Tumgik
caiquesouza · 3 years
Photo
Tumblr media
Breve reflexão sobre a prosperidade dos ímpios. Quando os Godos atacaram Roma e maltrataram os cristãos, Santo Agostinho foi questionado pelo povo sobre a injustiça, uma vez que, quando Roma servia aos deuses pagãos, era próspera e seu povo estava em paz, porém, ao passarem a seguir o Deus cristão, a cidade era invadida, saqueada e subjugada. Como resposta a esse questionamento, o Bispo de Hipona escreve “A Cidade de Deus”, onde expõe questões históricas, filosóficas e religiosas sobre o ocorrido. Entretanto, Santo Agostinho trata do tema mais importante: os justos, nessa vida, devem ser oprimidos, porém, os ímpios devem prevalecer. O aspecto geral do tema é, também, uma elucidação ao capítulo 16:33 do Evangelho de São João: "Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo". No mais, não estejamos tão desanimados. Asaf também indagou sobre essas “injustiças” no Salmo 73. Além disso, não que a prosperidade do ímpio e a miséria do justo seja uma regra geral da perspectiva cristã. Não obstante, é muito provável que nem todos os seus sonhos se realizem, que Deus não atenda às suas súplicas de milagres, que você não conquiste tudo o que quer conquistar, mesmo a coisa que você mais almeja na vida. O fim último da vida cristã é, acima de qualquer coisa, a salvação da alma humana. Para isso, é imprescindível direcionar a mente e a razão à sujeição do que é superior, como bem disse Santo Agostinho, porque somente imperando sobre os instintos humanos - que muito se assemelha ao dos animais - é que se vence. Uma vez que, os desejos individuais de cada ser humano tem pouquíssimo ou nada a ver com o projeto último do sacrifício de Cristo, não faria sentido algum que Deus atendesse a cada súplica desmedidamente. E mesmo que isso aconteça: Deus continua sendo Deus. Seja na subjugação de Jerusalém ou na edificação da Babilônia. #santoagostinho #catolicismo #reflexão #quintafeira #textos #cristianismo #cristianismoprimitivo https://www.instagram.com/p/CV4FGdJNpbTNCKhu0hbtwG38DxOZCw4FjNTaB80/?utm_medium=tumblr
4 notes · View notes
caiquesouza · 3 years
Photo
Tumblr media
Se até Noz-moscada - em excesso - é tóxica, imagine você. 
Especialistas recomendam que a substância seja ingerida em - no máximo - 5g ao dia, a fim de evitar seus efeitos colaterais. O consumo excessivo pode suscitar sintomas como náuseas, convulsões, arritmias e - pasmem - alucinações. Acabo de cunhar, oficialmente, a expressão “Tá Doidão de Noz”.
Iguaria bonitinha, redondinha, docinha e agradável. Igual a você, anjo de candura.
Basta um momento, um pequeno olhar, um comentário sutil ou mesmo a intenção direta e arquitetada de ser um tremendo calhorda para destilar o veneno que há em nós. Até no silêncio há toxicidade. 
E eu não estou falando, necessariamente, de relacionamentos amorosos tóxicos. Uma relação de amizade, familiar, de trabalho e, até mesmo, a maneira com a qual você lida com os conflitos cotidianos pode ser tóxica. 
E quem nunca olhou para alguém e pensou: “cara! Como essa pessoa é tóxica! Será que ela não percebe!?”. Pois é… pode ser que ela não perceba, mesmo. Apesar da consciência e da capacidade crítica que nós, seres humanos - ou, pelo menos, a maioria de nós - possui, nem sempre percebemos o quão desagradáveis podemos ser. 
Essas coisas fazem pensar que, mesmo não concordando - integralmente - com tudo o que Freud diz: “Só a experiência própria é capaz de tornar sábio o ser humano.” Pode ser, mesmo, que só fazendo muita merda e sendo muito desagradável - consigo e com seus pares - é que tenhamos a sorte e a capacidade perceptiva sobre-humana - e eu diria até mesmo divina - de reconhecer o quão venenosos podemos ser. 
E esse chão de ovos no qual pisamos? Como lidar com isso? É incômodo nunca ter uma resposta concreta para essas questões, porém, de uma coisa nós sabemos: ser comedido em seus comentários, honesto consigo e com os outros e ser transparente em suas atitudes é, sem sombra de dúvidas, um bom começo para ser menos desagradável. 
