Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
starter para @pasqualinas
Alek estava encostado no capô do carro, braços cruzados, óculos escuros pendurados na gola da camisa aberta demais para o ambiente — um contraste gritante com a fachada sóbria da igreja atrás de Pasqualina. Posicinou-se estrategicamente ali, pois sabia que ela provavelmente seria uma das últimas a sair da cerimônia. Quando finalmente a viu se aproximando, abriu seu típico sorriso largo e charmoso. "Hey, Lina. Sabia que já fui o filho do pastor em outra vida? Engraçado como agora temos isso em comum," fez o comentário como forma de puxar assunto e aliviar a possível estranheza que Lina sentiria ao encontrá-lo ali. Deu um passo para o lado, oferecendo a ela um copo de café que trazia nas mãos. "Pra você. É só café, sem whiskey nem nada batizado, prometo." Fez um gesto com a cabeça, indicando a calçada. “Anda comigo um pouco? Prometo não te arrastar pra perdição antes das sete.”
@khdpontos
0 notes
Text
Alek ficou imóvel. Sentiu os dedos de Matteo em seu queixo como uma âncora delicada, mas firme, puxando-o de volta à superfície. Quando ouviu aquelas palavras — "eu já te perdoei muito antes de você pedir desculpas" — algo dentro dele cedeu. Perdoado. Por Matteo. Mesmo sem merecer. Mesmo sem ter pedido direito. O peito apertou. "Tem noção do que tá dizendo?" A pergunta escapou antes que ele pudesse pensar. Não era sarcasmo. Era puro espanto. Os olhos de Alek, presos nos de Matteo agora, estavam levemente arregalados, como se vissem algo impossível diante deles. "Quer dizer... quem é que perdoa alguém antes da pessoa pedir desculpa? Você é doido." Mas era claro que ele estava tentando aliviar a intensidade do momento — e falhando miseravelmente. Porque por dentro, algo estava desmoronando. E ele deixava. Pela primeira vez em muito tempo, deixava. "Você fode com toda a minha lógica, Bianchi.." Ele riu de nervoso, uma risada curta, abafada.
Alek deixou os olhos caírem brevemente para o chão, como se buscasse se reorganizar por dentro. E então voltou a encará-lo, mais firme, mais presente. Aquilo — “Eu também quero isso, Alek” — parecia pequeno na superfície, mas o tocava de um jeito doce, quase insuportável. Doía porque era raro, e porque parecia tão real. "Você não tem ideia do quanto é difícil pra mim acreditar nisso." Havia um brilho estranho nos olhos de Alek — algo entre incredulidade, medo e… esperança. Como se aquela frase de Matteo tivesse aberto uma porta que ele passou a vida fingindo que nem existia. "Mas se tem uma coisa que você me ensinou nesses últimos dias… é que tem alguém aqui dentro querendo mais do que só sobrevivência." Alek estendeu a mão de novo, dessa vez com mais firmeza, os dedos roçando a lateral da perna de Matteo.
Mas ao ouvir sobre Olivia, Alek ficou ali, parado — e, por um segundo inteiro, esqueceu até de respirar. As palavras de Matteo pareciam não caber naquele espaço estreito entre eles. Ecoavam nos ouvidos de Alek como se tivessem sido ditas em outra frequência, uma que ele nunca tinha ouvido antes. Porque ele esperava tudo, menos aquilo. Esperava o silêncio desconfortável, a hesitação. Não aquela clareza. Não aquela escolha. Foi você quem eu escolhi. Alek piscou, devagar. O olhar preso no de Matteo como se estivesse tentando decifrar se aquilo era real ou só uma variação cruel da esperança que ele tantas vezes já teve. Porque por muito tempo — tempo demais — ele viveu achando que essa história nunca seria dele. Que, no fim das contas, ninguém escolheria ele. E agora... agora ele estava ali. Escutando Matteo dizer, com todas as letras, que o que ele queria sentir era com ele. Que todo aquele amor que a cidade inteira buscava como quem busca um milagre, Matteo tinha escolhido tentar com ele. Um riso baixo escapou de Alek, quase sem força. Era incredulidade. Era o peito dele tentando conter tudo ao mesmo tempo: o alívio, a euforia, o medo e.. Felicidade. Ele fechou os olhos por um instante, como quem precisava de um segundo para segurar o mundo inteiro no peito. Sentia o coração bater como se fosse explodir. Sentia a garganta apertada, como se uma parte dele ainda resistisse em acreditar. Mas quando abriu os olhos de novo, o azul encontrou o azul — e ali, naquela troca muda, havia algo mais verdadeiro do que qualquer palavra.
E quando o beijo veio, Alek se permitiu. Retribuiu de modo suave, quase hesitante, como se o tempo tivesse desacelerado só para eles dois. Alek sentiu o corpo inteiro se derreter naquele instante, como se todos os muros que ele construíra, as defesas afiadas que o protegiam do mundo, começassem a ruir. A respiração de Matteo quente contra sua pele era uma promessa silenciosa de que, finalmente, não precisariam mais esconder o que sentiam. Os dedos de Alek entrelaçaram-se nos cabelos de Matteo, puxando-o um pouco mais perto, como se pudesse assim absorver toda a verdade que havia ali, naquele toque. O coração batia descompassado, rápido demais para acompanhar, mas ele deixou que fosse, porque cada pulsar era a confirmação de que estava vivo, que estava ali, que finalmente podia sentir. Quando os lábios se separaram por um momento, Alek abriu os olhos e fitou Matteo com os olhos marejados pois, naquele momento, Alek soube que não estava mais sozinho. Ele suspirou, encostando a testa na de Matteo, os olhos fechando lentamente enquanto tentava guardar aquela sensação, aquela segurança. "Eu escolho você também," murmurou, quase em segredo, com a voz embargada pela emoção. "Vamos tentar.. Sem esconder o que a gente sente um pelo outro, sem fugir quando eventualmente der alguma merda. Eu e você, até o fim disso."
