há um pássaro azul no meu coração que quer sair. Mas eu despejo whisky para cima dele e inalo fumo de cigarros. E as putas e os empregados de bar e os funcionários da mercearia nunca saberão que ele se encontra lá dentro.
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Songs of Spring via William-Adolphe Bouguereau
Size: 99.7x148.6 cm Medium: oil, canvas
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eu dormi pra fugir da ansiedade, mas ela me segue em todo lugar. ela me rodeia, faz ritos e rodas, sussurra em meu ouvido coisas que eu já sei. ela entra na minha cabeça e faz com que cada órgão do meu corpo se pressione contra minha pele. ela entra na minha corrente sanguínea e faz meu sangue esfriar, inchar, e gritar, tentando expulsar ela de lá. ela esmaga meus olhos, pra que eu não veja as coisas da minha formas, mas da dela. ela toma conta do meu estômago, fingindo ser para o meu bem, mas vomita todo o seu medo lá dentro, me fazendo virar a chave da porta duas vezes, e me enterrar na cama pelo tempo que ela achar necessário. de tanto convívio, ela já não é mais ela, ela sou eu, e vivemos um inferno juntas. já tentei mandar ela embora, já tentei matar ela, já tentei fazer ela cansar de mim - mas como se livrar de algo que já consumiu todo o seu corpo, e agora avança pra alma?
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Ele me beija com a intensidade de quem deseja sugar minha alma, descobrir o que se esconde embaixo da minha pele, dentro dos meus órgãos, correndo no meu sangue. Ele desperta na minha alma o meu extinto mais selvagem, primitivo, que deseja encontrar os deuses por meio de tal ritual. Que deseja encontrar os deuses nele. Ele toca o meu corpo como quem deseja satisfazer-nos, matar a ânsia que se instala em sua pele ao longo dos dias que não pode me tocar. Ele tira minha roupa como os mineiros fazem, de forma precisa e cuidadosa, em busca de seu tesouro, frágil porém valioso. Ele beija o meu corpo na afã de sentir qual é o meu gosto, qual a textura da minha pele em seus lábios - e eu estremeço em braços durante esse encontro. E então, ele me penetra, com tanta vontade que eu posso sentir seu membro pulsar dentro de mim, e a sensação de ser um, enquanto nossos lábios se encontram, faz eu finalmente me sentir viva.
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