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14/12/20
Hoje eu levei um puta tapa na cara de uma entidade maravilhosa da umbanda. Não sou umbandista e não coloco os pés num terreiro há mais ou menos 3 anos, mas a umbanda sempre me encontra, onde quer que eu esteja.
De uns tempos pra cá eu venho cometendo muitos erros. Na verdade não são erros, são escolhas que podem ter consequências ruins e que eu não vou querer lidar. Mas eu sempre fui assim, fazendo o que não devo só pela emoção do momento, cagando pras consequências. Só que, por um momento eu decidi parar. É, parar. Desfazer os nós que tavam emaranhados na minha garganta. Cortar pela raiz os medos que faziam minha ansiedade atacar cada vez que a minha companheira pegava meu celular enquanto eu não tava vendo. Eu tinha medo das minhas péssimas escolhas virem à tona e eu ser forçada a encarar minhas consequências. Graças a Deus, Deusa e espiritualidade amiga, nada disso aconteceu. Só foi quase.
E sem querer eu me vi num lugar escuro de novo. Onde tudo que eu aceitava receber era um tratamento frio, cruel e insensível com a minha própria humanidade. Aceitei ouvir reclamações injustas sobre mim porque me via numa posição tão desprezível, sem razão e sem moral alguma, que não conseguia mais me defender. Aceitei críticas que nunca pedi e nunca me ajudaram porque pensei que merecia aquilo. Esse tempo todo eu quis me transformar num farrapo. Num tecido desgastado, rasgado e feio porque pensei que eu me resumia à isso. Me resumia aos rasgos, manchas e mau uso que eu constantemente causava em mim e nos outros. Eu pensei que eu jamais poderia ser boa. Até cheguei a considerar que eu não tinha mais sentimentos por ninguém, porque era tão fácil machucar todo mundo... Mas acontece que nada tem uma justificativa plausível. Eu simplesmente... quis. Foi a escolha que eu fiz, pensando no meu prazer pessoal, na minha felicidade momentânea. Foi o que eu escolhi, não foi nada externo a mim. E isso, é difícil demais de admitir.
Você ja conheceu alguém que te fez tanto mal e admitiu que escolheu fazer mal? Não pelo mal estar que ia te gerar, mas porque de vez em quando, nós somos egoístas e queremos mais do que podemos ter. Eu quis duas pessoas ao mesmo tempo, mas nenhuma delas queria me dividir entre si. Então eu escolhi enrolar ambas. Eu escolhi tentar me vender por dinheiro no auge do meu desespero em ver as finanças de casa desabando a cada dia, mesmo sendo comprometida e não contando a ninguém sobre isso. E eu quase me vendi. Eu inventei uma situação grave pra escapar de uma briga, só pra que ficassem do meu lado e parassem de me atacar. Eu manipulei pessoas, enganei, machuquei, mas também amei. Ajudei, tentei dar meu melhor, mesmo não sendo meu melhor o tempo todo.
E como minha querida pombagira disse, eu fiz escolhas ruins. Eu já errei muito. Mas eu não quero mais ter vergonha da minha história. Todo mundo tem um dedo sujo pra apontar sempre que eu menciono tudo que fiz, mas eu não sou pior do que vocês por isso. Eu sou igual. E o que diferencia a gente é só o que a gente faz em relação a essas escolhas.
Sim, eu traí. Mas carreguei sozinha o peso e as consequências disso. Eu escolhi não trair mais.
Sim, eu menti. Mas carreguei sozinha. E escolhi não mentir mais.
Sim, eu manipulei, enganei e fiz de tudo pra ser a vítima das situações que eu mesma me coloquei. E sabe o que eu fiz? Lidei com isso, sozinha.
Por muito tempo eu fui minha própria carrasca. Eu me puni todos os dias, e nao foi me comportando como uma santa ou deixando de errar. Eu me puni aceitando machucados que eu não precisava ter aceitado e nem merecia. Você pode até achar que eu merecia depois do que eu te falei, mas qualquer dor que um ser humano viva, não é uma dor merecida. A dor não foi criada pra ser um castigo, mas sim um aprendizado. Uma lição, um aviso. Não uma conclusão. Me diga, você merece passar por anos de dor e sofrimento porque fez seu ex namorado chorar? Você lá sabe se ele também não fez o mesmo com alguém? E isso anula o cara maravilhoso que ele é quando quer? Isso faz com que ele mereça ser espancado na rua? É claro que não. Cada ação tem sua consequência e isso é punição suficiente.
Eu me senti impotente, fraca e feia, não só por fora como por dentro. Me considerei ridícula e patética a cada sílaba que a minha boca produzia, em qualquer momento do dia. Tudo porque eu sabia que tinha machucado várias pessoas e provavelmente toda a cidade sabia dos meus pecados. E todos deviam me odiar ou falar mal de mim.
Eu não vim dizer que eu superei porque hoje assisti uma pombagira conversar num vídeo do YouTube, mas eu acredito que é o início de um novo processo pra mim. Eu não vou mais sentir vergonha do que eu sou. Não vou mais me diminuir porque tenho um passado ruim. Eu já não devo nada a ninguém. Ninguém mesmo. Na verdade, nunca devi.
Eu tenho luz, eu sou boa. Tudo depende do que eu escolher fazer. E mesmo que eu escolha o mal, eu não vou ser um monstro. Eu vou ser apenas humana. Uma alma que ainda não acabou seu processo de evolução e que não faz questão nenhuma de acabar antes de qualquer um só pra se vangloriar.
Vocês não são perfeitos e nunca vão ser. No dia que vocês aprenderem a olhar pra si próprios antes de julgar os outros, vão enxergar muito lixo que não foi reciclado dentro de vocês mesmos.