Matteo nunca esperava escutar aquilo de Aleksander, mas pelo fato que ele nunca esperava que eles quisessem ser amigos (amantes não passaria na sua mente). Se não fosse os acontecimentos daquele ano, se não fosse o baile de máscaras e qualquer feitiço feito por Zafira para que eles não se reconhecessem e largassem os rancores de lado, eles poderiam ter seguido a vida inteira sem se reencontrarem. Porque no fundo, era assim que ele sentia, como se reencontrasse alguém. Sem motivos, sem explicações. Alguém que devia estar na sua vida. Matteo soltou uma risada nasalada e curta, "o problema, Aleks," Matteo disse, dando uma pausa e segurando o queixo do outro com o polegar e o indicador para fazer com que o loiro olhasse em seus olhos, "é que eu já te perdoei muito antes de você pedir desculpas. Eu perdoei mesmo que racionalmente eu não quisesse." Ele não sentia raiva de Aleksander. Ele não sentia desgosto. Ele sentia algo que não podia nomear, mas era algo que o fazia se sentir melhor dentro de toda aquela confusão. Ele sentia malditas borboletas e um calor no peito. Ele se sentia completo.
De novo, Aleksander desviou o olhar e dessa vez Matteo não forçou para que ele olhasse novamente para ele. Não sabia direito como era ou o motivo, mas sabia que Aleksander precisava de alguém que podia mostrar que ele não era descartável. Que ele merecia a atenção e amor, mesmo que Matteo ainda não soubesse o que era o amor, mas se ele pudesse escolher, era isso que ele faria.
Quero amar você.
Aquelas palavras deveriam lhe assustar. Talvez em outras circunstâncias o fizesse. Porque não era tão simples daquela forma. Ao mesmo tempo, ele queria que fosse. Ele queria que fosse simples, e que eles pudessem realmente amar, fosse como fosse, com aquele turbilhão de sentimentos mais controlados do que parecendo facas contra sua pele. "Eu também quero isso, Alek."
Soltou uma risada sem graça. De fato, Matteo quem tinha beijado Aleksander ambas as vezes. Ele poderia se esconder atrás do desafio no primeiro, mas no segundo... Ele fez porque quis, ele fez porque precisava saber. E não se arrependia. Porque Aleksander podia não acreditar agora, mas o que ele sentia dizia que ele era alguém que fazia valer a pena tentar. Por fim, concordou com a cabeça. Sabia que o caminho deles não seria fácil. Ele podia ver como Aleksander era teimoso e indisciplinado. E Matteo era rígido e tão cabeça dura quanto. Mas se os dois estivessem dispostos, talvez pudesse fazer aquilo dar certo.
Matteo houvia com atenção e, com cada palavra, ele sentia um rebuliço na boca do estômago. Eram palavras que Matteo gostou de ouvir — era sério, não era apenas sexo. E Matteo queria aquilo. Encarou os olhos de Aleksander, azul contra azul, e Matteo não desviaria. Ali, ambos podiam ver sinceridade no olhar um do outro. Ele já esperava que a pergunta ia ser revertida para ele — afinal, Olivia havia sido a razão pela qual eles se detestaram por tanto tempo. Era o assunto mal resolvido. Eles precisavam resolver para terem uma chance justa. Então, ele esperava a pergunta, mas não esperava o jeito que ele iria responder. "A gente se gosta, mas de um jeito torto. Como quem se agarra ao que poderia ter sido," ele repetiu as palavras de Aleksander, com um sorriso fraco, porque também cabia muito bem ali. O que ele e Olivia tiveram poderia, talvez, ter sido verdadeiro, se maldições e almas gêmeas não existissem. No momento que o asco aconteceu para eles, qualquer possibilidade entre eles acabou. Matteo se retraiu, Olivia seguiu a sua vida, e por mais que ela ainda fosse a pessoa que o melhor conhecia, a parte romântica aparentemente havia ficado lá. "Olivia é alguém importante para mim, eu não posso negar," ele admitiu, "o que eu sinto por ela é carinho, familiaridade, amizade... Não é romântico." As coisas pareciam muito mais claras agora. Eles se amarraram na ideia de que eram almas gêmeas pelo conforto, por terem se escolhido não pelas suas aparências, mas estavam começando a enxergar que o que um dia talvez tivessem não existia mais e as pessoas que realmente evocavam sentimentos profundos não eram um ao outro. "E, no fim das contas, quando eu precisei escolher, foi você quem eu escolhi." Porque ele pegou o isqueiro sabendo exatamente que Alek já tinha certeza de quem ele era, mas sem saber que era o Landon. Não pegou o isqueiro por memórias. Ele escolheu pelo que sentia, pela conexão que sentia que tinham, pelo desejo que fossem. "Eu não sei muito de sentimentos, Aleksander, mas... eu quero senti-los com você," murmurou, perto suficiente para que a respiração tocasse o rosto; perto o suficiente para ele terminar de se incliner e beijar o homem.
8 notes
·
View notes
Text
Alek ouviu em silêncio — não por ausência de resposta, mas por necessidade de processar. As palavras de Matteo o atingiram com a precisão incômoda da verdade. Porque sim, ele tinha errado. Por muito tempo, achou que ferir os outros o protegeria. Agora, só sentia o peso da culpa por talvez ter feito Matteo se enxergar como menos do que era. Baixou os olhos, a garganta apertada. Quando enfim falou, a voz saiu rouca, contida: "Você tem razão. Tem todo o direito de sentir raiva. E eu te devo desculpas." Fez uma pausa, engolindo em seco. "Mas eu não sei como pedir. Não por achar que não erro — pelo contrário. É que... eu nunca tive vontade de me arrepender por ninguém. Até você." Soltou o ar com certa dificuldade, os olhos ainda baixos. "Umas semanas atrás, eu não queria ser melhor, não queria sentir, nem me importar. E então você apareceu. E mudou tudo. Então sim, é estranho pra caralho. Mas se eu te fiz sentir menos do que você é… me perdoa."
O toque de Matteo ardia em sua pele — sutil, mas fundo, como se tivesse alcançado algo que ele evitava há anos. As palavras dele, o olhar... era tudo o que Alek sempre quis ouvir e, ao mesmo tempo, tudo o que o assustava. Porque era real. Não uma memória de James, não uma fantasia. Era Matteo, vendo-o de verdade, tentando atravessar as muralhas que ele ergueu com tanto zelo. Desviou o olhar, fixando o chão rachado do cemitério, como se fosse mais fácil encarar pedra do que aqueles olhos. A respiração pesou. Apertou o próprio joelho, precisando de algo físico pra se ancorar. E quando ouviu 'e se for só a ideia?', aquilo bateu forte. Porque era uma pergunta que ele mesmo já se fazia. A voz saiu baixa, crua, sem ironia: "Eu entendo. Talvez eu tenha romantizado isso, sim… Isso de destino, alma gêmea." Respirou fundo, e por fim encarou Matteo. "Mas o que eu sinto agora, aqui, com você… Não é a ideia. Não é o conceito que arrepia minha pele, é você." Fez uma pausa, e um meio sorriso despontou nos lábios. "Não quero amar no abstrato. Quero amar você. Suas partes que eu ainda não conheço. E quero que conheça as minhas… mesmo as piores. E mesmo depois disso, ainda assim, escolher ficar..." Deu de ombros, num gesto leve, mas carregado de verdade. "Aí talvez valha tudo."
