Médico graduado pela UERN (2021). Membro das Ligas Acadêmicas de Cirurgia e Reumatologia. Contato: [email protected]
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O Sistema Imunológico - Parte 2 - A Imunidade Inata

A segunda parte da defesa imunológica à invasão se inicia. Trata-se de um complexo processo bioquímico de sinalização às células imunológicas de que há um intruso.
Para facilitar o entendimento do processo, pense assim:
Uma bactéria penetrou na sua garganta. Ela chegou até uma região da faringe abaixo do epitélio, chamada tecido conjuntivo, um tecido cheio de líquido, proteínas e algumas células. Neste lugar, ela começa a se multiplicar, roubando os recursos do seu corpo. Neste processo, ela começa a produzir toxinas, que são basicamente proteínas, que ajudam a bactéria a abrir espaço pelo tecido conjuntivo e manter seu metabolismo funcionando. Essas toxinas começam a produzir alguns efeitos colaterais no nosso corpo, como dor, inflamação e febre.
Eis o momento que os soldados entram em ação. As células dendrítcas são sentinelas. Elas reconhecem a bactéria que invadiu seu corpo e avisa às outras células como é o formato dessa bactéria. Esse “formato” que os soldados precisam saber para atacá-la chama-se epítopo, que vem de uma parte específica do microorganismo chamada antígeno. Este é a parte do invasor que é literalmente engolida pela célula dendrítica, processa e depois apresentada aos defensores.
Uma vez cientes da invasão e de como é o invasor, as células partem para o ataque. Para isso, lançam mão de duas propriedades:
a) Sinalização química - são produzidos mediadores químicos, chamados de citocinas. Elas cumprem funções muito importantes no nosso organismo. Elas agem gerando febre, inflamação, além de convocar outras células da Imunidade Inata para o combate. Também são responsáveis por sinalizar às células da Imunidade Adaptativa para começarem a se organizar, como no nosso exemplo, é como se fossem sentinelas que soassem um sino, para que os soldados de dentro do castelo pudessem se preparar para a guerra.
b) Ataque direto - neutrófilos são células que tem certa “especificidade” por bactérias. O termo foi empregado entre parêntesis porque não podemos pensar que os neutrófilos combatem as bactérias de forma muito eficiente. Eles percebem que há uma bactéria invasora, literalmente engolem-na, num processo chamado fagocitose, mas na verdade eles não têm a menor “ideia” do que estão atacando. Simplesmente eles fazem o que foram programados para fazer, atacar bactérias, com enzimas que possuem no interior de seu citoplasma. Os macrófagos fazem o mesmo, e têm como ajudantes as proteínas do sistema de complemento. Em resumo, estas proteínas, sintetizadas no fígado, grudam na superfície da célula da bactéria, e depois arrastam-na para que sejam todas engolidas e destruídas pelos macrófagos.
As células NK fazem o mesmo que as outras duas.
Em linhas gerais, essa é a primeira etapa de contenção de uma infecção promovida pelo sistema imunológico. Trata-se de um processo dinâmico. Enquanto a Imunidade Inata está tentando ganhar tempo ou mesmo debelar a invasão, as citocinas por ela produzidas estão sinalizando outras linhagens celulares, as da Imunidade Adaptativa, caso a infecção tenha força suficiente para vencer a infantaria. Por vezes, as muralhas e os arqueiros de nossos palácios são capazes de destruir todos os invasores. Mas quando isso não acontece, é o momento em que caímos de cama, com febre, inflamação, diarreia, tosse...
E é aí que entra o nosso verdadeiro exército.
Continua...
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O Sistema Imunológico - Parte 1 - A Imunidade Inata

Imagine um castelo sendo atacado por um exército. Quais são as opções que os habitantes do castelo possuem para se defender? Considerando que o ataque seja surpresa, não há tempo hábil para o exército atacado se organizar e se proteger dos invasores. Para isso, eles precisam de um meio rápido e o mais eficaz possível para barrar ou retardar a invasão ao castelo, como por exemplo, suas muralhas e seus arqueiros. Com isso, os soldados podem se organizar e, caso o baluarte seja penetrado, então são capazes de rebater a ofensiva.
