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Dia 9 de janeiro de 2024, Arraial do Cabo - Rio de Janeiro.

Eu amo praia, sem dúvida é meu lugar preferido da vida. Um amigo usou o termo "pessoa-praia" pra me definir uma vez.

E eu estou aqui com os pés na areia, o sol tostando a minha pele, o verão 40 graus que eu adoro, a água cristalina na minha frente

E tudo que eu consigo pensar é no quanto eu quero voltar pra você...

Você se tornou meu lugar preferido, meu lar...

Cada segundo que eu passo longe de você me angustia

Me faz chorar quietinha num canto para evitar que percebam o quão afetada eu estou

Afeto é sobre isso, sobre o poder que a sua presença, ou nesse caso ausência, tem de me afetar

Eu nunca senti o que sinto por você por ninguém na minha vida

Nunca tive tantas certezas

Nunca passei tantas noites imaginando um mini você, com esses olhos grandes e esse sorriso lindo

Ou tentando adivinhar sua reação ao me ver no altar, os votos que você diria, os olhares que trocaríamos

Eu te amo, de um jeito que eu não achava possível amar alguém

Fazem apenas 48 horas e eu sinto que não vou aguentar

Não só essa semana, mas o resto desse ano e qualquer outro segundo longe de você sem que a saudade consuma cada pedaço da minha alma...

E como diria Emily Bronte, eu sinto que...

"Seja qual for a matéria de que as nossas almas são feitas, a minha e a dele são iguais."

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Acho que nunca senti o que sinto com você por mais ninguém na minha vida...

Desde o dia em que meus olhos encontraram os seus do lado de fora daquela estação de metrô

Seria hipócrita se eu dissesse que não reparei no tamanho dos teus braços, mas eu perdi quando você sorriu

Eu já achava você bonito antes, mas me surpreendeu

Desde aquele dia eu sinto como se fôssemos imãs

É absurdo o tanto que eu me sinto atraída por cada gesto seu, cada palavra que sai da sua boca

O jeito que você anda sem camisa e eu fico hiponotizada com as suas costas, e o balancinho que você faz sem perceber quando anda

Quando dirige com uma mão só enquanto descansa a outra na minha coxa

A concentração de quando você bola um, e como sempre bola um tabaco para mim de manhã porque sabe que eu gosto...

Ou treinando (dispensa explicações)...

Eu perderia horas ouvindo você me explicar sobre treino, dieta e maconha (risos)

Eu amo sua voz, amo quando fala putaria na cama, mas amo seus áudios me explicando coisas que você entende e eu não...

O tesão que você desperta em mim é incontrolável, chega a ser incômodo essa vontade constante de transar com você

E todo o pouco tempo em que não estamos transando, eu quero passar observando esses seus olhos lindos, sentindo seu cheiro, seu toque...

E ainda que seja gritante a química que a gente tem, ainda é sobre amor..

É sobre, pela primeira vez, olhar pra alguém e pensar "eu teria um filho com esse cara"

É sobre querer passar todas as noites da minha vida encaixada no teu abraço

É sobre me sentir protegida, cuidada, ainda que eu seja indenpedente e forte a semana inteira, do seu lado eu posso baixar a guarda, ser mimada...

É sobre notar o esforço que você despende para me ver, para me deixar confortável não só fisicamente, mas com relação aos meus próprios sentimentos...

Você me faz sentir que eu não sou uma pessoa difícil de amar...

Eu me sinto em casa do seu lado, você desarma meus mecanismos de defesa, você alcança camadas de quem eu sou que dificilmente alguém tem acesso

E eu gosto disso porque, de alguma forma, acho que sou uma pessoa melhor com você

Acho que pela primeira vez na minha vida eu posso dizer isso sobre um amor, mas...

Você me faz bem!

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Com você eu me sinto vulnerável de uma forma que eu achei que nunca mais me sentiria

Eu carrego uma culpa sobre um relacionamento passado, de ter sido uma pessoa ruim, e eu não quero que você saiba sobre isso, muito menos que veja um vislumbre dessa parte de mim

Mas eu me sinto como eu me sentia naquela época, a insegurança, o ciúmes, as paranóias...

Eu penso frequentemente que eu não me encaixo no seu futuro e isso dói...

Na verdade, desde o começo eu tive a sensação de que não merecia o que estava acontecendo comigo

Eu não compartilho do seu estilo de vida da mesma forma que você, e eu sei que isso vai se tornar um problema

Porque nossas prioridades são diferentes e uma hora isso vai pesar

Sei que tem pessoas que dividem o mesmo sonho que o seu e que isso une, atrai...

Ao mesmo tempo eu sei que eu vou te perder para minha loucura se eu não conseguir frear isso

De todas as coisas que o borderline faz comigo, particularmente eu odeio essa sensação de me sentir pequena

E quanto menor eu me sinto mais destrutiva eu me torno

As coisas tomam proporções gigantescas, as pessoas saem feridas...

Eu vi você... Eu vi como te afetou e eu te conheço o suficiente pra saber que você nunca vai admitir

Você vai passar panos quentes, assumir culpas que não são suas, fazer de tudo pra não me responsabilizar...

