Tumgik
cronicasdeneri · 3 years
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A primeira experiência sozinho com um velho amor
Viajar sozinho, 26 horas, sair sozinho, entrar em um estádio sozinho e sair somente com a sua companhia foi a minha experiência deste dia 26/01/2022. Confesso que a vinda a Belo Horizonte foi pensada mais com a emoção do que a razão. Financeiramente, um risco. Sanitariamtente, uma maluquice. Amorosamente, correto. Não foi no estádio ideal, mas até isso se fez charmoso no fim.
Eu saí de Campo Grande rumo a Belo Horizonte talvez pelo caminho mais longo possível. Desde o começo, foi uma jornada para se viver solo. Nem no ônibus que fez a linha eu tive alguém do lado. Antes de embarcar na Capital que vivo, despedidas de mãe, pai e irmão. Após, despedida de duas tremendas pessoas para mim em que eu senti o medo que elas tiveram caso me acontecesse algo ruim (e não vai).
Tudo isso foi possível graças a vontade do ano passado, a sorte de ter condições de saúde e financeiras, do tempo de férias e da tranquilidade que fiz questão de me dar. Não tenho algo por fazer nesta jornada que não seja aproveitar a oportunidade. Hoje foi o primeiro dia com uma rodada de abertura de campeonato estadual num acanhado estádio.
O Cruzeiro e URT na Arena Independência me rendeu conhecer uma nova cancha, a terceira de minha vida. Por mais que o desejo fosse o Gigante da Pampulha, a proximidade do Independência e até a simbologia do nome me foram proveitosas. Eu saí no horário que queria, cheguei e fiz o que queria. E antes me emocionei com a chegada do ônibus do Cruzeiro. Mesmo que sem ídolos, sem grandes nomes, mas com meu sentimento ali.
Entrei no estádio passados os problemas com as catracas e caminhei sozinho. Passeei por várias fileiras do Horto, subi escadas, admirei a estrutura e vi a cancha se enchendo. Começa o jogo e a partida não começa tão vistosa. Nervosismo e falta de entrosamento atrapalham os 11 iniciais (que, confesso, não conhecer todos).
Mas aí o tempo passa e começam as emoções. Até que numa fortuita jogada, guardam o primeiro. No momento, passa um filme na cabeça de quanta coisa eu tive de passar para gritar o primeiro gol. O destino me ajudou também. Meu lugar na arquibancada foi do lado que o time atacou no segundo tempo. Saíram mais dois gols.
Dois desconhecidos estavam do meu lado, não sei o nome e provável que nunca mais os verei. Mas vibrar com eles foi inesquecível. Cada corneta, elogio, música e xingamento que entoei junto aos companheiros de arquibancada me libertou. 
No final, fui um dos últimos a deixar o estádio. Tirei registros para que os outros lembrem que eu estive ali. Porque eu espero que a minha memória não se apague de hoje. Eu fui feliz e mereci ser feliz. 
Tudo aconteceu do jeito que Ele queria. Talvez se eu não tivesse uma curta passagem em Campo Grande nestas férias, não teria vivido sensações que me tocaram tanto. Enfim, sem mais prolongamentos. Gracias por todo. 
Gabriel Neri Gonçalves de Matos
26/01/2022 – Belo Horizonte-MG
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cronicasdeneri · 3 years
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Pessoas em formação
Eu sempre desejei alguém que escrevesse textos para mim, seja em datas comemorativas ou em eventos muito importantes. Tenho companheiros e companheiras totalmente capazes para isso, só que não posso cobrar gente que tem milhares de outras coisas por fazer só para que eu me veja num texto. Dito isso, começar a escrever e relatar via áudio meus sentimentos se tornou terapêutico. Hoje eu separo as minhas duas personas, de um lado Gabriel e doutro Neri.
São diferentes, sem dúvidas. O primeiro é cercado de uma pessoalidade, sentimento e incertezas que ululam a todo momento. O segundo é diferente e se sente diferente. A intersecção de ambos acontecem em lugares como este texto. Eu não sei ao certo quem escreve, quem sou eu nessas linhas? Gabriel ou o Neri? Será que há mais uma persona que ainda não deu suas caras?
