danielarosarioantropologia
danielarosarioantropologia
Antropologia e Imagem
4 posts
Aqui podemos encontrar os trabalhos realizados por Daniela Rosário para a disciplina Antropologia e Imagem, lecionada pelos docentes Paulo Raposo e Filipe Marcelo Reis. ISCTE-IUL, 2020
Don't wanna be here? Send us removal request.
Audio
Pandemic Voices é um Podcast realizado por estudantes da cadeira de Antropologia e Imagem da Licenciatura de Antropologia do ISCTE-IUL. Cada episódio é uma conversa com convidados/as que falam das suas vidas em tempos de pandemia. Neste episódio conversamos com Diogo Flauzino, estudante de cinema, que nos conta como tem sido aprender a fazer cinema durante a pandemia e nos dá a sua opinião em como esta nova realidade vai mudar o futuro desta industria.
0 notes
Text
Construção da identidade enquanto jovem universitária: uma história contada por fotografias
Atualmente e, mais do que nunca, as fotografias, as imagens, têm uma importância enorme na vida das pessoas, tendo perdido o seu elemento ritual e ocasional, tornando-se algo quotidiano e até inconsciente. Além da necessidade de reter todos os momentos em imagens, maioritariamente virtuais, também cresceu a preocupação em divulgar as imagens destes, por vezes mostrando uma realidade falsa, artificial. Assim, faz sentido fazermos uso destas imagens em pesquisa, de forma a saber mais de uma pessoa ou grupo de pessoas, não só da forma como estas vivem, se vestem, mas também da forma como estas se vêm, como se autorrepresentam, como se apresentam ao público, o que é inserido na imagem a mostrar ao público e o que é deixado de fora e o que é que isso diz sobre a pessoa que fez esta escolha. Mais ainda, o que o indivíduo tem a dizer sobre essa foto, ou o que deixa por dizer, a forma como reage à imagem ou a importância que lhe dá, pode-nos dar informações valiosas em relação ao indivíduo e ao ambiente. “(…) a fotografia revela-se como um meio privilegiado para comunicar sobre cultura, vidas de pessoas e comunidades, as suas posições sociais, as suas crenças e experiências, enfim, a sua relação com o mundo.” (Caldeira, 2017: 172). Usando imagens como auxiliar ou base para entrevistas, como é o caso da foto-elicitação, trabalho que iremos tratar neste ensaio, permite fugir à, por vezes, monotonia das entrevistas regulares e facilita o acesso a memórias que, sem recurso a imagens, ficariam esquecidas. “Photo elicitation evokes information, feelings, and memories that are due to the photograph’s particular form of representation.” (Harper, 2002: 13)
Desta forma, para este ensaio, realizei uma entrevista a uma aluna de Sociologia do ISCTE-IUL, Maria,  para a qual lhe pedi que me enviasse cinco fotografias, sendo que apenas uma delas era de escolha mais restrita, tendo que corresponder ao período de confinamento que ocorreu este ano, e as outras sendo de escolha livre, não sendo sequer obrigatório que a mesma estivesse nas fotografias. Assim, foi possível entender a perspetiva pessoal da vida de uma jovem universitária numa atualidade em que a fotografia é parte integrante da vida quotidiana e, simultaneamente, entender de que forma a proibição de uma outra parte, a socialização, afetou a sua perspetiva em relação ao mundo e a si mesma.
Tumblr media
A primeira foto que Maria me envia refere-se ao 1º semestre do 2º ano de faculdade, em 2019, no Campo Grande, aquando da Liga de Cursos, a qual o seu curso ganhou. Este dia é marcado também por ser finalizar a semana de Praxe, a qual a entrevistada refere como exaustiva, apesar de compensadora e divertida. Nesta foto, vemos um conjunto de pessoas, iguais entre, como se fossem um só e não vários indivíduos, sendo que nem a própria Maria sabia onde se encontrava nesta imagem. Esta unidade é algo que representa o espírito de Praxe. Toda a foto é marcada por simbolismo, desde o sítio escolhido, com a estátua de um rei como pano de fundo, aludindo à vitória deste grupo, “King of Kings”, como se pode ler na bandeira, até a objetos marcantes durante a jornada que é a Praxe, como o triciclo apresentado à direita. Além de estar guardada virtualmente, Maria tem uma versão física desta foto na parede do seu quarto, num conjunto de molduras que simbolizam partes importantes da sua vida. Com a análise da conversa que tivemos em torno desta imagem, é fácil perceber que a Praxe, as pessoas que nela participam e as atividades em volta desta são um aspeto bastante importante da vida da entrevistada, é neste grupo que ela se insere, e através desde defende regras e morais conjuntas, pondo este aspeto da sua vida em frente a outros, como deu a entender quando referiu que na semana de Praxe, pouco dormia e todos os dias eram dedicados s esta atividade.
