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Antonio Vivaldi, Guitar Concerto in D Major, II Largo Eduardo Fernandez, guitar English Chamber Orchestra, George Malcolm, conductor this is pretty as all get out.
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Fichamento: A Revolução da Escrita na Grécia - Eric A. Havelock
“A poesia era multívoca, não era produto de uma prática restrita a uma especialidade qualquer. A análise literária pode classificá-la segundo tipos, distinguindo hinos religiosos dedicados a uma divindade, canções festivas, cantigas para dançar, cantos de bodas e nênias fúnebres, cantos de aniversário, canções infantis, acalantos, cantos militares de marcha e de acampamento, epitáfios, elegias e homílias elegíacas.”
“Nas sociedades orais, a competência “musical”, entendida como capacidade de improvisar verso e acompanhamento, é muito mais comum do que nas sociedades letradas.”
“É absurdo supor, ao jeito das histórias da literatura grega, que as formas da lírica foram subitamente inventadas na altura em que começa o registro do cânon alexandrino.”
“Em seu próprio tempo, esses poetas [líricos] não eram lidos, mas ouvidos. Para alcançar, em qualquer medida, o que chamamos de “publicação”, suas “obras” deviam ser, não escritas, mas executadas, perante audiências grandes ou pequenas.”
“Arquíloco e, muito depois, Xenófanes referem-se ambos a comunicações escritas com outros poetas. Mas o intercâmbio de textos escritos permanecia estreitamente limitado. O ato de composição era, em si mesmo, oral. A linguagem era “mélica”, para usar o termo antigo correto. Era própria pra ser cantada.”
“Atos de culto, festivais públicos, procissões etc. constituem a óbvia inspiração para o conteúdo da lírica “coral” composta para essas ocasiões. Esse mesmo gênero incorporou-se do drama cênico.”
“Resta assinalar uma intituição restrita, de importância crucial para a produção da poesia amorosa: o simpósio, principal veículo de relacionamento social na esfera privada.”
“Até o século V, o que se esperava dos participantes de um simpósio era, sobretudo, uma apresentação ‘musical’.”
“O jantar de um tirano podia favorecer uma ocasião apropriada para isso. Uma grande parte dos versos de Safo pode ser lida como poesia de simpósio; e o resto como hinos de culto ou cantos processionais.”
“A forma de composição da maior parte da obra remanescente de Arquíloco, em especial a que corresponde a seus versos de teor injurioso e fescenino, enquadra-se na situação de canções entoadas nas marchas, uma variante dos cantos de trabalho.”
“A poesia elegíaca, como a lírica, era um componente funcional do acervo da comunicação passível de preservação oral.”
“Arquíloco e Safo são exemplos que convêm citar, simplesmente porque eles são os autores favoritos daqueles historiadores dispostos a ver a lírica grega o surgimento de uma poesia puramente do íntimo, da consciência pessoal. Essa impressão é alimentada pelo fato de que, muitas vezes, o verso é enunciado na primeira pessoa, e quiçá dirigido a uma segunda.”
“A lírica grega é amiúde apreciada à luz de cânones derivados dos poetas romântico do fim do século XVIII e do século XIX. O que é preciso compreender, porém, é que o execício da imaginação subjetiva, uma das marcas do romantismo, implica uma valorização do pessoal e do íntimo que é pós- helênica.”
“A poesia grega é, em sua forma e em substância, ‘orientada para o outro’, não num sentido abstrato, mas no sentido de que o outro é uma audiência, um “público” externo a pessoa que fala: um público muitas vezes simbolizado, no vocativo, como um indivíduo, mas sempre percebido de modo palpável como um ouvinte, o qual é ainda um parceiro na poesia. Isto se dava porque a poesia criou-se primeiro em sociedades de comunicação oral, as quais tinham também essa ‘orientação para o outro’.”
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Fichamento: A fortuna crítica de Arquíloco de Paros na antiguidade - Paula da Cunha Corrêa
“O que se sabe é que, segundo diversas testemunhas, os poemas de Arquíloco, objeto de récitas, mímeses, paródias e citações, eram extremamente populares e difundidos por toda a Grécia durante os períodos arcaico e clássico, exercendo grande influência sobre os poetas e repercutindo para além dos meios eruditos e literários.”
“Entre os poetas dramáticos, Aristófanes, na comédia A Paz (1298-1304), apresentada nas Grandes Dionísias de 421 a. C., traz à cena um menino de escola que recita para efeito cômico os versos de Arquíloco sobre a perda do escudo - sinal de que já eram célebres nessa época. Talvez não seja necessário supor que esse poema fizesse parte do currículo escolar do século V, mas, sem dúvida, já havia se tornado um clássico que a maior parte do público de Aristófanes podia reconhecer.”
“É de Heráclito a citação que associa Arquiloco à Homero na peça Os Arquílocos: ‘Homero e Arquíloco deveriam ser expulsos dos concursos poéticos e açoitados”. Mais tarde, Platão é testemunha de que, na sua época, Homero, Hesíodo e Arquíloco eram os poetas mais populares entre os rapsodos.”
“Sabe-se, portanto, que do século VI até pelo menos o final do século V a. C. os poemas de Arquíloco eram cantados nas competições públicas de recitação de poesia, fazendo parte do repertório dos rapsodos.”
“A comparação de Arquíloco com Homero se faz, nos críticos antigos e nos modernos, ora por semelhança, ora por contraste.”
“É possível que a aproximação dos dois poetas se deva à popularidade partilhada por ambos, como se, no século VI a. C., Homero e Arquíloco (ao lado de Hesíodo) fossem os adversários de maior influência, já que eram os mais populares nas disputas literárias do século V a. C. (Platão, Íon 531a).”
“Díon Crisóstomo elege Homero e Arquíloco como mestres inigualáveis em seus gêneros, mas ele também os contrapõe, explicitando o contraste entre suas poéticas: enquanto Homero louva e enaltece quase tudo, feras, plantas, águas, terra, armas e cavalos..., Arquíloco segue o caminho inverso, o da invectiva e da sátira porque, segundo ele, ‘[Arquíloco] percebia que era disso que os homens mais careciam, e começava por censurar a si próprio.’ É por isso que, entre os dois, Díon Crisóstomo prefere o satírico Arquíloco ao Homero encomiasta, pois ‘aquele que é capaz de repreender, satirizar e revelar por meio de seu discursos os erros [humanos], é claramente superior e preferível aos que louvam’.”
