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"Pra poesia Que UMA gente nao vive Transformar o tédio em Melodia ..." (Todo Amor Que Houver Nessa Vida) Cazuza Eu não reclamo de direitos autorais de qualquer material apresentado, bem como não apresentando qualquer coisa como meu próprio trabalho, salvo indicação. Se eu postar alguma coisa que o seu crédito e não é dado, me avise e será corrigido.
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apalvra · 5 months ago
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Novos Dias.
“Este ano vai ser pior...
Pior para quem estiver no nosso caminho."
Então que venham os dias.
Um sorriso no rosto e os punhos cerrados que a luta não para.
Um brilho nos olhos que é para rastrear os inimigos (mesmo com medo, enfrente-os!).
É necessário o coração em chamas para manter os sonhos aquecidos. Acenda fogueiras.
Não aceite nada de graça, nada. Até o beijo só é bom quando conquistado.
Escreva poemas, mas se te insultarem, recite palavrões.
Cuidado, o acaso é traiçoeiro e o tempo é cruel, tome as rédeas do teu próprio destino.
Outra coisa, pior que a arrogância é a falsa humildade.
As pessoas boazinhas também são perigosas, sugam energia e não dão nada em troca.
Fique esperto, amar o próximo não é abandonar a si mesmo.
Para alcançar utopias é preciso enfrentar a realidade.
Quer saber quem são os outros? Pergunte quem é você.
Se não ama a tua causa, não alimente o ódio.
Por favor, gentileza gera gentileza. Obrigado!
Os Erros são teus, assuma-os. Os Acertos Também são teus, divida-os.
Ser forte não é apanhar todo dia, nem bater de vez em quando, é perdoar e pedir perdão, sempre.
Tenho más notícias: quando o bicho pegar, você vai estar sozinho. Não cultive multidões.
Qual a tua verdade ? Qual a tua mentira? Teu travesseiro vai te dizer. Prepare-se!
Se quiser realmente saber se está bonito ou bonita, pergunte aos teus inimigos, nesta hora eles serão honestos.
Quando estiver fazendo planos, não esqueça de avisar aos teus pés, são eles que caminham.
Se vai pular sete ondinhas, recomendo que mergulhe de cabeça.
Muito amor, mas raiva é fundamental.
Quando não tiver palavras belas, improvise. Diga a verdade.
As Manhãs de sol são lindas, mas é preciso trabalhar também nos dias de chuva.
Abra os braços. Segure na mão de quem está na frente e puxe a mão de quem estiver atrás.
Não confunda briga com luta. Briga tem hora para acabar, a luta é para uma vida inteira.
O Ano novo tem cara de gente boa, mas não acredite nele. Acredite em você.
Feliz todo dia!
Sérgio Vaz
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apalvra · 3 years ago
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POEMA DE NATAL
Conceição Evaristo
O frio assola
os meninos no Natal
nas grutas, nas vielas,
nos condomínios...
O frio no Natal assola
a vida de muitos.
Na solidão do vazio prato,
o esbanjar da ceia
cerceia o paladar
de quem apenas em sonho,
molha a farinha seca,
no vinho tinto e extinto
pelo derramamento
do cálice do outro.
O frio no Natal
não tem nascedouro
em dezembro.
Há longas datas
o frio assola
a boca vazia
do ano inteiro.
Em dezembro porém
uma lembrança erupciona
a pele de todos.
O frio do outro Menino,
o frio do outro...
E então, no afã de exterminar
o nosso frio, fabricamos
o calor de um só dia, esquecidos
de que como deuses
também podemos milagrar a vida.
Basta tomar
o fogo-brilho da estrela
e com a chama do divino-humano
que em nós habita,
maravilhar o mundo com
a estrela-guia da justiça.
Feliz Natal!!!!!!
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apalvra · 4 years ago
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"Sabe o Homem que encontraram no gelo?
Encontraram no gelo da Prússia? Enrolado?
Os arqueólogos encontraram no gelo gelado da Prússia?
Perto das colinas calcáreas da Prússia?
O Homem feito um feto gelado, com sua vara de pesca?
Sabe o Homem que encontraram? Com seu machado de pedra?
O Homem que tinha cabeleira intacta? A arcada dentária?
O Homem meio macaco? Funerário? Fossilizado na encosta que o engoliu? No tempo perdido? Você viu?
Tetravô dos mamíferos do Brasil? O Homem vestígio?
O Homem engolido pela terra primitiva? Da Era Quaternária, não sei? Secundária?
Que caçava avestruz sem plumas? Caçava o cervo turfeiras? Javali e mastedonte?
Ia aos mares fisgar celacanto? Rinoceronte?