Mas eu sei que machucou... e eu sei que não passou

Eu sei que eu disparei gatilhos, que eu falei demais, que eu escolhi o dia errado, do jeito errado

Eu costumo ser transparente quando eu estou relaxada, mas aprendi a sufocar meus sentimentos para aguentar os dias que precisam ser tolerados independente da minha condição mental

Aquele dia eu segurei as pontas, mas você não faz ideia de como doeu te ver daquele jeito e sentir que era culpa minha, ainda que fosse só uma porcentagem

Eu sinto uma identificação absurda com a sua mãe, e sob o efeito do álcool eu deixei escapar quase como um desabafo

Ela me olhou com cara de quem achava minha preocupação boba, como se eu não tivesse motivos para estar sentindo o que eu estava sentindo

Eu sei que ela estava certa...

Quando eu cheguei na sua casa era como se o mundo se abrisse embaixo dos meus pés, o peso do mundo caia nos meus ombros e eu só desabei... Possivelmente por conta da embriaguez não consegui expressar metade do que me invadia

Mas cada dia da semana tem sido pesado pra mim, e não é culpa sua, muito menos existe algo que você possa fazer

Na verdade, se você tentar só vai piorar, você vai alimentar o monstro dentro de mim que quer engolir as barreiras saudáveis dessa relação

Por isso eu não posso te contar... Eu sei que você vai se podar, porque parte de quem você é anula pedacinhos seus pra suprir necessidades alheias

É sobre você se moldar para agradar, satisfazer, encaixar.. E acredite, eu já vivi isso e acaba muito mal

Por isso as minhas inseguranças não são e não podem ser problema seu

É meu e da minha terapeuta

Mas dói, e me corrói o tempo todo o tanto que minha cabeça se esforça pra me convencer de que eu não mereço você, e que possivelmente existem pessoas que te fariam mais feliz do que eu posso fazer..

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O amor foi cruel comigo...

Por diversas vezes se apresentou cheio de espinhos, mofo, bolor

O amor foi violento, humilhante, ansioso

Não no sentido daquele que anseia por algo, no sentido em que se assemelha com o desespero

A falta de ar, a sensação de espera pela próxima tragédia, a tremedeira, as crises de choro

Há alguns anos o amor tem sido meu pior carrasco

Quando eu ouvia Cazuza dizer que "eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida"

Não fazia muito sentido

Amor doía, e era pra ser assim, pra consumir como uma labareda (burnout), para escapar de qualquer racionalidade, para fazer as canções tristes serem sentidas de verdade

Eu achava que qualquer coisa que não fosse assim seria amena demais para mim, e eu nunca fui feita de meios termos

Até que o amor se apresentou sem que eu esperasse, com um rosto diferente, outro cheiro, outro sabor

E o que eu menos esperava... Tão intenso quanto ou mais

Como se eu tivesse o poder de queimar sem doer

Uma fênix talvez...

Eu ainda posso alcançar o topo, tocar as nuvens, sem a sensação frequente do medo da queda iminente

Sem pisar em ovos, sem máscaras, totalmente nua

E ainda assim aceita, acolhida, admirada

Ainda parece o êxtase de droga, mas sem a badvibe

As borboletas no estômago não morreram

E não importa a durabilidade, o amor me fez enxergar que mereço muito mais do que eu recebi até aqui

E quem vislumbra isso uma vez, não aceita amores mofados nunca mais...

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Eu sabia desde o início que não era você

Desde o primeiro comentário infeliz que você fez

Eu sabia o quão tóxico era aquele relacionamento

Por vezes eu sabotava, dizendo coisas que eu sabia que te afastariam de mim

Porque era isso o que eu queria

Que você fosse embora, porque eu não conseguia ir

Então você foi

E hoje eu só penso que eu queria que tivesse durado um pouco mais

Nunca seria para sempre, eu sempre soube

Mas todo dia eu pensava "só mais um pouco"

Só mais um pouco sentindo seu cheiro

Só mais um pouco ouvindo sua voz

Só mais um pouco das tardes que eu passava na sua casa

Só mais um pouco das noites de amor

Só mais um pouco de você

Quem sabe em algum momento eu enjoo

Eu fico exausta de tudo que você me faz passar

E assim doeria menos partir...

Mas foi prematuro, um corte rápido e fim

Eu ainda ardendo por você

Hoje penso todas as noites "e se tivesse durado só mais um pouco?"

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BDSM

Estar com você doía

doía de diversas formas diferentes

Uma delas eu não me importava

De todas as marcas que você deixou

As que ficaram na carne foram as menos doloridas

Entre todas as humilhações, o degradee era o de menos

Mas eu nunca soube separar as formas de submissão

Eu estava numa dinâmica 24/7

Sem palavra de segurança

Sem aftercare

Sem um acordo sobre limites rígidos e flexíveis

Por vezes, sem consciência da própria dinâmica

Acho que o que a gente tinha fugia do SSC

Acho que me vi diversas vezes nesse lugar

Com rostos diferentes, mas sempre o mesmo lugar

Romantizando o abuso

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Eu tenho mania de fingir que não tem nada acontecendo, sou boa nisso

A grande maioria das pessoas me acha calma, equilibrada

Eu consigo enfiar meu caos embaixo do tapete..

Até não caber mais nada lá

De repente eu estou sozinha, toda a angústia que eu guardei por semanas transborda meu peito

Eu me questiono, "estava tudo bem até cinco minutos atrás. O que aconteceu?"

Dias. Semanas aconteceram.

A ansiedade sempre começa no meu estômago, intestino, até tomar meu corpo inteiro

É como um enjoo, um frio na barriga como se você estivesse no topo de uma montanha russa, descendo com toda a velocidade, a adrenalina toma seu corpo até te paralisar

Olhos atentos costumam perceber as tremedeiras

Parkinson? Já questionaram...

