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asvistas · 6 years ago
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O farol de Alexandria
Publicado 09/09/2019, por Jéssica Xavier
Uma mulher de 49 anos, nascida Fernanda Maria Leite Young [...] mãe, esposa e filha. Sobretudo, mulher e contemporânea nesse nosso país de atrasados. Ah, Fernandas... Eram tantas personas numa cachola só. São tantos pensamentos ao mesmo tempo... Eu sei, Jung explica.
14 livros e uma lápide na Zona Sul de São Paulo, essa nossa capital burguesa. Segundo Fernanda, "São Paulo a recebeu de braços abertos", sobretudo dentro da Rede Globo. Aos trancos e barrancos, e com 49 anos de loucura, higiene e disciplina nas costas, ela agora começava a se mostrar e saía de trás das câmeras com muito mais maturidade. Sua indignação e seu tesão em criar estavam em ebulição como sempre estiveram, mas agora era diferente. Agora ela finalmente sabia quem ela era, tudo estava finalmente organizado. A Fernanda ameaçava produzindo, ela quebrava paradigmas apenas sendo. Sempre foi o seu si mesmo desabrochando. 
A realidade é só uma brincadeira entre a vida e morte.
E a pele pálida, irritada pelo sol da cidade maravilhosa, agora descansa sob os sete palmos da selva de pedra. E quantas ideias ela ainda tinha? E de quantas ela já havia se despedido? [...] Eu, com meus 25 anos, me vejo naqueles 25 anos dela e, ao mesmo tempo, graças à sua genialidade, também me vejo em sua última e, paradoxalmente, primeira obra: "Posso pedir perdão, só não posso deixar de pecar".
Jéssica domando o Touro.
Eu gostaria de tê-la encontrado, gostaria de ter tido esse papo com ela. Não poderia ter sido de outro jeito mesmo, não é? Foi assim, como todo grande amor, ela se foi e ficaram as dúvidas. Ainda bem que é inútil ter certeza; ainda bem que assim são os términos de ciclos, os inícios de novas eras. 
A lição que fica é essa: continuar escrevendo, melhorando, produzindo e comunicando. Sobretudo, aprendendo a ser. Porque, a nossa história de amor, Fernanda, assim como Hildas e Rosas, prova que dá sim pra mudar o mundo através das palavras. 
Como mais uma das que eu amei profundamente, você me deixou. O Brasil te perdeu, mas nada disso é pessoal. Talvez essa dor nos sirva um dia, quem sabe, de lição pra alguma coisa.
Uma vida às tuas palavras, Fernanda. 
Descansa, por ti seremos desejo.
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