Alek passou a mão pela nuca, virando um pouco o rosto como se buscasse organizar o caos que o dominava por dentro. "Eu também não sei lidar com relacionamentos. Sempre achei que fosse ser o tipo de pessoa que ia terminar sozinho e foda-se." Riu, sem humor. "Mas aí você aparece. E me beija. E me olha como se eu fosse alguém que vale a pena tentar." A risada se tornou mais baixa, quase triste. "E eu não sei se sou, Matteo. Mas eu quero tentar. Com você. Porque você é a única coisa que parece real em muito tempo." Ele estendeu uma das mãos, num gesto espontâneo, como se quisesse apenas tocar o joelho de Matteo — um gesto pequeno, mas cheio de significado. "Eu posso ser paciente. Com você. Posso ir no seu tempo.." Alek nunca foi de ser paciente com ninguém e, sinceramente, nem sabia se tinha em si a capacidade de ser. Mas Matteo arrancava aquilo dele, aquela vontade de ser algo que o outro precisava. Fez um gesto com a cabeça, tentando manter o tom leve, mas o olhar ainda preso no outro. "Desde que você seja paciente comigo também." Pois Alek sabia que ainda erraria muito nesse caminho de tentativas, e o que mais o aterrorizava é que Matteo desistisse no primeiro tropeço.
Então veio a pergunta. E com ela, o silêncio. Olivia. Alek desviou o olhar de novo, dessa vez para uma árvore ali perto, como se ela pudesse oferecer refúgio. Mas não havia refúgio pra isso. Era uma pergunta que precisava ser respondida, e Matteo tinha todo o direito de fazê-la. "Eu… não quero seguir o destino da minha família, Matteo." Disse, por fim, com firmeza. "Eu nunca quis. Eu só… achei que se eu me ficassee com Olivia, tudo faria sentido." Alek inspirou fundo. "Ela foi o mais perto que eu cheguei de sentir algo… até você. Mas a verdade é que eu nunca me senti suficiente pra ela. E nem ela pra mim. A gente se gosta, mas de um jeito torto. Como quem se agarra ao que poderia ter sido. E isso cansa." Olhou novamente pra Matteo, e dessa vez não desviou. "Eu não sinto mais por ela o que achava que sentia. E mesmo se a maldição não for quebrada, não posso dar a ela o que ela quer — nem ela pode me dar o que eu preciso." O tom ficou mais firme, mais claro. "Eu quero estar com alguém porque escolhi. E porque essa pessoa me escolheu." Deixou o silêncio pairar por um instante, e então completou, mais suave: "E hoje… se eu tiver que escolher… é você que eu escolho." Alek se inclinou um pouco mais, o rosto próximo o suficiente para que a respiração de um tocasse a pele do outro. O olhar era firme, mas vulnerável. "Mas, no fim das contas... não fui eu quem teve algo real com ela. Vocês tentaram reatar. Até então acreditavam que eram almas gêmeas. Então..." O tom ficou mais baixo, mas direto. "O que você sente por ela agora?" Finalmente, fez a pergunta que tanto postergou por medo.
Matteo assistiu a língua de Aleksander molhar os lábios, irritado com o quanto aquele gesto simples era absurdamente distrativo. Ele se sentia ridículo por isso — como um adolescente de novo, rendido à própria testosterona, àquele corpo, àquela boca. Mas o pior era o resto. Era o que Alek dizia. Ou melhor, o que ele não dizia. Quando Aleksander começou a falar, Matteo se obrigou a escutar, mas se pegou levemente irritado com o modo como ele passava por cima da sua teoria — como se não importasse. ‘Pode ser a Olivia, pode não ser…’ — como assim? Olivia era importante. Matteo sabia disso. Ele achou que ela era importante pra Aleksander também. Será que não podiam simplesmente falar sobre isso? Era uma das coisas que precisava. De clareza para poder seguir adiante. Mas aí ele viu. Nos olhos do outro. O cansaço. Não físico — mas aquele outro, que vem da tentativa constante de manter a guarda erguida. E junto ao cansaço, uma tentativa de ternura, talvez… afeto. Matteo não sabia ao certo. Ele também não era exatamente íntimo dessas sensações. Ambos podiam, ao menos, concordar nisso — nenhum dos dois era bom com conversas honestas, ou sentimentos, quer fosse culpa da maldição, ou as máscaras que mantinham.
Matteo respirou fundo, e falou baixo, “nossa história é passado,” Repetiu, concordando com o que Alek tinha dito antes. Mas havia mais. Ele queria que Alek soubesse que mesmo sendo passado, não era fácil. “Mas eu também me pego com raiva, Alek. Não de você… ou talvez sim, um pouco. De não te odiar de verdade. De ter cedido tão fácil. De não ter tido um pedido de desculpas esse tempo todo, como se tudo que aconteceu fosse só… irrelevante,” respirou fundo novamente. Era como se aquilo fosse um pequeno obstáculo, e não algo que o atormentou por anos. Ele olhou para as lápides por um segundo, se perguntando quanto tempo levou para eles se perdoarem, para notar que não se odiavam, depois voltou os olhos para Alek. “Mas eu não consigo mais te odiar. Porque quando eu olho pra você, eu me vejo. Nos medos. Nos desejos. Na forma como a gente tenta controlar o que sente pra não parecer fraco. Na forma como eu espero que você me queira,” Matteo mordeu a parte interna do lábio inferior, esperando que estivesse certo e não fosse só um delírio dele. “É estranho.”
Desceu um degrau ainda sentado, quieto, se posicionando em frente à Aleksander. Matteo repousou uma mão na curva do pescoço, arrastando o dedo levemente pela bochecha do outro, “eu não sei porque você se sente assim, mas isso só me dá vontade de provar que você é amável.”
Ele hesitou, engolindo seco antes de continuar, como se cada palavra fosse um passo em uma corda bamba entre a coragem e a insegurança. “E se o que você quiser for só a ideia, Aleksander?” A pergunta saiu mais baixa, quase uma súplica contida. “E se o que você sente é pela ideia desse amor, e não quem eu sou de verdade? Porque… a gente ainda não se conhece tanto assim. Tem coisa minha que você não viu. Tem coisa sua que eu completamente desconheço.” Naquele momento, eles existiam numa bolha. Uma bolha sagrada em que eles seguiram apenas o que quiseram. Mas a vida real não era daquela forma.