Nosso sistema imunológico funciona da mesma maneira. Quando um microorganismo unicelular ou um parasito invade nosso corpo, o sistema imunológico dispõe de dois tipos de defesa, uma defesa de contenção, como as muralhas, e uma defesa bélica, como os soldados. A primeira é chamada Imunidade Inata, a segunda, Imunidade Adaptativa. Falaremos hoje sobre a Inata.
Como a figura acima revela, a Imunidade Inata é composta pelos revestimentos externos do nosso corpo, pelas proteínas do sistema de complemento e por células especiais, os neutrófilos, os macrófagos, as células dendríticas e as células NK (do inglês, natural killers).
Talvez você nunca tenha refletido a respeito, mas nossa pele, nosso trato respiratório, digestivo e urológico ficam em contato direto com o meio externo. Isso significa que nossa pele, intestino traquéias, pulmões e nossa uretra ficam expostos diretamente a microorganismos. Para evitar que eles sejam continuamente infectados, sua superfície é revestida por um tipo especial de células, chamadas de células epiteliais.
Sem maiores delongas, estas células epiteliais possuem um formato mais achatado, que faz com que elas se liguem de uma forma mais coesa, impedindo “espaços” que facilitem a penetração destes patógenos. Além disso, na superfície, há uma série de proteínas que servem como “antibióticos” naturais que, se não eliminam os invasores, retardam sua ação invasora.
Muitas vezes, esta barreira externa é eficaz em manter os intrusos afastados. Porém, outras não. Seja pela violência do agente invasor, seja por alguma fragilidade da barreira (uma ferida, por exemplo). Quando isso acontece, o microorganismo ganha o tecido que era protegido pelo epitélio. A primeira barreira de defesa da Imunidade Inata foi vencida.
Continua...
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Estranhou a foto do caranguejo? Pois ela tem tudo a ver com o Câncer, pelo menos, com o nome. O Câncer tem esse nome porque, em suas fases terminais e metastáticas, quando ele se dissemina pelo corpo, seu trajeto lembra as pernas e as garras de um caranguejo.
O Câncer é uma doença genética. Isso significa que o local de onde ele surge é o DNA. Basicamente, nossas células têm genes, que são pedacinhos deste DNA, que dizem que elas têm que se multiplicar, isso faz com que nosso corpo cresça, quando somos crianças, se regenere quando nos ferimos e se renova enquanto envelhecemos.
Mas essas ordens de replicação podem fugir do controle, e a célula começa a se dividir muito rapidamente, e o nosso corpo não consegue contê-la, assim, ela se torna uma massa aberrante, o que chamamos de tumor.
Todos os tecidos que se dividem no corpo humano podem se tornar cancerígenos, alguns são mais restritos e não se disseminam, são os benignos, e outros são mais agressivos, atingindo outros órgãos, mesmo que distantes, são os tumores malignos.
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*QUAL É A RELAÇÃO ENTRE O SISTEMA IMUNOLÓGICO E O SONO?*
Que o sono é importante à saúde, ninguém duvida. Mas qual a relação entre uma noite bem dormida e nossa imunidade?
Observe esta imagem. Nela vemos, entre outras coisas, que durante à noite, nós temos o pico sanguíneo de duas linhagens de células de defesa, os neutrófilos, que são células da imunidade inata (se não sabe o que é imunidade inata, fique ligado no próximo post), pico que ocorre geralmente às 8 da noite
Durante o sono propriamente dito, das duas da manhã até às quatro, temos pico de linfócitos, que são células da imunidade adaptativa, responsável pela memória imunológica (se não sabe o que é memória imunológica, fica ligado n próximo post).
Isso considerando uma pessoa que se deite às onze horas, no máximo, meia noite para dormir. Observe que a melatonina é produzida a partir das nove da noite, e ela começa a fazer efeito duas horas depois. (Se não sabe o que é a melatonina, ouça nosso podcast sobre ela https://danielribeiro93.tumblr.com/post/189014938815/podcast-1-melatonina
Portanto, higienize seu sono, priorize seu descanso, seu sistema imunológico e sua saúde como um todo agradece!
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