“Crítias, julgando que os poemas em primeira pessoa fossem uma espécie de relato autobiográfico, espantava-se com o fato de Arquíloco não ter poupado nem a si mesmo: o próprio poeta se teria declarado um bastardo.”
“A oposção entre o poeta que denigre e o que enaltece, entre a poesia satírica e a encomiasta, frequente desde o período arcaico, encontra em Aristóteles seu teorizador. Lê-se na Poética que a poesia se dividiu, logo no início, em duas categorias específicas conforme a natureza dos poetas: os mais solenes representavam ações de homens nobres, ao passo que os mais vulgares, as de homens inferiores.”
“As figuras depreciativas que emprega para descrever o estilo de Arquíloco, o cão e a vespa, derivam da terminologia cínica. Um motivo aventado para a hostilidade de Calímaco seria a alegada adesão de Arquíloco a Homero. Em todo o caso, sabemos que Apolônio de Rodes, o maior inimigo de Calímaco, era grande admirador de Arquíloco.”
“A maioria das referências tardias a Arquíloco tende a ressaltar um aspecto de sua obra: a sátira ferina da invectica pessoal.”
“A classificação de Arquíloco entre os poetas jâmbicos nos cânones alexandrinos pode ter sido um fator determinante para sua fortuna como poeta satírico e para a ênfase dada aos poemas jâmbicos que encontramos nas referências mais tardias.”
“Após o período alexandrino, Arquíloco e sua obra sofreram severa crítica por parte de filósofos e Padres da Igreja que, no quadro da censura às letras pagãs em geral, tinham não apenas a ele como alvo, mas todo esse gênero de poesia arcaica.”
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Fichamento: Lírica e Mímese - Francisco Achcar
Platão se refere, sempre marginalmente, à melos, ao lado do epos e da tragédia. Melos/mélica é a poesia articulada com a música, a poesia feita para ser cantada. Epos é a épica, poesia feita para ser recitada;
Aristóteles se ocupa do drama, especificamente da tragédia, que distingue da épica e do ditirambo. Ditirambo fora dado por Platão como exemplo de narrativa de primeira pessoa, por isso é às vezes assimilado à lírica;
O ponto comum dessas definições reside na posição central do eu no poema lírico: poesia da primeira pessoa, a lírica é contraposta à épica, de terceira pessoa, numa conceituação que remonta a Platão e Aristóteles;
Por razões puramente musicais, a elegia e a poesia iâmbico-trocaica, que não hesitamos em classificar como líricas, por seu caráter subjetivo e pessoal, não faziam parte da mélica, embora se destinassem a situações semelhantes às da lírica monódica (esta era canto solo). A lírica coral era um canto de muitas vozes em uníssono;
A lírica monódica, a elegia e o jambo eram poetados para uma situação particular e se destinavam a um círculo bem conhecido do autor;
A lírica coral é celebrativa de um indivíduo, de uma comunidade ou, subordinamente, de um deus. É provável que na lírica coral a música fosse muito sonora e colorida;
O sistema aristotélico não englobaria a lírica por não ser ela mimética. Aristóteles estaria na mesma linha de Platão, que deixa de lado toda a poesia não representativa, como a lírica;
É difícil imaginar que, para Platão e Aristóteles, a mélica não fosse mimética, sendo que mímesis se refere tanto a representação constituída pelas palavras quanto àquela envolvida em sua performance. Isso vale também para o texto lírico já que seu efeito mimético sobre o receptor é equivalente ao que se obtém na declamação épica, por exemplo;
Kate Hamgurger divide todo o território da literatura em ficção (mimética) e lírica (não mimética). Esse sistema parece decorrer da camisa-de-força de certas subcategorizações lógicas, que tem um de seus pontos de partida extraído de uma interpretação problemática das lacunas da poética;
A separação drástica que modernamente se costumou fazer entre Homero e a Era lírica é hoje contestada. Sabemos que a lírica arcaica apresenta carcterísticas de cultura oral. Em relação à mímese, a dissociação radical entre épica e lírica é indevida e projeta na poesia antiga padrões do mundo da escrita;
Não é encontrado na Poética qualquer consideração aplicável à lírica. E o modo “narrativo puro”, de primeira pessoa, não é explicitamente associado a ela.
“Assim, quanto à lírica, além da natureza musical sugerida em sua designação grega, a magra certeza que podemos tirar da leitura de Platão e Aristóteles é que o primeiro a considerava mímesis e não há razões para supor que o segundo pensasse diferentemente. De resto, nada encontramos que nos sugira a existência de uma teoria da lírica na Antiguidade.”
