Mateus, 30 anos. Um adepto do café, das boas conversas, das emoções intensas e da falta do que fazer. Isso aqui não é um canto, e sim um pranto. Feel free to stick around and soothe your soul. Or not. =)
Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
Poema (Poeira)
Passo os dedos na escrivaninha
Sopro: agita-se a poeira pelo ar
Cada ponto que dança uma linha
Livres, sem eira nem beira
O esplendor da luz os alcança
Então minguam, adormecem
Vejo como um poema-sujeira
Ainda que fosse no quintal - erva-daninha
Desse poema não se extrai nada
Brilhantismo ou paisagem
Apenas espirro e fuligem
Olha para estas linhas
E vês a imagem:
Poeira, poeira, poeira
Poesia assim é besteira dizes
Reclamas: rimas melhores, tinha!
Posso até às vezes concordar
Ainda assim lhe digo: é minha!
1 note
·
View note
Text
Poema (Se eu sou nada...)
Se eu sou nada
Como posso me embiragar e escrever torto?
E rir depois de ler na manhã seguinte
Que escrevi assim mesmo tonto
Como posso ser nada?
Se eu sou nada eu não rasgaria minhas entranhas
à procura de palavras sanguinolentas
que doem a cada vez que as pronuncio
ou mesmo esses rasos pensamentos
que vêm aos soluços
Como posso ser nada se me levanto
trabalho canso e deito e me levanto
e vivo num ciclo viciado não sabendo
se existo porque dele ou dele porque existo
Posso ser nada?
Se quando olho para o céu e vejo brilhos
distantes, mas mortos e do passado
mas eles nunca me veem, nunca me verão
Existo mesmo ou posso ser nada?
Se eu sou nada
Como poderia pensar que sou nada
E enquanto tomo café escrever estas linhas
Tomando cafeína e consciência de que
sou alguma coisa mais que nada?
0 notes
Text
Poema
O amanhecer é visto
Por trabalhadores árduos e amantes apaixonados
Ambos suspiram cansados
Uns de amor, outros de fardo
0 notes
Text
Brinde
Somente as criaturas
Que atravessam a metamorfose
Entendem as ranhuras
Do tênue casulo da neurose
Rasgam-se as estruturas
Levanto o copo: mais uma dose!
0 notes
Photo

The Smoker - Steven J. Levin, 1998.
American,b.1964-
Oil on canvas, 26 x 22 in.
9K notes
·
View notes
Text
Poema (Lua, estrelas, sonhos e cantigas...)
Lua, estrelas, sonhos e cantigas
A escuridão que me rodeia as horas preferidas
O poste que falha e a silhueta na rua
Nas janelas apenas olhos enfadonhos
E sem perceber o silêncio se aprofunda
Passam carros, passam gatos, passam passos
Nem a lua me intimida com seus gestos
Canto, sonho e durmo
0 notes
Text
Poema (Mentiras)
Grita aos quatro ventos
Eu não sou! Eu não sou! Eu não sou!
Vozes ressoam dos quatro cantos
Não é! Não é! Não é!
São quatro lamentos
Ele é,ele é, ele é
Seu coração bate aos prantos
Eu sou! Eu sou! Eu sou!
1 note
·
View note
Photo

Olafur Eliasson, Riverbed, 2014, installation view, Louisiana Museum of Modern Art
323 notes
·
View notes
Text
Poema (Apenas)
Exija de mim apenas o começo
E nada além do leito seco do rio
Que apenas restem as pedras
Normalize que depois que rio, emudeço
Saiba de mim apenas o meio
Enquanto o agora é um cascalho da beira
Traga-me apenas a areia fina
Quando eu for poeira e devaneio
Extraia de mim apenas o final
Para que fins é a pedra no peito
Que apenas siga a correnteza seca
Que o leito é tudo que devia ter sido feito
0 notes
Text
Pequenos poemas devassos (Polote)
Pô-lo-te todo na boca
A garrafa de vinho, um porre
O suor em frenesi que escorre
Tu mesmo um porra louca
A língua safada que tenta
A meia-luz da sala, um toque
A unha que crava no soque
Gozo bom é em câmera-lenta
0 notes