A empatia, também, é uma característica importante. Entretanto, é um adjetivo tão grande é improvável quanto o próprio autoexame de consciência. Eu arriscaria dizer que, à sua forma mais pura, se reserva aos Santos e seres fictícios mais puros. Um “ursinho carinhoso”, talvez. https://www.instagram.com/p/CVqo71AvfadBEAMjzSrb0-B9x0yH7axOHaUn_40/?utm_medium=tumblr
3 notes · View notes
caiquesouza · 3 years
Photo
Tumblr media
CONSOLO NA PRAIA (Carlos Drummond de Andrade) Vamos, não chores A infância está perdida A mocidade está perdida Mas a vida não se perdeu O primeiro amor passou O segundo amor passou O terceiro amor passou Mas o coração continua Perdeste o melhor amigo Não tentaste qualquer viagem Não possuis carro, navio, terra Mas tens um cão Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam Nunca, nunca cicatrizam Mas, e o humour? A injustiça não se resolve À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido Mas virão outros Tudo somado, devias precipitar-te, de vez, nas águas Estás nu na areia, no vento… Dorme, meu filho. #carlosdrummonddeandrade #praia #viagem #praty #trindade #poema #reflexão #descanso #ferias #viajar #viagemsolo #viajarsozinho #destinosimperdiveis #instagram #instagoods #mar #praiadosono (em Trindade-RJ) https://www.instagram.com/p/CVKqCfXrMnaDxkZ4lWKy7cCR9eKF_D1dCjX_280/?utm_medium=tumblr
0 notes
caiquesouza · 3 years
Photo
Tumblr media
“Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo...” Mario Quintana #trilha #sol #trindade #paratyrj #tbt❤️ #ferias #leveza #verde #mar #viagem #viajar #viagemsolo #destinosimperdiveis #segundafeira #instagood #paisagens #experiencias (em Trindade-RJ) https://www.instagram.com/p/CVKnzCPr8NdkXd7rNp221wfgH7GKbs6DY5KZLA0/?utm_medium=tumblr
0 notes
caiquesouza · 3 years
Text
Tumblr media
Com grandes poderes…
Ainda me lembro de quando voltávamos correndo da escola pra assistir “Dragon Ball Z”, comendo aquele prato de arroz com feijão e carne cozida com legumes. Responsabilidade? Levantar as mãos quando o Goku nos invocasse pra fazer aquela “Genki Dama” gigantesca. Pobre Majin Boo…
Nostalgia? Sem dúvida. E digo isso no sentido mais etimológico da palavra. Esse “algos”, do grego, “dor”, do qual a palavra se origina, nos leva - melancolicamente - a tempos mais amenos, menos preocupantes, variegados e, certamente, de “falsas responsabilidades”.
Se você soubesse que aquelas provas do ensino fundamental não te fariam reprovar o ano letivo, não haveria tanta preocupação, certo?
No fim das contas, responsabilidade está relacionada à importância que damos pra determinados aspectos da vida, de acordo com a nossa capacidade de entender o que - realmente - é essencial para nós naquele momento.
O Tio Ben estava certo:
- Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.
Nós só não entendíamos a intensidade disso tudo porque, à época, provavelmente, nós só conseguimos pensar no no Homem-Aranha como um filme qualquer de herói. Ledo engano. O espírito pueril que habitava nossas mentes e olhos não nos permitiu olhar além. Com certeza você não notou aqueles belos seios da Kirsten Dunst eriçados na chuva.
No mais, a história do “Cabeça de Teia” é quase como uma profecia do que nos aguardava na vida adulta. Mesmo que a intenção dos quadrinistas sempre tenha sido trazer os super-heróis pra mais perto do aspecto humano, com o Parker, o objetivo é atingido com primor.
Os conflitos cotidianos do herói são tão humanos que, por vezes, a trama que se reserva aos momentos sem a fantasia são muito mais interessantes do que as cenas de ação mal feitas e os efeitos especiais exagerados.
A questão é que nós vinculamos a frase do Tio Ben à transformação heróica do Peter, mas não era disso que se tratava. A frase marcava a transição do herói para a vida adulta, muito mais conflitante e difícil de administrar do que seu legado enquanto herói.
Esse “poder” mencionado na frase tem, justamente, o significado primeiro, cuja origem é “possum”, do latim: ser capaz de.
Capaz “de quê”? De falhar, de escolher, de errar, de titubear, de superar, de refletir e, quem sabe, acertar.
É o que acontece com o “Amigão da Vizinhança”. Quem é que consegue estudar, trabalhar, gerir uma casa, cuidar da Tia May, conquistar a Mary Jane e, nas horas vagas, salvar Nova York? Ninguém. Nem o Peter.
O que é reconfortante? Em meio a todos esses conflitos - que em muito se assemelham à vida do homem comum - é mais fácil falhar em manter a cama arrumada do que vencer o Dr. Octopus.
