas ruins achando conseguiriam dominar alguém. O sangue fervia dentro das veias do italiano e os ciúmes o fazia querer espancar a todo mundo. Porque Vincent lhe pertencia, fosse isso uma ilusão ou não.
O que ninguém ali sabia era que a parte animalesca de Lorenzo era perigosa. A alma dele não tinha nada de brilhante ou boa. Aquela historia de que as pessoas se tornam o que as circunstâncias as obrigam ser não funcionava com Lorenzo, simplesmente porque ele era sempre ofuscado pela própria escuridão. Às vezes até o próprio Lorenzo ficava amedrontado com seu pior lado. Cada dia que se passava, tudo se enegrecia um pouco mais e o animal preso dentro do italiano vencia um pouco mais. Lorenzo era escurecido pela maldade que ele sempre escondia. Sabia fazer o papel da vítima, como dito antes, mas era melhor que ninguém conhecesse seu lado algoz. Aquilo ia muito além do poder na cama ou de domínio de pessoas. As mãos dele eram cheias de sangue, mas ninguém precisava saber o que estava escondido por trás da fragilidade e das conexões que ele fez ao redor do mundo.
Então a explosão de Vincent o trouxe para seu colo e para seus lábios. Havia sim um sorriso cínico e superior nos lábios do moreno, mas aquele sorriso também tinha um ar meigo e inocente. O paradoxo de quem ele era se exibia ao outro, a fim de confundi-lo. A presa que caça e a caça que é presa no mesmo corpo, exibidas no mesmo sorriso. Tudo ainda meticulosamente calculado, sem grandes batalhas para travar, mas que trazia de volta a si um fogo que consumia tudo o que via. O vulcão que entrava em erupção e trazia um brilho especial ao italiano.
Sabia que ele próprio estava condenado a fazer coisas que coincidiam com a vontade alheia. Lorenzo e Vincent, como diriam, uma química rara que nenhum deles ousaria chamar de amor, mas que eles também não discordariam quando estivessem fechados e sozinhos. Talvez houvesse algum dia em que eles fossem passar mais que uma noite em longos períodos de tempo, talvez eles ficassem juntos por um final de semana. O italiano talvez olhasse como o outro era em casa ou talvez fosse o oposto. Lorenzo mostraria como ele é despido de tudo aquilo que costuma ter quando se trata de uma noite.
Não, veja bem, não era um romântico, apenas realista. O sexo, o poder, a diversão e a liberdade eram as melhores partes da vida de alguém, mas não eram apenas isso. Lorenzo queria ter parte da vida italiana destruída por Vincent. Queria que o outro se mostrasse a Emma para que ela desistisse de se casar, no entanto, Lorenzo não queria o outro envolvido com sua família. O poder da família Addamantio destruía vidas e não era somente do jeito gostoso. Envolver-se com uma lama como a família que pertencia preocupava ao outro. Imaginava que Vincent gostaria de esfregar na cara da noiva de Lorenzo a liberdade que os dois tinham em destruir a vida um do outro, uma vez que Emma não tinha força nem de arranhar a superfície da armadura vinda de Lorenzo.
As mordidas que o marcaram acordaram Lorenzo de seus devaneios. Se fosse qualquer outro homem sentado em seu colo, apanharia, provaria da fúria Addamantio, mas Vincent tinha algumas liberdades poéticas dentro do tolerável. Já tinha marcas de uma surra, por que não ter marcas de prazer? Apenas curvou os lábios num sorriso enquanto fechava os olhos e sentia alguma coisa cortar sua espinha. – Eu o treinei bem, a final, mas não o bastante pra ler o que faço corretamente. – Respondeu de forma categórica, deixando uma risada anasalada romper seus limites. Poderia falar o que realmente acreditava sobre não ter orgulho em ligar para o outro toda vez que o queria por perto.  – Sabe que está preso a mim.
E as sílabas eram quase como a maior das verdades sendo reafirmada. Estavam presos um ao outro por correntes fortes o bastante para mantê-los perto. Quase como se fosse exatamente a mesma corrente que, por mais que corressem para lados opostos, cedo ou tarde estariam unidos novamente, puxados bruscamente e enrolados por essa corrente que não tinha um elo mais fraco.
Lorenzo normalmente era um ser humano que vivia de paradoxos, mas também tinha seus momentos de pura inércia. Normalmente, esses ditos momentos existiam quando estava bêbado demais para que conseguisse pensar de forma racional ou ser impulsivo e inescrupuloso. Lorenzo era um excelente diplomata quando queria, mas naquele momento, sua inércia estava longe de ser atribuída à racionalidade ou à diplomacia. Sua inércia vinha do orgulho de não querer perder num jogo criado para que ele fosse manipulado. Com Vince em seu colo, o italiano mantinha as mãos nas coxas do outro com toda a força que conseguia. Lhe pertencia, correto?
O Addamantio mais velho já estava confuso. No fundo aquela relação poderia ser resumida em uma só palavra: confusão.
O moreno realmente não acreditava que a confusão fosse algo ruim. Talvez o problema estivesse na constância daquela palavra em sua vida. Desde que fugira, sua vida não era calma e nem simples. Tinha que fazer-se imperceptível por conta de seu dinheiro, ao mesmo tempo, ser o rei de homens como o que estava sentado em seu colo e exigindo sua atenção do modo mais emblemático possível. Estava diante de um abismo, de uma queda anunciada e Lorenzo só se importava em viver o momento e pro inferno com tudo o que ele acreditava. Estava perdido e pouco se importava, pelo menos enquanto estivesse ali brincando de virar um jogo e se sair superior e ainda mais forte.
Lorenzo era uma força da natureza, a lei da gravidade que ninguém é capaz de escapar. Enquanto estava com o americano em baixo de si, sentindo-o tremer e silenciosamente implorar por mais dele, havia um fogo que consumia o italiano por dentro de modo sua pele ficava hiperaquecida e seu coração disparava pelo misto de adrenalina e adoração que fluía dentro de si. Aquele maldito que conseguia penetrar entre os menores prazeres do italiano e se tornar o centro de tudo por instantes. Tornava a ter valor, coisa que ninguém conseguia; uma vez pertencendo ao Lorenzo, já não servia para nada. Nem mesmo para brinquedo. Por isso que tão facilmente o italiano caía em tédio profundo mesmo na presença alheia.