Tem prós e contras de ser duas pessoas muito diferentes. Afastar seus sentimentos do lado profissional e usar uma personalidade somente para o trabalho têm seu charme. O foco do Neri é algo inexplicável a meu ver. Quando eu tô motivado e focado, não há quem pare. No entanto, se distanciar dos sentimentos para que eles não interfiram pode me deixar robótico.
Por muito tempo, não necessariamente em cronologia, mas em intensidade dos dias, eu me escondi atrás dessa persona Neri para blindar as tristezas do Gabriel. Foi um erro quase fatal que não só me atrapalhou na vida pessoal como chegou ao lado profissional. Recentemente aprendi que não posso comprimir as tristezas e estou tentando criar costumes para externar isso.
Eu tive que olhar para mim e perceber que apesar de ter duas personalidades, elas não são separadas. Eu sou o Gabriel Neri, uma pessoa com tantos defeitos quanto virtudes. Um sentimental escritor e jornalista promissor.
Por fim, uma pessoa em formação e que vive cada processo para tirar um aprendizado dele. Não tenho expectativas de ser recompensado pela vida de princípios que levo. A pureza do meu viver passa por isso também. Óbvio que eu desejo. A ilusão nos move. Só que a conquista não é suficiente. O materialismo não me serve de nada se não tenho alguém para dividir.
Até por isso, eu odeio a solidão que me acompanha muitas vezes. Eu quero demais uma persona para dividir as alegrias e as tristezas. Uma pessoa que eu escute e também viva os dilemas com ela. Mas, acontecerá quando tiver de acontecer. Não antes, não depois. No momento certo.
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cronicasdeneri · 3 years
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O apaixonado mineiro argentino
Este texto foi escrito no final de 2020
O aniversário de 19 anos veio no ano mais difícil da vida de Gabriel Neri até então. Não somente nos fatores individuais, mas no contexto em si. 2020, o oceano de desgraças bissexto com apenas dois algarismos repetidos, trouxe a eclosão de uma pandemia de coronavírus, tristeza e incertezas na vida dele. Porém, seria injusto colocar tudo como ruindade neste ano.
Neri, como é chamado pela maioria de quem o conhece, é um mineiro que nasceu para hablar (falar em espanhol), tem uma estatura média, cabelos castanhos um pouco claros curtos e usa óculos. Nada de especial aparentemente. Filho de professora, enteado de um vendedor e irmão de um menino de 3 anos, mora na zona sul de Campo Grande-MS. Ele nasceu com o lado direito sendo o favorito para escrever e chutar uma bola. Mas seu amor de verdade é a esquerda. Sabe usar os dois lados, não com perfeição, mas com amor.
Amor, paixão e intensidade são substantivos que podem sintetizar o lado sentimental dele. Não são poucos os amigos e amigas que descrevem essa vertente dele assim. Em meio a essas palavras, podemos colocar o drama também. Nada para Gabriel tem um simples significado, os acontecimentos mostram sempre um tom dramático, de epopeia, impulsionado por sua quase infalível memória. Quase porque as lembranças curtas dele não são tão gravadas, mas as antigas ficam na sua cabeça.
A vida dele é cheia de coincidências, tantas que faz a gente perder de vista. Seus números favoritos são 3, 7, 13, 17, 23 e 27. A relação deles podem formar uma grande lista de acontecimentos na vida de Neri. O principal é o nascimento, dia 17 de outubro de 2001. Suas maiores alegrias também foram nesses dias. Cruzeirense desde que se lembra por gente, comemorou quatro grandes títulos. Esses conquistados no dia 13, 17, 23 e 27. Pode ser uma fácil ironia. Mas ele jura que não. Só para fechar, o primeiro dia de emprego foi em 17.
