carlosemanuelceara
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Carlos Emanuel Cearense
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Um ser humano que gosta de descrever o mundo e os sentidos que o cercam.
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carlosemanuelceara · 2 months ago
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Originalmente no Scriv: https://scriv.com.br/carlosemanuelceara/amor-em-chamas
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carlosemanuelceara · 2 months ago
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Preso no meio do caminho, um velho novo
Na meia idade do destino preferido servindo
Sem ninguém para chorar nem para rir.
Dias seguem a velha estrada está chegando ao fim
Nem Platão previu-te assim idoso meio novo enfim
O garoto para os senhores um velho para os jovens.
Tu só queres as mulheres juvenis, mas tu não podes
Não plantastes a profissão, não passastes a senhor
Solitário caminhas na fila da estação do metrô.
Quando vem as da tua idade tu desdenhas pois não vai
Ser feliz com ninguém mais na tua sofrida imperfeição
Tu és feio de feição e liso de bens materiais e espirituais.
Um homem sem generosidade no coração, sem dinheiro
Sem nenhuma reputação, perdido na contramão do medo
Olhastes e perdeu e desceu correndo de novo a via.
Te olham e te acham egoísta, uma mente sinistra
Subjugado e não amado metralhado na dispersão
Destronado da vida, chutado e cheio de feridas.
Radiante seria se pudesses abrir só uma porta esperançosa
Mediante a servidão do paraíso do lirismo gótico do teu ser
Não existe beleza dentro da secura da tua infeliz visão.
Medindo o segredo que te afasta da felicidade, uma escolha
Milhares de erros, de linhas desfiguradas de pontes condenadas
A serem navalhadas e derrubadas por serem frágeis demais.
Milita tu onde ninguém te quer vai ali e vai acolá
E todos estão a te desprezar te fazer derramar líquidos dos
Teus olhos baixos, desesperados por precisar.
Tu disse que não queria ajuda mas a ajuda veio e tu
Você fugiu e se entregou ao bar, a jogatina as noites em
Claro e deixou aquela menina a sofrer por te querer muito.
Você não merecia isso, apenas errou na mão e veio parar aqui
Cometeu um crime, ser fiel a princípios inúteis e destruidores
Armados pela coluna partida na indisciplina perdida de alma.
E te olharam e te apontaram um dedo um tapa na cara uma piada
Eles diziam de você algo que não era e que não podia ser aquele
Que nada tinha a dizer e a perder e a sofrer.
Um adeus, um aceno sombrio de uma noite escura na rua deserta
Na mata estava você querendo voltar, mas estava preso em um
Passado de penar e de se frustrar.
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carlosemanuelceara · 2 months ago
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Caído ao chão, com gotículas de uma baba que saia da sua boca. Não conseguia enxergar direito, a vista um pouco embaçada. Tentativa de se levantar, ainda zonzo da bebida que fazia efeito sobre o corpo. Mas tinha que achar os óculos de grau. Sem eles era apenas um homem sem visão. E o Iphone que tinha juntado dinheiro para comprar. Onde se encontrava?
Quase em pé ainda atordoado, tateou o piso do seu apartamento, em busca da sua ferramenta de visualização do mundo. Com muito esforço e quase esmagando a armação recém comprada, pode ver como estava sua residência. Cama, com lençóis, desarrumados, a calça amassada, embolada com a camisa, um balde do lado, onde tinha restos do vômito que veio ao chegar em casa e tentar dormir.
Sebastião seguiu para o banheiro que estava a menos de 4 metros de onde ele se encontrava. Com dor no coração avistou seu aparelho celular misturado com líquidos e alimentos despejados por sobre ele. Pegou o objeto e viu que estava desligado e com pedaços de comida por dentro atrapalhando a câmera.
Tentou limpar o que podia e colocou para carregar. Aos poucos o alívio veio, pois o seu telefone ainda estava com as funções funcionando, mas as fotos ainda estavam saindo meio ruins, devidos aos dejetos que tinha ultrapassado a película de proteção. Fazer o que, era torcer que durante o dia, mudasse tudo e voltasse ao normal. O homem não era apegado à bem matérias, porém ele teve um sacrifício imenso de comprar o celular da moda e queria usufruir de suas funcionalidades.
Era segunda-feira, 10h30 da manhã. Mesmo ainda se sentindo mal, pela ressaca moral e sem saber como tinha chegado em casa, desceu as escadas do seu prédio e seguiu em busca de um lugar para tomar um caldo. De novo ele tinha bebido muito na noite passada. Sempre dizia que ia se controlar. Apreciar o barzinho sem arrependimentos depois. Ele tinha ido ao lugar de sempre, uma boate underground, com Dj tocando músicas dos anos 80.
Bastião era muito na dele, chegava nos lugares e pedia sua bebida e ficava tranquilo vendo o movimento das pessoas. Paquerava uma ou outra mulher que ele achava bonita. Mas não chegava em ninguém, pelo menos no começo da balada. Quando já tinha consumido muito álcool fazia amizades, contava estórias, chegava nas gatas e tudo. Prometia coisas que bom não ousaria dizer.
Mas o que mexia mais com ele, era se sentir importante para alguém. Não tinha estilo conquistador. Era muito romântico. Alguns diriam que ele era ‘emocionado’ é o termo que se usava ultimamente para dizer algo sobre alguém que se importava.
Mas ele não ligava, naquela manhã ao conferir os jogos da Loteria descobriu que tinha tirado a sorte grande. Agora era a hora de testar suas teorias, sobre amor e riqueza. Sempre achou por ser um homem ‘liso’ e feio as mulheres jamais se aproximariam dele. Não era adepto de Nofap, nem da cultura RedPill, nem seguidor de coach de pegação. Mas ele sentia no seu dia a dia a rejeição de algumas mulheres, que ele achava jovem e bonita. Elas se interessavam por ele muitas vezes, a comunicação via app de relacionamentos fluía bem.
A mágica acontecia na hora de marcar os encontros. Perguntavam sobre emprego, sobre carro. Nesse instante, os matchs se desfaziam e elas desapareciam. Mas agora seria diferente, segundo ele acreditava. Com um prêmio bastante generoso no bolso, era hora de refazer os passos. Começou indo ao médico fazer uma bateria de exames para ver como andava a saúde. Detectou uma serie de alterações. Triglicerídeos e colesterol altos. Resolveu deixar a bebida de lado, entrou para academia, queria ficar no shappe.   
Muitos suplementos alimentares. Investiu em ações, criptomoedas e imóveis. Virou um solteiro cobiçado para as novinhas e coroas. Suas redes sociais eram entupidas de gente buscando se aproximar dele. A seca braba de antes já não existia. Essa mudança de patamar provava um pouco a sua teoria, de que ‘só valemos o que temos’.