No entanto, na mesa, enquanto o beijava e sentia sua brandura Lorenzo não poderia dizer que estava entediado. Não poderia dizer que não se divertia em tocar novamente um corpo que sabia se fazer desejar ao ponto de despertar o interesse e toda a força da natureza que estava vinculada ao nome do Addamantio. Ele quis foder ao outro ali mesmo, quis ouvi-lo gritar e implorar, mas ao mesmo tempo não quis fazer mais que uma demonstração aos outros de que poderia fazer. Não estava pensando em prosseguir com aquilo muito longe dali.
Apesar da sua razão não querer prosseguir, o corpo de Vincent era como um ímã que o atraía para uma perdição por completo. Uma pele com gosto de veneno que causava vício e abstinência. Nada teria a capacidade de descrever o que o outro tinha em si, mas Lorenzo sempre soube domar as próprias vontades e caía em sua inércia com mais facilidade que a maioria das pessoas. Suas mãos correram saudosamente pelos músculos alheios enquanto reafirmavam o território que lhe pertencia. Quis ver cada mínima reação e por isso a cada toque, Lorenzo tinha os olhos abertos e gravava tudo o que podia dentro da memoria.
-- Eu já tive o que eu queria de você, donna. Não preciso de uma próxima vez. – disse com seu usual tom superior, apesar de devidamente baixo. Era divertido poder manipular os outros mesmo quando seus momentos de fraqueza ficavam evidente parte de sua dependência do outro. Às vezes ele sequer esperava que tudo tivesse algum conserto. – Embora não a negue a você.  Se souber merecê-la -- Completou, segurando a mandíbula alheia e, somente para não perder o costume, desferiu um tapa leve contra a coxa alheia.
Já tinha brincado o bastante com as sensações que o mais novo lhe causava. Não precisava investir mais, apesar do corpo dizer que queria mais daquela droga. Era uma estrada de duas mãos, Lorenzo sabia.  Provocava, gostava de corrompe-lo com palavras e com atos, mas não era somente em Vincent que todo aquele jogo sem vencedores tinha efeito. Lorenzo poderia dar vazão ao tudo o que estava dentro de si, se deixar levar e mostrar que queria mais do outro, mas não era para isso que tinha chamado o outro.
E palavra de rei não volta atrás.
Parte do que tornava Lorenzo vivo era poder controlar o mundo a sua volta. Agora era Vincent e era também a si mesmo. A força de um tornado controlado por uma linha tênue das vontades e dos caprichos que tinham uma força tão grande quanto se tratando de Lorenzo. A final, olha até onde esses caprichos haviam levado o garoto mimado de Palermo?
Algumas coisas em Vincent eram bem conhecidas pelo Addamantio como a velocidade com que ele se recompunha. Não era surpresa haver um sorriso nos lábios alheios  e uma sensação de que tinha vencido uma vez que Lorenzo foi logo atrás do outro e da diversão que o outro estava tendo. O ponto aqui não era que o Addamantio tivesse ido atrás de Vincent, mas atrás da diversão para qual ele poderia lhe dar.
E já não tinha tanta certeza se facilitaria as coisas para que o outro pudesse ter uma bela noite de fodas enquanto ele próprio vagava pelas ruas de Vegas fazendo tudo o que não teria sentido para pessoas que não fossem como eles dois. Bedidas, sexo, drogas e uma bela ressaca na manhã seguinte. E tinha um sorriso delicioso nos lábios de Lorenzo que o mesmo nem sabia exatamente de onde vinha, apenas estava lá. Rasgando os lábios alheios e deixando ainda mais claro quem era o mandante de tudo aquilo ali.
-- Digamos que eu posso ser vencido. Facilmente.  – Mentiu. Lorenzo não poderia ser vencido, a não ser que ele quisesse. E até o momento ele não decidiu se abriria mão do direito de foder com Vincent uma vez mais, se deixaria aquele bar sabendo exatamente quem seria o próximo viciado em Vincent ou se simplesmente... Largaria mão de tudo aquilo mesmo tendo se deixado vencer, apenas pela humilhação de quem o perdeu.
Ao olhar de novo na mesma, viu alguns dos caras com quem já tinha apostado e dormido. O italiano não queria aqueles homens de novo e tinha certeza mais que absoluta de que eles não saberiam dominar Vincent. Um sorriso ainda maior se abriu nos lábios do italiano enquanto ele soltava a fumaça para cima e se ajeitava na cadeira. Sabia que era questão de tempo até que, ou todos levantassem da mesa e deixasse apenas os dois ali e que toda a diversão de Lorenzo fosse por água a baixo ou que aceitassem a aposta.
Por Lorenzo, tanto fazia. Desde que pudesse sair do tédio antes de sair do bar. Vitima e algoz presos no mesmo sorriso.
unknown pleasures
11 notes · View notes
addamantio-l · 10 years ago
Photo
Tumblr media
233 notes · View notes
addamantio-l · 10 years ago
Quote
When they’re together, it’s like putting a hurricane and a tornado in the same room - you can feel the tension. I didn’t believe in the cliche of soul mates until I saw them together.
Tarryn Fisher (via dylofrph)
3K notes · View notes
addamantio-l · 10 years ago
Quote
You own him. You should’ve seen the way he was looking at you while you were out.” I smiled a little. “How?” “Like you’re the ocean and he’s desperate to drown.”
The retribution of Mara Dyer (via vixieee)
57 notes · View notes
addamantio-l · 10 years ago
Text
More than words ; pov
Depois de uma intensa e conturbada conversa com a máfia italiana, aonde Lorenzo gentilmente lembrou ao seu pai qual era o acordo da corrente e acabou por perder a paciência com Gerard e seu pedido de desculpas, voltou para seu apartamento no subúrbio de Las Vegas. Não achou que algum dia aquele lugar fedorento lhe faria tanta falta. Talvez não fosse o lugar, mas sim o fato de que ele era livre vivendo ali.
Toda vez que voltava da Itália, o que muitos consideravam o paraíso, seu coração voltava um pouquinho destroçado e frio. Como se perdesse uma parte de sua essência e isso revelava a parte mais obscura de seu caráter e ele tinha sentimentos ambíguos em relação àquilo. Ao mesmo tempo que gostava, tinha suas reservas. Emma sentiu o peso daquilo pela primeira vez em sua vida, da forma mais crua possível, e Lorenzo conseguiu ver medo nos olhos da noiva. E agora não tinha ideia do que a fazia manter aqueles planos de casamento. Lorenzo havia sido muito claro com a mulher sobre tortura, sobre como as coisas funcionavam e quem mandava em quem.