Tem suas cores favoritas, o azul e o vermelho, o equilíbrio e a paixão. Não à toa, torce para o Cruzeiro, de Minas Gerais, e para o Independiente, da Argentina, o conhecido Rojo. Só que o vermelho avança o lado político. Sem que o ensinassem, por teimosia e por ser do contra, escolheu o lado político da esquerda para defender. Entusiasmado e com princípios, como libriano, tenta buscar a equidade. No entanto, se for para pesar na escolha, não tenha dúvidas que vai cair para canhota. Às vezes se irrita e se estressa, porém não grita e tenta discutir.
Olhando de longe aquele homem, até parece dono de si, com plena convicção do que faz. Até pode ser, mas existe um sério problema por trás. Neri se subestima na mesma frequência que se ilude. Como mesmo definiu em meio às grandes frases junto aos companheiros e companheiras, um “pessimista iludido”. Não o falta coragem, tampouco sobra confiança. Exemplo disso são seus exímios textos. Neri escreve, mas não os lê. É como se um jogador tivesse vergonha de comemorar um golaço.
É fiel, apaixonado e amante. O Gabriel não consegue se interessar por duas mulheres ao mesmo tempo. Vai até a última instância por uma para depois sofrer pelo não ou glorificar o sim. Se a negativa vier, demora encontrar outra. Ainda falando sobre a fidelidade, tem no amor de torcedor o maior casamento sem divórcio de sua vida. Desde que se identificou como torcedor, dá para contar na mão quantos jogos ele perdeu. Derrota ou vitória, momento bom ou ruim, está ali. Pelo que ama, larga tudo. Na felicidade ou tristeza, é intenso.
Metódico, organizado e um escritor jornalista. Ele sabe exatamente o que tem de fazer e quando tem de fazer. Tem a plena convicção que dá tempo de tudo, mas tem seu momento. Às vezes parece procrastinar, só parece mesmo. Isso porque não se pode esquecer que tem um pouco de loucura. Definindo, Gabriel Neri é um louco organizado.
Ele tem seus ídolos: Lula, Diego Maradona e Fábio, goleiro do Cruzeiro. Como o argentino, Neri nunca pediu para ser referência para ninguém. Mas os próximos o consideram como exemplo. Na maioria das vezes, é quem decide e ajuda os amigos, exercendo um papel de líder, apesar de não se identificar como tal. Óbvio que Gabriel tem falhas, mas nunca as negou. Erra e assume. No fundo, é orgulhoso de si, mas nunca se deixa voar, porque lembrar que é um mero jovem de 19 anos é sempre importante.
Após a imensa descrição, hora de voltar à festa de 19 anos. Foi mais que especial para ele. Não só foi a primeira organizada pelo próprio, como teve os grandes amores de sua vida até então. Os amigos e as amigas que saem da cristandade e vão até o lado mais mundano. Por razões de pandemia, não pôde convidar muitos para a noite da véspera de seu aniversário. Como o Natal, comemorou no dia anterior e esperou o nascimento do novo dia.
Seis pessoas como cada um dos pontos de Neri foram os convidados centrais para virem à sua casa. Amigos de dez, três e dois anos ou temporadas, como Gabriel gosta de dizer. Ele estava com a camisa vermelha do Independiente e o Cruzeiro jogara no mesmo horário. Todos (ou quase) os amores conectados. Sempre falta alguém, uns moram longe, outros não puderam vir.
A bebida principal da noite foi a cerveja, companheira desde os seus 18 anos. A música foi sua lista de reprodução Ciudad de Neri com sertanejo, MPB, músicas em espanhol e outras. O final foi já no dia 17 de outubro, com 19 anos sacramentados. Mais do que feliz pelos que vieram ou triste pelos que faltaram, ele estava grato.
E se tem algo que Gabriel carrega em si é a gratidão. Dificilmente reclama do que passa, é dramático, mas sempre quer alentar invés de entristecer. Seu coração resume bem o título deste texto. Mineiro por ser receptivo, gente boa, quieto e ter um enorme prazer em ter amigos. Argentino por ser apaixonado, um verdadeiro torcedor e intenso.