Por um momento, ele ponderou. “Sim, relacionamento com homens é novo pra mim. Mas, pra ser honesto, eu também nunca fui um grande mestre em relacionamentos em geral.” Passou uma das mãos pelo cabelo, nervoso. Aquela ideia de Matteo era pegador era meio absurda com o fato que ninguém ouvia histórias dele pegando pessoas. “Eu cresci sabendo namorar mulheres porque é isso que a mídia ensina.” A ideia de namorar um homem só lhe deixava nervoso porque ele não tinha um roteiro, um script, ele teria que criar as próprias linhas dele. E nem sempre as pessoas gostavam. Dessas linhas. “E talvez soe idiota, e talvez você me diga que não tem diferença, mas… eu criei toda uma vida baseada na imagem. Não em quem eu sou.” E muitas vezes ele pensava em esquecer quem ele era. Ninguém gostou dele daquela forma, só quando a imagem foi criada.
Matteo se virou de lado, encarando Alek com mais franqueza do que talvez já tivesse deixado escapar. “Eu sei que isso não ajuda muito. Mas o que eu tô tentando dizer é… você não é uma fase. Eu não tô ‘experimentando’. Eu… gosto de você. Só que eu preciso de paciência. E de tempo…”
Fez uma pausa. Os olhos ficaram presos nos de Aleksander, como se procurassem por alguma verdade que ainda não tinha sido dita. “E se a maldição não for quebrada…“ começou, com a voz mais firme, mas os olhos vacilantes. Era sua vez de despejar suas inseguranças. “Você ainda quer seguir o destino da sua família? Casar com Olivia?” Houve um breve silêncio, antes de Matteo continuar, mais direto: “Ou melhor… o que você sente por ela agora?” Ele não perguntou com ciúmes, mas com medo. Medo da resposta, medo da dúvida, medo de ser um passo em falso em uma história que nem sequer sabiam se era deles. Mas se estavam começando algo… ele precisava saber. Precisava ouvir da boca de Alek o que restava da Olivia entre eles.
8 notes
·
View notes
Text
Alek puxou a cadeira com um gesto fluido e se acomodou, os olhos ainda presos nela enquanto o vinho era servido. O jeito como Olivia dizia tudo — com elegância, provocação e aquele brilho quase teatral — era uma lembrança viva de tudo que o atraía nela. E, ao mesmo tempo, um lembrete de como tudo poderia ter sido diferente se eles tivessem tido tempo, ou maturidade, ou… sorte. A provocação sobre o mar o fez sorrir, lento, com aquele brilho nos olhos que vinha quando ela conseguia atingi-lo exatamente no ponto certo entre a ironia e o desejo. "Então é o mar que me faz querer te beijar, huh?" Balançou a cabeça de leve, como se fingisse concordar. "Achei que fosse esse vestido que você tá vestindo.. Mas posso estar enganado." Piscou para ela e então escondeu o sorriso por trás da taça de vinho.
"Como eu passei os últimos dias?", repetiu com um sorriso enviesado. "Surpreso. Ansioso pro nosso encontro. Realmente não estava esperando pelo convite." Era uma resposta segura. Verdadeira, mas longe de ser completa. Alek estava mais exausto do que queria admitir — física, mental e emocionalmente. A maldição parecia cobrar seu preço a cada dia, esvaziando-o por dentro. E, agora que sabia ser James, a confusão havia se tornado ainda mais densa, como se estivesse preso entre duas histórias que colidiam dentro dele. O último ritual não trouxera respostas, só mais perguntas. E os sentimentos residuais que haviam despertado na feira ainda pulsavam embaixo da pele. Olivia, por mais que ele tentasse racionalizar, ainda era um enigma antigo que o atraía com força — uma lembrança viva do que poderia ter sido. Mas havia uma promessa que ele tinha feito a si mesmo: a de, pela primeira vez, parar de sabotar o que poderia ser bom. De dar uma chance ao homem que ele talvez pudesse ter sido, se não tivesse passado tanto tempo fugindo. O Alek que acreditava, ainda que secretamente, que podia ter feito aquilo dar certo com Olivia… se tivessem se escolhido. Talvez agora fosse a única chance real de testar aquela conexão longe dos ruídos do passado — de deixar de lado a culpa, a dor, e ver o que restava quando tudo isso era tirado da equação. Ele sabia que falar sobre a maldição era necessário. Mas também sabia que nem toda conversa precisava começar pelo trauma. E, naquela noite, Alek escolhia olhar para o que havia de bonito, par ao que ainda podia ser construído a partir dali. Mesmo que fosse só por aquela noite. Mesmo que fosse tudo o que tivessem.
Os olhos dele correram devagar pelo rosto dela — como quem procura pistas, brechas, algum fio solto que denunciasse o que se passava por trás da pose serena dela. Quando voltou a falar, a voz era mais baixa e intencional. "Não dá pra colocar tudo na conta da maldição. A gente pode ter sido empurrado por ela… mas ninguém obrigou nenhum de nós a cruzar o limite." Deixou a taça repousar na mesa com um toque calmo, mas firme. "Eu te beijei, Olivia, porque eu quis. A magia pode ter acendido a faísca… mas o fogo já tava lá. Desde antes." Alek se inclinou um pouco, os cotovelos apoiados na borda da mesa, o corpo agora mais próximo do dela. A luz das velas refletia nos olhos dele, que se mantinham fixos nos dela com aquela intensidade que sempre ameaçava atravessar qualquer defesa. "Se alguém há décadas jogou essa praga em cima de todo mundo, azar o dela — porque não tirou meu livre-arbítrio. E não tirou o teu também." Ele deu um leve sorriso de canto, lento, um pouco mais ousado agora. "Então, se ainda tiver dúvida se a culpa foi da maldição ou não… Pode muito bem tirar a prova e me beijar agora," propôs com um sorriso enviesado e aquele tom de desafio que sempre foi tão comum aos dois. Deixou a provocação pairar no ar como uma brisa quente entre eles, o olhar brincando com o dela.
