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o discurso, a persona, o espetáculo, as redes, cortinas, bonvivant, espelhos quebrados, espelhos inteiros, quanta água nos meus pés! as vezes sinto que poderia voar, correr e pegar impulso, sabe? voo em sonhos. eu consigo, quando durmo bem.
as frases de efeito, postar pro outro mas pra mim, mostro que estou bem, no fundo estou tantas coisas. quero mostrar, você quer mostrar, todos querem mostrar. viver pelo espetáculo! as mascaras teatrais que Jung chamou de Personas.
nesse mês sorri de tristeza e chorei de alegria. do que vale o sentir? meu tato me alcança ainda criança, mas meus pés criam veias que fincam os pés no chão, junto à minha anciã. olho no espelho ora sou criança, ora sou mulher, ora sou velha, ora sou caveira (laroye).
escrevo para além de quem um dia possa ler. escrevo pras carolinas que sempre habitaram em mim.
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Queria pensar em fluxograma. Acho que estou fazendo a pergunta errada. Isso é comum às outras pessoas? A espiral de aprendizagem, onde você é seu próprio objeto de pesquisa? Acho que não encontrei a pergunta certa. Sei a sensação de encontrá-la, pois já me ocorreu; poucas vezes, mas já.
Borges de Melo, 7 da manhã. A janela do ônibus é meu enquadramento para muitas reflexões, contemplações, registros, fofocas. Acompanho os rastros da cidade, das pessoas, das faltas, das árvores. Hoje uma árvore dançou pra mim! Meu olhar cruzou com o movimento dela bem na hora. Mas voltei. Peguei a leitura e espantei pensamentos, foquei. O problema é que o que eu leio me faz voltar pra espiral pois: sou meu próprio objeto de estudo. O mesmo rapaz de ontem voltou! Acho engraçado: ele chega, senta, guarda o celular, pega o livro da bolsa, desloca o marca-página pra frente e lê. Não sei qual o livro, inclusive. Minha visão periférica não pegou hoje, amanhã talvez. Leio riscando, voltando pras notas, budejo sozinha e expresso sentimentos (algumas linhas bem acentuadas no rosto). Ele não julga. Nem eu a ele. Mas ainda não vi o que ele lê, então talvez eu julgue.
Meu caminho diário é marcado por vários personagens. Tem um senhor muito branco e ruivo que sempre se senta lá atrás. Me assusto, pois, pessoas muito brancas me assustam mesmo. Além das várias senhoras, uma delas sempre senta do ladim dele. Puxam vários assuntos. Dia desses ela falou que bebê reborn é coisa do tinhoso. Tive que concordar levemente com a cabeça: ela está certa. Onde já se viu gastar dinheiro com criança que não é criança???? Concordei de novo. Ela é uma querida.
Minha leitura no ônibus é um Pomodoro só que invertido. A narrativa envolvente tá naquela mercedes. Mas eu tenho uma personagem favorita. A CIGANA. Eu amo aquela senhora e na minha mente ela é sim uma cigana. Deve ter seus quase 70 anos, cabelão no coque, muitos cordões e colares e anéis e pulseiras, ora prata e dourado, ora um rosário, tudo junto, batonzão vermelho vinho, vermelho mulher, amigos. Vermelho sagrada e profana as 7 da matina. Eu amo aquela mulher. Quando não a vejo fico triste, já sei que meu dia vai ser capenga.
Alguém atrás de mim falou algo que me deu brilhos sensoriais. Eu amo gente.
7. aos poucos a pergunta certa vai formulando, sempre espiralando.
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Frio na barriga.
Borboletas desorientadas
Talvez cegas.
Batendo asas me derrubando por dentro.
Nunca quis saber e talvez nunca queira.
Mas quero querer. E sem saber parar, finco no chão meu pé. As asas, deixo pra lá.
(algum dia sem data)
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Noite lua cheia.
Cerveja no copo, cigarro na mão.
Música no rádio, coração no chão.
Da última vez, sorri-chorei.
Li você, corri em mim. Do algo, gritei.
Lembra?
Eu, livro. Eu, fogo. Eu, terra. Eu, água.
Algumas palavras cortadas
Coração no chão
Rádio na mão
Cigarro no vão
Talvez, talvez você.
Eu, em vão.
Cerveja no chão.
(em) Noite nua cheia.
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como me sinto hoje, 16 de julho de 2020, exatamente às 22:40:
incapaz, burra, boba, apaixonada, amedrontada, confusa, inferiorizada, chula, desqualificada, triste, chorosa, culpada, julgada.
Não merecedora do que tenho, falta de amor por mim, culpa por não ser incrível, culpa por ter tido a oportunidade de ser o que sempre quis e não ter sido, culpa por ter me deixado ser tão abusada, culpa por não ter dito não, culpa por ter acreditado em quem eu achava que me amava e só queria meu bem, culpa por ter me deixado levar.
Hoje, mais do que nunca, sinto a culpa de todos os meus fracassos. Mesmo que eles não sejam todos reais.
Fim às 22:45.