Boa semana, “herói”.
14 notes · View notes
caiquesouza · 3 years
Text
Tumblr media
Pandemia - O retorno do confinamento ao mundo pós-apocalíptico.
Título um tanto exagerado? Talvez. Entretanto, pense no seguinte: o que mudou em pouco mais de um ano de pandemia?
Não pretendo tratar de temas tão delicados como a perda de entes queridos - aproveito para manifestar os meus sentimentos, caso sua família tenha, pesarosamente, sido atingida pelo vírus - mas gostaria de falar sobre as relações sociais, a impessoalidade e despersonalização causada por rostos mascarados e a privação de algum lazer.
Não estou aqui para condenar ou defender o “lockdown”, tampouco me arriscar nos devaneios conspiratórios sobre a vacina - aliás, tomem a vacina, por favor. Estou aqui como homem comum, tomador de Império Puro Malte, assistidor de Netflix em contas compartilhadas, pseudointelectual de Facebook e, principalmente, necessitado de afetividade e contatos verdadeiros.
Queremos cantar num caraoquê, se é que eles não faliram; queremos andar nos parques e jardins botânicos, se é que os animais e a natureza não se encarregaram de retomar seu lugar; queremos ver as arquibancadas cheias de torcedores, mesmo não gostando tanto assim de futebol; queremos nos sentar à mesa dos restaurantes e viver aquele “date” furado, só pra ter uma história engraçada pra contar.
Queremos farofar na praia de Ubatuba, comer um torresmo no bar do seu Zé, ir de pijama à padaria e comentar à própria consciência: “espero que não notem que ainda não escovei os dentes”. Até disso as máscaras se encarregaram.
Abre restaurante, fecha restaurante; pode vender bebida, não pode vender bebida; anuncia a estreia do novo 007, adia a estreia do novo 007; fase verde, fase amarela, fase laranja, fase vermelha e, quando a gente pensa que não pode piorar, vem a fase emergencial. Fora a última e mais terrível de todas: a fase da ansiedade.
Queremos outra desculpa pra não ir à academia; outro pretexto pra não comparecer às festas de aniversário; queremos poder “ficar em casa por opção”.
Queremos a certeza de um mundo que talvez não exista mais: sem máscaras, sem álcool em gel, sem confinamento...
A gasolina já está cara, algumas possíveis guerras no horizonte, crises políticas por todo o mundo... nada de novo debaixo do sol. Agora só falta o clima desértico. “Mad Max” nunca foi tão real. Testemunhem.
0 notes
caiquesouza · 3 years
Text
“Não tenho a intenção de ser um poema”
Tumblr media
Sou um paradoxo em minha própria existência.
Sou tão pretensioso que, no mais banal dos dias, o mundo gira ao meu redor. Eu até diria ‘narcisista’, mas não procuro beleza em meu reflexo; procuro culpa e redenção.
Toda a minha mediocridade é grande. Do tudo ao nada, eu estarei lá.
Se choveu, eu dei causa. Se há seca, a culpa é minha.
Quero tudo e, à medida que conquisto, não quero mais nada.
Pobres de vocês que, desavisados, ainda depositam alguma expectativa. Cedo ou tarde serão frustrados.
Sentando-me à mesa com meus demônios e pergunto: “o que beberemos hoje?”.
De ócio e procrastinação minha alma transborda. Finjo querer e também finjo me importar.
Um dia ainda mato vocês - de tanto desgosto.
1 note · View note
caiquesouza · 4 years
Text
Tumblr media
Relacionamentos casuais e a sina de quem não consegue não se apaixonar.
Não acredito em signos, mas segue a nota de advertência: Texto não recomendado para cancerianos ou piscianos.
As cláusulas bem definidas no novo tratado de relação casual estabelecem:
1 • As conversas estabelecidas entre as partes não deverá exceder o máximo de 03 (três) dias, sem que antes esteja firmada uma data para o sexo casual ou “inevitável intenção” desta;
2 • As partes se comprometem em não estabelecer uma relação afetiva profunda, não perguntar sobre filhos, planos futuros ou coisas que suscitem interesse conjugal ou semelhante;
3 • É vedado a qualquer das partes chamar a outra de amor, mozão, mozi, paixão, vida ou qualquer termo derivado;
4 • As partes se comprometem em não cobrar do outro qualquer satisfação, bem como não questionar a falta de contato imediato (entenda-se, também, como ‘ligar no dia seguinte’) “pós-coito”;
5 • Estará permitido a ambas as partes pernoitarem juntas, desde que não quebrem qualquer uma das cláusulas deste tratado;
6 • Estará proibida a troca de mensagens com familiares e/ou amigos das partes, exceto em caso de risco iminente de morte, violência, ameaça à integridade física ou psicológica;
7 • Estará - terminantemente - proibido se apaixonar;
8 • Em caso de quebra ou violação, mesmo que parcial, de qualquer uma das cláusulas desse tratado, haverá o bloqueio imediato da parte transgressora nas redes sociais e afins;
Seguindo esse belo tratado de “relações de bolso” pós-moderno, o que poderia dar errado? Resposta: não conseguirmos controlar todas as emoções integralmente.
