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Gorilas, economicamente falando.

A ciência sombria, como é apelidada a economia, é o estudo de como os indivíduos ou sociedades fazem escolhas perante a escassez no dia a dia. Aplicamos os seus conceitos e teorias em nós humanos, seres racionais e individuais no geral. Decidi fazer uma análise usando princípios econômicos em uma sociedade distinta, uma próxima aos humanos, em nível evolutivo, não sou nenhum especialista apenas gosto de escrever sobre esses divertidos devaneios que sempre aparecem em minha mente. Antes de falar sobre os animais, o conceito simplificado de custo e benefício marginal deve estar claro. Falando de forma simples o custo marginal é o custo para produzir ou consumir uma unidade extra de qualquer coisa que você esteja produzindo ou consumindo. Logo se o benefício marginal for igual ou superior ao custo marginal você provavelmente fará determinada ação.

A sociedade que decidi analisar é a dos gorilas. Lembro de ter lido em algum lugar sobre o comportamento da sociedade dos gorilas e fiquei fascinado. Os gorilas formam uma camada social de "família grande" composta de 13 indivíduos em média, em que já se foi observado laços equivalentes a “velhos amigos”. Há também grupos mais amplos, com em média 39 gorilas, onde os animais interagem com muita frequência uns com os outros, apesar de não serem parentes. Nessas tribos mais amplas, nota-se um evento semelhante a um encontro anual ou a festivais em sociedades humanas, onde vários gorilas se reúnem para comer frutas. Acredita-se que os gorilas podem ter desenvolvido essas habilidades de reunião para ajudar a manutenção de uma memória compartilhada para rastrear alimentos difíceis de encontrar.

Os eventos de reunião que os gorilas fazem, parece uma coisa fofa, parecem que são humanos se reunindo e se divertindo. Porém, por mais que eles se pareçam conosco o instinto de sobrevivência deles fala sempre mais alto. Como foi dito acredita-se que eles fazem isso para manterem viva a memória de onde encontrar alimento, ou seja, o custo marginal é o encontro que eles fazem para compartilhar informações individuais e transforma-las em informação coletiva, e passam essa informação de geração para geração. O benefício marginal, é a continuação daquela tribo por várias gerações por conhecerem onde os alimentos estão e como adquiri-los. Eles não pensam no individual, mas sim no grupo como um todo e fazem escolhas perante a escassez baseadas nisso. Marx tinha uma visão fantasiosa em que a justiça social, a igualdade econômica e o alivio da escassez seriam conquistados quando a sociedade fosse organizada de tal forma que todos fossem iguais, independente do nível de produtividade. Marx acreditava que o problema da escassez seria solucionado com a distribuição de riqueza e renda. A riqueza dos gorilas está na sobrevivência, para eles o bem mais precioso é o alimento que os mantem vivos. Dito isso creio que pode-se afirmar que os gorilas são um exemplo quase perfeito de socialismo aplicado em uma sociedade.

Questões que deixo para serem refletidas: o individualismo e o egoísmo não estão presentes neles porque são inferiores intelectualmente? E essa intelectualidade inferior os transformam em seres puros de alma e coração, assim conseguindo viver próximo a utopia de Marx? Será que nós, seres humanos só conseguiríamos alcançar uma sociedade utópica de igualdade e fraternidade se sacrificarmos nossa capacidade dedutiva única? Ou será que os gorilas na verdade são tão egoístas que querem sobreviver a todo custo e são capazes de sacrificar seu individualismo para alcançar o que almejam?