[ DEPOIS DO RITUAL 4 ]
Olivia estava ridiculamente ansiosa para o encontro. Aguardava na porta da mansão dos pais e sorriu quando o viu chegar na moto. Um beijo na bochecha antes de colocar o capacete e sentar na garupa. Aproveitou-se da viagem para abraçá-lo, apoiar a cabeça em seu ombro e observar a linda paisagem do lugar onde moravam, até chegarem fora de Khadel. Desceu da moto com calma, ainda sentindo a vibração do motor no corpo e o cheiro dele grudado no casaco. O vento e o capacete haviam bagunçado um pouco seus cabelos, mas ela não se importava. A vista tirava o fôlego — mas não mais do que o homem que tirava o capacete ao lado dela, iluminado pela luz dourada como se o mundo, por um segundo, tivesse feito silêncio só pra eles.
Quando ele perguntou se ela o levara ali para matá-lo, ela soltou uma risada baixa, sem tirar os olhos dele. — Pra te matar? Não. Mas se fosse… teria sido com mais drama. Um vestido vermelho, talvez. Um brinde antes. Uma última dança. Eu sou bastante teatral quando quero. — Cruzou os braços sobre o peito, mas o rosto suave. Ela permitiu que ele se aproximasse, sem recuar. Deixou os olhos encontrarem os dele e sustentou o peso do que não estava sendo dito, mas plenamente sentido. Estavam pisando em gelo fino, mas com os pés descalços — e ela sabia. O lugar era bonito, romântico, cuidadosamente escolhido, mas não era pra impressioná-lo. Era pra abrir uma fresta num coração que eles passaram anos tentando trancar.
— No tal sorteio da feira eu ganhei como encontro uma aula de escultura em argila. Mas achei que, depois de tudo o que passamos, a gente merecia uma coisa mais bonita e elegante, como nós. — Ela sorriu ao se sentir mais próxima, sem conter o desejo das mãos de repousar sobre o peito dele e acariciá-lo sutilmente por cima da camisa. — Então, antes de ficarmos sujos de argila, vamos jantar, conversar, e apreciar essa vista. O que achou? — Apesar do sorriso leve, o olhar era intenso, e o peito batia em ansiedade para descobrir se ele havia gostado da pequena surpresa. A julgar pela reação, havia acertado na decisão. — E quanto a pensar em me beijar... é só o mar. Ele tem esse efeito nas pessoas. — Ela não deixaria de provocá-lo um pouquinho. Afinal, a relação dos dois havia sido pautada nisso há anos, era difícil desapegar. A diferença era que o tom havia mudado, era leve, divertido, instigante, o que tornava mais fácil não precisar esconder o desejo de beijá-lo.
Ela aceitou a mão estendida, seguindo-o até a mesa e correspondendo ao seu olhar. Sentou-se de frente para ele, acomodando-se e repousando o guardanapo de linho no colo. — Então... como passou os últimos dias? Teve tempo de pensar, colocar a cabeça e o coração no lugar? Ou quase isso. Já que a doida da Zafira mexeu com a gente, de novo. — Assim como no baile, Zafira havia anunciado, no último ritual, que fez algum tipo de magia na intenção de ajudá-los a desenvolver as relações. Isso explicava os sentimentos intensos e conflitantes, e certamente o que facilitou para que os dois ali presentes se ajeitassem, ainda que durante uma quase briga. Mas Olivia sentia que ainda havia muito a ser dito, para que entendessem o que era aquela relação. Por mais que a matemática estivesse contra todas as chances de eles ainda serem almas gêmeas, era inegável a conexão que existia ali, e ela estava disposta a explorar aquele sentimento. — As duas vezes que nos beijamos nos últimos meses foi por conta de alguma magia doida da Zafira. Eu preciso saber se foi só isso, ou se foi apenas influência em algo que a gente já queria.
3 notes
·
View notes
Text
MOODBOARD — 😎
w/ @alekmoretti


@khdpontos
4 notes
·
View notes
Text
Alek segurou o copo recém-cheio e girou o líquido por um instante, como se aquela espiral dourada fosse um espelho das próprias incertezas. Escutou Dante com atenção, e por mais que algumas palavras do amigo mexessem em feridas abertas, outras vinham como bálsamos inesperados. Eram poucos no mundo capazes de falar com ele daquele jeito — sem rodeios, sem medo de machucar, mas também sem a intenção de julgar. "Puta que pariu, eu devo mesmo estar delirando por privação de sono se tô escutando conselhos — e bons conselhos — vindos de você sobre uma relação romântica entre eu e Matteo Bianchi." Alek apertou os olhos dos os nós dos dedos, soltando uma risada descrente logo em seguida. "Mas talvez eu devesse mesmo parar de fugir, né?" murmurou, com a voz baixa, quase resignada. Levantou os olhos devagar, pousando o olhar no rosto do melhor amigo. "Só que é difícil quando fui isso que tive vida inteira. Toda vez que cheguei perto de sentir algo real, alguém foi embora. Minha mãe. Depois meu pai, mesmo continuando vivo. Scarlet. Olivia, de um jeito torto. E agora… agora tem Matteo." Deu de ombros, quase rindo do próprio destino. "E se ele for embora também, Dante? Eu sobrevivo, claro. Sobrevivo a tudo. Mas cansa viver sempre no quase."
Fez uma pausa longa, deixando o silêncio mastigar aquela confissão antes de continuar. "Eu ainda não perguntei nada sobre a Olivia. E acho que tenho medo da resposta. Porque se ele ainda sente algo por ela, eu não sei se quero saber. Não agora." Olhou para baixo, as palavras saindo de forma crua. Bebeu um gole e soltou um suspiro, jogando a cabeça para trás no sofá. "O que é irônico, né? Eu que sempre fui o cafajeste, o insensíve… Agora tô aqui, possivelmente apaixonado, fodido e com medo de ser descartado." Ele deu uma risada baixa, cansada, antes de cutucar o joelho de Dante com a ponta do pé. "Mas obrigado ppor me lembrar que não sou um caso perdido. E que talvez, mereça alguma coisa boa no fim disso tudo."
Quando Dante mencionou a Lina, Alek soltou um assobio zombeteiro e balançou a cabeça, rindo com gosto da lembrança que se formava. "O pai da Lina, cara? Eu juro que teve uma vez que ele me olhou como se só de passar na calçada da igreja eu fosse invocar o capeta." Apoiou os pés na mesinha de centro, relaxando mais no sofá, com aquele brilho debochado nos olhos. "Mas, convenhamos… se ela for mesmo sua alma gêmea, foda-se o pastor. E digo isso com propriedade — como reencarnação do filho do antigo pastor, acho que tenho crédito pra isso." O riso foi morrendo aos poucos conforme a conversa tomava outro rumo, e o olhar de Alek ficou mais focado ao encarar Dante. "Ela não me disse nada, não. E pra ser justo, a gente meio que fez um ‘pacto de não interferência’ no seu nome. Tipo… não te transformar em tópico de mesa de bar." Fez um gesto vago com a mão, como quem espanta o assunto, tratando com naturalidade a lealdade à amiga, mas sem esconder o carinho pelo amigo.