E assim ele ficou pegando geral. Não queria nada sério com ninguém. Sem perceber ele virou algo que tanto criticava. Não olhava o ser da pessoa, a essência interior, o que importava era a beleza física. O que um corpo bonito podia oferecer a ele.
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carlosemanuelceara · 2 months ago
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Drama, cama, sombria atmosfera
Desejo, sonhos, solidão, absurdos
Memória perdidas, desatinos e loucura
Sonhos, pesadelos, temerosos infernos
Desertos de dores intensa
Propriedade do acaso ardente
Loucura divina honestidade
Medidas intensas de um vácuo
Soluços de medo do acaso
Prisão, mortes, solidão
O pecado de desejar
A vontade de sofrer
Automutilação do espírito
Crenças perdidas nas trevas
Matança necessária
Passagem estreita, suspeita
Paixão mortífera, decisão
Rivalidade incubada no peito
Pressa corrida, metáfora
A pura essência do receio
Guerras e territórios
Acordo a noite, vazio
Pesadelos me perseguem
A morte vem sempre atrás
Silhuetas fúnebres chegam
Olhares confusos na escuridão
Doença mental do apego
Possessão em algum desespero
Romantizando a carnificina suave
Mortes nos cercam
Distância do paraíso
Mais perto do inferno
Saúde e o medo do eterno.
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carlosemanuelceara · 2 months ago
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VADLI
O pequeno cômodo da quitinete estava empilhado de objetos descartáveis. Ali aproveitavam-se a TV, o notebook, a geladeira e a máquina de lavar. Sem esquecer, é claro, da rede de balanço, lugar preferido de Rennys. Mas os livros, o guarda-roupa por montar, cartas, retratos, lembranças de outras épocas acumulavam espaço e não contribuíam com nada. A velha parede por pintar. A idade já avançada, sem tempo de errar.
Em dois quadros, lado a lado, as duas graduações: história e agronomia. Tudo indicava um excelente emprego, mas as coisas não saíam do lugar, para o nosso protagonista. Ele tinha um problema sério de comunicação e era crítico ferrenho de todas as hipocrisias da sociedade. Pelo menos era assim nos seus pensamentos. Por isso, muita gente o evitava.
Quando ainda era jovem, dava para ludibriar as pessoas. Mesmo um tanto esquisito, conseguia namorar algumas mulheres. Mas as cicatrizes e dificuldades da vida foram o tornando um tanto amargo e distante. Por sorte, o seu lado antissocial lhe ajudou a se concentrar nos estudos e ele ainda passou num concurso público para auxiliar administrativo, da prefeitura de sua cidade.
O dinheiro não era muito, mas pelo menos pagava o aluguel e comia. Já se acercando dos 40 anos, ele percebeu que não tinha mais nada a fazer na face da terra. E pensou várias vezes na morte, uma solução fácil para dar fim à dor que o acometia todos os dias, ao acordar, sem perspectivas de mudanças. Todas às vezes que ele contava um plano para algum amigo, aquilo dava errado, ou as pessoas brincavam com sua cara.
Ele sentia uma raiva dentro de si, sempre estava prestes a explodir e pronto para cometer algum crime. A sua revolta contra o mundo era gigante. Por que as mulheres não o admiravam? Por que ele não conseguia mostrar seu verdadeiro valor à sociedade? O jeito era comer, assistir conteúdo nos streamings e ficar mexendo no celular, em busca de uma conexão que o tirasse da solidão. Já tinha muito ouvido falar em solitude, uma forma de estar só por prazer, para autoconhecimento. Mas Rennys não tinha o que ver dentro de si.
Era um vazio sem fim. Mas um dia, ele estava vendo uma notícia no Instagram, sobre pessoas que haviam encontrado o caminho da felicidade. Mas tinha um preço para isso. Primeiro a viagem de Fortaleza até o interior da Bahia para conhecer o centro religioso. Como ele estaria de férias em breve, resolveu pegar um empréstimo no banco, como servidor, tinha pelo menos essas facilidades. Não sabia como pagaria, mas ele não tinha mais nada a perder. Antes da viagem, ele teve muitos pesadelos recorrentes. Num deles um ser misterioso de capa cinza aparecia e dizia que ele não precisava gastar dinheiro e nem viajar para tão longe, bastaria proferir umas palavras e sua vida mudaria por completo.
Ele ficou assustado nos primeiros dias. Quase não conseguia mais dormir. Porém, a curiosidade de que aquilo fosse real foi mais forte. Então ele chamou o nome: VADLI. E logo acordou. E nada aconteceu. Então voltou a vida normal. Andar pelo calçadão da Beira-Mar. Ir a concertos musicais, peças de teatro, ou cinema. Um desses dias, voltando pelo Centro da Cidade, no calçadão da Praça do Ferreira, avistou um homem de barba branca, cabelos cinza e capa cinza. O senhor o olhou firme e fez um sinal com a mão, chamando-o para sentar-se ao seu lado.
Então o idoso falou:
— Vontade, Alimento, Dinheiro, Liberdade e Inocência.
— O que isso quer dizer? — Curioso, Rennys perguntou.
— Levante-se e siga seu caminho — Após falar, o guru saiu.
Mesmo sem entender, Rennys partiu com um colar no pescoço e uma dúvida na cabeça.
Finalmente, as férias começaram. Sem planos algum para viajar, por falta de dinheiro e depois desse encontro com essa figura estranha, o jeito foi ficar recolhido em casa. Sem nada para fazer, tudo parecia pior do que antes. Mas como assim? O que aquela pessoa havia lhe falado em sonhos e depois pessoalmente não era isso. O dia já se findara, um dia perdido. Mas uma batida insistente na porta mudaria isso.
Ele levantou-se da rede um pouco zonzo e foi ver quem era. Para sua surpresa, uma jovem de cabelos loiros, lisos, pele clara, de vestido preto, colado ao corpo, botas pretas largas.
— Boa noite, aqui que mora o Rennys? — Uma voz suave, um olhar penetrante.
— Sou eu, eu fiz algo de errado? — O homem perguntou assobrado.
— Me acompanhe, que você verá.
Os dois saíram. Logo na frente, do prédio, havia uma limusine preta. O motorista de preto, com luvas brancas, os aguardava. Ela parecia uma jovem Inocente. Rennys foi com má Vontade, mas entrou no carro. Lá dentro, uma música cantada por uma voz suave de um homem. A voz de Alessandro Moreschi, conhecido como, ‘O Anjo de Roma’, uma figura castrada na infância devido a uma hérnia e que tinha a voz aguda, por não desenvolver a voz masculina por falta de testosterona. O cantor, soprano, cantava Ave Maria. Mas era uma gravação antiga, de 1904.