Quando colocou seus pés em Vegas novamente, sentiu-se completamente aliviado. Sem ter de se portar com classe, comportar-se demais. Sem ter que se preocupar com paparazzi seguindo seus passos. Ali era onde sua vida realmente tinha sentido, mesmo que fosse vazia e sem graça para aqueles que desejavam fazer parte da riqueza. O Addamantio mais velho daria cada centavo que possuía para não ser um Addamantio.  Nenhum ser humano na terra merecia tamanha maldição. Gerard tinha razão quando dizia que eles somente se casariam para trocar de sobrenome e fingir que o sangue podre não lhe corria nas veias.  E só havia um remédio para tudo aquilo no momento. Um remédio que poderia trazer o Lorenzo que os homens adoravam de volta. Uma dose dos lábios provocativos de Vincent Wright e tudo aquilo seria passado. Somente uma triste lembrança de um pesadelo.
E outra forte característica do italiano de quando ele voltava para casa era a impaciência com o mundo. Isso incluía as ceninhas impulsivas e ciumentas de seu amante frequente. Por isso fora direto para a fonte, sem ter que aturar bares, gente tentando lhe seduzir e todo o ócio do ofício de ser o melhor cara do mundo. O apartamento do outro lhe soava suficiente.  Pelo menos, por hora.
Foi direto para o prédio do outro, não tendo a menor dificuldade para entrar já que o porteiro sabia quem ele era. E mesmo que o apartamento estivesse trancado, das escadas já dava para escutar Vincent e o parceiro da noite. Poderia até sentir ciúmes se não soubesse que aquela farra acabaria como um cigarro aceso. Um sorriso brotou nos lábios do italiano, e, ainda assim, o sangue dele fervia num nível desconfortável só de pensar no que o acompanhante da vez estaria fazendo com o seu Vince. Bateu na porta alheia pelo tempo que pareceu uma eternidade até que a porta foi aberta com um loiro surpreso que usava apenas um lençol em torno das partes. E Lorenzo já foi logo beijando o outro sem o menor aviso, entrando no apartamento sem ser convidado e pouco se importava com isso. Havia traços da tortura sofrida pelo corpo e rosto de Lorenzo, mas sabia que o outro não questionaria.
Depois do beijo deixou o loiro de lado e foi direto ao quarto dele.  Em ocasiões normais, chegaria dando um jeito de transformar aquilo em um ménage a trois, porém Lorenzo não estava ali para ter sexo vazio. Queria um pouco de provocação para depois ir embora. Queria voltar a ouvir o inglês enrolado que o outro falava, beber  e depois ir pra sua própria casa. Tirou uma nota de cem euros do bolso e entregou ao homem na cama de seu Vincent dizendo pausadamente para que ele fosse embora e que aquele dinheiro era do taxi e também dava para uma bebida e um maço de cigarros. E finalizou seu discurso dizendo que o americano lhe pertencia e que era por isso que Vincent daria prioridade ao italiano. Tudo isso ao som das risadas do dono do apartamento, a final, todas as demonstrações de posse de Lorenzo tinham a ver com violência e sangue.  E por vezes Lorenzo cria que aquilo excitava pra caralho seu parceiro mais frequente. Além de que houve algumas ameaças de morte ao homem que saiu assustado, ocasionando em ambos uma crise de risos.
Puxou o loiro para si pelo lençol que o embrulhava e o abraçou sem qualquer toque mais sexual. Era muito raro aquilo acontecer com o italiano, porém aquele mês não tinha sido muito atípico até para que alguém que gostava de ser surpreendido como Lorenzo Addamantio. Pouco se importou com as caras roupas sendo manchadas pelo sangue de Vincent naquele abraço. No fundo, sabia que o parceiro escolhido pelo outro estava fazendo um bom trabalho com as marcas que ficariam.
Aos poucos era como se aquele abraço pudesse colocar tudo o que tinha de errado com o garoto mimado de Palermo em seu devido lugar. Era como se aos poucos voltasse a ser o mesmo garoto que pediu um tempo e um pouco de espaço para o homem que recusava a chamar de namorado. E nem se importava com o quão aquilo soava estranho ou se Vincent o tinha envolvido naquele abraço completamente atípico dos dois.
– O que aconteceu? – Perguntou num sussurro. Talvez pelo abraço ou por ele ter chegado no meio da noite com evidências fortes de que havia sido torturado ou tinha levado uma surra das boas.  No fundo, Lorenzo não se importava sequer com o fato de estar agindo tão fora do personagem que construiu para si.
– Nada de mais. – Encolheu os ombros enquanto se afastava. – Depois de tanto tempo, senti vontade de te ver.  E minhas vontades são meus guias. – Concluiu puxando o lençol alheio e o jogando no chão. Vincent deu uma risada vitoriosa enquanto para Lorenzo aquela era uma resposta mecânica e calculada. Tudo o que ele precisava para ser menos o filho do político que seria sacrificado pela família e mais como o garoto mimado de Palermo e cheio de caprichos.
E aquele americano filho da puta era o maior e mais necessário dos caprichos de Lorenzo Addamantio.
1 note · View note
addamantio-l · 10 years ago
Photo
Tumblr media
229 notes · View notes
addamantio-l · 10 years ago
Text
part of your fucking mess ; pov
Lorenzo sempre viveu a sua vida no limite de tudo o que poderia. Desde sua experiência com a máfia, não se envolvia com o crime organizado, mas roubava por diversão – já que nunca lhe faltou dinheiro pra nada --, usava drogas até beirar a overdose, bebia e, claro, tinha muito sexo vazio envolvido em sua vidinha medíocre. E tinha passado as últimas três semanas nesse ritmo de vida. Libertara Vincent por um tempo, assim que seu irmão voltou pra casa. E ambos sabiam como funcionava. De vez em quando os dois precisavam de liberdade, de outros caras, de novas sensações e por isso uma pequena sumida das vistas alheias não era assim tão ruim. Lorenzo só pensava no que seu irmão diria se o visse naquele estado.