O Dalai-lama e o Papa que me perdoem, mas, entre a paz mundial e controlar integralmente meus sentimentos, eu prefiro a segunda opção.
Brincadeiras à parte, a ideia de relacionamentos robotizados não funcionou, mesmo com toda a construção de uma modernidade líquida - oi, Bauman - e instável.
Alegria das minhas amigas psicólogas, o Tinder, Badoo e demais aplicativos de sexo casual - porque é isso que eles são - conseguiram cooptar o imaginário das pessoas que buscam facilidade nas relações humanas, porém, nenhum dos seus desenvolvedores se responsabilizará por algo muito importante: você. Haja grana pra terapia, amigos.
Tá! Tudo bem! Pode ser que você seja o(a) senhor(a) desapegado(a), coração de gelo, Antártica sob pernas, arquétipo da casualidade... mas nem todo mundo consegue. Aliás, tendo conversado com vários amigos, pouquíssimos são os que conseguem essa proeza. Até os mais “putões” admitem que, se você não pagar, pode rolar um envolvimento. E até os que pagam ainda correm esse risco, certo? - Eu vou tirar você do cabaré! 🎤🎵🎶
Se vale o risco? Talvez, sim - ou não. O pior de tudo é que nem dá pra pesar o futuro numa balança de precisão.
O ônus por se arriscar tanto? Investimento - financeiro e emocional -, reestruturação dos seus projetos - ou não -, liberdade, etc.
O bônus? Se relacionar com uma pessoa bacana, almoçar um churrasco na sogra domingão, ter com quem contar nas horas difíceis, etc.
Tem gente que evoluiu junto; tem gente que evoluiu sozinho.
Tem gente separada e feliz; tem gente casada e triste - ou o contrário disso.
Certamente, a (des)graça de tudo isso é o risco, e, meus amigos, nem “Jogos Vorazes” foi tão difícil. E que a sorte esteja sempre a seu favor.
Como alento, eu deixo uma das minhas frases favoritas, de um dos meus filósofos favoritos:
“Se a meta principal de um capitão fosse preservar seu barco, ele o conservaria no porto para sempre.”
São Tomás de Aquino
Boa sorte, navegante.
Texto: Caique Souza.
10 notes · View notes
caiquesouza · 4 years
Text
Tumblr media
Casamento: O maior exemplo de rebeldia e resistência ao mundo moderno.
“O casamento é uma questão de honra. O casamento é uma luta. Às vezes, uma luta apenas consigo próprio. O matrimônio possui, necessariamente, um toque de heroísmo. Na guerra, a lealdade perdura inclusive na derrota, ou até mesmo na desgraça. Precisamente no momento em que a bandeira está quase sucumbindo é que se deve lealdade.”
G.K. Chesterton
Antes de começar, eu gostaria de deixar claro o seguinte: qualquer exemplo contido nesse texto é meramente ficcional. Nada do que está contido aqui é destinado ou faz referência - especificamente - a alguém. Aliás, se você estiver lendo, guarde bem os meus livros, meu velho chinelo do Super Mário e, principalmente, as boas lembranças.
Dito isso, precisaremos definir muito claramente o seguinte: seja você cristão ou não, o casamento é uma instituição mais antiga que o estado, cuja formalidade e efeitos foram concebidas desde muito antes das repúblicas, revoluções, guerras, etc. com toda uma essência mística e religiosa. Sendo assim, mesmo tendo apenas assinado um papel diante de algumas testemunhas e um juiz, você participou - informalmente - do maior rito religioso de toda a história. Parabéns.
Para o cristão, há uma definição apaixonante - e sacramental, do ponto de vista católico -, a qual sempre me vem à cabeça quando o assunto é casamento: ele é a parábola viva do relacionamento entre Cristo e a Igreja. O marido sacrificial e protetor e a esposa colaboradora - e muitas vezes obstinada. Machista? Paciência. Não estou aqui para defender qualquer ideal religioso. Aliás, estou tentando me desprender de todo e qualquer preceito, por mais difícil - e impossível - que isso seja. O homem deve amar sua mulher e se entregar por ela; a mulher deve ser submissa ao seu marido como ao Senhor... ah! E também não podemos nos esquecer dos filhos! Romântico, né?