Nos dias seguintes, a jovem, o levou a lugares incríveis, onde ele pode conhecer pessoas importantes e sua vida havia mudado. Conseguira um emprego para viajar o mundo, escrevendo sobre as peculiaridades de cada lugar. Largou seu emprego público e começou a ficar com muito Dinheiro.
Agora era um homem com Liberdade. Tinha sempre o que queria, a companhia de belas mulheres, bons amigos. Bom Alimento. Nada lhe faltava nessa sua nova jornada. Passaram-se anos. Há poucos dias de completar 60 anos, Rennys teve um tremendo susto. Quando caminhava pelo Museu de Louvre, reconheceu a figura de uma jovem bonita. Primeiramente, ele ficou incrédulo, não poderia ser a mesma pessoa. Não ficou velha.
— Vim lhe buscar — A voz suave, o alertou.
— Por quê? — O homem achava estranho esse encontro.
— É chegada a hora de pagar a promessa.
— Eu não lembro de promessa alguma.
— Você proferiu as letras: VLADI e isso é o contrato.
Ele entrou na limusine e o homem de vinte anos atrás estava com a mesma aparência, como se tivesse passado apenas, um dia. O caminho foi longo, horas se passaram, até que finalmente chegaram ao destino. Era uma floresta. Eles caminharam um pouco. O coração de Rennys batia mais acelerado. Quando avistaram de longe, o homem da capa cinza. Sentado em um trono. Tinha duas cadeiras viradas de frente para ele.
— Aproxime-se, Rennys, lhe aguardava. Gostou da vida feliz que lhe proporcionei por vinte anos? Eu o queria dar mais tempo, mas tenho outras almas a resgatar.
— Espera aí, almas? — O terror tomou conta do seu rosto.
— Calma, amigo, você gostou dessa jovem?
— Ela é muito bela, mas não envelheceu nada.
— Ela é minha filha e vocês vão se casar agora e darei mais dias para gerar uma vida e depois você me seguirá.
E foi assim, o demônio, celebrou o casamento dos dois. A consumação se deu logo após. Ao acordar no dia seguinte, ele se assustou. A mulher estava com uma barriga de gravidez como se fosse de meses. E dias depois ela teve o menino. Uma criança linda.
A aparência da mulher foi logo mudando e ela foi ficando com cabelos grisalhos. E dias depois tinha a aparência de uma senhora de sessenta anos. Rennys, vieram as lágrimas, porque chegou a amar essa mulher e agora via ela definhar na sua frente.
— Eu lhe amei desde a primeira vez que o vi — disse, em meio a lágrimas, a idosa — Mas esse era o plano, deixar um descendente na terra, para que os planos do meu pai continuem. Ele precisa conquistar mais adeptos e ganhar mais almas. Pois o reino de Deus está próximo e ele tem que lutar para manter a morte e a destruição sobre a terra.
— E o que acontece comigo? — Perguntou já com medo da resposta.
— Você me segue agora — A voz surgiu de uma fresta de uma janela, onde tinha escuridão.
— E se eu não quiser?
— Você morre. Ou você me serve. Se não me servir, eu mato sua família. Essa atual e aquela que você deixou quando partiu.
— Eu era solteiro, não tinha ninguém.
— Deixa eu lhe mostrar — Ele abriu um portal e se pode ver uma mulher, que tinha sido uma namorada de Rennys, há muito tempo — Ela lhe escondeu, esse filho. E tem outras, que você verá. Você fez muitos filhos e nenhuma mulher o quis contar, pois você não tinha dinheiro. E eu lhe dei tudo.
— E agora quer tomar. Não é justo.
— Não existe justiça. O mundo é uma hipocrisia. Mas elas não vão passar fome e nem seus filhos, eu prometo.
E Rennys teve que ser um servo do maligno e um senhor de várias guerras pelo mundo. Divisões, pestes, doenças. Tudo porque um dia ele não estava satisfeito com sua vida, simples e queria viver algo diferente. Mas o plano do universo para ele era outro. Sabendo disso, o demônio se usou de suas fraquezas e barganhou sua alma, que queria Vontade, Alimento, Dinheiro, Liberdade e Inocência.
O que lhe restou foi um Deus, das trevas. Lúcifer.
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carlosemanuelceara · 2 months ago
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O que já não é mais
Fores altiva e permanente
Cabia apenas continuar assim
Mas escapou dos limites de mim.
Era somente uma perca vigente
Saiu e sumiu, sem mensagens
Estava assim no corredor do medo.
Não era necessidade, nem apego
Mas aquelas conversas e beijos
Aquele seu cheiro peculiar era bom.
Fui embora daqui e estava indo ali
Mas aonde eu ia tu estavas parecia alma
Fechava os olhos e te enxergava toda hora.
Roubei-te a inocência e tu me largou
Parecia que descobriste um lugar melhor
Ficou sabendo do que era a vida e se foi.
Só assim percebi que eu era mal, egoísta
Não era necessário muito, apenas te ouvir
Mas eu era surdo e cego para te entender.
Agora me aguarda aquela bebida e o bar
Mas eu já era velho para isso tinha que se cuidar
Não viver a se lamentar, tinha que treinar
Correr, levantar peso, comer saudável
Vivemos outros tempos, sem álcool
Chorar é ruim, busca a terapia, sem dor.
Não posso extravasar, nem se automutilar
Posso chorar discretamente escondido
E depois se recompor e seguir.
Aquela sofrida música arranhada na viola
O lamento da memória perdida contigo
Mas tu nem mais existe, você se foi.
Será que ainda estou aqui?
Será que eu já fui e restou apenas o eco?
Adeus, ô Deus, meu Deus, morri?.
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carlosemanuelceara · 2 months ago
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Partiu-me ao meio. Te conhecer me transportou a anos-luz no passado.
Uma fenda abriu-se no tempo, eu de novo era jovem outra vez. Não.
Eu não queria mentir para ti. Abracei-te, peguei a sua mão, beijei-te.
Curtimos a noite juntos. Não eram os bares que nos faziam aliados.
Não eram as cervejas que nos animavam, mas o sorriso e o par perfeito.
Eu queria me vingar, das pessoas que me olhavam torto, sempre.
Então chegamos, você toda jovenzinha. Eu, um homem de meia-idade.
Você não ligou, me puxou e no meio do barulho de guitarras me beijou mais.
Aceitei tudo que me vinha de ti. Até nos dias anteriores, quando você sumiu.
Você estava lá online, virtualmente presente, mas sem o diálogo que queria.
Eu não era o príncipe, que meia-noite vira o sapo. Era apenas um homem.
Vivia pedindo desculpas e com medo da rejeição, querendo atenção.
A esperança brotou de novo em alguém que tinha esquecido o que era amar.