Cambaleante, Lorenzo entrou num bar qualquer. Não era um bar de motoqueiros porque não queria dar de cara com Vince. Não naqueles dias e naquele estado. Estava visivelmente destruído e achava que algumas doses restaurariam parte da majestade daquele rei.  Se o dono do bar não tivesse passado uma noite com Lorenzo não o teria deixado entrar no bar e servido a ele uma dose de whisky por conta da casa. A respiração era pesada e difícil, ouvia a voz de Big G ao longe e as cantadas baratas eram recebidas sem entusiasmo. Não ao ponto de girar seus olhos ou de puxar o braço cheio de marcas de agulha recentes da carícia vinda do homem.
A visão tumultuada de Lorenzo fazia com que ele visse dois do homem. Umedeceu os lábios enquanto via o homem lhe servir mais uma dose do whisky. No fundo sabia que teria que pagar pela bebida com um pouco de sexo e não achava isso assim tão ruim. O modo com que ele estava – todo sujo – indicava que ele tinha passado a noite em alguma sarjeta e que com certeza tinha sido roubado de novo. O que era mais estranho para um garoto mimado como Lorenzo era que ele simplesmente não se importava.
O ponto era que a automutilação, dessa vez, não tinha muito motivo. Tinha passado uma semana legal ao lado do amante mais frequente e do Gerard que era, de longe, uma das maiores e melhores pessoas que já teve a oportunidade de conhecer. Talvez só precisasse de um pouco de melancolia na vida. Talvez só precisasse ser um pouco vazio já que a vida em si andava fácil demais para ele e nem sequer Vincent representava um grande desafio.
Então viu algo no fundo dos olhos do outro que remeteram ao Vincent. A adoração. Claro que ele tinha que era adorado por muitos e muitos homens, mas nenhum conseguia de si o que aquele loiro havia conseguido e isso o deixava puto da vida. Odiava ter o rabo preso com quem quer que fosse.  E sentia a vontade de foder novamente com a vida daquele homem correndo em suas veias como se fosse parte do seu sangue. Lorenzo já estava com as mãos envoltas os cabelos grisalhos de Big G e não havia carinho em tal ato. Muito pelo contrário.
“Feche.” Lorenzo ordenou ao aproximar os lábios dos alheios.
“Não é necessário.” Disse o homem. “Podemos ir lá pros fundos, como da última vez...”
“Não me questione e feche logo essa merda de bar.” Puxou os cabelos do mais velho outra vez e deu um tapa na cara do mesmo que o fez gemer. “Não foi isso que eu te ensinei da última vez que eu estive aqui, cadelinha. Coopere.”
No fundo o mais velho sabia que não poderia lutar contra a autoridade que Lorenzo Addamantio tinha em sua vida – ou na vida daqueles que cruzavam seu caminho. Não era um bar de motoqueiros, mas era um bar que tinha uma gaiola improvisada e pessoas lutavam clandestinamente. Um bar para criminosos, talvez. Um lugar que facilmente fazia com que o italiano se sentisse completamente em casa, por sinal. Sabia muito bem quem era, mas naquele lado do mundo, Addamantio só era um nome conhecido por ter devoção ao próprio prazer e não pelas coisas que já tinha cometido. Uma vez com o bar fechado o grisalho recebera tudo o que merecia. A fúria de Lorenzo descontada em seu corpo era transformada nos gritos, xingamentos baixos e também agradecimentos. Era engraçado que mesmo bêbado, entrando na primeira fase da abstinência, conseguiu fazer um homem que aparentava uns cinquenta anos e com aparência visível de macho alfa ser humilhado e agradecer por isso.
E a pior parte era que Lorenzo nem sabia o motivo de sua fúria. Provavelmente era um presságio.
O telefone dele tocava como nunca. Hozier e sua voz tão inebriante quanto uma droga tocava em alto e bom tom o cover do Arctic Monkeys. Naquele momento, por sorte, já tinha encerrado com Big G. Aquela música, Do I Wanna Know?, lembrava o maldito americano. Antes de sair do bar, pegou uma garrafa de whisky, um maço de cigarros e pouco se importou com o homem disse ou o estado que o tinha deixado. Provavelmente estava ouvindo um satisfeito “volte sempre” ou algo bem parecido com isso. Para Lorenzo era algo bem inútil.
Ainda estava mais interessado em ouvir Hozier que atender o telefone quando se encostou numa parede qualquer. Acendeu um cigarro, abriu a garrafa e voltou a andar pelas ruelas de Vegas sem se importar com o sol que o cegava. Parecia um nativo daquele lugar, mas a verdade era que pouco se importava para onde estava indo, apenas andava e cantava a música como se não houvesse amanhã. Como havia desgastado o próprio corpo muito além do seu limite, sentou-se no chão sem maiores pudores e tragou o cigarro lentamente.
Foi quando sentiu um taco de baseball em sua cabeça. Não teve tempo de nada. Apenas apagou.
[...]
Acordou com um balde d’água sendo seu  despertador. Um frio do caralho cortava o corpo de Lorenzo que tentava se mexer, mas os pulsos estavam presos em uma espécie de corrente. Seus olhos ardiam, a cabeça doía, mas o desespero maior estava no fato de precisar de mais uma agulha pra sobreviver. Por isso se debatia como um louco tentando fazer as correntes se soltarem, mas não era assim tão simples. O ponto era que ele nem sabia o motivo de ser pego ou por quem havia sido pego.
Uma vez tinha visto acontecer. Foi pouco antes de fazer dois dos homens da máfia de cachorrinhos e eles darem problemas à família. Estava correndo perigo de vida e naquele momento, ao invés de entrar em desespero e começar a clamar pela vida, seu corpo começou a relaxar  e seus ouvidos tentando identificar o metal que tocava. Havia apenas uma luz na sala escura e tal luz era jogada contra os castanhos de Lorenzo. Sabia que para que os homens ali o executassem, não faltaria muito. Conseguia ver umas máscaras com muito esforço. Não estava lidando com qualquer um e isso não lhe causava medo, ao contrário. Os puxões que dava na corrente não era medo, era necessidade de mais droga.
E foi num desses puxões que Lorenzo sentia as costas arderem que percebeu que não era a primeira vez que acordava naquele lugar. Não conseguia identificar cheiros, só havia perdido a noção do tempo, do espaço. Seu corpo estava cansado e relaxado ao mesmo tempo. Era estranho estar do lado torturado e nem saber qual a informação que eles queriam. A cada porrada que levava, gritos, sangue escorrendo só ouvia falar em um tal “nome”. Se ele soubesse do que se tratava com exatidão de que se tratava e gritava isso com todas as forças.