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cronicasdeneri · 3 years
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Mortes e ressurreições
Perdi tudo para conseguir me levantar e sair do buraco
As poucas pessoas que conversavam comigo há um tempo percebiam a situação deprimente que vivia. Não foram poucos os dias em que eu chegava e dizia estar triste, desalentado e pensando que a minha vida não pioraria. Como toda desgraça pouca é bobagem, o maior baque veio no final do mês de julho. Por ingenuidade, bondade e por querer sempre ajudar quem me acompanha, eu perdi todos os recursos que eu tinha juntado por um ano para ‘ficar em paz’ em 2021. Em menos de 30 minutos, sucumbiu um trabalho de 12 meses.
Além do excomungos, das tristezas e todos os traumas que eu não esquecerei e me passaram naquela 20 de julho de 2021, ficou um sentimento ainda primitivo que querer provar a mim mesmo que era possível sair da total desgraça para voltar a ser feliz. Eu ainda não cheguei ao ponto final da história, digamos que estas palavras são vírgulas ou reticências de algo maior que pode vir.
A verdade é que esse longo capítulo de mortes vividas por mim começa em 2019. De níveis pequenos aos grandes, eu fui perdendo a alegria e a energia que são inerentes a mim. Veio rebaixamento, pandemia, separações, momentos complicados e um golpe. Em todos esses substantivos citados anteriormente, eu pensei que não era possível piorar. Hoje, a sangria parece estancada.
Óbvio que eu vivi coisas boas também, porém em menos quantidade e intensidade. Praticamente sofri uma punição que me impossibilitou por mais de um ano de ter o mínimo de paz e alegria. Eu caí, chorei e me levantei. É certo que os três verbos não resumem a complexidade de tudo o que me ocorreu.
Ora, eu vi meu clube ser rebaixado, humilhado, derrotado, eu fui humilhado, abandonado, vítima e carreguei uma Cordilheira dos Andes de tristeza por muito tempo. Tive pessoas boas que me guiaram ao longo do período e seria injusto nomeá-las pelo risco de esquecer de alguma. Mais por elas do que por mim, eu fiz o inacreditável.
Ainda falando do meu baque do dia 20 de julho, não faz sentido citar valores porque eles não importam. Não se mensura a dor e a alegria alheia. No dia seguinte ao ocorrido, se passa tanta coisa que nem consigo citar. No meu caso, é aí que o milagre começa. Eu prometi que pagaria todo o meu erro do jeito mais rápido possível, sendo honesto e dejando todo en la cancha. E lutei, trabalhei, perdi dias, noites, saídas, mas com muito orgulho, posso dizer a plenos pulmões que o MILAGRE ESTÁ DADO.
Na data de postagem dessas linhas, faltam apenas detalhes para que tudo esteja certo, que a dívida esteja paga e que eu fique livre. Eu perdi um dinheiro, mas recuperei em um mês intenso de trabalho, escrita, cansaço e tudo mais que é inerente a isso. Já dizia um grande professor, la recompensa es el camino.
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cronicasdeneri · 3 years
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Diego querido, não havia me dado conta do quanto te amava
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A frase que intitula esta crônica foi pintada em uma mureta que separa a rua da linha do trem na Argentina. Não sei o autor dela e tampouco quem tirou o registro que enche os meus olhos sempre que ligo meu computador. Sim, a foto que caminha ao lado deste texto é a primeira que vejo ao abrir o notebook.
Diego, pelusa, Maradona, hijo de puta, bueno, normal, ignorante nos deixou há exatos seis meses, naquele 25 de novembro de 2020. A sua morte, ídolo, me fez descobrir algo que eu jamais tinha sentido nestes 19 anos. Foi como se tivessem arrancado algo de mim. Assumo, não o conhecia e lamento muito não poder vê-lo jogar ou trocar uns dois dedos de prosa com Diego. Infelizmente, ficaram somente as memórias daquele louco 10 bajito.