Eu tento olhar pra dentro, encontrar um gatilho

Sempre uma frustração, uma situação que, talvez teria sido tirada de letra por outra pessoa

Mas pra mim não, eu sempre lembro daquela frase "o borderline não tem pele"

É um beliscão, mas me atinge como um corte profundo

Burnout? Talvez...

Mas na minha idade?

Eu faço escolhas ruins.

O que poderia resultar de um emocional instável e uma das profissões mais adoecedoras do mundo?

Me sinto doente. Só peço ajuda quando eu sei que eu estou na beira

O que é a beira?

Depende.

Durante a mania são atitudes impulsivas, numa euforia sem sentido, abusos, excessos.

Na depressão são pensamentos suicidas, a automutilação

Ambos colocam minha vida em risco

Transtorno limítrofe, no limite

Tudo ao extremo

Cinco minutos depois, está tudo bem outra vez

Ao menos é oque parece...

O problema não vai embora, mas eu arrasto ele por ai

Dia após dia

Alguns dias ele é maior que eu, em outros eu pareço maior que ele

Em todos, no final do dia, me considero sobrevivente.

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Sonhei com você noite passada.

Estávamos deitados nos escombros do que deveria ser uma casa

Eu falava que precisávamos concertar as paredes

No lugar delas havia alguns arames

Você me ignorava e subia em cima de mim

Enquanto eu sentia você me preenchendo por dentro e eu entrava numa espécie de êxtase

Acordei com o relógio despertando

É isso que fomos. Sexo. Nada mais.

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Eu estava indo bem...

Até você me ligar.

Quarta-feira, 15 de março, 20:41

Eu olhei o celular após o intervalo das aulas, e lá estava uma chamada perdida de um número não salvo

Eu soube que era você assim que bati os olhos, 958.. Eu gravei o começo do seu telefone, porque mesmo apagando seu contato, queria saber se fosse você ao me ligar.

Passou três meses e você não ligou.

Eu estou me obrigando a não te retornar

Ainda estou bloqueada nas suas redes sociais

Desde então minha mente não parou de se questionar por um segundo se quer

O que você iria me dizer?

Porque depois de três meses?

Porque numa quarta-feira?

Porque não ligou outra vez?

Teria sido sem querer? Sei lá, sua filha mexendo no seu celular...

Aposto que você tinha certeza que eu retornaria na mesma hora, sem pensar duas vezes

Eu não posso, não depois de tornar público tudo que você me fez

Mas ainda torço pra você ligar

Para me desbloquear

Para dizer que sentiu minha falta, que se arrepende, que foi tudo um erro

Eu sei que provavelmente você só não achou ninguém pra transar e jurava que eu estaria disponível, afinal eu sempre fui louca por você

Eu sei que você ainda é o mesmo e que os problemas seriam os mesmos

Mas eu torço para mercúrio estar retrógrado

Para lua entrar em peixes

Para sair a carta do coração no meu baralho cigano

Para taróloga do tiktok dizer que alguém do passado vai voltar

Mesmo sabendo que até o universo sabe que você não é pra mim

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“Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você”

Eu não tenho culpa das suas projeções,

Não posso viver em prol de atender as suas expectativas

Nós somos tão diferentes, e isso deveria ser bom

Mas aqui eu só encontro rejeição 

De alguma forma tudo que eu faço parece errado para você

De alguma forma parece que eu deveria ser mais parecida com você por gratidão

Eu deveria negar meus desejos, minha personalidade, porque te devo algo

Do contrário eu recebo tratamento de silêncio 

Me vejo reproduzindo a mesma dinâmica em diferentes relações

Aceitando ofensas por estar acostumada a ser ofendida

Aceitando humilhações por estar acostumada a ser humilhada

Aceitando abusos psicológicos como tratamento de silêncio

Desesperada implorando por afeto, implorando para não ser abandonada

Chorando para que alguém não vá embora, para não ficar sozinha

Como eu fiz minha infância toda

Não, não é sua culpa

Eu já entendi que cada pessoa oferece o que tem,

Oferece o que sabe oferecer naquele momento

Eu não te culpo pelo passado, culpo pelo presente

Pela imaturidade, pela chacota, pelas provocações, as ofensas, a incompreensão...

Não, você não espera que eu seja feliz, 

Você me culpa pela minha solidão

Engraçado como vejo suas palavras na boca de outras pessoas

“Você não merece ser amada”

Acho que essas crenças se enterraram em mim

E haja terapia... 