E aí se lembrou da música do Hozier tocando durante vários momentos de sua semana de destruição pessoal, mas em nenhuma delas havia atendido. Seu irmão deveria querer falar algo importante, mas Lorenzo não estava em condições de atender ninguém. Então gritou em italiano que não tinha ideia do que estava acontecendo, mas não adiantava de nada. Eles queriam um nome que o italiano aparentemente não tinha. Até que colocaram o telefone de Lorenzo em seu ouvido e ele ouviu a voz de Gerard.
“Cazzo, por que não me atendeu antes?”
“Eu... estive ocupado.” Falou fraco.  “Do que se tratam tantas ligações?”
“Meio que sem querer io... falei pra Emma do...”
Antes que Gerard pudesse dar o nome de Vincent, Lorenzo começou a xingar em italiano. Agora tudo fazia sentido. Aquilo era obra de Emma e ela, com certeza, iria pagar por cada machucado que ele estava adquirindo ali. O irmão, do outro lado da linha, tentava amenizar o estrago, mas não dava mais.  Lorenzo poderia enforcar o irmão por causa daquilo.
“Seu ódio por ela vai me matar, Gee.” Concluiu simplesmente. “Não precisa me alertar. Eu já tô meio ocupado aqui com umas cadelinhas da Emma.”
Desligaram na cada de Gerard e Lorenzo deu um imenso sorriso. Agora tinha certeza de que eles não tinham ordem de mata-lo. Que poderiam passar anos ali e jamais poderiam matá-lo ou mutilá-lo de modo que as sequelas ficassem visíveis. Isso perdia boa parte da graça da brincadeira para Lorenzo e por isso que deu um nome aos ditos cujos. “Rory Dexter.”
E foi assim que ele foi jogado no meio do deserto depois de mais uma pancada na cabeça. Claro que havia dado um nome errado aos idiotas, porque não poderia colocar Vincent dentro daquela briga ridícula. Logo faria uma visita para Emma  e, dessa vez, ela conheceria um lado do Lorenzo que ninguém deveria. 
O monstro que ele normalmente escondia. Não se tratava da necessidade do prazer extremo, mas sim algo que ele já tinha adormecido há algum tempo. Foi acordado por uns tapas gentis no rosto e percebeu que estava com seu maço de cigarros e sua garrafa de whisky pegados do bar de Big G e quem estava batendo em sua cara era Caleb Nikamora. Um japonês que fazia parte da Yakuza, mas que tinha um vínculo duvidoso com Lorenzo.
“Tá ficando meio cansativo ter que limpar sua bagunça, Itália.”
“Cala a boca, Japão.” Lorenzo disse com arrogância enquanto sentia o braço ser colocado no pescoço alheio e arrastado para o esportivo de Caleb. O garoto e veria estar de férias pela America ou sabe-se lá que tipo de sujeira o outro estava metido. De qualquer forma o japonês simplesmente rira da reação do homem. “Isso qui  é problema interno.”
“Italianos sempre complicando tudo.” Disse aos risos enquanto o levava para do deserto pra curar aquelas feridas. Passaria mais algum tempo sumido, mas aquela tal de Emma e, principalmente o pai dela, iria descobrir que Lorenzo pode até ser o garoto mimado de Palermo, mas ele era muito mais do que isso. E descobririam porque a fusão das famílias se fazia necessária. 
1 note · View note
addamantio-l · 10 years ago
Text
didn't nobody tell you the house will always win? ; pov do gerard
Depois de uma briga intensa com seu pai a respeito de ir ver seu irmão completamente do nada, mesmo depois dele ter aparecido de quando a irmã quase tinha sido pega pela polícia. Ninguém da família entendia exatamente como era que o garoto conseguia sempre livrar os irmãos de qualquer loucura e como eles pareciam não dar valor aos sacrifícios feitos por ele. O ponto era que Gerard saiu feito um maluco pelas ruas da cidade até um lugar que ele costumava ir quando estava uma pilha de nervos. Com 18 anos, Gee estava dando mais trabalho do que deveria. Aquele lugar era uma espécie de zona neutra para bandidos de toda região treinar suas pontarias e fazerem negócios. Gerard ia ali desde que tinha treze anos e se sentia completamente em casa. Talvez aquele fosse verdadeiramente seu lugar no mundo todo. Se tratava de um stand de tiro que era comandado por um senhor de cara amarrada, mas belos olhos verdes. Gerard continuava a achar, toda vez que dava as caras, que aquele senhor ia querer algo dele muito mais que o aluguel do equipamento e todo o necessário.
 Gerard nunca precisou ser simpático. Ele tinha sangue Addamantio correndo em suas veias. Isso meio que fazia tudo parecer fácil demais e ele tendia a odiar essa sensação. Entretanto desde que se envolveu com uma quadrilha, achava aquilo divertido. As pessoas tinham medo dele simplesmente pelo sobrenome que carregava. Era um troublemaker com o maior orgulho possível, mesmo que isso quebrasse certas regras. Naquele stand de tiro, Gerard Addamantio encontrou ninguém mais que Emma Falletti, filha de um dos homens do mais alto escalão da Cosa Nostra. Não imaginava que a mulher gostasse de atirar, pois perto de seu irmão ela estava sempre de cabeça baixa, sempre curvada a ele.  Ao observar a forma com que ela lidava com a arma, Gerard se espantou, mas não surpreendeu a pontaria ruim.
“Acredito que se você flexionar levemente os joelhos vai conseguir um pouco mais de pontaria.” Disse apenas pegando um dos imensos fones de ouvido e colocando-o em volta de seu pescoço. As vantagens de ser um Addamantio foram ensinadas por seu irmão ainda quando ele era uma criança, porque ninguém teve peito de impedir o pequeno Gerard de atirar quando ele não tinha idade para tal. Impor-se como a família real que era, era quase um instinto. Pegou uma das armas e colocou um pente enquanto olhava a garota dar uma rajada de novos tiros com a dica dada com os joelhos flexionados. Logo em seguida Emma começou a pular porque realmente o novo jeito de atirar tinha dado resultado embora não tinha sido algo assim tão bom.
