emmaeyes
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vomitando sentimentos
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emmaeyes · 1 year ago
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emmaeyes · 1 year ago
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Está tudo bem, você já pode chorar. Foi o que sussurrei para mim mesma naquela madrugada silenciosa, esperando que o sono da minha mãe me desse permissão para desmoronar em paz. Foi o que murmurei enquanto me afundava no quinto banho do dia, na esperança de que a água levasse embora não só a sujeira da pele, mas também a imundície invisível que me consome por dentro. E foi o que repeti quando inventei uma desculpa para sair de casa, fingindo que tinha uma amiga para visitar em um domingo qualquer, às 14:38. A verdade é que essas histórias, esses cenários que crio, são como véus frágeis que uso para encobrir minha dor, justificando as lágrimas que escorrem em segredo.
Com os outros, a mentira sempre foi minha companheira fiel, uma habilidade que desenvolvi até que se tornasse uma segunda natureza. Palavras vazias fluem facilmente pelos meus lábios ou pela ponta dos meus dedos, tão naturais quanto respirar. Mas, ao tentar enganar a mim mesma, encontro uma resistência insuperável. Nunca consegui, e depois de tanto tempo, aceitei que talvez nunca consiga.
Eu (não) estou bem.
Eu (não) me esforço muito.
Eu (não) amo o que faço.
Eu (não) sou forte.
Eu (não) te amo.
Eu (não) quero estar aqui.
Sua presença me faz (mal) bem.
Eu (não sei se) consigo.
Eu (não) sei o que quero.
Nunca estive tão (in) feliz na vida.
Eu finalmente aprendi a (parar de falar como realmente me sinto) gostar de viver.
Essas frases inacabadas, onde a verdade e a mentira se misturam, são o reflexo das batalhas internas que travo diariamente. São pedaços de uma verdade que preferia não enfrentar, verdades que escondo até de mim mesma. Às vezes, permito-me vislumbrar essas contradições, mas o que encontro é um emaranhado de pensamentos e sentimentos que mal consigo decifrar. Nenhuma pessoa, por mais perspicaz que seja, conseguiria compreender o verdadeiro significado dessas palavras, porque nem eu consigo. E estou cansada de carregar essa carga, de manter uma fachada que só serve para agravar o vazio que sinto por dentro. As mentiras que criei para me proteger, para me poupar da dor, acabaram por aprofundar o abismo em que me encontro.
Há dias em que tudo parece mais fácil, em que posso me convencer de que sou feliz, em que o riso vem sem esforço e por alguns momentos, acredito que posso ser leve, despreocupada, que posso existir sem ser sufocada pelo peso de quem realmente sou. Esses momentos, embora fugazes, me dão a ilusão de que tudo está bem, de que posso deixar para trás a escuridão que me acompanha. Mas quando a noite cai, e estou sozinha com meus pensamentos, ou quando a água do chuveiro se torna a única testemunha do meu desespero, a verdade se infiltra novamente, dissolvendo a ilusão que criei. A máscara que usei ao longo do dia começa a escorregar, revelando a face que tento esconder, até mesmo de mim mesma.
E assim, quando a noite avança e o silêncio se torna ensurdecedor, ou quando estou no banho, tentando lavar não só o corpo, mas também a alma, ou em um domingo vazio às 14:38, a verdade retorna como uma maré inevitável. Porque sei que, por mais que tente fugir, a verdade sempre me alcança. No final, volto ao ponto de partida, encarando o espelho e a escuridão que carrego. Esse ciclo, essa dança entre a máscara que mostro ao mundo e a realidade que escondo, se repete incessantemente, e por mais que eu tente, não consigo escapar. E sempre volto a repetir.
Está tudo bem, você já pode chorar.
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