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Queria dizer antes de tudo que me considero uma pessoa talentosa. Eu faço muitas coisas realmente bem, é verdade. Vou citar algumas, ok? Sou boa desenhando, trabalhando, sou boa com crianças, sou boa cuidando de uma pessoa machucada, fazendo massagem; sei biscuit, tricô, crochet e bordados diferentes, aprendo rápido como tocar uma música no ukulele, sei esculpir coisas com argila, contar histórias, trocar chuveiro, marcenaria de coisas aleatórias, me viro bem com encanamentos. Sou uma boa filha, uma amiga fiel, uma irmã protetora e sou boa fazendo as pessoas rirem. Além disso, sei dirigir muito bem e apesar de ser algo ruim... quando eu brigou, sou muito boa nisso também. Eu tenho todas essas habilidades e mais algumas, ainda assim sou ruim em uma quantidade enorme de coisas, entre elas a que eu sou pior é em amar alguém. Já leu "As 5 linguagens do amor" do autor Gary Chapman? Recomendo. Particularmente, não sou muito adepta de títulos e nem nada que crie uma definição quadrada sobre as pessoas; o que me fez amar esse livro foi não ter esse sentimento de enquadramento e sim de reflexão. Minhas linguagens de amor são 'Atos de serviço' e 'Presentes'. Parece super fofinho, certo? Porém, tudo que é em excesso, se torna ruim. Eu realmente me entrego, me dedico e me esforço quando gosto de alguém; independente da relação, sempre tento meu melhor. Nesse caminho; nesses excessos; eu percebi que sufocava ou deixava coisas importante para trás e que os pequenos vazios que eu ignorei com meus excessos se tornaram grandes e profundas grateras.
Tomar consciência disso não foi nenhum momento de luz que brilhou na minha mente. Na real, foi com terapia e escutando as pessoas que eu amo falarem sobre tudo que eu deixei faltar. Eu ainda amo intensamente, ainda quero tornar a vida do outro melhor, acrescentar algo e poder dar coisas que o outro queira. Ainda quero preparar surpresas, comemorar conquistas e mostrar para a pessoa que não importa o tempo, o clima ou a distância, ela sempre será amada por mim. Todo esse amor que para mim é mágico e constante, ainda queima em mim sem nunca vacilar. Então, posso dizer que o que mudou foi minha forma de demonstrar. Aprender a entender e respeitar a forma que o outro quer ser amado ou cuidado, entender que as pessoas precisam passar por certas coisas sozinhas porque faz parte de um processo individual, aprender a me policiar e reconhecer sozinha quando eu estou atravessando o limite; essa foi a mudança. Sendo sincera, o mais dificil foi entender que a falta de excessos também é uma forma de amor. Me perguntei muitas vezes (mais do que gostaria de admitir) se abrindo mão de algumas demonstrações, atos de serviços ou presentes as pessoas iriam questionar se eu amava elas o suficiente ou não. Todo dia, quando quero demonstrar meu amor pelas pessoas ao meu redor ainda me sinto insegura e me pergunto se estou faltando com algo ou exagerando.
Talvez você pense que esse sentimento de ansiedade ou esses momentos de tensão sejam absurdos. Sinceramente, não saberia dizer. O que posso dizer é que sou amor onde quer que eu vá e mesmo que eu seja realmente ruim nisso, quem eu amo e quem está na minha vida, foi escolhido com todo o amor que eu tenho. Vou amá-los intensa e loucamente, sem medo e com cuidado.