Do ponto de vista secular... bem... para o homem moderno eu gosto muito de partir de uma ideia formulada pelo escritor, professor e psicólogo docente da Universidade de Toronto, Jordan B. Peterson: “Casamento não é para ser feliz, é para dar estabilidade às crianças.”Também existe a questão da estabilidade financeira e tudo o mais... quem é que não quer juntar as escovas e dois salários para sobreviver a essa selva capitalista?
Eu não quero dizer que os homens modernos veem o casamento como uma questão meramente contratual. Entretanto, temos que concordar que não há - explicitamente - a carga de tradição, idealização, etc. como há no aspecto religioso, o que facilita mensurar as vantagens e desvantagens de se unir tão seriamente a alguém.
E, no final das contas, o que essas duas linhas tem em comum? Resposta: quase tudo. Ou, pelo menos, no cerne, são praticamente iguais.
A não ser que você tenha um espírito transcendente e incorruptível - e se você o tiver, já me chama no privado que eu faço uma campanha para sua canonização -, a ideia do marido sacrificial e da mulher submissa no relacionamento cristão é, minimamente, estressante demais para definir a relação conjugal como a coisa mais feliz do mundo. Não estou falando mal do casamento. Longe de mim. Entretanto, verdades precisam ser faladas. Calma, não desanime. Você terá muitos momentos felizes no casamento. Talvez mais momentos felizes do que tristes.
E mesmo que você não pense em todos esses aspectos religiosos e romantizados do casamento, não há como se unir a outra pessoa - estritamente - para manter sua estabilidade financeira ou criar filhos. Você não é nenhum membro da família real e a estabilidade do reino não depende desse seu sacrifício. #ateustambémamam
Então, eis a pergunta: casamento por quê?
Namorando eu posso transar de vez em quando, administrar individualmente as minhas despesas, pensar individualmente o meu futuro, comprar o que eu quiser e, principalmente, não me importar tão seriamente com o bem-estar de outra pessoa. Casamento pra quê? A resposta: não sei.
Eu só sei de uma coisa - e jamais deixaria aquela bela frase do Chesterton solta lá em cima se não viesse dissertar sobre ela - o casamento é o maior paradoxo do mundo. Podemos ter filhos e não estarmos casados; podemos comprar um apartamento e um carro e não estarmos casados; podemos viajar o mundo - acompanhados ou não - e não estarmos casados; podemos viver a vida - felizes ou não - e não estarmos casados. Mas a verdade é esta: o casamento é um protesto.
Só serve para aqueles que querem ser desafiados, para os que estão dispostos a colocar seus peitos abertos e expostos ao risco de serem feridos, decepcionamos e, na mesma medida, amados e cuidados.
Em tempos de relacionamentos líquidos - sim, eu vou citar Bauman em quase todas as minhas postagens - ser casado é rebelião, se propor a tentar amar um único homem ou uma única mulher pelo resto da vida é exemplo de transgressão. E transgressão das grandes. Diferente dos relacionamentos casuais, onde as coisas são levadas até que nos deparemos com o menor sinal de incômodo e perda do controle, no casamento, a coisa não é bem assim. Isso devido ao peso social que a instituição carrega. E mais do que isso: é graças ao amor, convivência e companheirismo que são construídos no decorrer dos anos.
Sabe aquele “eu aceito”? Pois é. Ele também faz referência aos defeitos da pessoa com a qual você está se unindo. Eu garanto. Olha lá. Está nas linhas pequenas que ninguém lê.
A ideia de abrir mão de alguns sonhos e planos individuais, para construir sonhos com outra pessoa que, em muitas ocasiões, não vai querer sonhar o mesmo que você, é muito difícil. Se isso vale a pena? Só se descobre no final. E tudo só acaba quando termina.
A sensação de que os dias estão passando e você não saber se está fazendo a coisa certa também é angustiante. O que nos conforta nesse caso? A presença de uma outra pessoa que também se colocou à mercê de todas essas angústias e inseguranças com você. E ela estará ali pra te apoiar. Sempre.
“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.”
1ª Lei de Newton
Crises? Imagina... O casamento é um eterno mar de crises. Desde saber se quer continuar seguindo junto com o outro, até escolher o sabor da pizza pra assistir Netflix num sábado à noite. Não estou exagerando. São essas pequenas e grandes crises que dão aquele empurrão no relacionamento para que ele tome alguma direção. É claro que, dependendo do empurrão, pode ser que tudo isso tome a direção do fim, mas não deixa de ser uma direção.