Depois de um breve silêncio, inclinou-se um pouco pra frente, com o rosto mais sério. "Mas… se quiser, posso tentar puxar papo com a Lina. Nada forçado, só uma sondada sutil. Vai que ela deixa escapar alguma coisa." Deu de ombros. "Às vezes, a gente só precisa de um empurrãozinho, e se tiver que vir de mim, juro que tento não estragar tudo." O sorriso voltou aos lábios dele, dessa vez mais leve, com uma ponta de cumplicidade. "Afinal, se tem uma coisa que eu faço bem é meter o nariz onde não devia. Mas só se você quiser."
Em uma vida de incertezas, uma vivência vazia em muitos aspectos, a amizade com Alek sempre fora um porto seguro. Poderia estar ferrado, tentando quebrar uma maldição imposta por um destino que estava além do controle deles, mas, encontrava no melhor amigo alguém com quem podia cruzar tudo aquilo. E Alek sempre seria uma prioridade em sua vida. “Talvez você não devesse fugir, então.” pontuou. “Não acho que importa o que vocês eram antes um pro outro, se o que tá rolando agora parece certo. Nada faz sentido nessa história, pra quê tentar racionalizar?” ergueu as sobrancelhas. “Se ele for mesmo a sua alma gêmea… Importa o que ele te faz sentir agora. Se ele te faz se sentir especial, e tudo isso é novo… Vai ver, esse é o jeito que alguém deveria se sentir pela sua própria alma gêmea.” Dante esperava encontrar isso: a sensação de que se encontrar com a outra metade era como preencher os espaços vazios de sua vida. “Vai ver, esse ódio todo só era um jeito meio clichê da maldição de impedir vocês de se encontrarem.”
Estreitou o olhar ao escutar as palavras seguintes do amigo, não dizendo nada em um primeiro instante e o deixando finalizar o desabafo em relação a Matteo e Olivia. “Você não é demais, Alek.” manteve o olhar voltado para o melhor amigo, conforme um vinco se formava em seu cenho. “Se o Matteo não puder te enxergar de verdade e tentar te entender, então ele não é sua alma gêmea de verdade. E o problema vai ser inteiramente dele.” declarou. “Olha, eu não sei como é ter uma alma gêmea ainda e não entendo metade de amor do que gosto de pensar que entendo. Mas…” fez uma breve pausa, passando a destra pelo cabelo. “Se é pra ser alguém, pra mim, faz sentido que a pessoa pra você seja alguém que conseguiria te olhar até no seu pior momento e enxergar algo bom. Que não queira só ver os melhores momentos, porque não deve ter como construir algo verdadeiro só com isso.” visualizava com precisão o amor em sua mente: estar com alguém que era fluente em quem era. “Já perguntou pra ele sobre a Olivia?” perguntou, tentando entender a situação. “Cara, tudo na nossa vida tá sendo na base do senso de humor muito fodido do destino. Mas, olha pra mim? Te aguento faz anos e tô inteirinho. O Matteo vai sobreviver.”
Teve de rir com a continuação do melhor amigo, erguendo o dedo do meio em direção a ele. Então, se levantou para pegar a garrafa de uísque. “Não queria dizer nada, mas você tá horroroso mesmo. Vai assustar criancinha na rua daqui a pouco.” devolveu, pegando o copo de Alek novamente. “O meu segredo é dormir menos de três horas por noite, bem mal, de preferência.” alcançou para ele a bebida e serviu o copo de vidro em que estava bebendo anteriormente. Revirou os olhos ao escutar o jeito com que chamava Pasqualina, e tomou um gole longo. “Princesa encantada? Tá falando sério?” se atirou no sofá ao lado outra vez. “Se for verdade, vai ter que ir me chamar de príncipe encantado na frente do pai dela se quiser terminar o ano sem a maldição. O velho me odeia. Deve preferir continuar com a ‘maldição imaginária’ que me ver a cinquenta metros da casa dele.” estava bem longe de ser a figura favorita do pastor da cidade, e seu relacionamento anterior com Lina tivera o fim por conta disso. Direcionou um olhar de canto de olho ao amigo. “Ela te falou alguma coisa? Ainda não falei com ela sobre… Os resultados.”
6 notes
·
View notes
Text
Alek ficou em silêncio por alguns segundos, como se a brisa que passava entre os túmulos precisasse levar embora o nó que se formava em sua garganta antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. As palavras de Matteo... “Eu acho que pode ser a Olivia”. Soavam como uma facada mal posicionada — que não matava, mas feria fundo. Não porque ele ainda queria Olivia. Isso ele vinha tentando enterrar há algum tempo, mesmo quando a lembrança dela ainda se agarrava ao canto de suas dúvidas. Mas era mais pelo que significava: Olivia estava por toda parte. Nas sombras do passado, no presente torto que eles compartilhavam, e agora... talvez até nas memórias de uma vida que não era exatamente deles. Olivia como Kimberly? Era um pensamento desconfortável. Alek queria negar, mas não tinha como ter certeza. E aquilo mexia com ele. Porque a Olivia de hoje... ainda tinha um espaço entre ele e Matteo. Um espaço que, por mais que tentassem ignorar, ainda existia.
Ele passou a língua pelos lábios secos, encarando as lápides como se elas pudessem responder algo — como se James e Landon ainda estivessem ali, de alguma forma, rindo das tentativas atrapalhadas deles dois de acertar os próprios sentimentos. Soltou um suspiro pesado e enfim virou o rosto para Matteo, o olhar mais suave agora, mas ainda marcado pela intensidade do que sentia. "Cara, eu não faço ideia. Pode ser a Olivia. Pode ser outra pessoa. Pode ser tudo isso uma grande viagem coletiva nossa." Deu de ombros, tentando tirar o peso da fala com um meio sorriso que não alcançou os olhos.