Tumblr media
Numa segunda foto, já bastante recente, no 1º semestre do 3º ano, ou seja, já depois do confinamento, tirada numa casa de banho do ISCTE com duas amigas de turma, a típica “selfie” atual, tirada de forma espontânea, para guardar um momento bastante trivial, mas também para ser divulgada nas redes sociais, uma constante na vida de qualquer um jovem atualmente, divulgar o momento é mostrar aos outros partes da nossa vida às quais queremos dar mais enfâse, mais importância, momentos que queremos mostrar como rotinas, algo normal, mesmo que artificial.  Maria fala destas duas amigas, quem conheceu no início do curso com carinho, descrevendo as suas personalidades e, de certa forma, mostrando o papel de cada uma na relação entre estas, sendo uma mais “mãe de toda a gente” e a outra a “despassarada”. Agora num grupo mais pequeno, a vida de Maria volta a ser representada pelas pessoas à sua volta, o seu grupo, e, mais uma vez, uma enorme ligação à vida universitária ou em redor desta. Com a quantidade de tempo passada na universidade ou em assuntos relacionadas com esta é compreensível que a sua vida seja representada por esta, ignorando até outros possíveis laços, como os familiares ou com outros grupos não pertencentes à vida universitária.
Tumblr media
Em relação à terceira foto, Maria apresentou-me uma foto tirada pela própria na estufa fria, em Lisboa. Mais uma vez, apesar de ser natural da zona de Santarém, esta é a cidade que mais marca a sua vida, pelo menos a sua visão da vida atual, apesar de, já não passar tanto tempo em Lisboa com as condições da pandemia, continua a deslocar-se lá para estudar, estar com amigos, ou apenas para passear, como é o caso da situação desta foto. Apesar de se ter deslocado à estufa fria acompanhada, escolheu tirar uma foto apenas ao local, onde se pode observar a natureza, sem conseguirmos descartar a artificialidade da disposição desta, com a estrutura da estufa com pano de fundo, a estátua solitária no meio do lago. Esta foto transmite uma sensação de paz, calmaria, mas também de solidão, algo talvez presente no consciente de Maria, que vê este lugar como um refúgio, um lugar para pensar e fugir da rotina apressada e onde, apesar de acompanhada, se separa de quem está à sua volta e volta-se para si mesmo, numa tentativa de organizar os pensamentos e controlar a ansiedade constante que faz parte da sua rotina.
Tumblr media
Na última foto de escolha livre, Maria mostra-me a sua gata mais nova, Coffee, uma adição à família em tempo de pandemia. Apesar de apenas uma foto ser obrigatoriamente do confinamento, esta é uma escolha da entrevistada, que remete para a importância dos animais de estimação na sua vida, que têm direito a mais representações visuais do que as figuras familiares. Ao contrário de outras, esta foto não foi divulgada em redes sociais, servindo apenas como forma de relembrar o momento e o animal, talvez também porque mostra uma parte mais caseira da sua vida, com o pijama vestido, sem o cabelo arranjado, a sua casa como pano de fundo, divulgá-la seria representar uma parte dela que é suposto reservar e manter privada. Sendo a primeira foto que me mostra na sua casa, na sua terra natal, e sendo que esta foto remete à “altura dos exames”, ou seja, em Maio/Junho, ainda em um quase pós-confinamento,  podemos interpretar que esta parte da sua vida, menos divulgada é, de certa forma, imposta pela pandemia, sendo que antes e após esta, esta realidade familiar, caseira é posta de parte, esquecida e a universitária sobrepõe-se a esta.
Tumblr media
Por fim, para a foto relativa ao confinamento, a entrevistada escolheu uma “selfie”, tirada no seu quarto, em Santarém, depois de uma sessão de exercício físico, algo que esta começou a dar mais importância durante o confinamento. Esta foto foi tirada como forma de “diário visual” para acompanhar os resultados físicos dos seus treinos, algo que a ajudou bastante a perceber as mudanças no seu corpo e a manter a motivação para não desistir. Maria fala-me desta foto com orgulho visto que, no total, perdeu 21kg, algo que mudou a forma como esta se via, como se apresentava aos outros, como se vestia ou como vivia em parte a sua vida, por exemplo, ao observar o quarto desarrumado que serve de fundo a esta foto afirma, com alguma descontração, que agora o seu quarto está bastante mais arrumado, apesar de ter menos tempo, como que a constatar que, além do peso, tudo à sua volta se modificou, relativamente a ela. Assim, o confinamento, do ponto de vista de Maria, não foi algo negativo, mas sim uma oportunidade para um crescimento pessoal e uma mudança de hábitos que levou a uma mudança na sua vida, como a própria constata, não só em relação ao quarto mas, por exemplo, quando reconhece que, atualmente tira mais fotos onde ela própria aparece, no entanto, não mostra a cara em algumas delas, como esta, o que sugere que ainda existe uma parte de si que não quer ver representada nestas.