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Fichamento: A Lírica Grega Arcaica e Safo - Giuliana Ragusa
A LÍRICA GREGA ARCAICA: PROBLEMAS DE DEFINIÇÃO E ABORDAGEM
Duas questões se sobressaem entre as mais debatidas nos estudos clássicos: a primeira diz respeito às dificuldades de definição da lírica; a segunda, ao uso nela abundante da primeira pessoa do singular, diferentemente do que ocorre na épica;
A lírica arcaica pertence a uma cultura eminentemente oral; é editada num contexto em que a escrita já se sobrepunha à oralidade;
O conceito antigo de lírica compreendia a lírica individual e a lírica coral. Hoje em dia, consideramos lírica a elegia e o jambo;
O termo lírica designa, desde muito cedo, a conotação de poesia autobiográfica, pessoal - um rótulo conveniente no caso de Safo. Concordam com isso Anatol Rosenfeld, frisando o subjetivismo, o individualismo e o sentimentalismo; e Chris Baldick, valendo-se de critérios como a extensão do poema, seu “tom pessoal”, a expressão subjetiva da alma e dos sentimetos como seu conteúdo;
Hegel define a lírica como um gênero cujo conteúdo é o “subjectivo, o mundo interior, a alma agitada por sentimentos”. A concepção hegeliana da lírica seduziu e ainda seduz - talvez porque permite acesso do leitor aos sentimentos mais íntimos do poeta. Essa concepção exacerba o subjetivismo e estimula o biografismo como perspectiva de abordagem crítica. Ele limita o conteúdo da lírica pela temática restrita à expressão da alma e dos sentimentos;
A lírica não é pura e simples expressão das emoções. O poeta pode estar falando do caos sentimental, mas sua linguagem é pensada e organizada. Segundo Paul Valery, a poesia é fruto do trabalho com a linguagem;
A formação da complexa teia em que se enredou a palavra lírica decorre da questão “extremamente delicada de diferenciar o ‘Eu’ (a voz do poema lírico) e o poeta”;
A atual voga norte-americana vem seduzindo muitos helenistas pois supervaloriza aspectos extraliterários, como o sexo, a etnia e a opção sexual de quem escreve. No caso da lírica grega arcaica, complica-se tal abordagem, pois são escassos os subsídios para se tratar da biografia dos poetas. Por isso, os estudiosos desse assunto vêem-se obrigados a trabalhar com hipóteses:
Pound e Eliot defendiam “uma concepção impessoal da arte”, centrada não no poeta, mas na poesia;
A chamada “escola Snell-Fränkel” aliou à visão romântica da lírica a perspectiva biográfica.
Para Snell, a individualidade aparece, pela primeira vez, na lírica, pois seus representantes “dizem-nos os seus nomes, falam-nos de si e dão-se a conhecer como indivíduos”. Ele afirma que os gêneros poéticos “não floresceram concomitantemente”, mas evolutivamente um após o outro;
Claude Calame e Paula Corrêa preferem assumir que a épica e a lírica desde há muito existiam concorrentemente e que não é possível dizer que a lírica se desenvolveu depois da épica;
A ótica de Snell tornou a lírica grega arcaica um terreno fértil para as ideias hegelianas. Essa problemática equação proposta por Hegel, que iguala a primeira pessoa do poema à pessoa biográfica do autor é um dos pilares da “escola Snell-Fränkel”, que não foi muito bem aceita por críticos como Anne Carson e Francisco Achcar. A primeira, discorda totalmente de Snell; o segundo diz faltar evidências que comprovem a suposta precedência histórica da lírica em relação à épica;
Embora a visão e a abordagem de Fränkel não pretenda dar uma teoria totalizante sobre o Eu em toda a lírica grega do período arcaico, ele preocupa-se com a poesia lírica enquanto uma fonte de informação para a história das ideias e da mentalidade;
Além das obras de criticas à “escola Snell-Fränkel”, há uma extensa luta de obras que procuram desatrelar a lírica da visão romântica e definí-la em outros termos. Muitos críticos preferem pensar os poemas em termos do discurso, descartando o termo lírica por ser bastante limitado e restritivo se entendido apenas enquanto composição destinada a ser acompanhada pela lira;
Walter Johnson prefere o conceito formulado por T. S. Eliot de “verso meditativo” e procede à análise de poemas líricos encarando-os como “discursos”;
Francis Cairns concentra-se nos gêneros poéticos classificados “não em termos da forma como são a épica, a lírica, a elegia ou a epístola, mas em termos do conteúdo: o viajante que se despede, o amante que é rejeitado, etc”;
Paul Miller resolve o problema da lírica arcaica de modo simplista ao afirmar que ela “não começa com os líricos gregos arcaicos, mas sim no período romano”. Ele diz que a lírica só é possível numa cultura da escrita e não da oralidade.
“Outros helenistas buscam na linguística e nas teorias sobre o discurso o instrumental para o estudo da lírica grega arcaica, principalmente no que se refere à primeira pessoa do singular, assim afastam-se da visão romântica e biografista sobre essa questão;”
Calame se utiliza das teorias e da terminologia da semiótica;
Diskin Clay comenta que aquilo que os leitores modernos, marcados pelo Romantismo, não souberam separar também era confundido pelos antigos;
Slings acreditava que, por ser uma poesia destinada à performance, o poeta grego arcaico é, em certa medida, despersonalizado.
É válido lembrar que os poemas que nos chegaram sob a forma escrita estão bastante distantes de sua realidade primeira, sendo uma dificuldade para se estudar essa poesia.
A LÍRICA MONÓDICA: NOVOS PROBLEMAS DE DEFINIÇÃO E DE ABORDAGEM
Lírica monódica consiste na poesia destinada a ser cantada por uma pessoa, ao contrário do que ocorre na lírica coral, que era cantada por muitas vozes em uníssono, celebrando um indivíduo ou um deus;
O dialeto influenciou fortemente a lírica: cada poeta empregou seu dialeto local;
O caráter de Safo e de sua vida privada não pode ser julgado a partir de sua poesia;
Arquíloco é incluído no estudo sobre a lírica monódica devido a uma convicção do autor e de outros estudiosos que é bastante polêmica: a de que o poeta seria o precursor da lírica grega.
DIFICULDADES EM TORNO DA LÍRICA
O pressuposto de concomitância histórica - em vez de evolutiva - dos gêneros na Grécia Antiga;
A consciência e, tanto quanto possível, o almejado distanciamento de conceitos de crítica moderna em nós introjetados e da concepção romântica da poesia lírica;
A ênfase na consideração dos relevantes elos entre as convenções de um gênero poético e seu conteúdo;
O reconhecimento dos estereótipos que se foram construindo e solidificando na crítica aos poetas líricos arcaicos, principalmente na crítica a Safo.
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Fichamento: Breve Anatomia de um Clássico - João de Oliva Neto
UM LIVRO (IN)ESPERADO
“O mítico herói troiano, após a derrota para os gregos, navega a ocidente para estabelecer na Itália as bases de Roma, a Troia renascida. Em doze livros narram-se os últimos dias da cidade, invadida com o expediente do cavalo de madeira e logo incendiada; narram-se a fuga de Eneias, conduzindo o pai, Anquises, e Ascânio, o filho, as errâncias por mar até chegar à Itália, a guerra contra os povos itálicos e a vitória final.”