No entanto, como outrora li em um texto que aquele gol de mão foi o único registro de Deus na Terra, eu acredito que Maradona saiu apenas de seu corpo para viver em cada um de nós. Algo semelhante ao que os fiéis demonstram na fé. O salvador não está do nosso lado, porém está no meio de nós.
Depois que Diego se foi, parece que levou embora consigo os meus pecados. Uma troca. Ele foi com minhas aflições para que eu pudesse reviver sua memória. Na verdade, não era para el Pibe pagar pelos meus erros, porque já tinha demais. E com toda sinceridade, dava para conseguir superar o péssimo momento vivido por mim naquelas bandas finais de 2020. Mas eu não controlo o mundo. Então, me restou pagar a dívida de defender para siempre aquele canhotinho de 1,65m.
Passaram seis meses e todos os dias revivi as lembranças do eterno camisa 10. Seja em músicas, textos, imagens, camisas, braçadeira de capitão, ligando o celular ou o computador. O que me deixava aflito se foi. Consegui sair da desgraça para a paz (ou pelo menos para o caminho dela).
Sou grato por tudo, ídolo. E me desculpa por não ter te valorizado mais em vida. Me dei conta só depois. Enfim, antes que eu chore de novo, sigo daqui com o objetivo de levar o sorriso para o povo tal qual você. Já faz meio ano sem ti.
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cronicasdeneri · 3 years
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Sempre sim para você
Isso não é uma declaração de amor, apesar de o título indicar e eu te amar, Emy
O conto começa numa manhã do mês de fevereiro de 2019, naquele trote de começo de faculdade. Um garoto magrelo menor de idade que não bebia e uma fotógrafa de cabelo colorido que parecia sempre correr. Me lembro de estar com uma camisa cinza florida e uma bermuda preta. Você tava com uma camisa amarela da Atlética e carregava uma mochila vermelha pelo que minha falível memória recorda. Passou aquele momento.
Não entendo muito a razão, tampouco me interessa agora buscar arquivos cujo seriam apenas desenhos do meu cérebro para cobrir uma lacuna. Lembrando que não sei desenhar, por isso escrevo. O certo é que era numa terça-feira, 2 de abril de 2019. 22h30 e recebo uma DM. “Você não vai se inscrever no processo seletivo [da Atlética] não?” - dizia a mensagem. Eu respondi que “não ia, mas agora vou”. E eu realmente fui.
Passamos grandes dias juntos ali. Teve um dia de noite entregando trem da associação que cê chegou cansada e ficou papeando lá no chão da Coordenação de Jornalismo. Outro dia que você editara foto na arquibancada do Morenão às vésperas de um jogo nosso. Mas recordando, tem aquele amistoso num sábado que independente do resultado, foi épico. O time feminino de futsal saiu de um 3 a 0 para um 3 a 3. (Ninguém precisa saber do resto e pouco importa na verdade). Saímos de lá conversando como fazemos até hoje.
Nessa media cancha fomos a festas, bebemos, formamos um grupo que será eterno e por aí vai. Desde sempre, pedíamos favores para o outro. Mas não por interesse e sim por consideração. Ora, por quem me acompanha, corro dobrado. Nunca neguei um item que pudesse fazer para quem amo. Isso foi em diversos itens.
Eu citei outro dia que não imaginava há dois anos que estaríamos passando pelos fatos deste começo de 2021. Muito menos que eu teria uma amiga tão diferente quanto tenho. O mais interessante é que nos compreendemos. Na sua comemoração de aniversário de 22 anos, eu parei para ouvir um jogo por duas horas. Você não ficou brava, porque entende meu lado de torcedor. E você também estava bem acompanhada.
Já te ajudei na faculdade, em mudança, em prova, na vida pessoal, aconselhei (e também tomei conselho), bebemos juntos, entramos num estádio vazio, fizemos festa… Dos melhores aos piores momentos, sempre estivemos um para o outro ali. Em toda a imprevisibilidade da vida ao longo desses dois anos (e com praticamente um cabelo a cada vez que te via), eu tenho a certeza que faria tudo de novo, Emily. Sempre sim para você. Espero que daqui a dez anos, você com 32 e eu com 29, nos lembremos deste texto seja em qual canto deste mundo a vida nos levar. Feliz cumpleaños a vos, Emy.