Não faças poesias, já dizia o meu velho amigo em um momento qualquer.
Elas vão te achar bobo e meloso e vão pular fora rapidamente.
Menino tu já foi. O caminho agora é o descansar o corpo da morte.
Vivenciar cada dia e cada momento pelas últimas vezes e contando.
Não deves perder o medo de recuar quando estiveres errando.
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carlosemanuelceara · 3 months ago
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Escuridão da rua quebrada
Escrotidão da alma aquebrantada
Vazia alma que sofre desilusões
Perpetuando um uivo perdido
Um olhar de sangues impuros
Romances rastejantes sobre o mar
Trevas, tremem os céus azuis
Os galhos pretos se espalham
A sombria tempestade ultrapassa o medo
Fechei os olhos e num apagamento
Acordei dentro de um caixão aos
Gritos pedindo misericórdia
O silêncio de uma noite vazia
Nas calçadas pessoas perdidas
Um sentimento inexistente raiz
Melancolia por um abandono
Antes frio agora transpassado
Um fogo ardente que suga a vida
Delirando no quarto escuro
Meia noite, duas da manhã
Rodízio de terror escuro.
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carlosemanuelceara · 3 months ago
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Livre vivo a sorrir
Preso vivo a chorar
Caio e clamo por ti
Ontem corri, hoje ando devagar
Canto quando me falta pranto
Decido se cedo ou não aos seus encantos
Vivo dizendo que não vou
Mas sempre apareço sem parar
Perdido, me perco ao te achar
Consciente da ideia de sentir
Ferida vou sempre me atrasar
Reclamam que sou apenas dor
Eu digo o que quero de valor
Fluidos, beijos e pegação
Estamos no mundo de ilusão
A idade chegou para mim
Os cabelos brancos estão a sair
Perco o rumo devagar
Meu fogo cessa sem falar
Confio em ti a toda hora
Me traio a cada passo
Corrijo e fugo do embaraço
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carlosemanuelceara · 3 months ago
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Sabedoria da memória fantástica, em desacordo com o
            crescer lento e severo, tenho sido batizado desde
            ontem pela pureza da desilusão de um mundo cão.
            Rios de dinheiros nos corrompem a sermos alguém
            na sobrevida permeada de armadilhas e surpresas,
            vou conhecer o caminho que me leva a voar.
            Quero tocar o mastro da sonoridade submersa de
            um mar, de um falar constantemente sobre o que é possível
            de um sobreviver a tudo isso, sem sofrer, sem dizer nada.
            De pé, a luta apenas começou, a vida não terminou
            Um safari, um naufrágio, um medo de ser alguém puro e
            Manipulável, um pé na cova e outro na aurora do recomeço.
            Abre o caminho que o novo já está vindo, mas olha se não
            você perde, já passou, você nem reparou, compreendo, não
            eras para ti essa benção dos sonhos e dos presságios alheios.
            Fecha a porta rápido, sobrevive, não morras agora, estás perto
            Falta só um pouco de coragem, mas se não tiver, fica aqui comigo
            Quero seu abraço, o seu toque de esperança e de heranças mil.
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carlosemanuelceara · 3 months ago
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Os dentes afiados saíram de uma boca carnuda, ela precisou se olhar no espelho do banheiro, enquanto ajeitava a maquiagem, para ter certeza, de que aquilo estava mesmo acontecendo. Num dos vasos sanitários, um corpo negro, com o pescoço se derramando em sangue.
O som lá fora, num palco, uma banda gótica, em meio a fumaça, fazia a apresentação. O público se espremia, alguns ainda conseguiam sacudir o corpo em uma dança psicodélica. Billie ainda se olhava chocada. Mas teve que se recompor e fechou a porta de um dos assentos sanitários para não perceberem ainda, o que tinha ocorrido e ligarem sua pessoa, ao crime.
Billie tinha 32 anos, cabelos lisos, olhos castanhos escuros, uma silhueta proporcional a sua altura. Estava de calça preta, camisa branca com o nome da sua banda favorita: Crypta. Uma banda de death metal, de São Paulo composta só por mulheres. Mas era ouvida em vários lugares do Brasil. Inclusive em Fortaleza. Por cima da camisa, uma jaqueta preta.
O estilo era bonito, apesar do calor da cidade nordestina. Logo a garota voltou ao balcão, onde se encontravam suas amigas e pediu uma cerveja.
— Billie, você demorou. Encontrou algum crush? — Perguntou Tablita.
— Pois você acertou. Eu não me contive — Ela falou, mas seu pensamento só estava conectado a cena do banheiro.
O som da banda cearense Plastique Noir mexia com as pessoas de uma forma diferente. Alguns se beijavam, outros se mexiam, outros apenas ficavam sentados na mesa bebendo e conversando. Snake Bar, um espaço do rock, no bairro Benfica. Lugar para bandas autorais e covers.
  Joel era daqueles caras esquisitos, meio incel. Seus 25 anos, ainda sem tirar a virgindade, lhe tornava uma pessoa motivo de bullyings na escola. Eram recorrentes os momentos que os mais espertinhos tiravam brincadeira com ele. E agora que fazia faculdade de filosofia, a sua consciência do mundo, lhe tornava mais sombrio e triste. Mas o bar de rock lhe fazia pertencer a uma comunidade. Às vezes parecia que nem nesse mundo diferente era aceito.
Mas naquela noite sua sorte parecia ter mudado. Ou melhor, seu destino estava se encaminhando para uma nova realidade. Nunca a Billie tinha o olhado, como ele gostaria. Sempre ele nutria aquele amor platônico e não tinha coragem de dizer nada. Ficava stalkeando as redes sociais da mulher, mas sem nunca demonstrar que estava interessado.
Como Billie estava diferente, seu sangue fervia de uma maneira completamente nova, suas percepções de mundo também haviam se alterado. Agora, era uma vampira. Como isso fora acontecer? Ele não entendia. Mas foram tantos porres, tantas noites capotadas, na cama de uma mulher, de homens, de uma orgia.
Era responsável, trabalhava como bioquímica, numa empresa de produtos aromáticos. Mas não perdia um fim de semana, para sair da rotina. Isso de virar uma farrista se deu, quando seu pai saiu de casa há sete anos, deixando sua mãe com depressão, até ela ter um ato extremo. Como era filha única, vendeu a casa e comprou um apartamento e foi morar sozinha. Não se arrependeu. Tinha uma profissão, tinha herdado alguns bens e dor dentro de si, com os acontecimentos.
As lembranças da infância na Serra da Meruoca, no frio, na casa dos seus avós, era algo sempre a lhe deixar chorosa. A saudade de um tempo que nunca mais voltaria a se realizar. Todos de importância para ela tinham morrido. Chegou a morar com um rapaz, filhinho de papai, mas ele passava o dia jogando vídeo game e fumando um baseado e só tinha de bom o sexo. Era pouco para Billie uma mulher inteligente, cheia de esperanças de expandir seus conhecimentos cada vez mais.