Virgílio compôs Eneida quando a epopeia era considerada um gênero morto. Críticos dizem que a épica é o poema que inclui história e que a epopeia nunca esteve morta, apenas obsoleta;
A epopeia é feita a partir do poema épico.
UM POEMA MULTICLÁSSICO
A Eneida é um clássico pois foi um modelo a se imitar. Além disso era ensinado nas escolas e se tornara um hit. É reconhecível a onipresença da Eneida nas várias esferas da vida romana (éticas, religiosas, políticas, históricas) - referência ética para os romanos.
Confirmam o caráter paradigmático da Eneida o fato dela ser “livro de escola” e modelo de composição de outras epopeias latinas;
A Eneida é erigida um padrão poético digno de imitação por outros poetas (sentido mais importante de clássico);
Tão clássico que continuou a ser apreciada como poesia e estatuto de exemplar ético mesmo quando já não existiam nem o Império Romano nem a língua latina;
Mito, história e política;
Virgílio não lesou a poesia mesmo tendo assumido a tarefa de cantar a grandeza de Roma decorrente da pacificação trazida por Otaviano Augusto;
Eneias, no poema, é ancestral do imperador Augusto. Portanto, o público da época lia ou ouvia as origens da paz (trazida por Augusto) que eles usufruiam naquela época;
O poeta funde Troia e Roma ao usar o termo Caesar Troianus (Troia - Roma, Eneias - Augusto, mundo grego - mundo latino, início - fim);
Eneida celebra assim o pertencimento de Roma ao glorioso passado grego;
O público culto da época conseguiu identificar a teoria da transmigração das almas de Platão no livro VI, quando Eneias desce aos infernos para que seu pai Anquises apresentasse as almas das grandes personalidades romanas. O público sabia que, segundo Platão, a alma é a essência das pessoas;
O público respeita, se interessa e se agrada por Eneida pois o leitor se percebe incluído e representado naquilo que lê no poema, que é a Roma presentemente capitaneada por Augusto;
ENEIAS, O HERÓI FUNDADOR
Écfrase: descrição de algo que maravilhosamente ganha movimento. É o efeito especial de um poema. Na écfrase em que Vulcano insculpiu, para Eneias, seu glorioso futuro, o público assiste ali a grande festa desenhada;
Muitos leitores esperavam que Eneias sintetizasse igualmente a esperteza de Ulisses e a intrepidez de Aquiles, o que não ocorre. Eneias era o homem sem o qual uma cidade não podia existir. os homens viam nele o autor do culto e o pai da cidade;
Não devemos julgar a Eneida com nosas ideias modernas, é preciso apenas entender que o poeta canta Eneias como um homem que atravessou mares para fundar uma cidade e levar seus deuses para o Lácio, apenas;
Virgílio quer nos mostrar um sacerdote, um instrumento dos deuses - sendo que é Eneias que os invoca. Sua qualidade dominante deve ser a piedade, que é o epíteto que o poeta lhe aplica;
Por mais que seja verdadeiro que a Eneida assume a narrativa praticamente onde a Ilíada terminara, exigir que Eneias tenha o caráter dos heróis homéricos é desentender a Eneida.
ENEIAS ANTES DA ENEIDA
Virgílio renova a forma de fazer épica, ele introduz a relatividade. Isso reclama o direito de falar e revelar suas próprias perspectivas semânticas no texto, segundo Gian Conte;
Eneias foi coadjuvante na Ilíada, já se dizia estar destinado a governar os troianos;
“Dentre todos os seres humanos, aqueles que, pela beleza e nascimento, mais se assemelharam aos deuses foram os pertencentes à tua ilustre descendência.” Não só Virgílio, mas também Homero comparou os romanos aos deuses, pois estes são descendentes de Anquises e Eneias;
Eneias é o mais forte depois de Aquiles;
Desde a Ilíada, vemos que Eneias é o eleito dos deuses por causa da piedade, e é também destinado. Poupado na Ilíada, Eneias leva consigo a condição de preservador e continuador de uma estirpe.
ENEIAS NA ENEIDA: O HERÓI ÉTICO
Eneias possui clemência para com os vencidos, justiça e comiseração para com os comandados e piedade para com os deuses, a pátria e o pai;
A mãe de todas as virtudes de Eneias é, em particular, o que o faz fiel, é o fato dele dever cumpir a sua missão a todo o custo, malgrado a própria vontade - o fato de ter deixado Dido;
A situação de Eneias é tão trágica quanto a de Dido, que só tem deveres como filho, sacerdote e cidadão;
Conceito de pietas em Eneias: ele sacrifica a felicidade pessoa em prol de Roma. o bem de um só, que é ele, pelo bem dos descendentes;
Mal saído de uma guerra em que fora perdedor, Eneias sacrifica o conforto cartaginês por outra guerra em solo itálico;
Eneias tem aquele silencioso valor ético dos que sobrevivem pois dele necessitam para continuar a viver;
A ENEIDA E VIRGÍLIO DEPOIS DE ROMA
Houve uma ruptura entre o mundo romano e o medievo, e Virgílio colaborou para essa continuidade principalmente por causa das feições que adquire na obra de Dante, as quais aparecem com uma fidelidade mais integral do que pesquisas eruditas apresentam;
Para Auerbach, Virgílio era um homem capaz de guiar e liderar, assim como Eneias.
Dante integrou o significado ético de Virgílio à sua Comédia;
O poeta no qual aquele império e aquela língua vieram à consciência e à expressão é um poeta com um destino único.
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Anotações com base nas sínteses e nas aulas
Poesia não-hexamétrica: Elegia, Jambo e Mélica (ou Lírica)
A voz que fala nos versos da elegia, do jambo e da mélica pode ser a de um narrador distanciado, mas prevalecem a primeira pessoa do singular. Isso levou os estudiosos modernos a agruparem sob um único nome esses três gêneros, chmando-os de poesia lírica.
A definição de gêneros poéticos é tarefa que não pode ser feita com precisão e rigor absolutos. A elegia e o jambo arcaico são ambos gêneros de especialmente difícil definição.