Sabe deste Homem?
Irmão do Homem de Piltdown?
Primo do Homem de Neandertal?
Do velho Cro-Magnon?
Do Homem de Mauer? Dos Incas, até?
Dos Filhos do Sol?
Das tribos da Guiné?
O Homem de 100 mil anos antes de nossa era? Ou mais? Um milhão de eras?
Homem com mandíbula de chimpanzé?
Parecido o mais terrível dos répteis carnívoros do Cretáceo?
Um mistério maior que este mistério?
Navegador de jacaré? Não sabe?
Homem desenterrado por acaso? Pelos viajantes, por acaso?
Pela Paleontologia, não sabe?
Visto nas costelas frias da Prússia, repito? Prússia renana, vá saber lá o que é isso?
O Homem ressuscitado, você viu na TV?
De ossos miúdos? Esmiuçados?
Abertos para estudo? À visitação nos museus americanos?
Como uma múmia sem roupa?
Quase?
Flagrada como se estivesse dormindo nas profundezas do mundo oceânico?
O Homem embrionário?
Das origens cavernosas da Humanidade?
Sabe este Homem, não sabe?
Pintado nas cavernas da Dordonha?
Mesolítico?
Nômade?
Perdido?
Este Homem dava o cu para outros homens.
E ninguém, até então, tinha nada a ver com isso."
O conto Homo Erectus, do livro BaléRalé, de Marcelino Freire.
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apalvra · 5 years ago
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Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Cecília Meireles MEIRELES, C. Poesia completa: Volume 1. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.
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apalvra · 5 years ago
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apalvra · 5 years ago
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Mudança de Idade. Mia Couto
Para explicar
os excessos do meu irmão
a minha mãe dizia:
está na mudança de idade.
Na altura,
eu não tinha idade nenhuma
e o tempo era todo meu.
Despontavam borbulhas
no rosto do meu irmão,
eu morria de inveja
enquanto me perguntava:
em que idade a idade muda?
Que vida,
escondida de mim, vivia ele?
Em que adiantada estação
o tempo lhe vinha comer à mão?
Na espera de recompensa,
eu à lua pedia uma outra idade.
Respondiam-me batuques
mas vinham de longe,
de onde já não chega o luar.
Antes de dormirmos
a mãe vinha esticar os lençóis
que era um modo
de beijar o nosso sono.
Meu anjo, não durmas triste, pedia.
E eu não sabia
se era comigo que ela falava.
A tristeza, dizia,
é uma doença envergonhada.
Não aprendas a gostar dessa doença.
As suas palavras
soavam mais longe
que os tambores nocturnos.
O que invejas, falava a mãe, não é a idade.
É a vida
para além do sonho.
Idades mudaram-me,
calaram-se tambores,
na lua se anichou a materna voz.
E eu já nada reclamo.
Agora sei:
apenas o amor nos rouba o tempo.
E ainda hoje
estico os lençóis
antes de adormecer.
Mia Couto in Tradutor de Chuvas, 2011
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apalvra · 5 years ago
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Profundamente
Manuel Bandeira
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
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apalvra · 6 years ago
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Caio Fernando de Abreu, "Fever 77 ⁰ "
Deixa-me entrelaçar margaridas
nos cabelos de teu peito.
Deixa-me singrar teus mares
mais remotos
com minha língua em brasa.
Quero um amor de suor e carne
agora:
enquanto tenho sangue.
Mas deixa-me sangrar teus lábios
com a adaga de meus dentes.
Deixa-me dilacerar teu flanco
mais esquivo 
na lâmina de minhas unhas.
Quero um amor de faca e grito
agora:
enquanto tenho febre.
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apalvra · 7 years ago
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DA PAZ
por Marcelino Freire 
Eu não sou da paz.
Não sou mesmo não. Não sou. Paz é coisa de rico. Não visto camiseta nenhuma, não, senhor. Não solto pomba nenhuma, não, senhor. Não venha me pedir para eu chorar mais. Secou. A paz é uma desgraça.
Uma desgraça.
Carregar essa rosa. Boba na mão. Nada a ver. Vou não. Não vou fazer essa cara. Chapada. Não vou rezar. Eu é que não vou tomar a praça. Nessa multidão. A paz não resolve nada. A paz marcha. Para onde marcha? A paz fica bonita na televisão. Viu aquele ator?
Se quiser, vá você, diacho. Eu é que não vou. Atirar uma lágrima. A paz é muito organizada. Muito certinha, tadinha. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. E prefeito. E senador. E até jogador. Vou não.
Não vou.