“O grande prazer do casamento é que ele é uma crise permanente.” – David Copperfield, Chesterton on Dickens, 1911
No fim das contas, o casamento é sobre ter um lugar pra voltar. Ter alguém para quem voltar. É sobre confiança, companheirismo, lealdade, segurança... é sobre amor também, mas, diferente da paixão, na qual sofremos terrivelmente esperando aquela mensagem de ‘bom dia’ no WhatsApp, no amor, mesmo que ambos saiam correndo de casa às pressas para o trabalho, sabemos que o ‘bom dia’ está ali, desde colocar o leite pra esquentar no microondas, até separar as roupas brancas das coloridas para a lavagem.
E, se um dia, por algum motivo, seja ele qual for, tudo isso se acabar? Deu errado? Não. Certamente não. Deu certo. Deu certo enquanto durou. Afinal de contas, um belo e delicioso prato não deixa de ter sido maravilhoso quando você termina de se servir dele. E, se um dia, você decidir preparar e desfrutar de outra refeição tão boa, lembre-se: qualquer gota de molho vermelho, por menor que seja, pode desandar a perfeição e harmonia de um delicioso molho bechamel.
Eu teria muitas coisas pra escrever sobre o casamento, mas gostaria de versar sobre outros temas e este assunto me ocuparia por mais alguns bons dias, apesar da pequena - mas generosa - experiência que tive. Sendo assim, havendo começado o texto com uma frase encorajadora do Chesterton sobre casamento, eu gostaria de reforçar a beleza de tudo isso com outra frase do autor:
“O casamento é um duelo mortal que nenhum homem/mulher* honrado deve rejeitar.”
*A frase original cita apenas “homem”, mas era o século XIX... sabe como é, né?
Texto: Caique Souza.
14 notes · View notes
caiquesouza · 4 years
Text
Tumblr media
Ideal x Real: O outro não vai satisfazer às suas expectativas completamente.
Pode chorar. Tranquilo. Faz parte. A Disney é a maior causadora de desilusões amorosas em toda a história da humanidade.
Não há príncipes ou princesas; não há grandes castelos ou dragões. São só as pessoas e seus demônios.
Sim, eu estou falando de relacionamentos. E o grande problema ao iniciar um relacionamento é a idealização do outro. Idealizamos como ele deve ser, como deve agir, como deve corresponder a cada uma das nossas expectativas. E quando isso não acontece? BAM! Temos o contato com o REAL, o qual não podemos controlar, prever, mensurar e, diante disso, vem a frustração.
Lembro-me de quando assisti pela primeira vez ao filme “500 Days of Summer” - traduzido para o tupiniquim como “500 dias com ela”. Tá, tudo bem, eu admito: gosto de comédias românticas. Só que esse filme tem algo diferente. Talvez tenha sido um dos filmes do gênero com o final mais improvável possível. Poxa, Summer, mas o Tom era tão bacana... enfim, eu não estou aqui para bater o martelo e dizer quem tinha - ou não - razão no decorrer do filme, mas, sejamos francos: o Tom alimentou uma ideia da Summer durante todo o filme que, sinceramente, ela não era obrigada a corresponder. Desde o primeiro momento em que a viu, ele construiu a mulher ideal com a qual gostaria de se relacionar. Não julgo. Quem nunca fez isso? Tô vendo você olhando a foto daquela crush no Facebook e, sem compromisso - uhum - imaginando como seriam seus filhinhos, sua casa de campo e aquele golden retriever com o pelo todo escovado destruindo seus chinelos. Entretanto, até que ponto aquela pessoa tão interessante é, realmente, a pessoa que você idealizou. Aliás, mesmo que ela seja, até que ponto se manterá assim? As mudanças são constantes e, dentro de um ano, eu te garanto que nem mesmo você será o(a) mesmo(a). Mas então como agir diante de toda essa incerteza? Só há uma coisa a fazer: nada.
A verdade é que não temos controle sobre absolutamente nada. Sendo assim, não mensure o sentimento do outro, não crie grandes expectativas, deixe o golden e o apartamento pra mais tarde. Vivamos o hoje como ele pode ser vivido. Com a realidade que nos foi ofertada e, se o ideal nos for correspondido, receba-o e dê-lhe um nome: presente.
Texto: Caique Souza.
5 notes · View notes
caiquesouza · 4 years
Text
Tumblr media
A vida bate forte e não está pra brincadeira.
“Ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa como você bate e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha.”
Rocky Balboa
Poucos filmes na história do cinema mundial são tão expressivos e atemporais quanto “Rocky: Um Lutador”.