O show estava terminando, a casa começava a ficar dispersa e poucas pessoas continuavam ao som ambiente. Numa mesa sozinho, Joel bebia seu whisky e se espantou quando se aproximou Billie.
— Você vai ficar aí parado? Não vai puxar a cadeira para me sentar? — Com um olhar penetrante ela ordenou algo irrecusável a um solitário.
— Você vai bem? — Com a voz tremula, ele buscou dizer algo.
— Eu sei que você sempre me olhou. Desculpa nunca reparar nisso. Mas eu sempre estava agitada, fugindo de mim mesma.
— Sei, tudo bem, que bom está aqui.
— Tudo bem, nada. Você é muito passivo. Deveria se revoltar e mostrar ao mundo o que você é capaz.
— Não gosto de ser violento. Estou bem assim. Pelo menos sei meu lugar.
— Não digo fazer mal aos outros. Mas sim, se portar como um homem, com postura de ação.
— O que você me sugere?
— Me puxe para perto de você e me beije.
Nem ela imaginava, como isso seria algo libertador para ele. Joel, com a mão direita, pegou a mão de Billie, depois com a outra mão, segurou seu rosto e puxou para perto do seu. Agora eles se olhavam, a uma pequena distância. Ela o farejava, sentia o frescor do seu sangue, mas não podia fazer nada ali. Já tinha se livrado de um corpo, que estava largado na escuridão do quintal e só o veriam, algum dia quando fossem lá, ou quando o cheiro se tornasse insuportável.
Ela se deixou beijar. Ele começou vagarosamente. Depois foi se soltando com sua língua, dentro da boca dela. E algo aconteceu. Os corpos se conectaram. Billie ficou transtornada com aquela paixão surgida, que em breve viraria seu alimento. Suas amigas ficaram olhando com pavor. Como ela ficaria com aquele homem tão estranho?
Na saída ela pegou seu carro e disse que daria carona para Joel. No caminho até sua casa, seu olhar era diretamente no pescoço dele. Ele sorria com satisfação. Nunca tinha beijado ninguém até aquele momento. O mundo havia se aberto na sua frente. Existia uma felicidade no seu ser. Billie o convidou para seu apartamento. Joel não queria ir, pois tinha medo de quebrar aquele encanto, mas acabou cedendo, depois de outro longo beijo, que mexeu com várias partes do seu corpo.
Morar no 11.º andar de um apartamento no Meireles, de frente ao mar, era um dos privilégios, dessa jovem. Mas como se acostumar a morar numa vista tão bonita, se sua condição atual mudara e o sol era um terror para sua pele. Há uns três meses, ela fazia sua caminhada matinal, pelo calçadão da Beira Mar, quando começou a ser sentir uma coceira por todo o corpo. Correu para casa, tomou um banho e se trancou no quarto. Quando teve o alívio, se arrumou e foi trabalhar. Seu carro tinha vidro fume. Então ela estava protegida dos perigos da luz.
E durante os três meses, a fome e a sede eram intensos. O calor era angustiante. Ela foi ao médico. Fez uma bateria de exames e nada foi visto como anormal. Apenas duas marcas no lado direito do pescoço. Com o passar dos dias, ela se acostumou com seu novo estado. Só não sabia o que era, quando teve um surto e atacou uns gatos de rua, que ficavam vagando pelo estacionamento. Não tinha ninguém naquela hora por perto, para sua sorte. Sentiu um alívio, ao tomar aquele sangue. Mas o que era aquilo? Não podia conversar com ninguém sobre o assunto.
Teve que se livrar dos corpos dos felinos. Chorou ao chegar ao apartamento. Ela gostava muito de animais, não entendia. Mas sabia que o sangue era algo que de agora em diante faria parte da sua dieta. Não seria louca de atacar humanos. Poderia ser perigoso. Alguém descobriria.
Ficou cada vez mais reclusa. Às vezes recebia os amigos e amigas em casa, para ouvir música e beberem. Mas quando ela percebia que poderia perder o controle, mandava eles irem para casa. Desligava o som. Alguns ficavam sem entender a súbita mudança assim.
Quantas vezes no trabalho olhava ao pescoço dos colegas, com vontade de avançar sobre eles, mas se aguentava. Não poderia dizer o mesmo, quando via o gato de rua. Fazia-se de uma pessoa acolhedora e começou uma rotina de pegar os felinos soltos pelas ruas da cidade. O pessoal via aquilo e achava lindo. Uma mulher sendo caridosa, adotando um animal. Mal sabiam eles, que os bichinhos apenas seriam alimentos para aquela fera.
Era um sangue ruim. O gosto, como se estivesse comendo uma comida ensossa. Mas pelo menos aquilo a deixava aliviada. Os meses foram passando e os gatos de rua foram acabando. Ela já tinha rodado a cidade toda e não sabia mais o que fazer.
Então partiu para os cães vira-latas. No começo o nojo foi grande. Mas sua fome era maior. E tinha que ser saciada. Mas também, depois de um curto espaço de tempo, não existiam mais quase animais assim soltos. E agora? Invadir a casa das pessoas? Entrar escondido em canis? Petshops?
Não, ela estava cansada disso. Passou dias, sem se alimentar de sangue. Foi quando surgiu o convite para a festa no Snake Bar, ‘a noite do gótico’. Ela queria ver gente. Abraçar os amigos, tentar esquecer aquilo. Passou até uns dias lendo sobre o mundo dos vampiros, Conde Drácula e percebeu que o sangue de humanos era o alimento correto e que não necessitaria de tantas vezes, mas de momentos específicos e assim ganhar a vida de volta.
Elza era sua melhor amiga. E foram juntas a festa. Uma casa de show, com paredes pretas, com um espaço para jogar sinuca, um palco, um banheiro feminino e um masculino. Elas se divertiam, dançando e bebendo.
— Billie vou jogar sinuca, vamos — Elza falou isso e levantou-se em direção a sala onde se encontrava a mesa do jogo.
— Vai você, eu vou ficar um pouco aqui — Billie não se sentia bem.
Pensou em ir embora, a caça de animais de rua. Foi se despedir da amiga. Quando chegou ao salão onde se encontrava a sinuca, viu sua amiga jogando sozinha e despertou uma vontade de finalmente se alimentar de sangue humano. Se aproximou de Elza. Mas em vez de morder seu pescoço, a beijou. Foram juntas ao banheiro masculino. Se entregaram a uma paixão avassaladora.