A paz é perda de tempo. E o tanto que eu tenho para fazer hoje. Arroz e feijão. Arroz e feijão. Sem contar a costura. Meu juízo não está bom. A paz me deixa doente. Sabe como é? Sem disposição. Sinto muito. Sinto. A paz não vai estragar o meu domingo.
A paz nunca vem aqui, no pedaço. Reparou? Fica lá. Está vendo? Um bando de gente. Dentro dessa fila demente. A paz é muito chata. A paz é uma bosta. Não fede nem cheira. A paz parece brincadeira. A paz é coisa de criança. Tá uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz é muito falsa. A paz é uma senhora. Que nunca olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não mora no meu tanque. A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue.
Já disse. Não quero. Não vou a nenhum passeio. A nenhuma passeata. Não saio. Não movo uma palha. Nem morta. Nem que a paz venha aqui bater na minha porta. Eu não abro. Eu não deixo entrar. A paz está proibida. A paz só aparece nessas horas. Em que a guerra é transferida. Viu? Agora é que a cidade se organiza. Para salvar a pele de quem? A minha é que não é. Rezar nesse inferno eu já rezo. Amém. Eu é que não vou acompanhar andor de ninguém. Não vou. Não vou.
Sabe de uma coisa: eles que se lasquem. É. Eles que caminhem. A tarde inteira. Porque eu já cansei. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. A paz parece que está rindo de mim. Reparou? Com todos os terços. Com todos os nervos. Dentes estridentes. Reparou? Vou fazer mais o quê, hein?
Hein?
Quem vai ressuscitar meu filho, o Joaquim? Eu é que não vou levar a foto do menino para ficar exibindo lá embaixo. Carregando na avenida a minha ferida. Marchar não vou, ao lado de polícia. Toda vez que vejo a foto do Joaquim, dá um nó. Uma saudade. Sabe? Uma dor na vista. Um cisco no peito. Sem fim. Ai que dor! Dor. Dor. Dor.
A minha vontade é sair gritando. Urrando. Soltando tiro. Juro. Meu Jesus! Matando todo mundo. É. Todo mundo. Eu matava, pode ter certeza. A paz é que é culpada. Sabe, não sabe?
A paz é que não deixa.
Marcelino Freire
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apalvra · 7 years ago
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Um manifesto, nem isso
Hoje é o aniversário da execução
de García Lorca e se alguma coisa
mudou desde então, foi pra pior
eu estou na Central do Brasil
esperando que alguém me ligue
com uma notícia boa
não tenho vontade de voltar para casa
não tenho vontade de ir trabalhar
não tenho vontade de quase nada
e espero me apaixonar nos próximos minutos
há qualquer coisa de perverso em tudo isso
penso em Antônio Conselheiro
e em seu cadáver profanado
a santidade do mundo
é sempre mais perigosa
que qualquer diabo
uma vez o eremita me sorriu
em uma carta de tarô e desde então
tenho colecionado abandonos
ocorre-me que talvez estejamos
vivendo o apocalipse
ocorre-me que talvez sejamos
todos o anti-cristo
tenho profetizado o fim dos tempos
com uma vontade aguda
de que o mundo dê merda
e quando isso acontece
é quando estou mais feliz, eu me digo,
basta desse teatro – vamos ver
até onde eles estão dispostos
a levar isso aqui
e eles estão dispostos a levar
a coisa bem longe
desde que não tenham que fazer
acontecer com as próprias mãos
quando eu era pequeno a minha avó
matou um porco com as próprias mãos
a mesma avó que me limpava o rabo
e que agora não existe mais
admiro o silêncio forçado dos santos
o perigo mortal de um pulmão que respira
e agora essas crises de riso
que me acometem como o chorar
mas eu sou mais forte que isso
eu lhes digo
eu estou estudando a tristeza
eu sempre fui bom de estudar
eu sempre fui bom em ser triste
há dias em que sinto certo nojo
de ser homem
gostaria que todos menstruassem
para variar
às vezes recordo as pessoas
que amei e me pergunto se elas
estão mais felizes que isso
preciso logo colocar uma filha no mundo.