Concluindo assim, mais importante do que o conteúdo das imagens em si são, as razões pelas quais estas imagens foram as escolhidas, ao invés de outras. “Esta escolha é já em si mesma significativa e informativa para o investigador, revelando já significados, uma valoração inconsciente de determinados momentos em detrimento de outros.” (Caldeira, 2017: 174). Pela preferência de Maria em fotografias relacionadas com a sua vida universitária, podemos constatar que esta é parte muito importante da sua identidade. Maria estudante sobrepõe-se, por exemplo, a Maria filha, mas esta faceta acarreta outras como é o caso de integração em grupos relacionados com a universidade e com o seu curso, o qual se mostra motivo de orgulho da entrevistada, por via da Praxe, por exemplo. A forma como a mesma se vê em relação a si própria é também demonstrado na sua pose, tapando a cara passando despercebida ou nem aparecendo de todo e na sua escolha de qual fotos são ou não divulgadas ao público. “(…) o sujeito fotografado ajuda a determinar o resultado final, assim como os seus possíveis significados, através de mecanismos performativos como a pose e a seleção dos contextos em que se permite a ser fotografado. É do interesse do sujeito, embora este nem sempre esteja consciente de tal, que a imagem o retrate no seu melhor, uma versão idealizada de si mesmo.” (Caldeira, 2017: 174,175). Assim, com acesso a apenas 5 fotografias, conseguimos um plano geral da representação da identidade da entrevistada, baseada na escolha destas, em vários aspetos existentes em cada fotografia, na forma como esta fala sobre elas ou quais os aspetos que esta destaca ou deixa de parte.
  Bibliografia:
Caldeira, S. (2017). As potencialidades do estudo da imagem fotográfica na antropologia visual. Vista: Revista de Cultura Visual, 1.
Harper, D. Talking about pictures: A case for photo elicita2on (2002). Visual Studies, 17(1), 13-26
1 note · View note
Text
Representação de Género em Imagens do dia-a-dia
No nosso dia a dia deparamo-nos com inúmeras imagens e, quer tomemos ou não especial atenção a elas, estas implicam a produção de conhecimento, produção esta que depende da nossa perceção, crucial para interpretarmos a narrativa visual que o mundo nos apresenta. Desta forma escolhi três imagens que poderão ser exemplo da representação de género na nossa sociedade que, apesar de ser continuamente criticada e de terem existido várias tentativas de a desconstruir, continua a persistir.
Tumblr media
Nesta primeira imagem temos a representação do género feminino, neste caso fazendo alusão a uma marca de vinhos. Via frequentemente este cartaz na minha viagem para Lisboa e sempre ficava a pensar que parecia absurdo pentear uns “chifres”  numa modelo, vesti-la com um corpete e chamar-lhe publicidade ao vinho, a verdade é, se as garrafas do produto não estivessem expostas no inferior, sem saber e conhecer a marca em questão, nunca iria adivinhar qual seria o produto a ser publicitado. Assim, a mulher é associada, não só ao touro, símbolo da marca, mas também da fertilidade, virilidade e do poder, mas também, tendo em conta as suas roupas e o fundo em vermelho, à luxúria. Sendo o vinho, algo tradicionalmente associado ao homem, já que faz parte da vida social e não privada, o género feminino é sexualizado, representado como desafiante mas, tal como o touro, perecível de ser dominado.
Tumblr media
Tal como, o género feminino, o masculino também é representado em publicidades, algo que afeta e é afetado simultaneamente pela cultura em que este está inserido. Nesta imagem podemos observar uma publicidade de um desodorizante para homem em que se lê “Bolas Grandes, É de Homem!”. A expressão faz alusão ao tamanho do doseador do produto, tendo obviamente um duplo significado. No entanto, esta é claramente um exemplo de masculinidade tóxica, que define o homem como portador de traços como a estoicidade, a valentia, a rigorosidade que, podendo, de facto, tê-los, não se restringe apenas a este género.  Esta representação elimina também o lado emotivo do género masculino que, não só não é retratado visualmente, como é muitas vezes escondido ou ocultado e tratado como algo inexistente ou “não de homem”.