“Acho que o Lorenzo adoraria me ver atirando.” A garota comentou com um sorriso meigo no rosto. Gee ergueu as sobrancelhas e se viu obrigado a dar uma risada debochada. “O que você acha que ele falaria?”
“Que você não deveria envergonhá-lo na frente de tantas pessoas.” Encolheu os ombros como quem não se importava. Qualquer pessoa no mundo alimentaria um sonho romântico como aquele, a fusão das famílias, mas Gerard não gostava de Emma e isso estava cada vez mais na cara dele. Destroçar o coração alheio soava muito divertido. O ponto era que aquela idiota era responsável pelo afastamento de Lorenzo. Bem, Gee era capaz de perdoar quase tudo, menos aquele absurdo.  Ouviu-me uma risada mais amuada dela. Às vezes todos esqueciam que aquele contrato absurdo de casamento de Lorenzo e Emma nascera da mais pura vontade de um pai realizar o sonho de sua filha e que o sentimento de Emma por Lorenzo era verdadeiro e destrutivo. Autodestrutivo, especialmente. Às vezes ela também esquecia o quão unidos eram os três irmãos. Lorenzo era extremamente protetor com os dois e vice-versa.  A ligação dos três era para lá de especial. Daquelas que não se acredita que há fora dos filmes.
O ponto era que os três nunca haviam conhecido seus pais fora da linha política. Foram praticamente criados por empregadas e por Lorenzo e sua filosofia nada ortodoxa de que tudo era lícito e possível a um Addamantio, especialmente se tal coisa lhe trouxer prazer. Era por conta de sua superproteção que sempre fazia a tal ponte aérea que costumava fazer Vincent de trouxa. Mas quem ele era longe de Vincent não interessava ao loiro.
“É. Ele não me elogiaria com essa pontaria e nem se impressionaria.”
“Ele atira muito bem.” Gerard completou.
“Eu estive com Lorenzo semana passada.” Falou efetivamente, colocando-se diante do alvo para dar sua primeira rajada de tiros com destreza. Ele havia sido ensinado pelo próprio Addamantio mais velho. Não podia mesmo ter nada de errado ali e Gerard também não era nenhum iniciante naquela modalidade. Nem em quebrar corações e nem em atirar. Gerard estava fazendo tudo com a consciência do tamanho das consequências. Movido pelo ódio que estava do pai e por um amor distorcido que tinha por seu irmão. E, sem contar o desprezo que sentia por aquela maldita mulher. “No apartamento dele.”
“Apartamento?” Ela questionou enquanto ouvia a segunda rajada de tiros que vinha da pistola em que ele empunhava. A vontade do homem era atirar na noiva de seu irmão, mas isso traria muito mais prejuízo do que benefícios. Então ele sempre respirava profundamente, lentamente, e descarregava o pente no alvo. “Até onde eu sei ele fica num alojamento e de vez em quando pula de festa em festa.”
Para que as pessoas não soubessem o real motivo de Lorenzo ter saído de seu país disse a todo mundo que tinha ido porque sua inscrição em Harvard tinha sido aceita para a escola de medicina. Na verdade, tal curso tinha sido escolhido na mentira por ter seu tempo longo em duração. Pelo menos dez anos sem encheção de saco. E talvez ele até pudesse estender tal período.
“Apartamento.” Confirmou com um aceno de cabeça. “Porém não é um grande. Mal dá pra andar direito. Tem só um quarto, banheiro, um princípio de sala dividida ao meio que faz às vezes de cozinha. Tem um puta cheiro de mofo, acho que aquilo tem mais infiltração do que tudo, mas a pior parte é dormir com aquele neon na cara. Como ele não para em casa, ele pouco se fode para comprar cortinas.”
“Neon?” Questionou franzindo o cenho.
“Fica perto de um puteiro.” Ele colocou mais um pente na arma e disparou sem avisar a garota e descarregou o pente mais uma vez. Gerard estava ficando cada vez mais passional e menos racional e isso acabaria ferrando com o pobre irmão que estava em outro continente. “Mas se trata do Lorenzo. Ele não gosta de caçar em puteiros. Está lá pelo preço, com certeza.”
Dava para ver nos olhos da garota que ela estava sofrendo. A regra do Addamantio mais velho soava tão maravilhosa agora que ele não ia parar. Quem sabe o resultado não fosse o final daquele noivado ridículo. Talvez o mais próximo que ele chegou ao ponto máximo de tolerância do sofrimento de Lorenzo e... As coisas que ele tinha notado no tempo que passou com Vincent e Lorenzo. Seu irmão, depois de tudo, simplesmente merecia não ter aquela prisão e já estava mais do que na hora de Gerard sacrificar a si mesmo por seu irmão.
“Ele perguntou por mim?”
“E por que ele faria algo assim?” Perguntou, virando-se para a mulher para apreciar bem a reação da garota. Ambos criados na alta sociedade e ensinados a sorrir e acenar independente de qualquer fosse a situação. O modo engessado de Lorenzo quando voltava para Vegas partia das cenas que era obrigado a fazer. “Ele estava com um cara.”
O ponto era que... Emma havia passado a vida inteira tentando ser a garota dos sonhos de Lorenzo, que doía saber que ele tinha certas necessidades que não dava para ser compreendida nesse mundo. A garota não conseguia entender o motivo de Addamantio simplesmente não conseguir ser normal. O que tinha errado com as tentativas dela em ser a senhora Lorenzo Addamantio? Emma sabia que tinha muito a ver com a aprovação dos irmãos que ela sabia que nunca seria capaz de conseguir. Eles a odiavam só pelo fato dela respirar. O ponto era que aquele sentimento maluco da princesinha da máfia não era saudável. E algo dizia a ela que ela nunca conseguiria ser a mulher perfeita para o outro. Seus olhos estavam visivelmente feridos.
“Nome?”
“Até parece que eu sou otário.” Girou os olhos. “Loiro, olhos azuis bem brilhantes, americano... Bem gostoso, posso dizer com certeza e propriedade.”
“Eu vou conseguir esse nome de qualquer jeito.” Ela disse. “E de qualquer forma é só um dos caras do Lorenzo. Não tenho nada para me preocupar. É pra mim que ele sempre volta.”