O desenrolar da trama não guarda qualquer enigma. Rocky segue, basicamente, a ideia da “Jornada do Herói”, usada em diversos filmes, partindo da filosofia - se é que posso chamá-la assim- do professor Joseph Campbell, mitologista, escritor, conferencista e professor universitário norte-americano.
Entretanto, eu não estou aqui para falar sobre antropologia da religião, literatura, filosofia ou qualquer outro assunto complexo digno de ser discutido numa mesa de bar, depois de tomadas umas sete garrafas de uma cerveja ruim qualquer; é sobre a vida, e, principalmente, sobre como ela pode te nocautear - ou pelo menos tentar.
A verdade é que somos eternos entusiastas treinando - rigorosamente ou não - para continuar de pé, queda após queda.
Cada esforço incessante para se manter em pé é imprescindível. O décimo quinto assalto estará sempre muito distante.
A torcida estará repleta de apostadores, uns contra e outros a favor. Alguns querem apenas um belo show. E nós daremos isso a eles.
Uma queda, duas quedas, socos, sangue e muito suor, mas nos mantenhamo de pé. Este azarão um dia cairá, mas não será hoje que daremos esse gostinho a eles.
Aos que apostaram a favor: paciência. Vocês terão a sua parte. Amanhã serei eu na plateia e vocês aqui no ringue.
Rocky é sobre o cotidiano de um homem comum, desafiado pela vida e necessidade de superação. Apollo Creed não é - e nunca será - o antagonista mais proeminente; é a vida: desafiadora, sagaz, imprevisível e imbatível.
No final das contas, eu não espero que - como Rocky - vençamos no décimo quinto assalto. Diante de um adversário tão nobre, eu me contento com um singelo prêmio de consolação.
Texto: Caique Souza
1 note · View note
caiquesouza · 4 years
Text
Sobre uma jornada
Tumblr media
Há muito tempo tenho ouvido a analogia de que a vida não é uma prova de "400 metros rasos", mas sim uma maratona. "Deve-se manter a cadência, o ritmo", dizem eles. Discordo. A analogia correta seria: a vida não passa rápido como os 400 metros, mas não é tão cadenciada, rítmica ou dispõe de tanto suporte quanto uma maratona; a vida é uma jornada.
E é inevitável pensarmos numa jornada e não lembrarmos de contratempos, grandes reviravoltas, tempos bons e, sem dúvida, tempos ruins.
Numa jornada, sua velocidade, cadência, ritmo e, por vezes, até seu preparo físico é irrelevante. O importante aqui é saber qual o seu limite; saber quando parar, respirar, recompor as energias, retornar ao trajeto e, se necessário, mudá-lo.
Pegue sua mochila, coloque tudo aquilo que é essencial para subsistir, caminhe por algumas longas horas e, quando se der conta, descobrirá que lhe falta algo. Ninguém está - efetivamente - preparado para uma jornada. Isso porque não se sabe o que esperar de um mundo volátil - algumas vezes até hostil - e imprevisível.
Saímos para essa jornada com um amontoado de coisas que, diante de algumas situações, se mostram inviáveis. Uso aqui o termo 'inviável', porque, numa jornada, nada é, de fato, 'inútil'. Um cantil d'água pode não ser útil se você precisar se aquecer numa noite fria, mas, certamente, será um alento em meio a um deserto escaldante.
Entretanto, não é possível ter tudo aquilo que queremos a todo momento; é preciso abrir mão de algumas coisas para colocar outras na mochila e, assim, conseguir seguir a jornada noutros rumos.
Lembre-mos também que, ao contrário de uma maratona, uma jornada não é uma competição. Não estamos interessados no tempo que levamos para terminar ou o quão longe chegamos. A questão aqui não é a quantidade de coisas que conseguimos carregar durante o percurso, mas a qualidade delas.
Assim como na literatura onde, Ulisses - herói da grande obra homérica "Odisseia" - sai de Ítaca, seu lar, deixando sua mulher e filho - ainda no ventre da mãe - para guerrear em Tróia, nós também deixamos pessoas e cenários confortáveis para trás, a fim de buscar algo diferente, seja lá o que for.
Findada a guerra, Ulisses empreende uma jornada de volta à Ítaca, permeada de aventuras, medos e tristezas, tudo isso durante dez anos, até conseguir voltar para casa.
O grande fator desmotivador numa jornada - que é inevitável, pressupondo-se que somos movidos por objetivos e metas - é que, enquanto não chego ao fim, o percurso pode se tornar fadigante demais.
Seja qual for o fim último a ser vislumbrado numa jornada, há apenas uma coisa a ser aproveitada: o caminho.