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2009
fui lá atrás, perguntar praquela menina o que ela esperava da vida. essa conexão é muito difícil, pois já nem me lembro mais do que eu fui. lembro de querer ser só no mundo, morar só, comprar minhas coisas e viver toda aquela euforia de ser adulta. 15 anos é uma idade sonhadora, boba e linda, mas também muito limitada. conhecimento de mundo me faltava. tento diariamente me reconectar com aquela menina. ela tem alguma coisa que eu perdi, e tô vivendo tudo que ela queria viver naqueles tempos. sonhava acordada com as possibilidades de tudo. queria o mundo, ela. queria ser bióloga, mas também poetisa e talvez cantora ou quem sabe tradutora ou artista visual. queria pular pra fora do universo, queria sentir o que os outros sentiam, queria tudo e todos ao mesmo tempo, queria a vida pra engolir. essa menina, de dez anos atrás, era linda, com uma candura estranhamente bruta. queria se apaixonar dez vezes por dia, pois era tão a flor da pele que mal podia. sentia tanto. bebia o mundo. conheci ela, mas perdi contato. o mundo me calejou. a pele morta e dura nos meus pés não me faz sentir mais nada. ela era expansiva. medrosa, mas expansiva. hoje, só me restou o medo, a ansiedade, a angustia da vida corrida. de vez ou outra, costumo sentir o que sentia. um lapso de memórias sensoriais que me faz lembrar de como a vida é boa de manhã cedo. como o céu azul parece um mar e como os pássaros cantando nas árvores banhadas pelo sol matinal é formoso. de como o vento da manhã entre os canteiros do bairro correm pela minha nuca e me fazem arrupiar. às vezes, queria só sair correndo pra essa menina. ela iria me acolher nos braços e me deixaria chorar todo o pranto que tenho no peito até secar, e assim, me reconstruir.
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é aqui nessas noites estranhas que eu me pego pensando no ar que eu respiro. é muito estranho. e novo. chega a ser refrescante, eu diria. repensando muitas vezes, chega à ser egoísta, num lapso mental meu. todas as conjecturas atuais, políticas, culturais, me deixam entrar num limbo em que “é muito egoísmo meu achar o ar bom”, quando na verdade, nem sei. e parece que ninguém sabe o que realmente tá fazendo. é todo mundo meio impulsivo, meio cauteloso, meio individuo, meio coletivo, meio julgador, meio acolhedor. não sei ao certo...
gente é um bixo muito estranho. e eu me pego pensando em todas as rivalidades e mesquinharias do outro para com o outro e... vale a pena? bravejar que é tão bom e incrível te faz ser tão bom e...? ninguém nunca vai saber ao certo, tampouco eu, aqui, num quarto de uma cidade qualquer num mundo cheio de possibilidades, fumando um cigarro barato e cheia de leves questionamentos.
o poder de valor do outro não gera tanto furdunço em mim quanto já gerou ontem. e eu digo ontem mesmo. até porquê, tenho tentado me subornar de forma bem deliciosa à não mais me importar com tudo isso. os julgamentos, os achares, os olhares. é um avanço, admito. mas ainda sim, não é tão fácil quanto parece.
hoje, quase ontem, alguém de uma cidade bem distante me reconheceu. e conheceu meu outro. e olha, devo admitir que foi doido. é louco perceber que tem gente que percebe realmente. e que estranho! e isso teceu outra linha na gigante teia de conexões infiltradas da minha cabeça e, o que eu sempre percebi nunca me percebeu. nesse plot twist grosseiro mental, meus 6 meses de terapia fizeram sentido. mais do que nunca! e olhe, não estou falando de nenhum caso amoroso. esse não é meu foco nessas palavras. as minhas percepções (que são muitas) me moldaram e me fecharam prum mundo de outras percepções. onde talvez, do nada, eu seria percebida.
a minha grande epifania dessa tarde (há outras não documentadas, guardadas no âmago do meu subconsciente) foi pensar em quanto eu me privei por não se deixar perceber pro mundo. e eu amo, apenas AMO as pessoas que são capazes de fazer isso. porquê essa skill eu tô adquirindo agora.
meu cabelo está verde, minha pele tá salgada e minha alma tá mais leve. nem que seja um cadim. e é tão bom sentir esse ar limpo. :)
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14-3-19
5:40 am
O vento frio, a noite se transformando em dia, a chuva vindo, o sol saindo, a estrada vazia, 100 km/h, Boston tocando, parecia bom, mas era ruim.
A memória que não tive, a dor do outro em mim, queria chorar, queria sorrir, eu tava e não estava ali.
Fortaleza fora, Acaraú dentro.
Sai mar, entra mata. branca. seca.
O ir me cansa, mas não posso. Sou tudo o que resta ali. Sou apoio. Sou acalento. Cansar não posso. Não me permito.
3 horas.
Não basta uma estrada de terra. Queria morar no alto duma serra. Onde mal respirar eu conseguiria.
Eu queria, eu.
Ser a fortaleza de alguém é pesado. É forte. Não é romantizado. Romantizar é veneno. Pra alma, pro ser, pra tudo.
Há chuva. Há dor. Há uma dose.
Cachaça lava.
3 horas.
Voltar cansa. Mesmo depois de ir. Voltar é sempre pior.
Eu realmente queria morar numa serra. Nunca cantei run to the hills tão alto na minha vida. Fazia sentido à 110 km/h.
A vida é bem doida. Nunca pensei...
Passando por Sobral, me senti nos Fjords islandeses citados pelo Valter Hugo Mãe. “Onde os abismos escuros se transformam na boca silenciosa de Deus”
Eu viajo? Literal e metaforicamente, sim. Sempre sóbria.
Acaraú fora, Fortaleza dentro.
Nunca vou esquecer da sensação de raiva e prazer ao ver o antônio bezerra e o engarrafamento.
6:18 pm
afinal, casa é casa.
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