Tumblr media
Por fim, temos uma imagem que, ao contrário do que estamos habituados, apresenta uma pessoa do género masculino representada como normalmente acontece no género feminino. Esta publicidade, referente a um detergente de roupa, mostra-nos um homem que executa tarefas tradicionalmente vistas como femininas, pôr roupa a lavar, a secar e engomá-la, para além disto, este é sempre apresentado em tronco nu. Esta inversão da sexualização de género e também dos papéis veio trazer alguma discussão sobre a forma como as mulheres são sexualizadas em muitos, se não quase todos os anúncios mas também alterou a forma como a representação masculina se restringia a amostras de valentia, vigorosidade e, por vezes, alguma violência, seja ela física ou não.
0 notes
Text
Retrato da Mulher numa sociedade de objetificação
 No espaço social, e mulher e o homem são vistos, tratados e têm comportamentos diferentes um do outro, sendo que, a mulher é confinada ao espaço do homem que se mostra como superior a esta. Assim, o homem corporifica o poder ou a promessa deste que lhe é sempre exterior, como a moral, o físico, o económico, o social ou o sexual, e, sem este ou a promessa dele, o homem torna-se desvalorizado no plano social. Já a mulher, é tratada como um panorama, tem uma atitude em relação a si mesma que lhe é intrínseca, da qual fazem parte gestos, opiniões, voz, roupa, entre outros, e são estes elementos que constituem a sua identidade, todas as suas ações são demonstrativas de como esta quer ser tratada. Ela fiscaliza-se a si mesma e é, simultaneamente, fiscalizada no modo como se mostra e age, especialmente pelo homem. 
Na arte europeia, a mulher deste ponto de vista panorâmico foi sempre motivo principal, especialmente no nu, onde a sua nudez era olhada, julgada, apreciada pelo espetador, sempre presumidamente um homem. O primeiro nu é o de Adão e Eva, referência à criação da nudez na mente. Já aqui, a mulher é castigada por ter comido a maçã, enquanto Adão é promovido a “agente de Deus”. Na história medieval, este momento é mostrado em sequência, no entanto, na Renascença apenas é exibido o momento da vergonha, que inclui o espetador como participante na pintura. Mais tarde, a vergonha é demonstrada como uma forma de exibição, mas o assunto principal é sempre a mulher e a demonstração que esta tem consciência que está a ser observada. “Ela não está nua como é. Ela está nua como o espetador a vê.” (BERGER, 1999: 52).
Assim, o nu feminino é representativo da visão do pintor ou do espetador, esta olha-o, ou olha-se ao espelho, mostrando a visão deste e, simultaneamente, revelando a sua própria hipocrisia e vaidade, o que dá permissão ao espetador para a tratar como objeto. Já fora da Europa, os nus não têm especial referência à mulher ou alguma relevância feminina, antes tratam a atração sexual entre ambos os sexos, sem desigualdades ou submissão da mulher, espelho também da visão cultural do feminino. Na tradição europeia, esta é objetificada, despida por outros para exibição e é sua função alimentar o apetite do homem (espetador) e mesmo com a existência de outro homem na pintura, a mulher fita ou está de frente para o espetador, que se revela como o seu verdadeiro amante. Mais tarde, na tradição artística, os nus são levados ao extremo, com uma enorme quantidade de mulheres que preenchem a tela, mostrando a visão pessoal do pintor ou proprietário, que acorrenta a mulher e a torna inseparável de si mesmo, excluindo o espetador, que se torna um estranho. 
Tendo a nudez um valor visual positivo, de confirmação, de alívio, esta é um processo, não de todo estático e retratá-lo como tal torna-a banal e generaliza o espetador, é necessário que o nu contenha movimento e tempo. O nu da pintura a óleo europeia é visto como a expressão do espírito humanista desta, que está ligado ao individualismo. Nesta ligação, existe um paradoxo, o pintor ou proprietário é oposto à mulher, que é objeto, coisa feita para atração e agrado do homem, mais uma vez a cultura é espelhada nesta visão desigual da mulher. No modernismo, ocorre uma mudança, a mulher é retratada como desafiante e não submissa, como que a questionar o pintor da sua própria imagem. No entanto, a visão básica da mulher e o uso desta não se alterou, ela continua a ser mostrada como diferente do homem, de forma a agradar o espetador, sempre presumidamente masculino. 
Bibliografia: BERGER, John (1999). Modos de Ver. Tradução de Lúcia Olinto. Rio de JaneiroArtemídia.
2 notes · View notes