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O problema é que a gente não pode falar tudo pra todo mundo !

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... E houve um apagão no Estado, e ao ver a cidade iluminada apenas pela luz da Lua crescente, que vem timidamente deixar um contraste de luz e sombra por entre os telhados das casas e as árvores, é possível perceber a constelação das estrelas no fundo escuro do céu que, por vezes, estamos tão ocupados para admirar...

A ausência da energia elétrica nos convida a nos desconectar dos aparelhos eletrônicos, nos desacelerar do nosso cotidiano, e nos reconectar com o outro, com suas histórias, suas curiosidades, suas risadas... a ouvir o ruído do sorriso do outro que passa desapercebido na correria dos nossos dias ... Quando a energia acaba, a gente consegue respirar fundo e perceber tudo que está a nossa volta... conseguimos perceber o cantarolar dos grilos, o ruído das risadas das crianças brincando de ser criança, as histórias contadas com sinceras risadas dos vizinhos que se encontram em frente as suas casas para ver o tempo passar ... e o tempo desacelera e passa, calmamente, nos fazendo aproveitar cada segundo, sentir cada rajada de vento no rosto, permitir que o pensamento vagueie, ouvir a canção de cada silêncio que acalma...

E nos permitimos deixar a imaginação flutuar, começamos a desenhar histórias, a nos concentrar em “joguinhos” tentando adivinhar os pensamentos das pessoas que ainda circulam em seus carros com os faróis acesos, dando movimento e luminosidade a cidade apagada, desejando, talvez, conseguir chegar em casa... e são muitas histórias que surgem desta imaginação, sempre com teorias engraçadas...

E mesmo não querendo viver na escuridão profunda, o sentimento é que esse momento jamais acabe, simplesmente por significar uma tentativa de reviver a essência das coisas simples, se desprendendo dos dias atuais; que as estrelas jamais se apaguem; que as conversas encontrem uma forma de continuarem; que os celulares sejam esquecidos e que as pessoas possam “curtir” umas as outras em tempo real e que “compartilhem” os momentos juntos...

E, após quase 4 horas de apagão, a energia retorna... e a vida vem nos chamar de volta! A luz retorna com mais intensidade, os gritos ecoam de felicidade em toda a cidade, a vida retorna para seu curso normal, após um período de intervalo... e a rotina retorna como se nada houvesse acontecido, a tv e os aparelhos eletrônicos voltam as suas funcionalidades, e nos prendem novamente a vida vazia e repleta de informações... e aquele momento mágico, como um suspiro em busca de fôlego para a alma, parece nunca ter acontecido, mas fica o sentimento de energias recarregadas, prontas para continuarem de onde pararam!

E, agora, quando anoitece e a cidade adormece, volto à varanda ainda com as luzes completamente apagadas, só para sentir a verdadeira conexão, só para acalmar a alma, só para deixar os pensamentos vagarem, só para sentir novamente a rajada de vento no rosto, só para sentir o ar puro entrar nos pulmões, e ouvir o silêncio da calada da noite, desacelerando os dias, e só para poder contemplar as estrelas e sentir o brilho da Lua deixando, mais uma vez, um contraste de luz e sombra, iluminando toda a cidade adormecida...

Carol Freitas

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O mal do século dos dias atuais...