Gerard acabou dando uma risada alta. Pobre coitada em pensar daquela forma. Lorenzo nunca voltava pra Europa para ver a garota. Ele raramente a procurava nas visitas de salvamento dos irmãos ou mesmo uma visita comum. Ele sempre passava o menos tempo possível e quando acontecia era apenas para maltratá-la. Porém ela não conhecia o que tinha acontecido para aquele noivado existir. E para que a vida de alguns fosse preservada, era melhor que permanecesse daquela forma.
“Você destrói a vida do meu irmão, Emma.” Disse um pouco mais exaltado. “Você é uma praga que deveria ser erradicada! Não vejo muita coisa boa na fusão das famílias e esse casamento é mais falso que os arranjos antigos. Será que você realmente perdoa toda a merda que o Lorenzo te faz? Como é que você consegue?”
“O que há de errado... Qual o pecado em querer se casar com o amor da sua vida?” Ela questionou engolindo as lágrimas como tinha sido ensinada. Gerard contou até mil para não rir daquela cena patética. Não conseguia mensurar o quanto odiava aquela maldita mulher.
“Nenhum, se ele te amasse de volta.” Encolheu os ombros. “Olha, eu conheço melhor do que qualquer um a capacidade dessa família em destruir pessoas. Isso aqui não é uma família. Addamantio é uma maldição. Você não pode desejar tanto assim se sujar nisso tudo aqui. Você não pode desejar o amor de alguém que nem é heterossexual. É crueldade demais consigo mesmo! É muito pouco amor próprio pra uma pessoa só.” Desatou a falar como se realmente se importasse com Emma, mas ele não se importava. Ele só queria que ela entrasse em depressão o suficiente para se matar e acabar com aquele tormento. “A Giulia, eu, o Lorenzo faríamos tudo para não ter esse sobrenome. Me casaria até com você só pela ilusão do caralho de não ser mais um. Ele merece mais. Muito mais do que você poderia dar.”
“P-por que está me falando isso?” Emma perguntou
“Porque você não é a mulher certa pro meu irmão.” Gerard sorriu. “A donna certa para ele...” Se interrompeu tirando um lenço do bolso e entregando à noiva de seu irmão. “Olha, o... loiro que estava com o Lorenzo não é só mais um cara, desses que a gente tá acostumado a ver com ele. Nem de longe é isso. Aquele é... diferente. Tem algo muito maior entre aqueles dois, qualquer um consegue enxergar, menos eles. Ou eles não querem. Só... liberta meu irmão.”
Exatamente nessa hora, a garota se desfez de todo o armamento aos prantos. Ficou pensando se deveria ter realmente dito tudo o que disse, da forma que disse, Claro, era a sua opinião a respeito da garota. Era uma praga que precisava ser erradicada, mas não podia ser dito assim. Ela aina era uma princesinha do crime organizado. Quando ela correu pra fora foi que Gerard entrou em pânico completo. Talvez sua boa intenção movida por seu ódio por Emma tivesse piorado ainda mais o inferno pessoal do seu irmão. Assim que tomou consciência ligou para Lorenzo.
“Assim que pegar esse recado me liga.” Dizia no correio de voz. “Agora sim eu fiz merda.”
1 note · View note
addamantio-l · 10 years ago
Text
give us your dreamers, your harlots and your sin ; pov
Lorenzo não sabia precisar com certeza desde quando deixava seus amantes passarem a noite, que dirá o final de semana. A ocasião era especial e ele nem sabia dizer o motivo. Haviam decidido passar o final de semana bebendo whisky do bordel ao lado, jogando strip-poker e alimentando o vício que os dois tinham: sexo. E naquela segunda-feira iriam finalmente sair dali e ir pra algum cassino ou comprar alguma coisa para usarem. Lorenzo não havia decidido ainda e tinha certeza que o outro também não. Os dois eram muito impulsivos e quando se juntavam o estrago era certo. E tal estrago não era somente físico, material ou para outrem. O estrago era feito na cabeça de ambos.
O italiano escutava o chuveiro bater contra a pele deliciosa do loiro enquanto ele, já meio bêbado, colocava os coturnos nos pés e os amarrava de qualquer jeito. Olhou-se pelo reflexo embaçado da televisão e escondeu a maldita aliança dentro da camiseta preta. Vestia-se apenas com um jeans escuro surrado, mas com as barras dobradas até o inicio dos canos dos coturnos, a camiseta um pouco maior que ele e uma jaqueta cujas mangas foram puxadas até os cotovelos. Quando entrava em cassinos gostava de ter as mangas bem recolhidas. Estava cansado de ser sempre acusado de contar cartas por nunca perder. Suas mãos brincaram nos cabelos lisos e molhados, passando-as pelo rosto cansado. Simplesmente porque havia dormido muito pouco no último final de semana. E não havia, mesmo, qualquer arrependimento.
Chutou algumas roupas para debaixo da cama e, com um cigarro aceso, foi até o criado-mudo pegar a garrafa de whisky de lá. Deu uma golada e voltou pro seu lugar. Odiava esperar, mas se entrasse naquele banheiro acabaria fodendo com Vincent mais uma vez e sair de casa estava se tornando quase uma necessidade. Lorenzo sempre tinha sido uma criatura da noite e não mudaria tão cedo. Sempre houve dentro de si uma necessidade de explorar os lugares ao seu nível mais alto e mais destrutivo. Sempre houvera nele a vontade de experimentar as coisas, mesmo que as tais quase o levassem a morte. O italiano não tinha medo da morte, ao contrário, algumas vezes a desejou, porém nos dias atuais ele queria mais era que a sua vida valesse a pena antes de ser levado ao matadouro e não poder reclamar.
Escutou alguns socos na porta e franziu o cenho. Não imaginava que alguém fosse aparecer ou que outro de seus amantes apareceria ali para rastejar e entediar o italiano. Tragou o cigarro longamente e xingou em italiano. Ouviu uma risada do outro lado da porta. Não se tratava de um amante porque ele não se lembrava de ter comido alguém, recentemente, que falasse sua língua.  Ao abrir a porta seus olhos castanhos se arregalaram de modo que o palavrão não foi contido. Era Gerard Addamantio que puxou o cigarro da boca alheia e tragou. Em seguida os dois se abraçaram sem falar nada um pro outro e trocaram um selinho demorado.