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cronicasdeneri · 3 years
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Nunca me importaram os jogos
Uma história inspirada em ‘No me importa el fútbol’ de Hernán Casciari
Quando você abre meu celular, depois de digitar uma senha que tem a ver com alguma data esportiva, encontra Diego Maradona ao fundo e uma tela inicial somente com um relógio. Sempre valorizei muito meus papéis de parede. Troco periodicamente o do celular e o do aplicativo de mensagens. Desde o 25/11/2020, ficou o eterno Diez. Passando a tela da direita, tem o calendário, porque as datas me importam muito. Indo mais um pouco à direita, tem o Tinder, mas ninguém sabe.
Agora indo para o outro lado, a esquerda, você encontra todos os aplicativos restantes divididos em pastas aparentemente sem organização estabelecida. Tem o diretório do Capitalismo, Google, Música, Rádio, Comunicação e Jogos. Só por curiosidade, a primeira citada tem os aplicativos de banco, delivery e afins. Agora a última é de uma eterna conversação. Sendo sincero, ter colocado o nome no plural é somente por uma questão estética, lá há apenas um jogo. Eu não sou amante do jogo em celular, prefiro muito mais numa tela maior com a do computador ou televisão. No entanto, nunca me importaram os jogos.
Eu tenho uma prima que considero irmã. Isso porque na minha família de convívio, eu fui por grande tempo o mais novo, isso até os 15 anos de idade. Laura tem três primaveras a mais que eu. Então, enquanto morava na minha cidade natal, me recordo muito dos sábados que brincávamos aparecia e também trago comigo memórias de ir ao distrito que ela mora. Foram tremendos anos até que saí de lá.
Passaram os anos e nas férias que ia para lá nos divertíamos novamente por algumas horas de um dia perdido em meio ao verão. Mais algumas temporadas e ganhei um celular e começaram as maiores interações. Uma relação que ficou parada por alguns anos voltou para nunca mais ir embora.
Laura é uma das poucas que conseguem me entender totalmente (ou quase). Conto nos dedos quem mais entra nesta conta. Foi a primeira que me apoiou no Jornalismo e eu jamais esquecerei.
Os melhores momentos nossos, com toda certeza, foram em julho de 2018 e dezembro de 2019. No primeiro, nós fomos para um show e vimos alguns jogos juntos e jogamos é claro. No segundo, ficamos escangalhados de bêbados num bar de beira de estrada. E óbvio que tiveram tantos outros dias que se perdem de vista caso eu citasse.
Além dos eventos grandiosos, tem o dia a dia. Os lanches, os filmes (a única pessoa que me fez ver mais de três películas até agora – digamos que eu não seja entusiasta da sétima arte), as corridas e batalhas em Mário Kart, os gols no PES, os tweets, caminhadas, monopólios no banco imobiliário e por aí vai. E mais de longe, as derrotas e às vezes uma vice-colocação ou mais difícil ainda uma vitória no Free Fire. Tudo isso nunca me importou. Eu nunca joguei uma partida com ela sem que estivéssemos conversando por uma ligação ou pessoalmente. Acima da vitória ou derrota em um joguinho de celular ou de computador, está a desculpa para falar com ela. Nessas partidas, cantamos, rimos, discutimos, aconselhamos e demos um alento para o outro. E me desculpa se eu errei em algum momento.
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cronicasdeneri · 3 years
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Quando a bola entrou, sabia que voltaria a ser feliz
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A mística, superstição e crença sempre fizeram parte da minha vida. Não foram poucas as vezes que uma ação minha supostamente condicionou uma ação aparentemente sem nenhuma ligação. Porém, se existe algo que me move, isso é a coincidência. Para quantos amigos eu falei da teoria dos 3 e 7 (diferente de outros itens, esse eu tenho provas e nenhuma dúvida).
