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Início, meio, início
equilíbrio, essa é a palavra.
uma criança brincava em um parque, em paz, com todas as outras crianças.
em um momento de desatenção de sua mãe, a criança encheu a boca de terra. ao cuspir, criou todo o universo. ao sorrir, encerrou toda a guerra.
no caos, o mundo se fez. engolido, e destruído, cuspido e reconstruído. em meditação e plena lucidez, a criança não tem inimigos.
o caos não é um inimigo. companheiro antigo de tempos remotos. vejo meu passado como velho amigo. com coragem de seguir em frente, na autoconsciência, faço meu novo abrigo.
equilíbrio, essa é a palavra. recito seu mantra com a mente e o coração. a paz, enfim, faz, aqui, sua morada. e o universo continua – em ciclo eterno.
07/08/2025 – 11:51
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eu cresci num contos de fadas igual os três porquinhos. nessa casa éramos quatro, eu, minha mãe e minhas duas irmãs. papai sempre era o lobo. e toda vez que eu achava que tinha construído uma fortaleza boa o suficiente ele soprava e soprava. o jeito sempre foi fugir. nesse conto não existia tijolos firmes e caldeirão embaixo da chaminé. quem ficou foi consumido. e eu que não fiquei, mas não fui embora quando devia, perdi muito. mato meu fôlego a cada cigarro que trago, com medo de um dia perceber que eu também sei soprar. não quero derrubar ninguém. tatuei um lobo mal pra todos os dias ao olhar me lembrar que posso ser diferente. perdi muito naquelas casas que construímos. desaprendi a dar afeto, aconchego e carinho. deixei garras crescerem e polia os dentes todos os dias, certos hábitos são tão difíceis de matar. os hematomas se foram, mas algumas marcas ficam por dentro pra sempre. queria aprender a ser mais gentil, a abraçar de volta quando me cedem carinho. queria tocar sem machucar ninguém. mas sobretudo queria aprender a não ter medo.
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Ressaca de Mim
Tô de ressaca. Não de bebida — dessa eu já aprendi a desviar.
Tô de ressaca da minha própria criatividade. Da minha escrita, do meu olhar poético, da minha maldita sensibilidade artística que insiste em transformar o mundo em metáfora.
Tem gente que bebe e passa mal. Eu crio e passo vergonha.
Escrevo, releio e penso: “sério que era isso?”
Já tive fases em que pintava. Hoje, mal consigo desenhar uma ideia.
Porque tudo que eu crio parece triste demais, sombrio demais, verdadeiro demais — e isso, você sabe, não vende.
“Faz algo mais leve.”
“Escreve algo que as pessoas queiram compartilhar.”
“Evita drama.”
Evita drama.
Pedir pra eu evitar drama é tipo pedir pra um furacão soprar devagar.
E o mais irônico? Justo quando decido que não quero mais, que chega, que vou dar férias pra minha mente cansada de si mesma, o bichinho da crônica vem. Morde. Late. Arranha a parte de trás do meu crânio como um rato preso num forro de gesso.
A vontade de escrever algo bom — realmente bom — veio com força. E com ela, claro, a certeza de que eu não vou me superar.
Porque é isso: a gente vive se cobrando um ápice que nem sabe se existiu. Talvez eu já tenha escrito a melhor coisa da minha vida e passe o resto dos meus dias tentando desesperadamente me imitar.
E pior: tem uma crônica pronta. Tá ali, quietinha, velha conhecida. Mas eu não posto.
Porque sei que, se postar, vão dizer que é intensa demais. Ou pior: ninguém vai dizer nada.
Enfim. A missão da semana é clara: escrever uma crônica foda.
Talvez eu precise de emoção. Talvez de um tapa na cara.
Talvez só precise aceitar que ressaca criativa é igual a qualquer outra: você jura que nunca mais vai fazer aquilo de novo, mas basta um gole mal curado de inspiração pra voltar de joelhos.
E eu sou ótima em voltar de joelhos.
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Fyodor Dostoevsky, from a diary excerpt featured in A Writer's Diary, originally published in 1873
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Piertti Nieminen, from a poem titled "That's Not A Tiger," featured in The Salt of Pleasure: 20th Century Finnish Poetry
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o meu olfato é pessimo. - sim, é assim que eu vou começar. com essa afirmação - além dos motivos já amplamente tratados, explorados, requentados e chafurdados por este que vos fala, também tem o fato de eu ser viciado em neosoro.
desde criança. desde que eu me lembro de mim mesmo, eu andava com um remédio de nariz. antes era aturgyl, teve o sorine, uma meia dúzia de tratamentos sem sucesso, e agora é o neosoro. padrão, básico, seguro.
confiável.
mas isso cobra um preço, e parte do preço é seu olfato ir pra casa do caralho. flores, perfumes, aquele cheiro estranho da casa daquela pessoa específica, sabe? bom, eu não sei.
são poucos os cheiros que eu me lembro com detalhe, e meio que são escolhidos a dedo.
tem o cheiro da quadra da escola do meu ensino médio, onde eu não sei se eu joguei, briguei ou bebi mais.
tem o cheiro do pão da minha mãe, que apesar eu gostar de cozinhar, simplesmente não tenho coragem de pedir a receita. eu já faço o bolo de fubá dela, já fiz a feijoada, a massa de pizza. mas não o desse pão. não agora.
o cheiro do meu cigarro. não qualquer cigarro, só a marca que eu fumo desde 2014. são é ó fumaça. essa fumaça tem cheiro de casa.
o cheiro da nuca de pessoas específicas. eu não vou elaborar essa. não precisa, certo?
o cheiro da Marcela – esse aqui eu vou elaborar menos ainda.
cheiro de maconha boa, de café sendo passado. eu sou péssimo com cheiros, não é tão fácil assim um cheiro ser tão detalhadamente lembrado.
e eu acho que não vou me lembrar do seu.
23:59 – 04/08/2025
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“Tem sido uma linda luta. Ainda é.”
— Charles Bukowski
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Mary Wollstonecraft Shelley, from her novel titled "The Last Man," published in 1826
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“I talk to myself and look at the dark trees, blessedly neutral. So much easier than facing people, than having to look happy, invulnerable, clever. With masks down, I walk, talking to the moon, to the neutral impersonal force that does not hear, but merely accepts my being.”
— Sylvia Plath, from The Unabridged Journals of Sylvia Plath
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Marina Tsvetaeva, from a letter to Boris Pasternak featured in Letters, Summer 1926
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