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Última carta 2

Sabe, eu estive tão magoada com você que parei de tentar entrar em contato, eu estou tentando seguir minha vida, ser quem eu era antes de você. Mas hoje a vida tem me maltratado, talvez seja o resultado do quanto eu estou bebendo.  Aquela semana você me tratou tão mal, eu sei que você ficou magoado com as fotos do meu ex no meu feed, não sei se foi uma retaliação, mas você me tratou com indiferença, me deixava no vácuo, quando respondia era monossilábico, você me fez criar expectativa várias vezes dizendo que iria me ver, e em cima da hora desmarcava. Eu nunca quis competir com a sua filha, disputar seu tempo com ela, eu só estava profundamente magoada com o fato de você fazer pouco caso para me ver, sabendo que eu iria viajar, que ficaríamos muitos dias longe um do outro, com o fato de você confirmar de manhã e de noite me dar alguma justificativa do porque não ia mais.  Eu nunca debochei da sua filha, eu questionei se ela se sentiria abandonada por conta de algumas horas, nunca foi um deboche. As vezes eu fico me perguntando se você mostrou essas mensagens para outras pessoas, se pediu alguma opinião. Porque eu fiz isso tantas vezes, e ninguém, absolutamente ninguém entendeu em que parte estava o deboche, ou a falta de respeito, ou o que quer que fosse que justificasse a sua atitude.  Eu te levei para passar o Natal comigo, te apresentei para minha família, eu não sei para você, mas isso significou muito para mim. Significou que eu valorizava muito nosso relacionamento, que era você quem eu queria fazendo parte da minha vida, que era com você que eu queria realizar meus sonhos.  Eu estava planejando uma viagem para nós dois.  E você me bloqueou de tudo, sem uma última conversa, sem uma explicação, sem uma despedida, em pleno ano novo, na véspera da minha viagem. Depois você atendeu minha ligação, disse que poderíamos conversar depois, me deu um horário para te ligar, eu liguei e você se quer atendeu, assim como não atendeu todas as outras ligações. Se você soubesse o quanto isso foi cruel, que eu tenho chorado todos os dias, bebido quase todos, pensado em como fui punida por uma coisa que eu não fiz, como se eu nunca tivesse significado nada, como se esses quatro meses não tivessem sido nada para você, como se não sentisse nada por mim. Você me deixou no escuro, sem entender o que eu fiz para merecer toda essa indiferença, para merecer que você sumisse da minha vida para sempre, sem conversar, sem me explicar, sem se despedir. O que eu fui esse tempo todo para você? Você nunca sentiu nada por mim? Você não sente minha falta? Não pensa nos nossos planos e sonhos?  Tem tanta coisa que eu queria te dizer, e ao mesmo tempo parece que não tem mais nada para ser dito, porque não faz mais diferença alguma para você, porque você me apagou da sua mente e do seu coração como se eu não fosse nada.  Se você soubesse como tem doído do lado de cá, que eu não como, as vezes mal consigo respirar, meu peito dói, minha mente me tortura com lembranças. Eu penso em ligar todos os dias, mas sei que você não vai me atender.  Eu queria ao menos que você me atendesse, para dizer que não vai voltar, não vai tentar me entender, para dizer que tem outra pessoa, que eu não signifiquei nada para você, que você me odeia e nunca mais quer me ver, que eu deveria te deixar em paz.  Mas não teve uma última conversa, eu não consigo entender a razão de tudo isso. Eu deveria, mas não consigo sentir raiva de você. Eu só queria conversar, ouvir sua voz uma última vez, ouvir você me dizer para desistir porque nada vai te fazer mudar de ideia. Ou ao menos me explicar o que eu fiz de tão grave. Porque o que você fez comigo foi muito cruel...

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Mais uma noite em que eu preciso beber pra te esquecer

Meu corpo rejeita, sinto vontade de vomitar, minha ansiedade ataca

O álcool me faz tão mal... Eu quase não bebia com você, porque você cuidava de mim

Hoje eu refiz caminhos por onde passava com você

Doeu tanto subir aquela rua e não ser pra dormir contigo naquele motel...

Ou andar naquele shopping torcendo pra te esbarrar em algum andar...