“O que cazzo aconteceu, chihuaha ?” Lorenzo questionou conforme Gerard recolhia a própria mala apartamento a dentro. Já nem conseguia reparar no barulho da água, e nem de longe havia desgostado que seu irmão caçula aparecera ali do nada. Tocou-lhe o rosto novamente e deu mais um abraço forte. “No que você se meteu pra vir parar na minha porta?”
“Cazzo?” Franziu o cenho e deu um soco leve no ombro do mais velho que conseguiu segurá-lo de um modo rápido. Logo que começaram a lutar e os dois foram parar na cama de modo que as pernas de Gerard estivessem enroscadas na cintura do mais velho que imobilizava as mãos do mais novo. “É me xingando que me recebe? Eu não fiz nada demais além de viajar até você, idiota.”
“Hmmm...  Acho que a Giu precisa saber disso.” Lorenzo girou os olhos e apertou os braços do irmão. Havia realmente se esquecido que estava acompanhado e ficou tentado a ensinar boas maneiras ao irmão menor, entretanto o acordo que havia feito com sua irmã lhe batia direto na cabeça. “Idiota é a mãe.”
Gerard riu, soltando as pernas do tronco alheio enquanto ouvia um discurso autoritário sobre quem mandava em quem e qualquer coisa típica do Addamantio mais velho. Como era de se esperar, os dois conversavam em italiano e, depois do discurso, deitou sobre o peito do outro. Sentia falta de casa, simplesmente porque sentia falta de seus irmãos. “Olha, cazzo é você se esconder num chiqueiro como esse aqui. Sério, eu tive que pegar um taxi de um cara mexicano que me deixou seis quarteirões pra trás dizendo, se meu espanhol ainda tiver valendo de alguma coisa, que sua esposa não podia saber que o taxi dele tinha chegado por esses lados. Saí falando italiano e me mandaram pra um bordel.”
Apoiando o queixo no peito do irmão, Lorenzo começou a rir. De fato, acontecia. Se perguntassem onde morava o italiano, todo mundo o mandava para o prédio ao lado do bordel ou sacaneavam porque Lorenzo não era bonzinho com ninguém.  Não que ele realmente fosse se incomodar, mas achou graça por causa de seu irmãozinho.  Sabia que tanto a mudança visual quanto à climática poderiam realmente estarem afetando toda a percepção do lugar. Sentia esse impacto quando viajava para Itália onde seus pais mantinham seu quarto que poderia dar três daquele apartamento. Claro que o irmão estranharia.
“Não é assim tão ruim.” Disse encolhendo os ombros. Pegou a garrafa do whisky deu uma golada enquanto ouvia passos atrás de si.  Seus olhos se voltaram para o americano enquanto rolava para o lado e colocava a garrafa de volta no criado-mudo.  Não conseguiu resistir ao sorriso ao ver o outro com a cara amarrada de ciúmes. Era sempre muito melhor provoca-lo quando não havia intenção de.
“Então... eu já estou indo.”
“Espera.” Ordenou o outro. “Esse é meu irmão mais novo, Gerard. Gerard, esse é o Vincent.”
Gerard não conseguia tirar os olhos de Vincent e, de vez em quando, seus olhos também se voltavam para o irmão. Não vira seu irmão olhar daquela maneira para ninguém e nem sequer ser olhado daquela mesma forma.  Nem de longe tinha visto qualquer coisa parecida com aquilo, nem mesmo na época em que os dois eram mais que irmãos. Gerard afastou-se da cama e foi até o belo homem de olhos azuis enquanto o próprio Lorenzo se levantava e bagunçava os cabelos por puro hábito herdado da convivência com Vincent.
“É o melhor oral do mundo.” O mais velho dos três acrescentou com um sorriso safado no canto dos lábios. “Isso inclui o seu, donna.” Disse enquanto andava em direção aos dois. Gee não dizia qualquer palavra a esse respeito. Discordar de Lorenzo costumava ter um preço salgado demais. Lorenzo por sua vez imaginava que o amante não fosse aceitar aquilo calado e realmente houve qualquer resmungo do qualquer. Provavelmente reclamando do apelido carinhoso. 
“Ele me chama de chihuahua. Não reclama não.” Gee aconselhou com um breve sorriso. “Vocês estão de saída para onde? Eu quero ir. Conhecer essa cidade.” 
“Non.” Disse Lorenzo antes de Vincent poder falar qualquer coisa. A dificuldade de juntar as palavras em inglês estava presente novamente e o sotaque carregado era ainda mais presente e marcante. Um dia se livraria daquela porcaria, mas não enquanto ainda tivesse vínculos com seu país. “Você fica aqui. Tem o número de um restaurante que finge ter uma pepperoni da Itália na geladeira, mas nós dois sabemos que ninguém faz pizza como nuestra nonna. Liga parlando italiani e io te garanto que vão chegar aqui. Tem dinheiro debaixo da cama e...”
Nessa hora que Vincent somente colocou a mão no ombro de Lorenzo sendo mais do que suficiente para calar o italiano mais velho e lhe chamar atenção, porém aquilo o deixou um pouco confuso. Normalmente o outro não tinha tal atitude, mas sabia que tinha um pouco de exagero de sua parte, por isso que deixou o ar sair pelas narinas enquanto encarava os olhos azuis de Vincent com a superioridade de sempre. Assentiu de leve. “Donna, faça as honras e leve meu chihuahua pra passear.”
Vincent seria muito melhor guia turístico que o próprio Lorenzo, a final, ele era um nativo daquele lugar e provavelmente conhecia tudo muito mais que um italiano que vivia em Vegas há quase um ano. Aproveitaria do tour maluco também a final. Pegou as chaves e enfiou nos bolsos e começou a ir pra porta quando Gerard parou o irmão no meio do caminho e deum uma puxada forte na correntinha com a aliança e a jogou fora. “Eu não gosto dela e isso aí não vai conosco.” Justificou enquanto os três saíam pela porta. Aquela pequena atitude do irmão tirou um peso enorme do italiano mais velho e talvez fosse por causa disso que sentisse tanta falta dele. “Ninguém gosta dela qui, Lorenzo.”
1 note · View note
addamantio-l · 10 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media Tumblr media
2K notes · View notes
addamantio-l · 10 years ago
Photo
Tumblr media
14K notes · View notes
addamantio-l · 10 years ago
Photo
Tumblr media Tumblr media
DA MAN TV - Aaron Taylor-Johnson: True Brit  
7K notes · View notes