Texto: Caique Souza
6 notes · View notes
caiquesouza · 4 years
Text
Tumblr media
Ned Stark e a “desvirtude” da honra.
“Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?”
Eclesiastes 7:16
É impressionante como a literatura - especialmente a literatura fantástica - além de um afago para a insatisfação das limitações da vida cotidiana, consegue abarcar em si, por meio de seus personagens, aquilo que há no mais ínfimo da alma humana.
Depois de ler "As Crônicas de Gelo e Fogo" - série de livros que inspirou o grande fenômeno televisivo da HBO "Game of Thrones" -, do escritor contemporâneo George R.R.Martin, e, posteriormente, "reassistir" ao primeiro episódio da série, não pude deixar de notar as peculiaridades de alguns personagens.
O único personagem que, teoricamente, teria o caráter bem definido na trama é Eddard (Ned) Stark, Senhor de Winterfell e Guardião do Norte.
Antes de continuar: contém Spoiler.
Enfim, resumindo a trajetória do honrado líder da alcatéia Stark - o símbolo da sua casa é um lobo - Ned assumiu a paternidade de Jon Snow - seu "filho bastardo" -, fruto de um suposto relacionamento extraconjugal que teve com uma prostituta durante uma guerra - a "Rebelião de Robert" - levando-o para morar consigo, mesmo a contragosto de Catelyn Stark, sua esposa, causando alguns arranca-rabos que eu adoraria ver passando numa noite tediosa no Programa do Ratinho.
Apesar da suposta traição, temos que admitir: para um contexto “pseudomedieval”, Ned teve foi honrado em assumir seu bastardo.
Não bastasse isso, o homem ainda me aceita o convite de Robert Baratheon, seu melhor amigo e rei de Westeros - continente no qual é ambientada toda a trama - para assumir a função de "Mão do Rei", cargo equiparado ao de um "Primeiro-ministro". Nada de ruim até aqui, certo? Errado! A verdade é que, se Ned tivesse recusado educadamente o pedido do rei e amigo, sugerindo, quem sabe, outra pessoa à altura do cargo, o restante da trama seria bem diferente. Claro que há quem diga: "Não! Robert não aceitaria!", "Foi um pedido do rei! Não se recusa um pedido assim!". Só que a verdade é apenas uma: Ned aceitou o pedido porque dava mais valor à honra e ao suposto dever de ajudar o rei e amigo do que ao seu bem-estar e felicidade.
Sua decisão - e outros diversos fatores - culminaram na descoberta de que o filho do rei, na verdade, era fruto de um relacionamento incestuoso entre a rainha e seu irmão gêmeo, assanhando assim, uma vez mais, a honra e moral do patriarca da Casa Stark. Vale ainda ressaltar que Robert morre pouco tempo depois de ter nomeado Ned como Mão do Rei.
Como todo aquele que "prefere ter razão no lugar de ser feliz", Ned denuncia toda a bizarrice vivida pela rainha e seu irmão gêmeo, expondo o então bastardo que acabara de herdar o trono. Não preciso nem dizer o que sucedeu, certo? O honrado Eddard Stark - literalmente - perde a cabeça, sendo executado na frente de todo um reino como um traidor.
A morte do personagem - na primeira temporada - rende uma guerra que perdura por quase nove temporadas.
Quase no final da trama, ainda descobrimos que Jon, na verdade, é filho de Lyanna Stark - falecida irmã de Ned e prometida em casamento para Robert Baratheon - com o príncipe Rhaegar Targaryen. A verdade é que Lyanna não havia sido sequestrada como todos acreditavam, mas queria viver seu amor proibido com o "Príncipe de Pedra do Dragão", romance esse que culminou numa guerra sangrenta e que resultou em todo o cenário atual de Westeros.
A fim de preservar a honra da irmã - que morreu logo após o parto -, Ned esconde a verdadeira história do sobrinho, garantindo a continuidade de uma guerra sem sentido e carregando para o túmulo seu segredo.
É claro que a trama não é tão simplória. Revelar a verdadeira história, muito provavelmente, resultaria em outra guerra sanguinária. Entretanto, Ned deixou de contar sobre o sobrinho para preservar a honra da irmã, mas expôs o bastardo do rei para garantir a ordem do reino. O excesso de justiça e honradez do personagem o levou à morte.
Isso me fez pensar: qual o custo de manter a honra e a preservação da imagem de si ou do outro? O quão válido é ser demasiadamente justo?
A vida sacrificial de Ned mostra que a honra nem sempre renderá reconhecimento, justiça e, principalmente, paz interior.
Texto: Caique Souza.
2 notes · View notes