Você me faz odiar essa cidade

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Eu não consigo excluir suas fotos, apagar nossas conversas... Me pego relendo, ouvindo áudios, admirando você.  Ontem assisti uma série que fala sobre amor, conta a história de uma moça com vários rapazes que ela conheceu ao longo da vida, e como cada tipo de amor, de relacionamento, vai amadurecendo com o tempo, tomando características diferentes. Eu assisti cada encontro, cada primeiro beijo, primeiro sexo dela, e chorei, chorei muito. Porque nada se parecia conosco.  Era tão morno, tão suave, tímido, desajeitado.  Com a gente teve fogos de artifício, tudo se encaixou perfeitamente, como se você tivesse sido feito sob medida pra mim.  Eu soube que queria transar com você no momento em que você me cumprimentou, estava garoando, você me ligou enquanto eu estava no ônibus porque eu estava atrasada, ficamos conversando durante todo o caminho, eu desci e te procurei pela praça, você me indicando pelo telefone aonde estava. Te encontrei, você me abraçou com um braço só enquanto segurava o telefone com o outro, você me pegou de um jeito... Me apertou com o braço forte contra o seu peito musculoso.  Nós compramos algumas bebidas, dividimos um vinho. Você sempre dizia que percebeu que eu queria te dar porque passei a perna por cima da sua quando estávamos sentados conversando. Em algum momento seus olhos fixavam minha boca, a gente se grudou com tanto desejo, no meio da garoa, naquela praça só existia nós dois.  A gente entrou em um bar, você me abraçava como quem dizia “minha”.  Nós decidimos dormir juntos. Meu estado de êxtase era tão grande que perdi meu celular, não avisei ninguém de onde estava ou quando pretendia voltar. Meus pais ficaram loucos comigo.  Nós ligamos e descobrimos que alguém tinha encontrado e guardado meu celular, você me abraçou e disse que não me deixaria ir buscar sozinha porque era perigoso. Você sempre foi protetor, me dava sua blusa quando fazia frio, me afastava para o lado da calçada em que não passava carros, você dizia que era cuidado quando controlava o quanto eu bebia, ou quando não me deixava fumar.  Não consigo esquecer das tardes em que eu saia do trabalho e ia para sua casa passar a tarde com você,  Um dia você olhou nos meus olhos e disse que eu era como a rosa do pequeno príncipe, que para você só existia eu, que era como se não houvesse ninguém antes de mim, nem depois, que eu era seu único pensamento quando você sentia saudade, quando sentia tesão. Que em meio há várias rosas, só eu era a sua rosa. Você disse que estava apaixonado. Você foi o primeiro homem que me fez gozar. Lembro de quando você me tocava enquanto trabalhava, atendia ligações, eu sentada no seu colo enquanto você tapava a minha boca para eu não fazer barulho.  Eu achava um tesão você falando de mercado financeiro enquanto eu não entendia nada.  Eu amava aquela posição em que você ficava de lado, olhando para mim, enquanto minhas pernas envolviam sua cintura, você usava as mãos enquanto me olhava, com aquela sua cara de arrogante, aquele olhar indiferente. De repente você perdia a postura, o gemido soava como um urro, você apertava meu quadril, chamava meu nome.  Lembro de um dia em que eu fechei a porta do quarto do motel, você ficava lindo de social, mas ficava mais tirando a camisa. Você tirou uma foto me segurando no seu ombro, eu amava sua força, como você me pegava como se eu fosse uma boneca. Você segurou meus braços e me jogou de bruços na cama, você me batia tão forte que depois da terceira palmada eu sabia que ia pedir para parar. Mas você parava antes de eu pedir, como se sentisse os meus limites, segurava a mão ainda na minha bunda enquanto o tapa ardia na pele, eu ficava toda marcada e amava.  Depois você me pegou e disse: “Você vai tirar a calcinha, deitar na cama e me esperar de perna aberta”. Com o tom de voz mais tranquilo possível.  Eu amava o quanto você era safado, não tinha pudor, tabus, era até um tanto rude, quase grosseiro. Amava a baixaria nas mensagens, ligações, e quando era pessoalmente só ficava melhor. Também teve o dia do Ibirapuera, eu fiz um monte de lanche porque você estava sempre sem comer. Lembro do sol batendo na sua pele branca que aparecia com alguns botões da camisa abertos, eu deitava no seu peito e te ouvia falar. Eu amava sua voz.  Você me pegou no colo enquanto algumas pessoas passavam e sorriam para gente, achavam fofo. Depois me levou ao museu que eu nunca tinha ido, passamos horas falando das obras. Você tirou fotos lindas de mim aquele dia.  Você dizia que tinha se mudado para Diadema por minha causa, que estava aguentando sua mãe, que te torturava, maltratava, para ficar perto de mim. Quando a gente brigava você dizia que preferia brigar comigo do que fazer amor com outra. Dizia que estava parando suas atividades para falar comigo, porque eu era sua prioridade.  Um dia nós vinhamos de uma sequencia de brigas, mas eu queria muito ir a um show que aconteceria na praça, você estava com muita dor no corpo e mesmo assim foi comigo.  No aniversário da sua filha teve outro show, você saiu com ela, e acabei te encontrando sem querer, eu fiquei tão nervosa ao conhecer a pessoinha mais importante do mundo para você. No fim pareceu que ela gostou de mim. Você desceu com ela e comigo para praça porque eu queria ver o show, ela estava com sono e você segurou ela ali para ir embora comigo.  A pior parte de nós dois são essas memórias que me torturam a cada dia em que você não está aqui.  É que apesar de tudo, você era cruel quando nós brigávamos, quando você estava machucado você me destruía, mas eu sentia que eu era uma prioridade, eu sentia que você se esforçava para gente dar certo, você me queria, e o que dói é que não quer mais. É que eu não sou mais a sua rosa. Eu não sou mais a “sua mulher” como eu adorava quando você dizia.  É que todas as vezes em que me pediu em casamento, em que pediu para que eu fosse morar com você, e aquele sonho da casa grande, com a claraboia que eu não fazia ideia do que era, nada disso vai acontecer. 