Elegia
A métrica é o único elemento uniformemente empregado, e, portanto, o único critério definidor do dístico elegíaco;
A performance era cantada ou, mais regularmente, recitada. Do ponto de vista da ocasião, sobressai-se o simpósio;
A elegia apresenta variada gama de temas (inclusive a bélica), mas do gênero estão excluídas a baixeza, a vulgaridade, a sátira e a pornografia (tudo isso é admitido no jambo);
A exortação é linha de força da elegia grega arcaica. Igualmente a reflexão ético e o tema próprio do simpósio;
Na elegia tardo-arcaica, ganhará destaque o lamento fúnebre.
Arquíloco: primeiro grande poeta elegíaco preservado
Foi poeta e foi soldado. Qual atividade teria valorizado mais, não sabemos;
É comparado a Homero em termos de sua excelência, mas na poesia elegíaca e jâmbica;
Chave de leitura: ambivalência que não permite dizer qual faceta da persona é a mais valorizada - a do poeta ou a do soldado.
Jambo
Verbos explicitamente sexuais; vulgaridade;
O jambo poético é independente e livre de suas origens culturais;
Ocasião: simpósios e festivais. Rituais, komos que nomeia a algazarra do final do simpósio;
Gênero que visa entreter, mas que é poderoso instrumento crítico. Uma “cultura da vergonha”, pois expõe publicamente o inimigo ao riso dos outros e ao olhar público;
Os referidos rituais são sempre coletivos, e abrem espaço para que a normalidade e a ordem (estrutura e valores tradicionais), bem como sua importância, sejam revalidadas e encarecidas justamente pela vivência de seus contrários.
Arquíloco: poeta jâmbico
Fama de poeta “difamador, ácido e ferino”. Essa forma gerará uma verdadeira querela entre admiradores e detratores de Arquíloco, mas o retrato negativo permanece;
Inventiva, vitupério, obscenidade: eis os traços do gênero e da prática poeta de Arquíloco.
Heráclito diz que Homero e Arquíloco deveriam ser açoitados, pois ambos não seguiam a tradição moralmente aceita.
Mélica
Gênero das composições destinadas à performance cantada com acompanhamento da lira.
Performance: Simpósio e o festival cíico-religioso-cultural que fazem parte da vida cotidiana, numa cultura da oralidade, predominantemente.
Reflexão de Platão sobre a poesia mélica (PDF)
. Platão reflete como se dá o enunciado no poema. Um tipo se dá por mímese, como na tragédia e na comédia. Outra se dá por meio da narrativa do prórpio poeta, encontrada, sobretudo, nos ditirambos. A última se dá por meio de ambos, encontrada na poesia épica.
. Aristóteles reflete os modos de mímeses: mimético: só personagens falam; narrativo: só o poeta fala.
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Como que faz pra ser uma uspiana beletrista arrasadora da fuvest lindíssima igual você? Dicas por favor
Aaaaaaaaa <3
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aula 18.09
Canto I da Eneida
Trecho:
“Eu, que entoava na delgada avena
Rudes canções, e egresso das florestas,
Fiz que as vizinhas lavras contentassem
A avidez do colono, empresa grata
Aos aldeãos; de Marte ora as horríveis
Armas canto, e o varão que, lá de Tróia
Prófugo, à Itália e de Lavino às praias
Trouxe-o primeiro o fado.”
Resumo:
Proposição, invocação às musas, causas da ira de Juno. A rainha dos deuses exprime sua revolta e pede ao rei Éolo que envie ventos para destruir as naus troianas, que só se acalmam quando Netuno intervém. Eneias e o que restara de seus companheiros aportam (sem o saber) no litoral de Cartago, onde aquele obtém caça para a alimentação dos seus. Vênus reclama a Júpiter da má sorte dos troianos, mas ele a tranquiliza, prevendo o rosado futuro da linhagem de Eneias, que fundará uma cidade (Roma), e envia Mercúrio até a rainha Dido para fazê-la receber bem os troianos. Eneias e Acates saem para examinar a terra e, aconselhados por Vênus, disfarçada de caçadora, chegam até a rainha Dido, que os trata muito bem, assim como aos outros companheiros de Eneias, que este julgara mortos, e que haviam ido também solicitar o socorro da rainha sidônia. Antes, Eneias vislumbrara cenas da guerra de Troia gravadas num templo de Cartago. A rainha cartaginesa manda preparar um banquete para Eneias e seus amigos, enquanto para ela ele manda trazer presentes dos navios. Vênus, temendo uma traição dos cartagineses, povo protegido por Juno, envia seu filho Cupido para incutir no coração do fenícia o amor por Eneias. Dido pede a este que lhe conte sobre suas peregrinações e sobre a Guerra de Troia.
*A símile se refere à comparação de dois objetos distintos, mas que possuem características comuns que os aproxima, por semelhança.
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aula 13.09
Canto XII – "Vendo o exército desanimado, Turno se dispõe a enfrentar Enéias num duelo; firmam-se as condições, mas o tratado é violado; uma seta fere Enéias e Vênus o cura. O exército troiano chega até os muros da cidade e Amata se suicida. Trava-se o combate singular entre Enéias e Turno. O chefe troiano vence o inimigo e o sacrifica (excerto 25 e fig. 9)."
Enéias mata turno sem clementia (capacidade de poupar o humilhado).
Trecho da morte de Turno – "Embora impetuoso nas armas, Enéias parou, baixando os olhos, e reteve sua mão, mas assim que o triste discurso de Turno começara a comovê-lo, viu em seu ombro altivo, com as conhecidas tachas brilhantes, o cinturão do jovem Palante que Turno abatera com um ferimento mortal, trazendo agora em seu ombro o espólio do inimigo insigne. Depois de ver com seus próprios olhos os despojos, testemunhos de uma dor cruel, Enéias se deixa inflamar pela fúria e terrível em sua ira exclama: – ‘E tu hás de escapar de mim levando o espólio dos meus? É Palante, é Palante que te imola com este ferimento e que se vinga de teu sangue criminoso’. Dizendo estas palavras, inflamado, enfia a espada no peito que lhe estava fronteiro. Os membros de Turno desfalecem com o frio da morte e a vida indignada foge para as sombras com um gemido" (XII, 938-952).
