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Era um tanto desconcertante que tivessem encontrado seu relicário. Dimitri não havia pensado na próxima etapa. Primeiro porque ele não havia sido escondido para que o achassem. Estava certo de que apenas um rastreador tão competente quanto ele próprio poderia traçar caminho até o objeto, e desconhecia alguém capaz de tanto. Segundo porque desconhecia, além disso, alguém que julgasse seu valor tão alto a ponto de dedicar energia suficiente em sua caçada. Não era falta de auto estima, era descrença na teimosia necessária para alcançá-lo. Mas ali estavam, e não havia levado tanto tempo até ter sido levado para a pessoa que o encontrara. Claramente havia sido um acidente. Toda sua linguagem corporal e cada fio de cabelo fora do lugar diziam isso antes que suas palavras começassem a justificar algo que, não fosse a visível insegurança e timidez da garota, não faria o menor sentido. Dimitri levou as mãos aos bolsos, a expressão suave se modificando para uma indagação visível. De novo, percebia que não havia pensado na próxima etapa. Teria de ir a um encontro com ela, não teria justificativas para negar. Além disso, apenas reforçaria a ideia de Sofiya de que ele estava ali para vigiá-la. Vigiar é uma palavra tão forte... Não descrevia bem. Mas a tal ideia de Sofiya, independente do verbo escolhido, não estava errada, e ele precisava mentir melhor. “Não vejo o porquê de serem más notícias. A não ser que você ache más notícias para si, se pensou estar reclamando o relicário de alguém mais interessante.” Seu lábio inferior fez o movimento de falsa apreensão, parecendo bem humorado diante da possibilidade. “De toda forma, talvez seja tarde demais para você voltar atrás, não é? Vamos, o brunch te aguarda. E eu aceito o encontro, quero saber os detalhes.” Um movimento da cabeça a convidada a se juntar ao brunch no jardim, onde os caçadores que haviam terminado a missão se uniam aos corações que vinham aguardando. Virou o corpo em intenção de seguir, mas aguardou e checou se ela o acompanharia. “Mas guarde eles até lá.”

𝒘𝒉𝒐: @allidimitri

𝒘𝒉𝒂𝒕: fim da caçada.

* Os olhos inocentes de Esmera se arregalaram no instante em que lhe foi revelada a identidade trazida pelo medalhão em suas mãos, assumindo um brilho especial enquanto admirava a formosura do rapaz. Fulgaz, o momento de contemplação não durou mais do que alguns segundos, pois logo ela era trazida de volta à realidade. Certos fatores perderiam relevância se ela carregasse um título de maior expressão, que realmente despertasse o interesse de um Duque. Mas aquele não era o caso. Talvez estivesse diante da chance perfeita para exercitar sua oratória, colocar o carisma em ação e tentar conquistar a atenção do rapaz, mais ainda lhe faltava segurança para isso. Com um suspiro resignado, admitiu para si mesma a própria derrota. “ ── Odeio ser a portadora de más notícias, mas encontrei seu medalhão. ” Anunciou, encabulada, enquanto erguia o objeto na altura dos olhos, embora já fosse óbvio o que acontecia ali. O sorriso presente nos lábios carregava nervosismo, mas também era caloroso. “ ── Um encontro me parece uma ótima oportunidade para bater um papo, mas não irei obrigá-lo a nada. ” Adiantou-se, deixando nas mãos alheias a decisão de seguirem com os planos da dinâmica ou considerar a participação de ambos encerrada. “ ── Porém, adoraria te contar como encontrei seu relicário sem querer. ” Uma pequena folha ainda se prendia aos fios de cabelo como evidência do acidente causado por um galho agarrado à sua perna.

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brunch no jardim, with @sofiyadaputa

Calma e lentamente, Dimitri derramava mel sobre o waffle rechonchudo, os movimentos circulares e preguiçosos. Enquanto diversos dos participantes ao redor pareciam ansiosos, o Alliluyev parecia... indiferente. Mas sabia que estava sendo observado, e não somente da maneira que vinham sendo sempre observados. Ergueu o olhar certeiro, seco, sem desvios, encontrando a expressão inquisitora de Sofiya. Seus olhos o questionavam de forma que ele podiam escutar sua voz atravessando o ar entre eles, ainda que seus lábios estivessem fechados. Por enquanto. Uma sobrancelha fora arqueada em resposta, desafiadora. "Vá em frente, diga."

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Já era esperado que DIMITRI FYODOROVICH ALLILUYEV viesse para a Ilha de Treatan, afinal, ele é um DUQUE vindo do REINO DE BELARUS (Bielorrússia + Letônia). Não que seja elegante perguntar, mas sei que ele já conta com seus 30 ANOS, e não esconde a fama de RANCOROSO, mas é sabido que seu lado ATENCIOSO compensa.