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A última carta

São Paulo, 05 de janeiro de 2023

Você me bloqueou dia 28 de dezembro. Alguns dias depois de eu ter te apresentado para a minha família inteira, de eu ter te levado para passar o Natal comigo, poucos dias antes do Ano Novo, antes de eu viajar.  Eu chorei todos os dias desde então. A praia é meu lugar preferido, você conseguiu estragar.  Sabe, tudo esteve errado desde o início. Eu ignorei todos os sinais, mesmo quando eram evidências gigantescas na minha cara.  Começou no Tinder, uma foto sua em que era muito parecido com alguém do meu passado que eu levei 2 anos para esquecer. Não era só o físico, você não curtia minhas fotos, meus stories, as vezes dava uns ghosting, não me dava muita moral, e foi por isso que eu me apaixonei, pelas suas ausências. A primeira vez que íamos nos encontrar não ficou muito claro para você, mas para mim ficou, eu criei expectativas, me arrumei toda, e você disse que não ia em cima da hora, não me deu explicações, nem se importou muito com a minha frustração. Eu mandei um áudio falando que não entendia porque, mesmo tendo diversas opções, eu estava tão obcecada por você, que mal estava fazendo questão de me encontrar. Essa pergunta nunca devia ter sido feita para você, mas para mim mesma.  Você ficou ressentido, achou que eu estava sendo arrogante. Então na nossa primeira noite juntos você fez um comentário infeliz sobre o meu corpo, aquilo machucou, eu entendi que você queria “me por no meu lugar”, porque eu tinha sido arrogante e você quis dizer “abaixa sua bola, que você nem é tudo isso”. Eu devia ter ido embora ali. Você tem um problema sério com complexo de inferioridade, qualquer sinal de arrogância, de crítica, comparação, você entra no modo “passivo-agressivo”.  Quantas vezes você não repetiu que “toda mulher tem um cordão de puxa saco, que eu não era especial por ter vários atrás de mim”.  Você se sentia ofendido com a minha autoestima, e sentia a necessidade de me diminuir o tempo todo.  Em uma noite eu disse que você tinha sido uma das melhores transas da minha vida. Você entendeu como uma comparação e respondeu que “se for pra comparar você não está nem no top3″. Eu devia ter ido embora ali.  Depois uma das nossas piores brigas, você me pediu para bloquear todo mundo que flertava comigo no instagram, eu me assustei porque eu sabia onde isso iria parar. Nós estávamos brigados e eu fui para um bar com uns amigos. Você ficou muito bravo e terminou comigo, eu me senti tão culpada. Não suportaria que você fosse embora e a culpa fosse minha. Aquela noite eu me humilhei para você ficar, te pedi mais uma chance, prometi que ia mudar.  E aconteceu o que eu temia desde que tocamos nesse assunto, você leu minhas conversas, viu flertes antigos, nudes, conferiu datas das mensagens, foi extremamente constrangedor e desconfortável, você bloqueou até quem achava que eu “conversava demais”. Eu virei as cotas para amigos por você. Aquele dia você me chamou de mimada, de egoísta, disse que eu não tinha escrúpulos, que eu não te entregava o mínimo, que era muito inferior as suas ex’s. Você tinha o crivo muito alto, era o que você repetia, e eu não merecia você, não merecia ser amada, não merecia ninguém que gostasse de mim como você gostava. Você dizia que eu não tinha dor na vida, que tive tudo de mão beijada, portanto minhas conquistas não tinham mérito. Você disse que não aceitaria transfobia, quando eu tentei te mostrar meu ponto de vista você não me deixou falar, ficava bravo, ameaçava ir embora, me chamava de burra, dizia que eu estava ocupando cadeira na universidade. Um dia eu soltei que uma semana antes da gente sair eu estava ficando com uma garota, você ficou indignado, passou a noite inteira falando das suas ex’s para me deixar mal, chamou uma de gostosa na minha frente. No dia seguinte você sairia com as suas filhas e eu disse que esperava que o passeio fosse péssimo porque a sua ex estaria lá, foi um comentário infeliz. Mas depois disso você fez tratamento de silêncio comigo a semana toda, mesmo eu dizendo o quão doloroso era isso para mim, eu não conseguia trabalhar, nem comer, nem dormir.  Quando finalmente nos encontramos para conversar você percebeu que eu tinha bebido, tinha sido dois copos de cerveja. Eu não deveria ter bebido nada. Você disse que estava fazendo trabalho social estando comigo, que devia estar com sérios problemas de autoestima, porque eu não chegava nem perto das suas ex’s, e fez várias comparações.  Você sabia que eu tinha traído meu ex e jogava isso na minha cara o tempo todo, eu me pergunto se eu não fiquei no relacionamento para me punir, porque achava que merecia depois de tudo que eu fiz com o meu ex. Um dia, citando esse erro novamente, me chamou de piranha.  Um dia quando íamos para uma festa, eu falava sobre ter sido modelo porque era bonita quando mais nova, e você disse “E oque aconteceu?” como quem quer dizer “porque não é mais bonita?”. Aquilo ativou um gatilho terrível em mim, eu estava sensível porque tinha bebido muito, tive uma crise de choro que durou quase 1 hora. Você disse que eu te agredi. Eu não lembro.  Vivia dizendo que não gostava de loira, que se soubesse que eu era loira não tinha dado match comigo, que minha tatuagem da fênix parecia um pombo. Quando saímos com alguns amigos meus não parava de repetir que eu era uma patricinha do morro, anarcocapitalista, transfóbica, tóxica. Até o ponto dos meus amigos se sentirem extremamente incomodados com a situação.  Você se aproveitava das situações para me fazer gastar dinheiro com você, como no dia do aniversário da sua filha, que você jogou na minha cara que até a ex madrasta dela tinha enchido de presente, eu disse que pagaria os livros que ela escolhesse e você começou a escolher para você também. A semana que gastei mais de 100 reais de uber com você, que disse que dividiria comigo e nunca aconteceu. Quando eu tive que pagar o motel sozinha para provar que valorizava você. Todo fim de mês que você ficava sem grana e eu acabava tendo que bancar os rolês.  