Elza sentia que existia um desejo naquele contato. Mal sabia ela, que o desejo de Billie era outro. Quando foi jogada na parede e virada de costas, teve o cabelo colocado de lado e o pescoço ficou à vista. Os dentes se formaram e ficaram prontos para o ataque. E a sua primeira vítima, humana, estava sem vida. Ela tentou esconder a colega no banheiro, mas as pessoas batiam querendo entrar, então ela usou a abertura que tinha para o quintal e jogou o corpo para fora.
Joel agora estava dentro da casa de Billie. Ela foi tomar um banho, enquanto ele olhava os quadros e mexia no celular. Quando menos percebeu, ela voltou, de vestido vermelho, olhos escuros e salivando.
— Que estranha você está Billie, parece uma vampira. É sua fantasia de Halloween? — Perguntou o rapaz sorrindo.
— Que bom, que você reconheceu, podemos poupar logo nosso tempo — Disse a mulher com um olhar de prazer.
Ela se aproximou dele. Sentou-se ao seu lado no sofá. O abraçou e afiou seus dentes para executar mais uma vítima. Mas foi interrompida, pela risada do jovem.
— Você está mesmo pensando em morder meu pescoço para se alimentar? Pois vai fundo. Quero ver se vai se sentir bem mordendo alguém da sua espécie.
Billie recuou e ficou perplexa com a revelação. Mas pensou rapidamente, que poderia ser um truque e voou em cima de Joel. O rapaz pegou o pescoço dela com as mãos e abriu a boca e mostrou os dentes afiados. Então a vampira se deixou cair no chão e ficou por um tempo o olhando.
Conversaram por horas. Ela fez inúmeras perguntas, trocou algumas informações com ele. E sentiu-se bem mais aliviada ao saber que tinha alguém da sua espécie. Agora poderia ter um parceiro em busca de alimento.
— Primeiro, temos que ter cuidado. A discrição pode garantir a nossa sobrevivência no meio dos humanos — Ele falou com um tom de imposição.
— Sim, isso eu sei, mas quero saber como vamos nos alimentar, sem sermos vistos? Já estou cansada de comer bichos de rua.
— Então era você que estava se alimentando dos bichanos da rua. Você foi uma guerreira. Eu também quando descobri minha condição fiz isso. Mas os pobrezinhos não têm sangue apropriado a nossa alimentação e por isso você estava insaciável.
— Então o que você me sugere? — Seu olhar demonstrava uma certa ansiedade.
— Eu trabalho em um hospital e sempre pego bolsas de sangue escondidas. Mais tarde estarei num plantão, na radiologia e posso conseguir algo para nós.
E assim, eles começaram um romance intenso, movido a noites de sexo e sangue. Logo Billie pode andar novamente na praia durante o dia. Algo de especial a protegia dos perigos do sol. Mas um fato mudaria seus planos. A polícia bateu na sua porta, um dia e a intimou a prestar depoimento, sobre a morte da Elza.
Depois de dois dias daquela festa de Gótico, o dono do bar foi ao estabelecimento com alguns funcionários fazer a faxina e sentiu um cheiro insuportável de carniça. Quando abriu a porta do quintal viu aquela cena de um corpo, com a cara no chão. Ligou para o 190 e o lugar foi isolado. Sem alarde, os investigadores foram convocando um a um, as pessoas que estiveram naquela noite, trabalhando ou se divertindo.
Como Billie chegou com a amiga e saiu com Joel, ela tinha um álibi forte. Mas nos exames necroscópicos, encontraram o DNA de Billie. Não poderiam a prender porque, aquilo não provava um assassinato. E as marcas no pescoço eram parecidas com um ataque animal e não de um humano. Mas ela ficou na mira dos policiais civis.
Um investigador ficou na sua cola. Ela precisou fazer uns ajustes na sua rotina. Não poderia ir ao encontro de Joel em busca de sangue, no estacionamento do hospital. Ficou desesperada. E seu namorado não podia sair com aquelas bolsas de sangue, pois o sistema de segurança detectava qualquer saída de objetos de dentro da unidade hospitalar, então tudo era consumido lá mesmo, as escondidas.
Foi quando Billie teve uma ideia. Aproveitou o fim de semana de folga do trabalho, e partiu para Quixeramobim, onde tinha familiares. Foi de ônibus. A viagem de três horas foi uma tortura. Uma moça se sentou ao seu lado e ficou puxando assunto. E seu faro, detectava o sabor de sangue daquela pobre alma. Com sua força, ela poderia atacar o ônibus todo, no meio da estrada. Não teria testemunhas. Poderia simular um acidente.
Mas se aguentou. Conseguiu chegar no meio do sertão, onde tios moravam. Foi bem recebida na casa dos parentes. Se instalou, deitou-se numa rede e dormiu. Acordou na madrugada, com o som dos grilos e das rãs. Quando todos foram dormir, ela entrou matagal adentro e foi a caça de bichos. Caçote, preá, jumento, galinhas. A trilha de sangue se espalhou e a jovem se saciou momentaneamente.
Pela manhã seu tio voltava aos gritos, para dentro de casa. Seu coração disparou. Ele olhou para sobrinha e disse.
— Minha filha, você tem que ir embora, imediatamente — O senhor falava aquilo com um olhar acusatório, que a fez tremer.
— Vou arrumar minhas coisas.
— Faça isso, eu vou lhe deixar na rodoviária. Não se preocupe, vamos ficar bem.
            — Posso ajudar em alguma coisa? A final a culpa foi minha.
            — Sua culpa? Por quê? Os bichos foram todos mortos, por alguma criatura e quero que você vá embora, me preocupo contigo, não quero mal algum acontecendo com minha sobrinha.
            Ela então ficou aliviada. Mas um pouco triste pelo estado de medo que deixou nos seus parentes. Não queria aquilo, mas era uma criatura do ‘mal’ agora, não poderia fugir ao seu estado natural do momento. Mal ela sabia que um mandado de prisão seria expedido para ela em alguns dias, pelo assassinato de sua amiga Elza.
            Na volta no ônibus, ela vinha muito triste e em estado de profunda depressão. Num sol irritante, mesmo no ar-condicionado do transporte. Quando a senhora vinha puxando conversa com ela, não se aguentou e pulou no pescoço da idosa. Na cadeira ao lado um homem presenciava tudo. Quando ela se virou, o olhar do rapaz ficou arregalado. Os dentes de Billie estavam sujos de sangue, seu olhar era de necessidade. Pulou em cima do homem, que tentou em vão se soltar. Uma criança gritou.
            Pessoas foram para tentar libertar o homem. Mas Billie estava no controle agora e não deixaria mais escapar nada. Os 33 passageiros estavam mortos. Na verdade, ela deixou a criança com vida.  Pegou na mão dela e a tirou do transporte. Voltou e pegou a direção do carro e levou até uma ponte e acelerou para o precipício. Deu tempo sair e ver o veículo batendo nas rochas.             Sabia que não poderia mais voltar para Fortaleza, agora era sair pelo mundo afora sem rumo. Antes que a prendessem.