HEADCANONS

Seria compreensível que uma criança fruto de um general e uma professora se tornasse um adulto rígido. Seria, também, aceitável diante das expectativas exercidas sobre ela durante sua formação como ser humano. Dimitri, no entanto, é suficientemente compassivo. Apesar de sua imagem de grande militar implacável, o general Fyodor era um pai amoroso, atencioso e tolerante, e criou um filho confiante e corajoso. Essas características não apenas definem o primogênito dos Alliluyev, como sua forma de comandar o exército do reino após a morte de seu pai. Uma confiança como aquela, tão inabalável, não era do tipo que não admite falhas em si mesmo. Pelo contrário, permite a Dimitri admirar os próprios erros como oportunidades de uma rota diferente. Nada, nunca, está perdido. Mas, se apenas a misericórdia prevalece, se alastra a desordem e a corrupção se esconde sob o manto do perdão. A guerra é necessária. Há o imperdoável, ou não há a justiça. De certa maneira, esses ingredientes juntos formavam a receita da audácia. Para os desavisados, parecia ser aquele seu poder, a habilidade de encontrar uma saída, a determinação sobrenatural. Ou o otimismo mágico de enxergar o lado bom em tudo. Não eram hipóteses completamente equivocadas.  Crescendo, não foi tão difícil perceber que a forma que via o mundo era diferente da que seus pais viam, ou da que os governantes viam. Bem, qualquer outra pessoa. E com atenção ao uso das palavras, perceber isso foi fácil quando esse era exatamente seu poder. Ele percebia coisas que mais ninguém conseguia enxergar, detalhes de tudo, com sua memória e percepção sensorial sensorial inumanas. Quase predatórios, seus sentidos afiados se uniam a uma espécie de intuição excepcional.  Ter se tornado o general que seu pai teria admirado não era somente consequência do seu poder, no entanto, mas também da maneira como sabia utiliza-lo em seu benefício e o do reino. Protetor ao extremo, Dimitri faz questão de cuidar de todo mundo, o que não quer dizer que ele é afetuoso nesse processo. Mas é eficiente. Aprendeu a amar e cuidar com seu pai, mas é fechado o bastante para que quase ninguém conheça esse seu lado. Ademais, nega ser cuidado com o que pode ser definido como uma independência extrema e um tanto de teimosia.  

EXTRAS

General Yuri Ivanovich Alliluyev, antigo Conde de Ladoshkaya, avô, primeiro Duque de Dvina

General Fyodor Yurievich Alliluyev, Duque de Dvina, pai, falecido 

Zinaida Ivanovna Alliluyeva, mãe 

A família Alliluyev era dona de terras antes da separação da Rússia, tendo o patriarca o título nobiliárquico e hereditário de Conde de Ladozhskaya. O primeiro Conde do clã Alliluyev foi Akardy "O Lobo" Alliluyev (ancestral do século XVI, era pré-Romanov), nomeado por Ivan, o Terrível, por ajudar a expulsar os cavaleiros teutônicos da região do lago Ladoga.   As terra sobre as quais governava eram referentes a toda a margem sul do lago Ladoga (sendo esse o maior lago da Europa), e as quais incluía não apenas uma fortaleza de pedra no estreito do rio Volkhov, como vilas de pescadores e forjas de armas. Ali, cresceu um feudo militar da família Alliluyev, a 40 km a leste do local onde seria fundada São Petersburgo, chamado Condado de Ladoshkaya Krepost, a Fortaleza de Ladoga.  A czarina Yekarerina I visitava o condado para caçadas e festivais de inverno, e Elizaveta nomeou o Conde Arkady Alliluyev como "Guardião do Norte", um cargo vitalício. A conexão entre os Romanov e os Alliluyev apenas se estreitou ao longo das gerações, e a lealdade que se seguiu foi uma consequência justa.

Durante o golpe, os Alliluyev haviam sido os primeiros a erguer suas lâminas em defesa da czarina Anastasia. Mas enquanto a nobreza de São Petersburgo se rendia aos usurpadores, eles foram aprisionados para que, sob tortura, revelassem informações cruciais sobre o governo dos Romanov. Entretanto, com a ajuda de criados leais, Yuri Alliluyev escapou, e junto com os cavaleiros sob o brasão Alliluyev, cortou um caminho sangrento até a fronteira para encontrar os últimos herdeiros dos czares assassinados. A recompensa veio junto a fundação do Reino de Belarus, e sob a forma de um novo título: Yuri Ivanovich Alliluyev foi nomeado Duque de Dvina. Agora senhores das terras que ligavam os escombros do império ao recém-nascido reino de Belarus. Mesmo com suficiente ouro, Yuri sabia que seu verdadeiro poder estava nas paredes de pedra de Ladozhskaya Krepost. Lá, entre os lobos de prata entalhados nos salões, sua família mantinha um segredo tão antigo quanto perigoso: os arquivos da czarina Yekaterina, a Grande, incluindo mapas das rotas de invasão que poderiam esmagar os Yusupov.

PODER

Percepção hiperdesenvolvida, quase predatória, que combina sentidos físicos aguçados com uma intuição afiada para leitura do ambiente, incluindo comportamental.  Nota mudanças mínimas no ambiente, como pegadas recentes na grama, poeira perturbada em armadilhas não ativadas, ou brilho diferente de uma espada envenenada. Também tem visão noturna melhor do que a maioria das pessoas, distinguindo movimento no escuro total. É capaz de ouvir sussurros distantes, mesmo em meio ao barulho de batalha, e mesmo que não distingua exatamente as palavras, mas reconhece padrões de voz que possam ser suspeitas, como uma mentira ou um sotaque disfarçado.  Dimitri não só detecta o mundo com clareza sobrenatural, compreendendo padrões ou a ausência deles, mas sua memória sensorial também é extremamente forte.

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