Quando Matteo começou a falar sobre Landon, Alek ouviu com atenção. Até então, sentia-se sozinho naquele sentimento que James deixara em seu peito, pesado e imenso. Mas agora… agora Matteo entendia. Sentia também. E, por um instante, Alek não se sentiu mais carregando tudo sozinho. Talvez, só talvez, Matteo quisesse transformar aquilo em algo deles — não mais emprestado, mas verdadeiro. E isso… dava esperança. "Mas o que eu sei... é que quando você diz que Landon prometeu um final feliz ao James..." Alek engoliu seco, a voz vacilando por um instante. "...me dá vontade de acreditar." E era isso que o assustava. Porque Alek não era feito de fé. Era feito de ceticismo, de sarcasmo, de paredes altas e saídas estratégicas. Mas agora, sentado ao lado de Matteo, naquele cemitério esquecido pelo tempo, ele queria crer. Queria achar que podia sim existir um final feliz. Mesmo que a história tivesse começado com ódio e orgulho.
Mas ao ouvir aquele "Aleks" — dito naquele tom baixo, quase como um pedido silencioso — o loiro fechou os olhos por um instante. Era impressionante como uma única palavra, pronunciada daquele jeito, conseguia atravessar todas as defesas que ele tanto se esforçava pra manter. Quando os abriu de novo, virou-se completamente para Matteo, como quem finalmente cede a algo inevitável. "Certo…" começou, a voz mais baixa do que o usual, sem cinismo. "Nunca fui exatamente bom em diálogos honestos, mas acho que a gente pode tentar ter um agora." Alek encarou Matteo de verdade, como se buscasse algo nele que fosse além do que as palavras podiam nomear. "A nossa história… ela tá contra a gente, sim. Mas, ao mesmo tempo, pra mim o passado parece tão… distante agora. Como se toda aquela raiva que eu jurava sentir por você não fizesse mais sentido. Parece absurdo pensar que eu já te enxerguei como inimigo. E mesmo assim..." ele suspirou, o olhar se perdendo por um momento. Fez uma pausa, como quem pesa as próximas palavras com cuidado.
"Lembra quando eu disse que tinha medo de ser o James… porque achei que quem quer que fosse o Landon nunca seria capaz de me amar? Pois bem… esse medo ainda existe. Não porque eu ache que você seja incapaz de amar. Mas porque, honestamente… eu não me acho digno de amor." As palavras saíram com um peso antigo, quase como uma confissão sussurrada às lápides em volta. "E por mais que hoje a ideia de te odiar pareça absurda pra mim… eu não sei como ela parece pra você. Você teria todo o motivo do mundo pra me odiar. Eu já fiz da sua vida um inferno. E tem mais…", ele engoliu em seco, os olhos voltando a Matteo com uma sinceridade rara "Você ainda tá se descobrindo com homens. E por mais que eu tente não pensar nisso… tem uma parte de mim que teme que, um dia, você simplesmente perceba que isso aqui não é o que você quer, não do jeito que eu quero." O silêncio que se seguiu foi denso, mas não desconfortável. Era como se o próprio cemitério segurasse a respiração, ouvindo. "Tem tanta coisa dentro de mim agora… que eu nem sei por onde começar." Alek respirou fundo. "Então me diz você, Matteo. Por onde a gente começa?"
"Talvez foi antes? Talvez eles tenham sido amigos e na verdade ela quem colocou o James para ajudar o Landon?" Matteo tentou descobrir, cuspindo teorias que mais pareciam conspirações. Algum karma histórico fez eles serem conectados? Soava meio ridículo quando ele colocava dessa forma. "Eu acho que... Eu acho que pode ser a Olivia," ele falou, se sentindo idiota assim que as palavras saíram da sua boca. O palpite era simplesmente pela própria conexão que ele tinha com ela, e a que imaginava que Alek tinha com ela. Talvez fosse porque ela também havia sido importante pro Landon e pro James de alguma forma. Matteo suspirou. Não sabia mais o qu fazer em relação à Olivia. Não queria fingir que nunca tinha sentido nada. Teve — tinha — algo ali. Ao mesmo tempo, aquele calafrio que tinha quando simplesmente olhava para Aleksander era tão incomum e raro, que ele tinha que fazer algo sobre isso.
Matteo queria esticar a mão, queria tocar o outro, mas ele ainda não sabia como agir com ele em público. "Eu senti..." Matteo respondeu, simples, curto. Ele não sabia colocar eloquentemente o que ele sentiu. Era esmagador. E não só aquilo, a dor que ele sentiu com a perda do outro. Ele sabia que Landon continuou a vida e casou com uma mulher, mas não teve a oportunidade de ver mais nada além de alguns momentos com Kimberly. Aquilo tinha que significar algo. "Landon disse que não acreditava que o amor deles terminava ali — nunca consegui pensar nem em um amor que dure a vida inteira, quanto mais outras vidas..." Ele respirou fundo, pensando no que dizer. Matteo sempr foi uma pessoa de poucas palavras e, naquele momento, tendo que buscar palavras para se expressar, era muito difícil. "E ele prometeu um final feliz ao James," Matteo confessou o que seu ancestral disse, mas o que estava não dito naquela frase era a pergunta feita pra Aleksander — se ele estava disposto a buscar esse final feliz com ele.
Um beijo. Um beijo que mudou tudo. Se ao menos as pessoas se jogassem em um beijo...
"Alek," disse, o tom baixo soava como um pedido, uma prece, "a Zafira também disse que a gente precisa ter diálogo honesto." Matteo não entrou nos comentários sobre como se feririam, sobre o orgulho dos dois, mas sabia que eventualmente precisavam entrar na história deles. Não em James e Landon, mas em Matteo e Aleksander. James e Landon pode ter os aproximado, mas se não se resolvessem como quem eram. "Eu acho que a gente precisa conversar sobre a gente porque ninguém é bom em relacionamento, mas nossa história está contra a gente..."
#thematteobianchi08#perdão esse ficou enorme mas o próximo vai ser mais curto!!!#pelo menos tentarei fazer mais curto rs
8 notes
·
View notes
Text
Alek: Não teve que pagar nenhum preço, né?
Alek: Farei isso, em breve
Alek: Mas agora não tô querendo saber da Helena, tô querendo saber de você
Scarlet: Tem muita coisa inesperada acontecendo, não acha?
Scarlet: Porque nunca que imaginaria você defendendo o Matteo.
Scarlet: Nada é impossível, não é mesmo?
Scarlet: E desde quando termos nos aproximado significa que temos certeza ou segurança de algo?
7 notes
·
View notes
Text
[sms] Alek: talvez o seu antepassado que tenha feito alguma coisa [sms] Alek: quem você supostamente é mesmo? o rafael? [sms] Alek: se você não sabe, imagina eu [sms] Alek: será que ela não gostou do antepassado dela? ou senão da alma gêmea dela não ter sido você?
