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(anorexia) nervosa
me dá um tempo, vai.
só tempo.
tempo, porque foi tempo o que tu tirou de mim.
por mais que tu tenha tentado tirar muito mais.
por mais que tenha tentado
– só tirou tempo.
tu não tirou
o brilho dos meus olhos
a força da minha voz
nem a essência minha
– que é ser.
boa tentativa, aliás.
muito corajoso da tua parte.
mas, no final,
tu só tirou tempo.
tu não me tirou o chão
minha vontade de viver
essa minha mania de ditar tudo como mera abstração
minha fascinação por defender e salvar a humanidade desse desastre ontológico
meu sorriso desconcertado quando eu uso palavras obsoletas cujo significado quase ninguém sabe
tu não me destruiu,
– pasme!
eu,
num milagre-cometa que aterrisou com tudo na terra,
não deixei que tu me tirasse nada mais que tempo.
tempo esse que eu não vou recuperar,
– como fiz com a massa, os hormônios, níveis de sais e essas coisas.
por isso
– só por isso
eu te peço:
me dá um tempo.
me deixa em paz.
– Amanda de Castro | 08.10.2018
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mas meu amor...
imagina se você não tivesse nem
você mesmo
pra se amparar?
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Sim, pode ser brincadeira.
Pode ser só uma piada sim.
Se você sussurrar essa palhaçada
Só pra quem também acha que seja.
Deixa só alguém
Escutar essas farpas
E ter que esconder o ouvido sangrando
Ou o coração gritando
E não é mais piada
É arma.
Amanda de Castro.
#bullying#poema#poemas#poesias#poesia#agressão#preconceito#depressão#meus textos#setembro amarelo#yellow september
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“– Eu só estou dizendo que a gente não precisa o tempo todo provar para as pessoas que somos o que falamos. Até porque, nem a gente sabe direito quem a gente é. A cada minuto você descobre coisas novas de você mesmo. Um tipo de música que você se apaixonou ontem. Um filme que achava que jamais assistiria, mas assistiu e ainda gostou. Um doce que você conheceu e passou a ser seu favorito, ou um álbum de músicas que você ouvia muito em 2010 e que hoje você não gosta mais. A gente ta sempre mudando, formando novas ideias, criando novas visões das coisas, então é perca de tempo ficar se explicando por texto, vídeos ou código binário para as pessoas ( que muitas vezes nem te conhecem, não sabem nem o seu segundo nome) o que ou porque você falou ou agiu de tal forma, sobre tal coisa, em tal situação, daquilo que você disse 20293938 anos atrás ou há dois milésimos de segundo. FODA-SE, é isso que você tem q dizer. E continuar a viver e se descobrir, e VIVER e VIVER; e parar de pensar que tem que provar que você é assim, e não de tal forma que fulano filho de sicrano acha.”
— Milena Nascimento
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Café da Manhã
Era um sábado de manhã. Eu levantei e fiz café. Acho que foi o cheiro que acabou acordando minha mãe Meu pai e Meu irmão. Meu cachorro apareceu depois, Com o rabinho abanando Atrás de pão, biscoito e atenção. Estávamos sentados. Minha mãe relembrou uma vez Em que ela acidentalmente mandou um beijo Que era meu Para o guardinha da portaria. Rimos. “Eu tenho essa mania” - disse ela “De pensar em várias coisas ao mesmo tempo E me confundir com todas” Meu pai, com as mãos na faquinha de passar requeijão, Disse, calmo: “Desde quando você tem mania de pensar?” Minha mãe fez bico E logo depois colocou a língua pra fora Como a menina de sete anos que é. Meu pai gargalhou Meu irmão e eu gargalhamos E minha mãe sorriu pequeno Disse que ia ter volta
Ah, para. Nós cinco Incluindo meu cachorro Sabíamos que minha mãe sempre foi Inteligente Demais
Que saudade eu sempre tenho Dessa família Se amando de manhã.