Por fim, Enéias funda uma colônia troiana no Lácio e se casa com Lavínia. Durante seu governo ele conseguiu unir os romanos e os troianos.
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aulas 28.08 e 30.08
nascimento e consagração da literatura latina
Lívio Andrônico 284 a.C - 204 a.C:
“É considerado o fundador da poesia épica romana. A sua primeira obra foi, em 240 a.C., uma tradução para o latim de um drama grego. A sua contribuição fundamental para a épica greco-latina é a tradução da Odisseia de Homero para o verso latino típico, o satúrnio. Trata-se da primeira obra épica em latim, precursora da obra de Névio. Também compôs tragédias a partir de modelos gregos. Traduziu a Odisseia de Homero para o latim, em versos saturinos, para o uso em escolas romanas, e compôs hinos em latim a mano do Senado.”
Sobre a Odisseia de Lívio Andrônico -> Dos apenas 50 versos preservados desta obra é possível concluir que:
. não foi escrita em hexâmetros datílícos, mas em verso satúrnio, metro quantitativo de características polêmicas: de origem itálica, talvez etrusca para uns; não isento de influências gregas para orientações mais atuais.
. o poeta visava romanizar a epopeia. Divindades gregas identificam-se com deuses romanos: Hermes é Mercúrio; Cronos, Saturno; as musas identificam-se com as Camenas.
Quinto Ênio 239 a.C - 169 a.C:
“Compôs uma vintena de tragédias inspiradas em Eurípides. O conjunto da sua obra teve uma grande importância na consolidação da poesia nacional romana e influiu notavelmente sobre poetas como Lucrécio e Virgílio. Ennio é considerado habitualmente como o primeiro grande poeta épico romano pelos seus Annales onde recolhe em 18 livros de hexâmetros a história de Roma até a sua época; desta magna obra somente restam fragmentos. O papel de Ennio foi fundamental para substituir o antiquado e nacional verso satúrnio pelo hexâmetro datílico de origem grega no cultivo dos temas narrativos ou épicos: ele foi o primeiro que o utilizou em Roma.”
. Os Anais de Quinto Ênio -> Narrativa de toda a história de Roma (ele perpassa pelas duas guerras púnicas).
. Seus poemas eram usados na escola.
. Quinto Ênio é o primeiro a usar o exame datílico no latim. Seu trabalho foi muito importante na consolidação da poesia nacional e influi nomeadamente sobre os poetas romanos Lucrécio e Virgílio (introduzindo o exame datílico, a narrativa centrada, a símile, os epítetos e os catálogos).
. Quinto Ênio foi um grande tradutor de obras gregas também, fazendo assim nascer a literatura latina.
Virgílio 70 a.C - 19 a.C:
“Virgílio é tradicionalmente considerado um dos maiores poetas de Roma, e expoente da literatura latina. Sua obra mais conhecida, a Eneida, é considerada o épico nacional da antiga Roma: segue a história de Eneias, refugiado de Troia, que cumpre o seu destino chegando às margens da Itália — na mitologia romana, o ato de fundação de Roma. A obra de Virgílio foi uma vigorosa expressão das tradições de uma nação que urgia pela afirmação histórica, saída de um período turbulento de cerca de dez anos, durante os quais as revoluções prevaleceram. Virgílio teve uma influência ampla e profunda na literatura ocidental, mais notavelmente na Divina Comédia de Dante, em que Virgílio aparece como guia de Dante pelo inferno e purgatório.”
*Virgílio era contemporâneo de Augusto.
Contexto histórico de Eneida: Otávio venceu Marco Antônio e derrubou o regime republicano (mas o regime em geral não se alterou).
*poema etiológico: formação do mundo (tipo de poema do Virgílio).
aula 30.08:
Leitura: Confronto entre Aquiles e Eneias - Homero, Ilíada XX, 156-351
Patroclo, o "amado" de Aquiles, tinha sido morto por Heitor. Aquiles ficou enfurecido, por isso voltou para guerra a fim de se vingar, matando quem achasse no seu caminho. Nisso, os deuses resolvem fazer uma brincadeirinha com a Afrodite, e Apolo convence o humano de estimação dela a enfrentar Aquiles. Eneias, como sempre sensato, a princípio se nega a ir, dizendo que da última vez que enfrentara Aquiles não havia se saído muito bem.
Em resumo, Aquiles com 16 linhas desafia Eneias, que responde com 48 (o triplo), insistindo que ficar de blá-blá-blá é coisa de mulheres (nas palavras de Homero) e criancinhas.
Eneias é salvo pela terceira vez por Posídão, que foi tirá-lo da briga antes que se machucasse e deu-lhe uma bronca pra que isso nunca acontecesse de novo. Além disso, Posidão anuncia que após a morte de Aquiles, Eneias poderia ficar despreocupado.
Leitura: Canto VI da Eneida
“Um dos episódios mais famosos da Eneida. Depois de Eneias ter partido da Sicília fez escala em Cumas. Nesse local consulta uma sacerdotisa de Apolo. Ele tem um desejo intenso (em sonhos seu pai o havia conclamado a fazê-lo) de falar uma última vez com seu pai para lhe pedir conselho sobre a viagem. Obtém permissão de descer ao mundo dos mortos. No mundo dos mortos vê vários espectros. Um deles o de Dido que, ladeada por seu primeiro esposo, não lhe responde.
O seu pai Anquises dá-lhe importantes informações sobre a sua viagem e faz uma longa profecia sobre o futuro glorioso de Roma.” (Wikipedia)
Anotações - canto VI da Eneida:
. Nesse canto há a tradição variada de poesias, entre elas a poesia bucólica (pastoril), a qual é recorrente na descrição do mundo dos mortos.
. Virgílio se apropria de doutrinas filosóficas ao escrever esse canto.
"Mas tu, romano, aprimora-te na governança"; "outros povos podem até serem melhores nas artes e nas ciências, mas os romanos são os melhores na arte de governar." - o imperialismo romano como sendo algo fundamentado na mitologia.
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aulas 28.08 e 30.08
Análise do conto Continuidade dos parques, de Julio Cortázar
. Julio foi um escritor argentino, considerado por muitos como o mestre do conto curto e da prosa poética até hoje.