O último mês de março para mim foi de despedidas e de alguns recomeços. Era necessário a tomada de decisão para largar o que me deixava aflito, nervoso, ansioso e triste. Passei 17 meses trabalhando e fui feliz em grande parte deles. Só que em dado momento lá pelo meio de 2020, eu vi que eu estava me perdendo.
Antes eu já vinha de situações difíceis. O exemplo máximo é o rebaixamento do Cruzeiro em 2019 e a pandemia que começou em março de 2020. Eu percebi que precisava sair do que me prendia. Tentei uma vez, só que eu subestimei o destino. Perdi quase tudo. Se foi dinheiro, alegria, quem eu amo, vitórias, empates. Sobraram as derrotas e as tristezas.
Não saberia eleger um dia exato de quando decidi, por fim, que a trabalharia não mais para os outros e sim para minha felicidade e dos que me acompanham. Acredito ter sido por volta de janeiro, durante as vésperas da viagem ao Rio de Janeiro. Esperei mais um tempo para ter uma tranquilidade e fui para me libertar da prisão que eu mesmo tranquei-me.
Nisso, voltamos às coincidências. Era uma quinta-feira, 25 de março. Como por um sinal divino, vem uma mensagem inesperada para confirmar o caminho correto. Ela não passava de um vocativo no diminutivo espanhol do eu sobrenome, Nerito. Seis caracteres apenas me fizeram ter a certeza de tudo. A ação era correta e três semanas depois, eu não tenho o mínimo de dúvida.
Cumpri a peleja até o dia 31 de março. Agora vamos ao Cruzeiro Esporte Clube. A equipe jogaria em 1 de abril no Mineirão na volta do Estadual. Um sofrível jogo contra uma equipe do interior e que Fábio guardou de fazer um milagre pegando um pênalti. Empate. No domingo seguinte, sem muitas emoções, triunfo com gol de falta de Rafael Sobis. Vitória. Na quarta, bom jogo e mais três pontos conseguindo quase convencer. Vitória. Chega o domingo.
O clássico do último dia 11 valia muito mais que apenas os três pontos de uma partida. Para o lado de lá, a expectativa era de humilhar o Cruzeiro, “vingar” 2011 dentro do Mineirão. Mas, nos gramados de Minas Gerais, temos páginas heroicas imortais. No jogo grande, a Raposa não se acovardou, como eu também não me acovardei naquele dia 25. Nas mãos de Fábio, nos pés de Rafael Sobis e na precisão de Airton (camisa 7), saímos vencedores. 1 a 0. Por uma mística, o gol saiu aos 61 minutos. Quando a bola entrou, eu esperei alguns segundos e não acreditei, pois sabia que toda a tristeza tinha acabado. Ao morrer no fundo da rede, la pelota me deu a certeza da felicidade novamente.
Agora, é seguir a vida tendo um brilho novamente nos olhos, uma lembrança boa para reviver e estar iludido novamente. E vamos sonhar, porque sonhar é uma coisa a mais que não sonhar. Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
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cronicasdeneri · 3 years
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Há sete anos, eu empresto os olhos para você
Uma tarde de domingo mudou minha vida para sempre. Era 19 de maio de 2013, final de Campeonato Mineiro entre Cruzeiro e Atlético, no Mineirão. Eu tinha 11 anos e começava a acompanhar a Raposa no jogo de volta da final. Não morava em Minas Gerais, como não moro até hoje. Saí da minha cidade natal, Brasília de Minas para Campo Grande, quatro anos antes, em 2009. Tampouco tinha TV a cabo ou uma boa internet para assistir ao jogo. Restou o rádio online e o tempo real num site. A emissora era a Rádio Globo e o site era o Globo Esporte.
O resultado ali pouco importou, era o nascimento de uma era na minha vida. Escrita com poesias, gols, vitórias, títulos, derrotas e lágrimas. Naquele momento, a criança em mim não tinha ideia do futuro, entretanto, algo dizia que a vida tomaria um curso para falar de futebol. Sete anos depois, eu ingressei numa faculdade de Jornalismo para fazer o que mais amo, escrever.