Você controlava o quanto eu bebia, não me deixava fumar. Em uma das últimas brigas você ficou bravo porque achou que eu fui grossa porque não quis ir ao cinema, eu já tinha pagado o uber, e sabia que pagaria o cinema também, meu humor mudou quando você sugeriu. Eu te contei que minha amiga sabia que estava sendo traída e mesmo assim comprou um perfume de 2 mil reais para o namorado, você ficou jogando na minha cara que tinha que ser ruim comigo para eu te valorizar, a gente brigou até 2 horas da manhã no meio da rua, você ameaçava ir embora e eu chorava, você me torturava falando dos sonhos que tinha para nós dois, mesmo eu dizendo que estava no meu limite, com crise de ansiedade, tremendo, hiperventilando, você não parava.  Eu disse que se não tivesse medicada aquela situação podia acabar muito mal, você perguntou se eu iria te agredir de novo, e eu disse que não seria você que eu ia machucar. Você respondeu falando de um filme onde o marido vai preso por matar a mulher, que em uma crise matou os filhos. Você contou detalhes de uma cena de tortura, de um homem que quebrou o braço de tanto esfaquear a mulher, eu fiquei assustada e perguntei porque estava contando aquilo para mim e você disse que não faria diferente se eu fizesse algo com as suas filhas.  Me pediu para agradecer por você ter me dado mais uma chance. Você gostava de ver eu me humilhar, me perguntava se eu achava que merecia estar com você, se eu iria mudar, para apresentar um plano de ação, te dar uma garantia de que iria ser diferente.  Você sumia as vezes, não recebia mensagem, parecia que tinha desligado o celular, antes a desculpa era porque o celular era velho, quando trocou continuou acontecendo, depois era a bateria, ou porque queria estudar.  Na última briga você vinha me tratando mal a semana inteira, sendo monossilábico, não fazendo questão de me encontrar. Você prometia que iria me ver e chegava em cima da hora dizia que não podia porque estava com a sua filha, disse que não queria que ela se sentisse abandonada, eu questionei se ela se sentiria abandonada por causa de uma noite apenas. Você disse que eu tinha passado do limite, debochado dela, e me bloqueou. Essa foi a última mensagem que eu te mandei e você nunca viu porque me bloqueou antes: “Se me ver fosse importante pra você, vc iria até com ela junto, mesmo que não fosse pra transar.. Você não estaria me enrolando desde segunda feira.. Se eu fosse importante pra você, você não ficaria o dia inteiro me deixando no vácuo.. Você não me faria criar expectativa 2 vezes seguida pra desmarcar comigo em cima da hora.. Eu não estou competindo com a sua filha... Não estou disputando seu tempo com ela.. Foi VOCÊ que disse que podia levar ela em casa e buscar depois... Eu estive perguntando VÁRIAS vezes se vocês iam passar a semana junto, pra saber quando e se você iria ficar comigo... como eu ficaria nessa história.. e você não disse nada.. Porque se você dissesse "essa semana todinha vou passar com a minha filha e não vou te ver", eu não estaria do jeito que eu estou agora.. Mas foi você que combinou, foi você que alimentou minhas expectativas.. Na segunda você se quer me respondeu porque não podia me ver.. Ontem eu já fiquei puta com você porque você passou o dia inteiro sendo monossilábico, me deixando no vácuo, não respondendo minhas perguntas.. Eu perguntei se podíamos nos ver você disse "podemos"... eu me planejei.. Perguntei o horário e você disse que não sabia porque estava com a sua filha.. Ai eu disse "então não podemos" e você não falou nada.. mais tarde veio dizer que "era só eu ter falado que você levava ela em casa e buscava depois".. Quem abriu essa possibilidade foi você.. Depois de fazer pouco caso pra me ver.. pq se essa possibilidade existia você devia ter dito quando eu questionei que não podíamos nos ver porque você estaria com ela.. Eu fiquei chateada, tentei conversar e você só me ignorou.. dizendo pra eu parar de brigar, quando eu queria que você desse um pingo de atenção para oque eu estava sentindo.. e você cagou... Assim como cagou hoje de novo.. disse que iria me ver, desde manhã eu perguntando.. Ai chega de noite da uma dessas.. E eu questiono as possibilidades, digo que são apenas algumas horas, que isso não significa abandona-la e ai você reverte a situação e agora eu fui longe demais???Ai você da forma mais infantil e sem consideração nenhuma me bloqueia e foda-se...Eu te levei pra passar o natal comigo, te apresentei pra minha família.. estou planejando uma viagem que é super importante pra mim com você.. Com saudades, querendo te ver, querendo dividir a conversa que eu tive com a minha prima sobre o curso de psicanalise, dividir minha frustração porque não consegui pegar aulas para o ano que vem.. E você está cagando pra mim.. pra como eu me sinto..“ Eu parei de te ligar, eu queria entender o que eu fiz, porque se você mostrar nossa conversa para qualquer pessoa eu duvido que alguma dirá que eu debochei da sua filha.  Nos primeiros dias eu liguei várias vezes, em uma delas você atendeu e disse que podíamos conversar mais tarde, você mentiu, liguei o horário que você pediu e você não me atendeu. Eu me perguntei o porquê tantas vezes. Era para me fazer de otária? Para eu não insistir mais? Você atendeu sem querer? Não sabia que era eu ligando e só deu uma desculpa para desligar o telefone? Porque prometer que poderíamos falar mais tarde? Para que me dar um horário para te ligar se você não ia me atender?  O que eu fiz de tão grave para você me bloquear sem nem me dar uma explicação? Dizendo que não tem conversa? Depois de eu ter te apresentado para minha família inteira, de termos passado o Natal juntos. Em plena véspera de réveillon. Bloquear e sumir, não me atender.  Você faz ideia do quanto dói? Do quanto você me machucou? Eu revejo nossas fotos, releio as conversas e penso em te ligar. Mas ligar para quê? Para ouvir você dizer que eu só menti, que eu te desvalorizei, te constrangi, que não estou no nível do seu crivo altíssimo? Para eu me humilhar mais uma vez para você ficar? Pedir desculpas por algo que eu não fiz? Dizer que mereço outra chance e agradecer por você me dar a dádiva de estar ao seu lado? Eu te amo, e perder você está doendo em cada parte do meu corpo, da minha alma, mas eu não tenho outra alternativa se não deixar você ir. 