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carlosemanuelceara · 3 months ago
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A noite de sábado parece sempre igual, as boates, bares, restaurantes cheios. O Ceará Sporting Club venceu e eu cheguei da Arena Castelão aliviado e feliz pela quinta colocação provisória, na primeira divisão do Brasileirão. Enquanto assistia ao jogo do rival, o Fortaleza contra o Vasco, pela TV, pensava se devia ou não sair de casa e ouvir músicas em um bar de rock, que gosto, Snake Bar, no Bairro Benfica.Primeiro tempo da partida do rival vi pela TV Record, com o grande narrador Cléber Machado, apesar de um excelente locutor esportivo, parecia que a sorte não estava com ele. Mudei no segundo tempo para Caze TV e quem narrava era o Luizinho, e comentários de Casemiro. A narração vibrante, os dois gols de Vereti e a derrota do tricolor alencarino me deixaram mais motivado a ficar em casa.Entrei no WhatsApp e tirei uma onda com os torcedores rivais e pensei: seria bom ir ao bar, ver pessoas, talvez encontrar uma paquera. Mas os amigos que pensei que iam não se manifestaram e desisti. Já era tímido por natureza e agora, com a idade avançando, estou cada vez mais envergonhado.Então, abri a garrafa de vinho e procurei uma série, nos, streaming’s. Não queria ver nada de mais e, por acaso, vi Mandrake Especial, de 2012, com Marcos Palmeiras. Algo brasileiro, com o nosso jeitinho de ser falar.Antes era empolgante, sair de casa e beber com os amigos. Mas hoje os amigos sumiram e a empolgação ficou para trás. Nada parece igual, o mundo mudou muito. Desigualdade maior, violência a níveis alarmantes, isolamento e problemas de saúde mental em um mundo tão conectado. Onde vamos parar? Onde vai dar isso tudo?Todos nós somos chatos para caramba. Interagimos no mundo porque precisamos. Eu não gosto de gente? Eu já gostei bastante de pessoas, até perceber que somos motivo de chacota constantemente, não somos valorizados e as pessoas só se aproximam quando têm interesses em jogo. Seja um voto nas eleições, seja dinheiro, seja um ouvido para ouvir as merdas que a pessoa fala e despeja em nós.Ou eu fiquei muito seletivo, ou estou envelhecendo rápido. Pois não vejo muita graça em certas coisas que antes eu era super empolgado. Gosto de escrever, de produzir vídeos e agora de aprender um novo idioma, mas como é difícil mergulhar em coisas e projetos e não ver nada avançar.Só os anos passam e eu continuo estagnado, sem grana, solteiro, estressado. Não tenho vocação para sofrer, mas é o que vem acontecendo comigo há muito tempo. E não é mimi mimi.Hoje, ouvi isso no estádio. O torcedor ofendendo um jogador com canto homofóbico e eu fui recriminar, e ele me chamou de esquerdista e disse bem alto: ‘é Bolsonaro, porra’. E outros torcedores ao redor concordaram com ele. Quando eu estava indo embora, um gritou algo: ‘vai gay’ Fiquei pensando como a humanidade não faz sentido.Estou aqui no segundo copo de vinho e inspirado em escrever. Faço isso de graça, mas que bom se fosse remunerado. Se não tivesse que viver de um trabalho que faça por sobrevivência. A sorte de Gay Talese, Hunter Thompson, Jack Kerouac, e outros que colocaram a letra no papel e prosperaram.Stephen King, que o diga, o dano, passou por mal bocados econômicos e depois ficou rico escrevendo. Eu estou há anos passando por péssimos bocados e nada evolui.Eu tive uns envolvimentos românticos, mas nada tão sério. Sou um solteiro não convicto, mas obrigado. Não sou celibatário involuntário. Só não acho que as coisas que vêm para mim no momento são as em que eu deva mergulhar.Já fui casado duas vezes, já namorei bastante, transei também. Para que mais disso se a minha vida está sem solução temporária? Seria atrapalhar eu e a outra pessoa. Se bem que eu acho uma merda, gente rica está com as mulheres mais lindas e sei que puramente por grana e eu estou sozinho porque não tenho muita grana e nem estabilidade financeira. Alguém vai dizer que é machismo. Mas foi uma mulher que falou isso de mim para um amigo. Ela disse:‘ Deus me livre namorar homem pobre’.Socialismo para os outros, capitalismo para mim. Parece bem isso.
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carlosemanuelceara · 6 months ago
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A revista Cyberika surge na sua primeira edição em 2025, com vários contos, crônicas, poesias e histórias da literatura mundial: Link para download: https://vosquemeles.blogspot.com/2024... Instagram Cyberika: https://www.instagram.com/revindcyber... Instagram Vos que me lês: https://www.instagram.com/vosquemeles/ Instagram Carlos Emanuel: https://www.instagram.com/carlosemanu... Estou com o conto Extra Trans, na página 23. #literatura #conto #ficcaocientifica
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carlosemanuelceara · 8 months ago
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Antologia ‘ O tempo em desarranjo’ @editoracyberus do @mauriciocoelho_ . Conto de @carlosemanuelceara ‘ Tempo Neutro’ . Para comprar: https://www.amazon.com.br/Tempo-Desarranjo-Maur%C3%ADcio-Coelho-organizador-ebook/dp/B0CRF4MBYL . #literatura #ficcaocientifica #conto
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carlosemanuelceara · 9 months ago
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A morte espera todos nós, muitas vezes a morte é a própria vida que vivemos todos os dias, quando ela nos suga e nos tira tudo que poderíamos viver. Não há nada mais decepcionante do que a falta de sentindo com todo esse mundo e suas performances, suas divisões, seus desencantos. Quando vejo ‘O Retorno do Rei: Queda e Ascensão de Elvis Presley’, vejo a minha trajetória. Quantas vezes vivemos a vida que os outros querem para nós? Quantas vezes dizemos e deixamos as pessoas acreditarem que não adianta acreditar nos nossos sonhos?
Não relative seus objetivos, não perca de vista aquilo que te encanta e que te faz feliz. Seja cantar, seja atuar, seja atender pacientes enfermos, seja escrever. Ganhar dinheiro é uma necessidade humana, pois necessitamos de coisas básicas para ficarmos vivos. Comer, se vestir, lugar para descansar. Mas, além disso, não se pode deixar morrer a chama dentro de nós que nos mantém determinados a seguir em frente, quando tudo diz que não vale mais a pena.