Laroye, Maria Farrapo da Encruzilhada!
Sarava, Umbanda!
Obrigada pela lição de hoje, minha rainha. Eu estou passando de farrapo para diamante.
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08/04/2020
eu não tenho certeza se o jeito que eu amo é saudável. acho que eu cobro demais de quem eu amo e isso faz as pessoas se irritarem comigo e com razão. eu sou insegura, sabe? todo mundo tem seus dias de insegurança e seus dias de autoestima elevada aos céus. é assim comigo também. eu sempre ouço falar que amar a si mesma é um processo diário, lento e cheio de altos e baixos, e que principalmente requer muita coragem. eu sempre fui medrosa, covarde... sempre tentei fugir de tudo que me dava medo. e é um inferno tentar reunir alguma coragem dentro de mim e realmente acreditar que eu sou boa da mesma forma que uma atriz que eu admiro é, apenas de jeitos diferentes. eu não quero ser superior a ninguém, não tem a ver com isso. eu só não quero me sentir inferior a todo mundo. seja por uma atitude errada que tomei em algum momento, seja por um fio de cabelo diferente...
eu fico olhando o instagram dessas blogueiras e eu sei que maioria delas já fez algum procedimento estético ou acorda e corre pra colocar dez quilos de maquiagem no rosto porque vive disso, se sustenta da aparência e das coisas que posta. mas isso me dá uma sensação de insuficiência sabe? como se aquele fosse um ideal que por ser tão agradável aos olhos eu devesse seguir. como se aquela devesse ser a meta de toda garota.
eu ouvi que eu já tenho vinte e um anos e não deveria me preocupar com esse tipo de coisa, minha época de ser insegura e querer que todos me amassem já passou. que se sentir insegura e se comparar com modelos é "coisa de menininha de 17 anos" e eu não tenho motivos pra isso, "afinal, depois dos 15 anos, eu tinha vários pretendentes". eu não concordo. eu acho que insegurança e baixa autoestima não tem uma idade certa. e eu sei que eu também já estou velha para me preocupar com o que os outros pensam ou me comparar com garotas que obviamente são mais novas que eu. mas eu sinto que... perdi meu brilho. sinto que não sou mais tão bonita quanto antes, isto é, se é que eu realmente era bonita naquela época. minhas celulites não param de aumentar, as estrias nunca estiveram tão marcadas e grossas, minha pele está flácida e molenga e meu culote me atormenta a cada vestido mais justo que invento de provar. ah, e como se não bastasse, quando me olho no espelho vejo um rosto tão redondo que poderia ser confundido com a lua, umas bochechas de esquilo e um nariz de homem árabe. meus olhos têm as nmalditas pálpebras caídas e eu nem posso me gabar de enxergar bem com eles porque tenho problemas de visão. daqui a pouco vou precisar usar um óculos, inclusive. um maldito óculos horroroso nessa cara de toupeira. lentes são caras demais e me incomodam. eu já usei lentes uma vez, sabia? eram verdes. meus olhos doíam tanto, mas eu me sentia linda com os olhos mais claros. eram da minha melhor amiga na época.
eu já fui modelo, já tive o cabelo ruivo duas vezes em tons distintos... às vezes penso que eu deveria me esconder e não tentar me produzir porque ficaria mais ridícula do que já sou. outras vezes penso que se eu comprar as roupas certas, usar as cores certas e me arrumar da maneira certa, eu posso mudar essa crença. mas nada disso importa. sem a maquiagem, eu vou continuar sendo um tucano com esse nariz. uma mulher com cara de homem. os dentes separados na frente... droga, eu queria tanto ser diferente. e eu só me magoo mais com isso porque sei que estou sendo fútil e egocêntrica pensando na aparência.
eu só sinto que sou tão abaixo da média em relação a outras garotas que sou facilmente trocavel. por qualquer uma. às vezes, mesmo quando vejo uma garota que eu particularmente não considero tão bonita assim, eu também me sinto mal. vem uma voz interior e me diz que até alguém como ela é melhor do que eu.
eu tento evoluir minha alma sabe? quero ajudar, quero curar, quero ser boa. quero contribuir com coisas positivas para o mundo. quero superar minhas deficiências espirituais. e eu sei que eu deveria parar de choramingar por causa da minha aparência porquê isso é um dos meus desafios espirituais e até uma pombagira me disse pra desenvolver autoestima 3 anos atrás, mas eu simplesmente... não consigo pensar de outra forma. não consigo me ver de uma forma mais positiva. eu quero acreditar que sim, eu sou linda sem me sentir ridícula depois, como se estivesse acreditando numa piada que ouvi por aí. quero aprender a me amar sem ter uma eu interior que ri de cada tentativa dessa falando "meus deuses, que coisa mais ridícula e ainda se achando. Se enxerga, garota!"
desde pequena, minha cabeça e essa eu interior têm sido minhas piores inimigas. eu queria que ela me deixasse em paz. queria que ela conseguisse calar a boca e me deixar acreditar, pelo menos por um dia, que eu não sou pior que ninguém. que eu não pareceria uma ridícula tentando me impor quando tentassem pisar em mim. que eu não ficaria ridícula quando tentasse me maquiar ou usar uma roupa mais ousada. que eu não pareço um ogro gordo dançando. que eu na verdade sou boa no que faço. que eu sou inteligente... que eu sou suficiente.
eliza interior, eu te odeio com todas as minhas forças. se você é uma parte minha eu quero que você morra e vá gargalhar de mim no inferno. você só me fez mal esse tempo todo e eu odeio me sentir fraca diante de você. odeio não conseguir te controlar sempre. você é uma maldição, uma praga que eu gostaria de exterminar se fosse possível.
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