jornalista e artista, filho do pará e do paraná (por hora em terras chilenas). aqui, um pouco das minhas aprontações.
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Dunas y estero, cavalos e patos e zorros e mar que habitam minha tarde de maio. O trem que apita de tão longe, a pipa que empino mesmo temendo ser descoberto.
Juro que vi dois homens cavalgando, poncho e chapéu à chilena. Quando me aproximei dos cavalos me dei conta de que não haviam homens, e os cavalos tampouco eram de ser cavalgados, mal cuidados e velhos que estavam.
Segui meu caminho um pouco amedrontado, e os cavalos me acompanharam pelo par de horas que estive de frente pro mar, observando-me com atenção enquanto comiam e caminhavam pelas orillas do estero.
Comi, bebi, empinei pipa mais um pouco. Corri na direção do mar e só parei quando senti o calçado encharcado. E meu vazio ainda berrava dentro de mim, a fantasia que ainda se impunha. Respirei mais fundo e gritei tão alto, tanta dor nesse grito. E desapareceu.
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Leviano, mesquinho, pequeno, invejoso que sou. Insulto a Deus e seu propósito toda vez que mergulho na podridão do coletivo em busca de ausências que chorar. Toda vez que a inveja me fez desejar que eu já não fosse eu, que me convenci que a performance do outro era atestado do sublime inalcançável, quando eu sei bem, e só eu sei, que meu secreto é inestimável e meu segredo é valioso.
Já não sou mais tão jovem, já não me cabe mais essa ingenuidade, essa permissividade para com a mão que me sufoca. Já não é tempo de esquecer do meu segredo, de distrair-me com o pequeno-tão-pequeno mundo. É tempo de fazer-me cargo do recanto onde Deus habita em mim, e de suas flores, e de seus prados verdejantes.
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à diferença do leão marinho, quando eu deito de barriga pro sol e passo o dia sem fazer nada, o faço por desdenho à natureza. quando o faz o leão marinho, é uma carta de amor às leis do universo de interdependência e impermanência. quando o faço eu, é um insulto, uma obscenidade.
na roncação do leão marinho não há iminência de mudança, não há esperança de futuro, há apenas absoluto agora. na minha inércia, há desdém e fuga do momento, devaneio de perdição no imaterial.
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finalmente, tudo faria sentido. enxergado por entremeio de uma multidão, me tomaria como escolhido na palma das mãos e me elevaria para uma altitude que jamais imaginei alcançar.
enfim, entrenuvens, reconhecimento de minha humanidade, frágil que sou de maneira tão bela.
(expectativa que não passa de ilusão)
que teria eu para barganhar viagens ao céu, eu que não sou nada além de medíocre? sou, sim, muito frágil e solitário, muito coitado sou eu. sou frágil e orgulho-me de ser frágil, faço da fragilidade principal ferramenta de sedução - que absurdo e que obsceno...
que merece alguém dessas características? que mereço eu além de pena?
talvez eu deva aceitar que a fragilidade não é a virtude absoluta, e que não há altitude possível para mim e para todos.
talvez eu deva fazer cargo do meu fardo-sorte - talvez assim, voo rasteiro enfim concretize.
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destino de consciência, direito de sentir, 2025 é ano do eminente despertar.
(cada vez mais eu, mais genuinamente eu, cada vez mais belo e autêntico e medíocre.)
cada vez flui mais a montanha tal qual mar.
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eu não tenho tempo e o tempo que tenho me parece tão pouco
passa tão depressa que não tenho tempo de contar o tempo que tenho
que me é tão pouco
e me passa tão depressa
(uma ambição grande dessa para um dom tão rouco)
mas nem lua nem sol nem aurora deixa de alçar
o relógio insiste em apostar corrida
mesmo sabendo que me vai ganhar
a lida e o desejo, meu cotidiano
meu sonho minha paz não deixa de plano
refúgio de agora ninguém nunca viu
inércia inércia, o congelamento
impossível mover-me, impossível pensar
impossível deixar de morrer o momento
impossível enfim é o meu despertar
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cabeça, mente ao vento. pensamentos flamulando.
ao redor, tudo que vejo é beleza e álefe, um momento presente tão carregado de mim quanto poderia ser.
cada escolha e circunstâncias me guiou até aqui, momento perfeito presente do agora.
todos os aprendizados e desaprendizados, pequenos que são, deixo de lado. revela-se o que me acalma o peito:
intangível sensível de além da razão.
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recalculo meu trajeto sem nunca deixar de seguir implacável ao destino final alma. pés descalços na areia e olhos fechados, o cheiro e a brisa violenta do mar, a consciência acesa impede a roda e seu maldito rodar
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eu olhava pro céu azul e tudo que via era infinito, olhava pras ondas azuis e tudo que via era infinito, e me via também infinito no céu e nas ondas. cansado de lamentar o que não era, escolhi celebrar o que sou - intangível, tudo, nada. naquela tarde, um sentimento magenta de felicidade pesando meu peito, fui intangível e fui grato, completamente entregue à magia do momento para além do qual nada existe senão ilusão dolorosa. fui como devo e quero ser, fui integrado, fui mais eu do que já tinha sido em qualquer outro momento.
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urgências violentas que afugentam meu agora: impossível vencer a inércia...
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paralisado como só eu, nada resta senão a constatação de que a vida tem mais de (fugaz) beleza que de (perene) tragédia.
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Eu sou mais que tudo isso. Sou mais que a beleza que fulano vê em mim, sou mais que a pequeneza à qual costumo reduzir-me.
Sou mais que a inveja e o pesar que me invadem em face da grandiosidade. Muito mais e mais profundo do que meus devaneios poderiam imaginar.
Sou infinitamente mais e escolho viver no infinito, no indescritível e sublime de minha alma.
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ontem em Isla Negra. adoro os azuis das primeiras fotos, que ficaram mais escuras. o sul do chile realmente tem algo de muito mágico
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Marie
a gatinha manhosa que se chama Marie e vive no cemitério de dissidentes me observa com imensa curiosidade.
maravilhada com o laranja clarinho da minha camisa de pregas, se esfrega em meus dedos e logo corre pra longe, pro meio das tumbas de ediths e josephs.
some por um tempo só pra reaparecer mais brincalhona e confortável com minha presença. inveja imensa que sinto desse bicho tão livre das prisões que diariamente escolho habitar.
marie, essa gatinha sapeca que cochila e brinca num campo de flores onde jazem mortos incontáveis, essa gatinha incapaz de luto ou lamúria, que ostenta impossível fascinação constante e inacabável, essa gatinha é meu espírito animal.
todos os dias, antes de dormir, peço-lhe que me guie para gramados mais verdes, para campos floridos onde sepultar os mortos e viver em paz correndo pelo meio de suas lápides.
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mais um dia com céu relativamente azul em valpo city. não poderia faltar o clássico do cachorro pidão que me seguiu por 40 minutos depois que me viu comendo uma empanada
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amo essa fotorreportagem que fiz no 1o período
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um dia qualquer em valpo pelas lentes da velha e confiável Kodak EasyShare M340
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no sereno relento...
no sereno relento
à vida que deus lhe dará
a natureza lança o coração temeroso
medroso, pidão
tão bem intencionado-mas…
tão pesado o peito pesaroso.
natureza não conhece
nem o quer nem o teme
ao coração que resta senão confiar?
vendar os olhos
soltar o leme
deixar a montanha fluir tal qual mar
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