Eu me sinto, como Elvis, quando enriquecia e enchia os bolsos do empresário Tom Parker. Ele fazia filmes bobos, mas que eram sucessos de bilheteria, mas os afastavam do que ele mais gostava, estar diante do público, de uma plateia, cantando seus ritmos que ele ouvia quando criança, na música gospel negra, nas igrejas e nos bares, onde os negros se apresentavam e que ele surgiu em Memphis, um garoto que se mexia no palco e dava voz.
Me sinto assim, porque hoje faço mais uma faculdade de Letras Português/ Inglês, já sou formado em Jornalismo, mas não consegui emprego na área e trabalho vendendo passeios turísticos para sobreviver. Mas sou infeliz. Porque amo escrever, sonho em publicar meus livros, criar roteiros, colocar em frente minhas entrevistas do meu podcast. Mas eu tenho que estudar para concurso, me dedicar a ganhar dinheiro e fazer mais uma faculdade e sinto que tudo isso me tira do que gosto cantar (apesar de ser ainda ruim nisso).
Então, Elvis dá um basta em 1967, abandona os filmes e volta a cantar, primeira volta ao gospel, depois em 1968, com um especial de fim de ano na NBC, ele é de novo o que ele veio para ser, o cantor de sucesso, com seu carisma em frente ao palco. O fim parece trágico em 1976, oito anos depois. Com 42 anos, ainda bastante jovem, ele nos deixou. Mas viveu intensamente.
Eu sinto que todos nós deveríamos tentar pelo menos uma vez viver intensamente. Claro, ninguém é herdeiro. Nem eu sou. Estou numa quitinete, deitado numa rede, que está com os punhos quebrando, e furos por toda a estrutura no pano, enquanto passa na TV: Netflix, a luta do Tyson x Paul. Uma coisa que está pegando um You Tuber x um pugilista famoso. Tudo é Business, negócio.
Por ser pobre, eu sei que, se eu não continuar trabalhando, tudo pode desandar, e o mundo ao meu redor é hostil. Cada um nas suas bolhas. As pessoas se dizem inclusivas, mas só estão preocupadas em se proteger em grupinhos. O resto é cuspido para fora do sistema.
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carlosemanuelceara · 1 year ago
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A semana era santa, e eu tinha todos os motivos para mergulhar nos sentimentos espirituais, mas algo me chamou a viver a noite. Não existia em mim nada que pudesse mudar isso. Nos últimos anos, a noite tem me salvado de muitas tristezas e dores, apesar de me afastar de descansos e de me poupar dinheiro. Mas a luta semanal de sempre, pouco dinheiro no bolso e muitas coisas que estão estagnadas, me deixaram propícios a desopilar. Primeiro uma cliente me chamou para sair para um clube de forró, a qual eu a tinha indicado. Eu tentei de todas as maneiras me esquivar, mas ela insistiu e fui. Todas as quintas-feiras, o Motor Libre realiza o seu, arrasta pé, com entrada grátis, mas naquela véspera de feriado, me assustei com os 35 reais que tive de pagar logo na entrada. As duas senhoras estavam lá, sentadas, com vontade de dançar. Eu estava com uma long neck na mão e cercado de mulheres por todos os lados. A turista, veio em minha direção e me disse: ‘Você vai dançar’. Eu fiquei buscando justificativas de que não sabia, mas ela não me deixou desistir. E dançamos. Eu estava muito duro e não saiu como ela esperava. Eu ainda chamei um rapaz para dançar com ela. Mas vi que as paulistanas, não estavam gostando do ambiente fechado e bastante apertado. Quando fui comprar outra cerveja, tinha um homem falando com elas e dizendo que eu não as deixasse ir, que eu fosse mais corajoso e as buscasse para dançar. Mas elas se foram. E eu fiquei ali na fila da cerveja, pensando: ‘Como será, eu sozinho nesta casa de show, sem amigos’. Voltei para mesa onde tinham outras mulheres e fiquei ali com a garrafa de álcool na mão e sem saber como me comportar. Aí uma senhora insistiu para eu dançar com a irmã dela. Eu disse que não. E a casa ficando mais cheia e as pessoas se mexendo a dois, para lá e para cá. Uma mulher estava sentada, junto a mesa e eu puxei assunto com ela e do nada, a chamei para dançar. Fiquei sem saber por que fiz aquilo. Quando peguei na mão dela, com a minha mão esquerda e com mão direita, peguei a cintura da moça, fechei os olhos e deixei a música me conduzir. Senti que estava acertando os passos e estava me requebrando. Foi extasiante, mágico. A música acabou e voltei para próximo à mesa. As outras mulheres me elogiaram e disseram que eu sabia dançar. Eu disse a mim mesmo: ‘Quer saber, vou dançar’. E assim foi, uma jovem, ou senhora, não importava a idade, uma atrás da outra eu fui pegando. Tinha uma loira rindo para mim, veio com a long neck para brindar com a minha long neck e do nada, um cara tentou atravessar o brinde. Mas eu não me fiz de rogado e ultrapassei ele e dancei com a loirinha. Trocamos ideia e tudo. Em outro momento chamei outra para dançar e ela falou que a amiga dela, estava a fim de um par. E lá fui eu. Fechando os olhos e cantando as músicas dos forrós românticos, abraçadinho. Para quem não ia dançar, fui até a casa fechar. No fim ainda arrumei uma paquera. Isso na quinta-feira. Na sexta também sai e no sábado. Foi tudo que planejei de descansar e estudar por água abaixo. Mas as coisas planejadas às vezes não dão tão certo como as espontâneas. Fiquei alegre, mas de ressaca e liso é verdade e um pouco longe da minha conexão semanal com o divino, mas sei que Deus ele nos fez para sermos felizes e podermos em alguns momentos do mês, ou da vida se divertir um pouco, sem fazer mal nenhum a ninguém. A vida é feita de escolhas e momentos. Tem coisa que podemos mudar e outras não. Mas a lição do forró me deixou foi especial. A vida nos coloca um obstáculo e temos duas opções. Fugir ou enfrentar. Eu não sabia dançar, estava com o medo do julgamento das outras pessoas. Mas mergulhei no desconhecido e confiei nele. Fui ao ápice da descoberta, de que a nossa mente que nos limita e podemos muitas coisas a mais do que imaginamos.
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carlosemanuelceara · 1 year ago
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Antologia: @creepymetalshow do @sergiopires83
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Coletânea: Abissal: Contos do Caos, organização: @jeancanesqui75
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Estou com o conto: Outros Mundos, página 259
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Para comprar o livro: https://loja.uiclap.com/titulo/ua48460/
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#contos #antologia #literature #literaturabrasileira #terror #terrorcosmico #nerd
https://www.youtube.com/watch?v=KGGKRCSL3tk
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