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O que é ser sozinha? No dicionário a definição é alguém que está sem ninguém, largado, desamparado, desacompanhado. Estar sozinha pra mim é aquela sensação de vazio que você tem quando está com as pessoas mas fica desconfortável, quando está em um ambiente em que você não pode expressar com tranquilidade suas ideias ou quando você se vê obrigado a convenções sociais que não combinam com quem você é; isso para mim é estar sozinha, solitário, desamparado. Houve uma época que estar com alguém por perto era uma necessidade. Toda a atenção, resposta, os aplausos para as piadas idiotas e o apoio para decisões que afateriam apenas a mim; tudo isso precisava de alguém. Então eu tive alguém, que ficava 24h por dia por perto, mesmo que estivéssemos longe; eu não entendia aquele comportamento. Tive amigos que estavam apenas vivendo a vida deles e não podiam mais dividir todos os minutos; esses eu entendia também. Será que eu cansava as pessoas? Será que eu estava chata? Eu mudei tanto que eles não gostam mais de mim? Foram algumas noites de fone na sacada, algumas conversas com minha cachorrinha e alguns textos escritos para ninguém (depois apagados) que eu parei e me perguntei "Porque eu preciso deles?" ou "Porque eu estou tão carente?" Para mim foi um processo doloroso; eu confesso. Desapegar e aprender a se escutar é doloroso. Todas as noiteas que você fica alegre e não tem com quem comemorar, todas as noites que você chora e quer um abraço mas não tem, todas as vezes que você sente incerteza e precisa apenas abraçar o risco das suas próprias decisões; cada instante sozinho parece tornar a própria companhia uma merda. Então um dia você vê um lugar para ir, não chama ninguém, não avisa ninguém, pega seus fones, coloca seus tênis gastos e depois de sentir tédio, olhar ao seu redor achando tudo sem sentido, percebe que conseguiu. No início é entediante, depois fica meio parado e no fim você não consegue mais se imaginar avisando onde está indo ou o seus motivos. Tantas falas, perguntas e questionamentos: "Cinema sozinha, isso é meio triste." "Você precisa de alguém. Sair sozinho é muito ruim." "Você está se sentindo mal?" Tudo isso vai fazer você se questionar se não ficou realmente louco, só que você aprendeu a curtir a própria companhia. Viver momentos de liberdade, de questionamento, dor e a exaltar suas próprias conquistas. Porque a questão nunca foi se tem alguém ao seu lado, sempre foi sobre como você se sente nos lugares que você vai, com as pessoas que você conversa e sobre o quanto você poda sua personalidade ou não. Estar sozinho é sobre olhar para si mesmo e não se reconhecer.
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Já faz 6 anos que eu postei uma foto no status do facebook, você comentou e depois disso foi só caos, aventura, emoções intensas, muita música de fundo e entre aquele click e meus recentes 25 anos, ainda não sei qual foi o momento em que eu mudei de vez.
Faz anos e mesmo tendo mudado completamente ao longo dos anos a sensação de caos que você deixou no primeiro dia ainda é a mesma. O que isso quer dizer?
Eu tinha 19 anos, minhas pernas pareciam geléia, minhas mãos tremiam, eu estava envergonhada, ansiosa, animada e chocada. Lembro da proximidade, do cheiro de cigarro com perfume, do toque de uma mão tensa e determinada, lembro do olhar que me atravessou como navalha desde o primeiro instante. Todas essas memórias boas guardadas em uma caixa fechada que eu me recusei a abrir e sentir saudade.
Então em um dia qualquer de uma vida comum, uma mensagem rasgou a caixa e eu resolvi espiar dentro, só para ter certeza que eu estava me lembrando de tudo como havia sido. Então olhos castanhos passaram diante de mim, seguidos de barulhos de som alto, máquinas de tatuagem, estradas ensolaradas, filmes questionáveis em qualidade e todas as noites acordados na garagem. Queria dizer que fiquei emocionada e com saudade, mas não foi assim.
Eu lembrava de muita coisa que não era alegre, me lembrava da sensação de querer correr pra longe depois do fim e como eu não deixei ninguém falar sobre isso perto de mim. Eu sabia, eu sempre soube. Parte de mim ficou no caos que você deixou, no caos que eu iniciei e no caos que criamos. Eu sempre soube que era um terreno que eu só pisaria para afundar as duas pernas, mesmo assim eu marquei um encontro no shopping e fui te ver.
Eu queria estar bonita, eu queria me arrumar e por um bom perfume; passei o minuto da última mensagem ao momento de dizer olá, pensando constantemente que eu não deveria entregar nada, nada. Que idiota, certo?
Eu estava sentada de costas pra parede, você estava na minha frente com um relógio enorme e um cigarro, apoiando na minha perna como se tivessemos visto “Dois homens e meio” juntos na tarde anterior. Toda essa familiaridade, esse conforto, toda essa intimidade... Era algum assunto sobre carreira e sobre mudanças da vida adulta e minha cabeça só conseguia apitar, só conseguia pensar em por que eu me sentia feliz com isso, por que esse conforto e essa intimidade me derrubaram tão fácil?
Por que eu entregaria tudo de novo, se quando eu sai de casa para te encontrar estava tão determinada a não ser transparente como era antes. Por que eu te afastei todas as vezes que quis te puxar?
É ridículo, depois de anos eu ainda sinto a mesma emoção de paixão e entrega que sentia no início.
Só depois de tantos reencontros e uma noite de insônia eu finalmente decidi abraçar o caos que você deixou.
Depois de 6 anos, o alarme da sua mensagem ainda faz meu coração saltar.
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