. O conto é extremamente lacunoso, pois é uma produção curta. Mesmo assim, é possível traçar o perfil do protagonista através de indícios metonímicos que sugerem bem-estar, nobreza e riqueza hereditária (casa de campo, negócios urgentes, mordomo, parque de carvalhos).
. Clássico triângulo amoroso: marido, mulher e amante.
. Analisando a linguagem, observamos que o conto se inicia com uma linguagem mais prosaica e a partir da segunda metade do mesmo ela se transforma, adquirindo teor metafórico e poético (como se o narrador elevasse o vocabulário do texto ao se tratar do romance sendo lido pelo protagonista).
. Efeito de presentificação: começa no pretérito imperfeito, passa para o pretérito perfeito até que, por fim, nem há verbos.
. Paralelismo entre o tempo de leitura do leitor e o tempo da realidade.
. É como se dentro do conto houvesse uma novela. Dentro de algo pequeno, há algo muito maior para se desvendar.
*obra de ficção é um vazio a ser preenchido pelo leitor.
o que separa a história do conto em si e a história do romance lido pelo personagem? -> contraste entre a tranquilidade do leitor e do nervosismo entre os personagens do romance prestes a cometerem o assassinato; -> elementos de um ambiente totalmente domesticado (casa de campo, parque de carvalhos, alamedas) contra elementos de um ambiente indomável (cabana da montanha, galhos, folhas secas, caminhos furtivos).
o que aproxima as histórias apresentadas no conto? -> a mudança de local (o amante sai da cabana e vai até a casa de campo para assassinar o esposo, o qual lia o romance onde esse amante parecia ser apenas um simples personagem); -> horário (no conto, ambas as histórias se passam no mesmo período do dia: do entardecer ao anoitecer); -> retomada de elementos no final, como a poltrona.
O que é esse prazer perverso que o conto nos apresenta? -> experiência da dor alheia, se analisarmos ao pé da letra. -> esse prazer é sentido pelo protagonista (o marido) ao ler a passagem na qual o amante se dirige à casa de campo para matá-lo, ou seja, o marido sente prazer em sua autodestruição, por isso “prazer perverso”. . Nos transferimos pra pele dos personagens.
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aula 22.08
Livro: Introdução à Linguística II - Princípios de Análise
Capítulo: Sintaxe: explorando a estrutura da sentença.
2. Categorias gramaticais
. Na língua portuguesa, somente verbos recebem sufixos que denotam o tempo e o aspecto do evento descrito pela sentença e que estabelecem uma concordância de número e pessoa com o seu sujeito. Portanto, essas marcas morfológicas permitem que distingamos a categoria gramatical dos verbos das demais categorias de palavras.
. A posição que um item pode ocupar na estrutura sentencial é uma propriedade definidora crucial da categoria gramatical do item lexical, funcionando, assim, como um critério distribucional.
. As propriedades morfológicas, distribucionais e semânticas próprias de cada um dos itens lexicais de uma língua nos permitem agrupá-los em categorias que passam a ser definidas exatamente pelo fato de que os itens que as integram compartilham tais propriedades gramaticais.
Categoria dos nomes: geralmente são núcleo de seu constituinte e satisfazem imposições sintáticas e semânticas do verbo. Nomeiam entidades.
Proforma: tem a propriedade de substituir constituintes.
. Adjetivos estão para para constituintes nominais assim como advérbios em -mente estão para verbos.
3. Estrutura de constituintes
AS SENTENÇAS DAS LÍNGUAS NATURAIS NÃO SÃO FORMADAS POR SEQUÊNCIAS LINEARES DE ITENS LIXICAIS. ELAS SÃO FORMADAS A PARTIR DA ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DE SEUS CONSTITUINTES, EM QUE PALAVRAS SÃO AGRUPADAS EM SINTAGMAS E SINTAGMAS SÃO AGRUPADOS EM SINTAGMAS MAIS ALTOS, ATÉ QUE CHEGUE AO NÍVEL DA SENTENÇA.
evidências (testes) para a estrutura de constituintes
Possibilidades de distribuição dos constituintes em diversas posições na sentença. Tomemos como exemplo a sentença:
O João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã.
a) Topicalização: constituintes dessa sentença podem ser colocados em posição inicial. Exemplos:
Amanhã, o João vai [...] Na Borders’, o João vai [...] Do Chomsky, o João vai [...]
b) Clivagem: constituintes são movidos para a posição frontal e são ‘ensanduichados’ entre o verbo ser e o conectivo que. Exemplos:
É o João que vai comprar o último [...] É o último livro do Chomsky que o João [...] É amanhã que o João [...]
c) Passivização: evidencia a estrutura de constituintes de uma sentença construída com um verbo transitivo direto. Exemplo:
O último livro do Chomsky vai ser comprado pelo João amanhã na Borders.
d) Fragmentos de sentença: só constituintes podem servir como fragmentos de sentença em respostas. Exemplos:
. Quem vai comprar o último livro do Chomsky amanhã? - O João.
. O que o João vai comprar amanhã? - O último livro do Chomsky.
e) Pronominalização: toda vez que pudermos substituir uma sequência de palavras por uma proforma, vamos estar diante de um constituinte sintático. Exemplos:
Ele vai comprar o último livro do Chomsky amanhã. O João vai comprá-lo na Borders’ amanhã. O João vai fazê-lo amanhã.
f) Elipse: alguns constituintes podem ser elididos. Exemplo:
. A criança não vai parar de gritar. . Eu acho que ela vai parar de gritar, mas só se você parar de dar bola pra ela.
É IMPORTANTE SEMPRE TER SE TER EM MENTE QUE NEM TODOS OS CONSTITUINTES SÃO EVIDENCIADOS PELAS MESMAS CONSTRUÇÕES.
ambiguidades estruturais
O Pedro viu a menina com o binóculo.
Essa sentença tem duas possíveis interpretações. pela primeira, entende-se que o Pedro viu a menina através do binóculo que ele trazia com ele. Pela segunda, entende-se que a menina que o Pedro viu usava ou carregava um binóculo. Concordamos que só nos damos conta dessa ambiguidade porque a sentença está fora de contexto.