Vivemos em um mundo tão cheio de si, e tão vazio por dentro. Um mundo mecanizado, onde o "tudo bem?" se tornou apenas um cumprimento... Ninguém está disposto a olhar para o outro de uma maneira devagar... ver o que está por trás daquele sorriso quase que forçado - ninguém já nem se importa! Ninguém está disposto a ouvir a resposta verdadeira do "tudo bem?"... Cada dia mais, as pessoas se preocupam com as curtidas no mundo virtual, e se esquecem de olhar o ser humano em sua forma real... Na verdade, a popularidade, a aceitação social sempre foi um requisito principal no desejo dos homens, mas esquecem que se encontrar no "topo da fama" não traz satisfação real... o amor, a admiração se torna fútil, mecanizada... enquanto você está acima, socialmente, todos te amam, porque é fácil falar "eu te amo!" na mesa do bar, mas será que quando você acordar, nos piores dias da tua vida, e olhar pr'o lado vai ter alguém pra te dar a mão, pra te ajudar e te consolar?! ... esse mundo rápido é feito de coisas passageiras, coisas que te roubam e te deixam como uma máquina alienada que acha que é feliz... procura olhar devagar para aqueles que te amam de verdade, para aqueles que vão realmente estar e lutar ate o fim ao teu lado... As pessoas, apenas, convivem com seus familiares. Não conseguem perceber que, talvez, o outro está precisando de um colo, um aconchego, um olhar carinhoso, um olhar devagar... O mundo anda cada vez mais mecanizado, onde as pessoas banalizam os sentimentos, onde as pessoas tem medo de sentir... estão vivendo na pressa desse mundo "moderninho", e as coisas que são realmente importantes se tornaram cumprimentos fúteis... Ninguém se importa em saber o que o outro pensa, sente ou o porquê de agir de determinada maneira... as pessoas estão acostumadas a se darem como exemplo de tudo, e olhar para o outro baseado em seu próprio julgamento do que é certo e do que é errado... as vezes, é só questão de compreensão e empatia. Está certo que as pessoas acham que a vida é curta demais para não viver, mas aqueles que vivem na pressa do mundo e esquecem os significados da vida, podem não ser capazes de viver verdadeiramente felizes em um futuro próximo... Os dias atuais te roubam, te enganam sobre o que é felicidade. O mundo está carente desse olhar devagar... carente da atenção, do amor, da empatia... e responde a essa carência afirmando que não se importa e que quer viver percebendo os outros como figurantes de um filme, enquanto se espera o fim do roteiro... As pessoas andam nas ruas atentas apenas para seus celulares, não cumprimentam umas as outras... é necessário um cotidiano movimentado para seguir a velocidade dos dias... As pessoas não esperam as respostas das palavras que deveriam ser usadas como um momento de desabafo e, atualmente, é apenas uma forma de se cumprimentar de maneira rápida, fria e sem importância... Em um "estou bem!" tem um livro de sentimentos, pensamentos que necessitam ser externalizados, que apelam por um olhar devagar... que esperam por uma oportunidade de conseguir expressar o que está doendo, o que está incomodando... Mas as pessoas costumam andar rápido demais, preocupadas com suas vidas frias, vazias e rotineiras, tão cheias de felicidades incompletas... andam tão ocupadas que mal podem ouvir o verdadeiro "estou bem!" do outro...

Precisamos mudar esse cenário... os pedidos de socorro mascarados como suicídio estão aí, de maneira gritante, para nos lembrar!

Só um pensamento reflexivo...

by. Carol Freitas

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Eu vi um mundo...

Eu vi um mundo diferente... eu vi pessoas diferentes... eu vi pessoas diferentes que tinham estilos de vida diferentes... eu vi pessoas que sorriam e choravam pelos mesmos motivos... eu vi pessoas que tinham fome e vi pessoas que comiam banquetes... eu vi meninos de rua, e meninos presos em seus apartamentos... eu vi pessoas que falavam com a certeza daquilo que eram, eu vi pessoas perdidas em si mesmas... eu vi pessoas de funk e pessoas de mpb... eu vi injustiças com os justos e justiças com aqueles errados... eu vi pessoas que se alegravam com o pouco, e vi pessoas que não se contentavam com muito... eu vi pessoas que amavam a Lua e os detalhes de tudo, e vi pessoas que não se importavam se chovia ou fazia sol... eu vi pessoas que amavam pessoas, e vi pessoas que maltratavam pessoas... eu vi pessoas que lutavam por uma causa, e pessoas que fugiam de assuntos sérios... eu vi pessoas que exerciam seu papel profissional com um brilho nos olhos e encantavam todos, e vi profissionais que passavam o sentimento de que tudo isso era perda de tempo... eu vi pessoas estressadas no trânsito, e vi pessoas aproveitando o tempo perdido entre os carros para curtir suas músicas favoritas... eu vi mulheres que queriam casar e ter filhos, e vi mulheres que preferiam café e cachorros... eu vi pessoas que precisavam de alguém consigo, e vi pessoas que precisavam da própria solidão... eu vi pessoas que viviam as coisas simples da vida, aquilo que o dinheiro não compra, e vi pessoas que morreriam por dinheiro... eu vi pessoas acreditarem no amor imortal, e pessoas que acreditavam na morte... eu vi pessoas que acordavam dando "bom dia" à vida, aos pássaros, ao sol, e todos os elementos da Terra, mas também, vi pessoas chorarem ate altas horas da madrugada por uma perda e não se sentiam vivos para acordar no outro dia... vi pessoas de contos de fadas, e vi pessoas fascinados pelos estudos de Tanatologia... vi pessoas entrarem em depressão por perdas injustificáveis, e vi pessoas lidarem cara-a-cara com o lado obscuro da vida... eu vi mendigos ensinando lições de vida, e vi homens de terno com atos gananciosos e individualistas... eu vi o garoto agredido por querer amar outro garoto, e vi o garoto que matou outro garoto, ficar impune perante a lei... eu vi pessoas e pessoas... cada uma em seu mundo, com suas verdades, com suas crenças e formas de encarar a vida... contudo, o que mais vi em todas essas pessoas é que procuravam incansavelmente a maneira de entender o mundo e a vida, e a maneira de ser feliz da melhor forma, ser feliz consigo mesmo, ser feliz apesar de todos os fatos inevitáveis da vida... ​ by. Carol Freitas ​

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“Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e, não, a gente a ele!”

Mário Quintana