Ouvir um rádio, seja na sua forma clássica com a antena, aparelho e pilha ou pela internet, é emprestar seus olhos para o locutor. Você não está enxergando a jogada, somente imaginando pela descrição de quem presencia o fato. Há oito anos, Pequetito, eu empresto meus olhos para ti.
Naquele primeiro ano, foi uma campanha inteira pelo rádio, o título do Campeonato Brasileiro de 2013. O compromisso semanal, meu relacionamento era com o Cruzeiro Esporte Clube. Me lembro das interações pelo Twitter, das mensagens enviadas a ti durante o jogo. E também, é claro, das narrações. Se eu fosse contar, meu caro Francisco Osvaldo Pereira dos Reis, já ouvi centenas de vezes seus relatos, ao vivo ou depois dos jogos.
Aquele ano de 2013 também foi muito especial para ti. Pelo que me lembro, o Pequetito poeta dos estádios começou no jogo do título, contra o Grêmio, no Mineirão. 3 a 0 com o “trem encantando” e “sacudindo o mundo”. Uma festa linda no Gigante da Pampulha. Foi ali que o “vai que eu tô te vendo” (eternizado no mesmo Mineirão) virou “vai que eu tô TRI vendo”.
No ano seguinte, repetimos a dose, campeões novamente no Mineirão. Dessa vez, eu já tinha como ver os jogos. Porém, quis o destino que o embate daquele 23 de novembro de 2014 no encharcado gramado do Mineirão fosse decidido aos 17 da etapa final, pelo camisa 17, justamente quando meu sinal caiu e eu havia ligado o rádio. Eu ‘vi’ o título pelos seus olhos.
Depois das glórias, começaram as dificuldades. A Raposa sofreu em 2015, mas o ano rendeu uma de suas narrações que eu mais me emociono: a da volta contra o São Paulo pelas oitavas da Libertadores. (Só deixando aqui um breve parênteses, quem diria que aquele Manoel estaria nos salvando hoje?).
Vieram aí as escritas nas Copas. Em 2016, me apaixonei por uma corintiana. ‘Reouvir’ suas narrações virou uma marca minha. Tinha salvo algumas delas no celular. Enquanto meu coração queria aquela torcedora, meus ouvidos relembravam aquele 4 a 2 pela Copa do Brasil. Em 2017, você retornou ao rádio junto à Voz Celeste, Artur Morais. Fomos campeões. Perpassando 2018, copamos outra vez.
Daí chega 2019, meu primeiro ano de faculdade e o ano do rebaixamento. Ao longo desses anos citados, quando estive fora de casa e o Cruzeiro jogou, o rádio era meu companheiro. Quase sempre contigo, Piki. Não foi diferente naquela temporada. O título mineiro foi assim e o fatídico Cruzeiro e CSA também. Me lembro de forma clara quando aquele camisa 30 jogou o pênalti para fora. Fiquei em silêncio assim como você.
O 2020 veio com mais incertezas do que esperanças. Tivemos o surgimento da pandemia que nos assola cada dia mais. O Cruzeiro, que já era um arremedo de time com tantas vezes vos citou, foi acumulando derrotas em casa, fora, vexames e ficou na Série B. Por superstição ou aflição, voltei a acompanhar os jogos pelo rádio, na Super. Quem sabe voltavam as vitórias de 2013. Não vieram. O resultado já vivemos.
Agora temos um novo ano, esperamos que seja de menos sofrimento (o que não se desenha), para buscar os objetivos e ver o gigante em seu lugar de novo. Enfim, Osvaldo Reis, o Pequetito, essa é uma simples homenagem a você que me inspirou como comunicador, me fez adorar o rádio, a música brasileira com suas inúmeras citações, também contigo aprendi a viver e aprender a jogar. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas vivendo e aprendendo a jogar. Muito obrigado. Saiba que enquanto houver sol, eu emprestarei meus olhos a ti.
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