A primeira interpretação está associada à a possibilidade de a menina e com o binóculo serem dois constituintes separados. Por outro lado, a segunda está associada à possibilidade de a menina com o binóculo ser um único constituinte sintático. Todos os movimentos e substituições de constituintes revelam essas possibilidades e evidenciam o caráter estritamente sintático da ambiguidade da sentença.
a ambiguidade é causada pela possibilidade de a sentença apresentar duas estruturas sintáticas diferentes.
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aula 22.08
anotações - segunda aula da Ana Rosa
“- Analisar a conversação é analisar o exercício da fala; - O diálogo é a experiência linguística por excelência; - A interação é uma rede de influência mútua, exercida uns sobre os outros; - Validação interlocutória: sinais fornecidos pelo falante e pelo ouvinte, que são solidários (sincronia interacional); - Trabalho cooperativo; - Conversa simétrica: ambos os interlocutores estão em iguais condições de participar da conversa; - O manuscrito é singular, pois apresenta marcas de elaboração, ainda que se trate de língua escrita; - Todo texto escrito é uma imagem; - Oralidade x fala: um texto escrito pode ser oralizado sem constituir-se em fala; - Dados paralinguísticos: marcadores não linguísticos (olhar, sorriso, etc.)/Dados extralinguísticos: contexto; É possível tentar reproduzir na língua escrita as características da língua falada.“
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aula 20.08
subáreas da linguística
são elas:
fonética e fonologia } EL I
morfologia, sintaxe, semântica (estudaremos em EL II a semântica lexical), pragmática, discurso (estudaremos o discurso greimasiano) } EL II
teorias da linguística
estruturalismo - Saussure
gerativismo - Chomsky
linguística descritiva: na qual a área de pesquisa é a fala
linguística prescritiva: é a linguística que aprendemos na escola - ortografia, regras
sociolinguística: onde estudamos os dialetos, os quais contribuem para o estudo da línguística histórica.
linguística histórica: desenvolvimento histórico de uma língua
aquisição de linguagem: como crianças aprendem a falar
Essas três últimas podem perfeitamente ser estudadas através do ponto de vista das subáreas.
sintaxe
No capítulo Competência do livro I da bibliografia, nas questões relacionadas à possibilidade de formação da voz passiva, percebe-se que ela só pode ocorrer quando o sujeito da sentença tem controle sobre a ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
a. As crianças quebraram o vaso de cristal. a’. O vaso de cristal foi quebrado pelas crianças. b. Marco quebrou a perna. b’. A perna foi quebrada pelo Marco.
Observe-se que as crianças tem total controle da ação expressa pelo verbo, ou seja, são elas que desencadeam a ação. Já Marco é um elemento afetado pela ação expressa pelo verbo da sentença, não sendo desencadeador dessa ação.
Sabendo isso, é possível notar que os verbos que aceitam as duas ordens (sujeito-verbo e verbo-sujeito) são, em geral, verbos que envolvem a “entrada e saída de cena” da entidade denotada pelo argumento - nascer, morrer, aparecer, ocorrer, chegar etc. Já verbos que só aceitam a ordem sujeito verbo, como rir, dançar, correr, andar, trabalhar, são verbos que implicam um sujeito desencadeador de processo.
. Existe o sujeito agente e o suheito paciente, o agente controla a ação, o paciente sofre a ação.
Funções sintáticas } sujeito objeto, obejto indireto... Papeis semânticos } agente, paciente, causa, tema...
mais sobre ativa versus passiva
. Nem todo sujeito é agente. Sujeito se opõe a objeto e agente se opõe a paciente.
Como já dito, é necessário um sujeito ativo (desencadeador do processo expresso pelo verbo) para formar a voz. Assim, o que era objeto na ativa será sujeito na passiva.
a. João quebrou a perna } João não é agente, ou seja, não dá pra formar a passiva, fica estranho. a’. João quebrou o vaso } João é agente, dando pra formar a passiva perfeitamente.
Concluindo: Só dá pra formar a passiva quando o sujeito é ativo.
gerativismo
“ O gerativismo ou teoria gerativa é uma tentativa de formalização dos fatos linguísticos aplicando-se um tratamento matemático preciso, explícito e finito às propriedades das línguas naturais. Isto facilitaria o aprendizado dos idiomas. “ = O falante já nasce com algumas habilidades linguísticas.
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aula 17.04
Modernismo
. Movimento o qual tenta aproximar a arte das ruas (do “povão”).
. A prosa pura distancia-se do leitor. . A linguagem da lírica confina com a da música.
RECURSO DA IMAGEM: . A imagem aproxima a poesia da filosofia (quando o conceito de "poesia abstrata” não dá conta). . Todas as coisas banais se combinam para o autor: conjunto d sensações viram sentimentos, emoções complexas.
A Imagem
Paz é crítico: apresentação crítica do seu objeto aos leitores. . A imagem (metáfora) é o poema: evocação verbal de uma sensação. . A imagem cria certo trânsito de atributos de uma objeto a outro. Exemplo: A maçã é simbólica, pois ela pode estar em várias dimensões. . A imagem cria relações de sentidos/ sequência de frases insubstituível. . Na imagem , os polos opostos de sentido se preserva/estimula. . Há uma briga de sentidos contrários que constrói sentido <- a imagem. . Ela luta com signos verbais com mais mobilidade (como o sistema de signos da matemática).
*A imagem: subversão da vontade de ser: inequívoca. Ela retoma o sentido de “criação para além da criação” (cria coisas que não existem antes dela). *imaginativa. . O poeta confere sentido ao poema, mas recria o real, e o leitor revive esse real.
. Na linguagem prosaica toda frase pode ser traduzida e explicada por outra frase, já com a imagem não, ela explica ela própria. . Traduzir a imagem em prosa pode quebrá-la, pois ela é seu próprio sentido. Possui um valor insubstituível. . A imagem é atraída para polos diversos, mas ela se equilibra. *ela não é só uma coisa.
alegoria - universal ao singular; símbolo: singular ao universal.
Bandeira
. A morte se humaniza na poesia de Bandeira. . Poesia de ruptura com a hierarquia de sentidos.
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