 Ítalo Diblasi, outubro 2015
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apalvra · 9 years ago
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O Amor dos Homens Mais Velhos Eles são sempre tocantes em sua tristeza, ternura e ansiedade, todos os tristes homens idosos que um dia foram tristes rapazes. Como não se emocionar com seu isolamento e desolação, seus tênues sonhos e esperança de um amor,um novo amor, uma amizade? Os mais pobres e feios ainda anseiam por um calor humano passageiro, um toque, um aperto de mão,a sensação, o deleite da nudez de um outro, de sua força e graça enriquecendo toda aquela pobreza, vazio e morte. Amizade é apenas para os jovens mas também deveria ser para os velhos. Os velhos precisam mais de amigos que os jovens, que os têm em excesso. Quando eu era mais jovem e de boa aparência sempre me oferecia aos homens idosos. Eu tamb��m saía com outros rapazes, às vezes, mas pelos velhos sentia um amor especial. Eu costumava me sentir como um radioso anjo louro que descia ao mundo para libertá-los da escuridão de suas moradas insalubres, da cansativa procura nos parques, nas saunas, da espera paciente, costas doridas, tornozelos inchados, de pé no fundo escuro das salas de cinema. Fátua juventude! E no entanto, do fundo do coração, eu apenas queria que eles fossem amados tanto quanto eu o era. E mais importante: eu vinha ao encontro deles e eles nunca me rejeitavam, como os jovens às vezes faziam com sua frivolidade, capricho e mesquinharia. Os velhos são sempre sérios. Eles têm que ser. Era por isso, em parte, que eu os amava. Minha mocidade passou, eu ainda amo os homens idosos, mas não existem mais à minha volta, como outrora, anjos radiosos como o que eu fui em meus dias dourados. James Kirkup (Inglaterra, 1918 -2009 )
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apalvra · 10 years ago
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Todos los hombres sufren, incluso los que no escriben poesía.
Charles Bukowsk (via rustedbox)
635 notes · View notes
apalvra · 10 years ago
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“‘Eu amo tudo que foi Tudo o que já não é A dor que já me não dói, A antiga e errônea fé O ontem que dor deixou, O que deixou alegria Só porque foi, e voou E hoje é já outro dia.’ Fernando Pessoa”
"Fica aqui este humilde presente, para que esteja presente no seu presente. Um beijinho do tamanho da distância que nos  separa.
Raoni Torrente Lisboa 14-11-2013
=)”
>Madrugada Suja . Miguel Sousa Tavares
>Enviada por Ana Karoline Sales (coleção particular)
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apalvra · 11 years ago
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“madre: ¿qué crees de la verdad? ¿es cierto que hay días en los que no se habla? ¿se pueden contar los afectos? ¿tienen fin los amores? ¿trabajar sin vocación es sano? ¿los amigos nos olvidan si sus ingresos aumentan? ¿por qué el miedo se compra y se vende tanto? ¿seguirán existiendo las plazas o quedaron enrejadas en fotografías? ¿las monedas de los días son del sueldo, no? ¿en los ojos que responden están los abrazos? ¿nos perseguirá la muerte hasta los últimos días? ¿si soy tu hijo, puedo ser tu hermano? ¿por qué nos acostumbramos a quejarnos en vez de crear?”
— Fragmento de Madre, ¿tú sabes?, Matías Ciccolella
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apalvra · 11 years ago
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apalvra · 11 years ago
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apalvra · 11 years ago
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Feminina Eu queria ser mulher pra me poder estender Ao lado dos meus amigos, nas banquettes dos cafés, Eu queria ser mulher para poder estender Pó de arroz pelo meu rosto, diante de todos, nos cafés. Eu queria ser mulher pra não ter que pensar na vida E conhecer muitos velhos a quem pedisse dinheiro - Eu queria ser mulher para passar o dia inteiro A falar de modas e a fazer "potins" - muito entretida. Eu queria ser mulher para mexer nos meus seios E aguçá-los ao espelho, antes de me deitar - Eu queria ser mulher pra que me fossem bem estes enleios, Que num homem, francamente, não se podem desculpar. Eu queria ser mulher para ter muitos amantes E enganá-los a todos - mesmo ao predilecto - Como eu gostava de enganar o meu amante loiro, o mais esbelto, Com um rapaz gordo e feio, de modos extravangantes... Eu queria ser mulher para excitar quem me olhasse, Eu queria ser mulher pra me poder recusar... ............................................................................................................ Ah, que te esquecesses sempre das horas Polindo as unhas - A impaciente das morbidezas louras Enquanto ao espelho te compunhas... ............................................................................................................ A da pulseira duvidosa A dos anéis de jade e enganos - A dissoluta, a perigosa A desvirgada aos sete anos... O teu passado, sigilo morto, Tu própria quasi o olvidaras - Em névoa absorto Tão espessamente o enredaras. A vagas horas, no entretanto, Certo sorriso te assomaria Que em vez de encanto, Medo faria. E em teu pescoço - Mel e alabastro - Sombrio punhal deixara rasto Num traço grosso. A sonhadora arrependida De que passados malefícios - A mentirosa, a embebida Em mil feitiços... Mário de Sá-Carneiro (1890-1916)
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