[sms] Dante: as vezes eu penso que não sei o que fiz pra conseguir um doce como você na minha vida [sms] Dante: me dá mais uma hora e um energético e eu viro otimista de novo [sms] Dante: veremos, né [sms] Dante: não sei nem o motivo dela não ter falado da outra vez [sms] Dante: então não fica muito esperançoso
11 notes
·
View notes
Text
Alek não disse nada quando sentiu os dedos de Olivia em seu queixo, guiando-o como quem conhece bem o poder que tem sobre ele. O perfume dela se misturava com o próprio calor da pele, e quando os lábios dele roçaram a curva exposta do pescoço dela, algo nele estalou — como uma represa que, silenciosamente, vinha acumulando mais do que suportava.
Mordeu de leve, sem pressa, só o suficiente para fazer a pele dela arrepiar sob sua boca. E então deslizou a língua sobre o ponto exato, suave, provocante, antes de subir até o lóbulo da orelha dela. Sussurrou ali, a voz baixa, rouca de desejo: "Então deixa a gente recompensar você direito." Se afastou só o suficiente para tirar o sobretudo que ainda usava, largando-o no sofá atrás de si, revelando a camiseta justa por baixo — e então os olhos dele buscaram os de Matteo, como se o puxasse para mais perto sem dizer uma palavra. O clima ali era tão denso que parecia queimar no ar.
Ele se aproximou de Olivia de novo, agora com as mãos deslizando pela lateral do corpo dela, subindo pelas coxas expostas que ela mesma oferecera, enquanto o olhar seguia atento ao menor movimento de Matteo. As mãos dele pressionaram um pouco mais forte a coxa de Olivia, abrindo espaço entre elas enquanto a puxava mais pra perto de si. O vestido dela subiu ainda mais, e Alek inclinou o rosto para beijar a linha entre os seios, subindo lentamente enquanto murmurava contra a pele: "Vai se arrepender de ter deixado a gente começar sem você?" Uma das mãos dele, ainda firme na coxa de Olivia, deslizou para encontrar a de Matteo sobre a pele dela. Entrelaçou os dedos com os dele, como quem o incluía não só no gesto — mas na intenção. O toque era quente, decidido, um convite silencioso e inevitável. Quando olhou para ele de novo, havia uma chama diferente nos olhos de Alek. Algo entre desafio e confissão.
@thematteobianchi
A oferta não era usual. No mínimo era excêntrica, no outro extremo, poderia ser ultrajante. Mas era demais ele querer que Olivia disesse sim? Matteo não sabia como decidir entre os dois. Cada um deles ofereciam coisas completamente diferentes. O tom dela, entretanto, não lhe parecia muito aberto a proposta. Era o deboche, a zombaria... Mas foi a resposta dele que pareceu mudar o tom. Matteo precisava de respostas e, por mais maluca que fosse a ideia, talvez tivesse alguma. E, se não, não podia ser ruim. 'O que eu perdi nos últimos capítulos dessa novela?' Olivia não fazia nem ideia... Ele tinha falado que tinha sentido coisas em relação ao outro, mas ele não tinha explicado nada em relação a aqueles sentimentos que nem mesmo Matteo sabia nomear. Matteo deu de ombros, sem dar uma resposta verbal.
'meu bem'? Matteo levantou a sobrancelha, sem dizer nada, ao mesmo tempo, antes que pudesse abrir a boca para responder qualquer um dos dois, Alek se inclinou sob Olivia e o beijou, sem hesitação. Aquela era a primeira vez desde o baile de máscaras que ele o beijava em frente a outra pessoa. Porém, naquela vez ninguém usava máscara e Matteo acabou levando a mão para o pescoço de Aleksander, mantendo ele ali por um instante. Quando Alek se afastou, ele precisou respirar fundo, ajeitando-se no assento.
( @oliviafb )
8 notes
·
View notes
Text
Alek: Não sei, nunca tive ninguém tendo ciúmes de mim antes
Alek: Ah, é? E o que o Dante disse pra você?
Alek: Bianchi
Alek: Tô tentando cuidar de você aqui
Alek: Tem como me encontrar no meio do caminho?
22 notes
·
View notes
Text
[sms] Alek: é sério que você tá falando pra mim sobre estar com sono?
[sms] Alek: vou dar um murrão na tua cara, namoral
[sms] Alek: tomara que consiga arrancar alguma coisa dela
[sms] Alek: Lili no espelho? Ha, essa eu quero ver
[sms] Alek: cara, você sempre foi o otimista da dupla
[sms] Alek: péssima hora pra você decidir ser pessimista
11 notes
·
View notes
Text
Alek: Bianchi.. Você tem ciúmes de mim agora?
Alek: Contei pro Dante, só..
Alek: Você contou pra alguém?
Alek: Bianchi
Alek: Tô tentando cuidar de você aqui
Alek: Tem como me encontrar no meio do caminho?
22 notes
·
View notes
Text
[sms] Alek: Lili no espelho? Ha, essa eu quero ver
[sms] Alek: cara, você sempre foi o otimista da dupla
[sms] Alek: péssima hora pra você decidir ser pessimista
[sms] Alek: se o motivo dela for realmente porque ela quer tempo e paz, sinto muito... ela não vai poder ser o alecrim dourado da vez [sms] Alek: bom, você é a única pessoa que ela aparentemente escuta, então vale a tentativa [sms] Alek: pior do que tá não dá pra ficar, né?
11 notes
·
View notes
Text
Alek: Sei lá, do jeito que você falou, pareceu uma coisa ruim
Alek: Mas eu não interessado em só entrar nas suas calças, que fique claro
Alek: Bianchi
Alek: Tô tentando cuidar de você aqui
Alek: Tem como me encontrar no meio do caminho?
22 notes
·
View notes
Text
Alek: Sério, Matteo?
Alek: É isso que você acha que tô fazendo contigo? Jogando meu charme pra entrar nas suas calças?
Alek: Bianchi
Alek: Tô tentando cuidar de você aqui
Alek: Tem como me encontrar no meio do caminho?
22 notes
·
View notes
Text
Alek: É, acho que o Dante tá finalmente me contaminando
Alek: E foda-se o que a maior parte da cidade pensa
Alek: Acha mesmo que eles não pensam exatamente a mesma coisa sobre mim?
Alek: Tô menos interessado no que eu vou perder e mais no que vou ganhar
Alek: Bianchi
Alek: Tô tentando cuidar de você aqui
Alek: Tem como me encontrar no meio do caminho?
22 notes
·
View notes