Amanda de Castro.
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Não é questão de saber escrever poesia. É questão de ser poesia. É questão de chorar versos E sorrir estrofes É questão de mostrar nos olhos Suas exclamações e interrogações Mostrar na alma suas vírgulas Na boca seus travessões Não é questão de saber escrever poesia. É questão de ser poesia Ver poesia Viver poesia Todo Dia.
Amanda de Castro.
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você me transbordou
de um jeito tão singelo e único
que eu comecei a derramar
meu amor por todo e qualquer lugar
e nós não nos
tampamos
nós derramávamos e derramávamos
juntos
e um dia
a gente vai afogar o mundo
em poção do amor.
Amanda de Castro
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If your family doesn’t accept your sexuality or gender identity, I am now your family and I love you.
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Você me deu um livro de poesia.
Você colocou nas minhas mãos a confusão do mais interno e confuso de um ser humano.
Você permitiu que eu tocasse aquelas palavras e sentisse o gosto
De cada sílaba.
Foi quando eu entendi o gosto
Da liberdade.
Amanda de Castro.
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Não importa quanto tempo passe
O que mais me intriga na amizade verdadeira é, sem dúvidas, isto:
Quando você deita e chora e lê poemas aos gritos contra um travesseiro
É nesse momento que ela te chama, te ergue e te nutre
Com a sinceridade específica que só ela tem
Te lembrando em seu íntimo que
Afinal você construiu algo que te faz acreditar
Que tudo vale a pena.
Gabriel Pereira (Deriva).
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Não vou dizer que você não é
Aquilo que você vê no espelho
Você é sim
Você é cada curva
Cada ladeira
Cada estrada, percorrida ou não
Você é cada montanha que você moveu
Você é sim
A imagem que você vê no espelho
E é isso que faz de você
Incrível.
Amanda de Castro.
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A saudade é bonita só na poesia, na vida real ela arde.
Clarissa Corrêa.
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Quando.
Quando eu for gelo
Me aquece
Quando eu for brisa
Me sente
Quando eu for barulho
Me ouça
Mas se eu for fogo
E você
Ousar
Me
Assoprar
Eu
Queimo
Tudo.
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Alma lírica
Quanto te vi, achei que queria te escrever
Até perceber que tu já era escrito
Preenchido com diálogos
Vírgulas, exclamações,
Pontos e interrogações
Tu é a poesia mais linda que já li
Diferente de qualquer outra
Tua existência é uma conotação
Tu consegue ser substantivo e fazer
Todos os elementos do texto girarem ao seu redor
Foi quando notei que tuas estrofes
Teus versos e tuas sílabas
Eram líricas demais
E não precisavam
De correção ortográfica.
Amanda de Castro, 19.05.2018
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Eu não quero ser conhecida como aquela que escreveu crônicas
Ou aquela que escreveu poemas
Ou aquela que sentiu a melodia
E cuspiu a letra
Não quero ser conhecida como aquela que dedicou a alma à ficção
Nem aquela dos artigos de opinião
Não quero ser lembrada como aquela que deixou milhares de cartas
Milhões de romances
Trilhões de dramas
Quero ser lembrada como aquela que deixou a alma no papel, no computador, no celular, na voz
Quero ser aquela que tornou o abstrato em concreto e o concreto em abstrato, aquela que esqueceu de métrica e espaço, aquela que casou com as palavras, desposou a poesia, e tornou todo tipo de texto uma coisa só, um jeito de entrar no coração, na cabeça e na solidão.
Quero ser a planta e quero ser o fruto, o martelo que, além do cepo de madeira, vai derrubar muros
Quero ser lembrada
Como aquela
Que estava
Cagando
Pra diferença
Entre
Reportagem e notícia
Aquela
Que
Juntou os dois
Cruzou
E criou a poesia.
— Amanda de Castro, 10.07.2018
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