[entreebebacomigo]

Eu tento lembrar do quanto você me fez mal...

De quando me fez excluir e bloquear várias pessoas que um dia flertaram comigo, ou até mesmo quem você achava que eu "conversava demais"

E quando me humilhava falando que eu era mimada, sem escrúpulos, burra, piranha, que tava fazendo trabalho social estando comigo, que eu era muito inferior as suas ex mulheres, que eu não te oferecia o mínimo, que eu estava ocupando cadeira na universidade, que não merecia estar lá, que eu não tinha dor da vida e por isso minhas conquistas não tinham mérito...

Quando fez tratamento de silêncio comigo

E testou todos os meus limites, me manipulando e "comendo" minha mente durante as brigas, me fazendo entrar em crise

Todas as suas piadinhas sobre meu corpo, minhas tatuagens, meu cabelo, minha beleza...

Quando você disse que eu não estava nem no seu top3 de melhores transas depois de eu dizer que você foi uma das melhores

Quando você me diminuia, e se aproveitava das situações pra me fazer gastar dinheiro com você

Quando você controlava o quanto eu bebia, não me deixava fumar e nem ao menos falar o que eu pensava sobre determinado assunto

Ou quando você me ameaçou, descrevendo uma cena horrível de tortura e dizendo que faria o mesmo comigo se eu fizesse algo com as suas filhas

Me fazia agradecer por você não ter ido embora, dizer que eu merecia estar com você, provar que eu ia mudar, te apresentar planos de ação... você gostava de me ver me humilhar pra você ficar

E jogava comigo, dizendo que estava tudo acabado mesmo quando, na verdade, você queria ficar

E mesmo assim ainda há uma faísca de esperança de que você não tenha ido embora para sempre...

Ainda há essa maldita dependência emocional...

[entreebebacomigo]

Se você soubesse que eu tenho nojo de pensar em transar com outra pessoa

Que eu acho que vou chorar se eu pedir pra alguém fazer aquela posição que só fiz com você e descobri que é a minha preferida

Nós dois de lado, olhando um para o outro, eu te abraçando com as pernas em volta do seu quadril, você me tocando com a mão enquanto fode

A gente se beija, eu olho nos seus olhos e sinto que descobri o significado de "fazer amor"

Será que é a minha posição preferida ou é você que é a minha pessoa preferida?

Quando você tocava minha pele, o jeito que gemia quando tava perto de gozar e apertava o meu quadril...

Quando eu passava a língua nos seus lábios e você sussurrava para eu parar porque você não queria gozar dentro

Eu nunca mais vou sentir seu cheiro

Nunca mais vou sair do trabalho e ir direto pra sua casa ver você trabalhar a tarde inteira

As vezes tirava um tempo pra me tocar..

Lembro do dia que me fez gozar sentada no seu colo, você estava no telefone e colocou a mão na minha boca pra eu não gemer

Eu sonhei com isso a semana toda...

Ou quando você me tocava no cinema e eu tentava conter a tremedeira...

Como eu vou transar depois de você?

[entreebebacomigo]

Eu estou sentada em uma janela do ônibus, com o coração nas mãos enquanto ele sangra, Eu visto as roupas daquele que eu amo, sua camisa preferida, seu boné, prendo os cabelos do mesmo jeito, copio o jeito de gingar enquanto ando Faz alguns dias que o mundo desmorona para mim De repente eu sinto exatamente o cheiro que ele exala, eu procuro dos lados e não encontro Percebo que ele vem de mim Que copiei tudo para estar mais perto Nesse processo neguei a mim, me anulei, me desrespeitei Mas tudo que eu via eram cores,  “Mas nem tudo aqui é tão azul quanto eu pensava” Lembro de quando fazia promessas vazias olhando nos meus olhos Sentia como se você me penetrasse com o olhar Eu me pergunto se comi bolo mofado esse tempo todo Porque eu quis ver só o glacê  As vezes sentia seus dedos entranhados na minha mente Controlava o que eu sentia, dizia, pensava, agia Mas o tempo todo fui eu, eu que deixei seus dedos lá Aliás, não eram seus dedos, eram meus, comandados por esse coração vazio Porque existe um buraco imenso,  É muito maior do que aquela pequena fatia do “A parte que falta” Mas o que você me deu coube tão bem, que eu me senti uma esfera completa E rolei, rolei, rolei... Rápido demais, para longe demais de mim Por esse tempo não consegui escrever, não pintava, a vida passada rápido pela minha visão periférica Mas colidimos em uma pedra no caminho, Cada parte voou para um lado O ônibus não vai parar naquele ponto perto da sua casa em que a gente costumava se encontrar Eu não vou fazer aquela visita para o café da tarde De repente toda paisagem do lado de fora se resumiu a um breu Me sinto em um vácuo, sem tempo ou espaço Será que eu fui engolida pelo buraco negro no meu peito, que dei você de alimento durante todo esse tempo?  Era uma armadilha Tentar encaixar “A parte que faltava” só fazia do buraco maior Agora eu que sou toda coração, que sinto as emoções nas entranhas, Que gelava do peito do pé a espinha quando recebia uma mensagem sua Rezo para sobrar um pouco de razão em mim...