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Aspectos da Vida e Sofrimento de Jó e a Sabedoria Expressa na fala da sua Mulher | Parte 1

Aspectos da Vida e Sofrimento de Jó e a Sabedoria Expressa na fala da sua Mulher | Parte 1 Blog Equipe FABAPAR
INTRODUÇÃO
Precisa ser sábio para falar de sabedoria. O livro de Jó, como parte da literatura bíblica sapiencial, é repleto de diálogos de sabedoria. Tais diálogos seriam os que ocorrem entre Deus e Satanás, os quatro amigos e Jó, e também, em menor escala, entre Jó e sua mulher. Apesar de ser o menor diálogo do livro e um dos menores das Escrituras, pois se resume a uma curta sentença, a conversa entre Jó e sua mulher é repleta de sabedoria, ou falta dela.
A mulher de Jó foi, e em algumas situações ainda tem sido, muito injustiçada ao longo da história, não pela oração proferida, mas pelo verbo usado ao construir sua fala, a saber, amaldiçoa.
Não era sinal de sabedoria, mesmo na época patriarcal, mandar alguém amaldiçoar a Deus. Entretanto, vem a questão: será que ela de fato o aconselhou com tremenda falta de sabedoria? Os intérpretes e tradutores são praticamente unânimes em concordar com esta assertiva, se for considerado o termo que no geral as traduções bíblicas apresentam, ou seja, ‘amaldiçoa’.
Isso mostra que é necessário lançar um pouco de luz sobre o tema, olhando sob outra ótica – o contexto imediato. Apesar da praticamente unanimidade quanto à condenação da atitude da até então inominada esposa de Jó, alguns fatores devem ser levados em consideração para que se possa ao menos tentar lançar luz sobre o episódio fatídico que a condena e então restabelecer a justiça quanto àquela mulher.
Embora haja uma visão quase geral de que a mulher não desempenhasse um papel reconhecido em Israel no campo da sabedoria, pelo menos não nos moldes da sociedade atual, certamente ela desempenhava um papel importante no cuidado do lar e na educação dos filhos, principalmente em se tratando da mulher daquele homem cheio de bens, funcionários, riquezas e sabedoria.
Deus tirou praticamente tudo de Jó, mas deixou-lhe a esposa, para que o auxiliasse a suportar todo o sofrimento que viria em razão dos ataques de Satanás. Jó não sucumbiu justamente porque sua sábia esposa estava ao seu lado do começo ao fim, tendo seu papel reconhecido por ele e por Deus na conclusão da obra literária. Sozinho, ele não aguentaria! Ainda que o texto do livro de Jó tenha sido produzido em linguagem patriarcal, no qual a concepção que se tem é que a mulher não tem espaço para falar ou agir, a mulher de Jó dirige-lhe a palavra num momento de grande dor (de ambos).
O texto sagrado registra somente uma fala desta mulher, seguida de uma dura repreensão de seu marido. Nesse aspecto, é preciso lembrar-se que Jó é um livro que mostra a conversa entre sábios em forma de linguagem poética. Conversar faz parte da sabedoria. “A troca de experiências é fonte da sabedoria e gera o diálogo quando verbalizada. Sem dúvida, o diálogo entre sábios enriquece os interlocutores”.3 Jó e sua esposa, como se verá, sairão bem enriquecidos depois desta conversa conjugal.
Embora a literatura seja poética, o diálogo inicial descrito nos dois primeiros capítulos está em forma de narrativa, da mesma maneira que o final surpreendente do livro.4 É justamente nesta parte inicial da narrativa que aparece a curta conversa de Jó com sua esposa; na verdade, dela para com ele, já que é ela quem toma a iniciativa de quebrar o silêncio do sofrimento de ambos. Esta conversa da mulher com Jó também não poderia significar um diálogo entre sábios, como o restante do livro vai mostrar? Ou será que ela só agiu de forma impensada, emotiva e com muita falta de fé?
Para que as considerações contidas no presente trabalho sejam verdadeiras, deve-se partir de um pressuposto fundamental. No único e curto diálogo ocorrido entre marido e mulher, entre Jó e sua esposa, se ela o aconselhou a amaldiçoar a Deus, ficou clara a sua falta de fé e de sabedoria no manejo das palavras. Por outro lado, se ela disse a seu marido para abençoar a Deus e depois morrer, aí tudo faria uma profunda diferença, pois tornaria (e é bem) possível que ela também fosse uma mulher sábia, entre os demais sábios que participavam daquele diálogo.
1 – O PERSONAGEM JÓ E AS SUAS PERDAS
O nome Jó, a partir do texto hebraico, significa ‘ser hostilizado’, o que bem condiz com a história deste personagem, ou seja, foi isso que aconteceu com o protagonista no diálogo que é descrito no texto.
O próprio texto de Jó 1.1 identifica-o como oriundo de um local chamado Uz, e não de um local fictício. O texto citado também o identifica como um homem íntegro, reto e que temia a Deus. Além disso, como um patriarca muito rico, que chefiava sua família e ainda desempenhava o papel de sacerdote.
Jó foi um homem que de fato perdeu muita coisa. Na verdade, ele perdeu tudo, absolutamente tudo que possuía.5 Ele foi degradado em vários aspectos, ou seja, material, social, físico e emocional.
Não passa despercebido que Jó não era solteiro nem muito menos vivia sozinho. Ele era casado, até então com uma boa esposa, pois teve dez filhos com ela, possuiu muitos bens e em nenhum momento sua integridade como dona de casa, ou em outro papel e função, foi questionada.
Se Jó perdeu tudo, ela também perdeu. Se Jó sofreu pelas perdas que teve, ela também sofreu. Cada um a seu modo, mas ambos sofreram absurdamente por aquilo que perderam, afinal de contas esta é a ideia do livro.
Considerando que todos os homens e mulheres conhecem a experiência do sofrimento, o livro tem um apelo universal nesse aspecto.6 Jó perdeu tudo, menos a esposa, que continuou ao seu lado. Percebe-se que Jó não suportava mais a vida que estava levando, e que esta mulher também não aguentava mais viver do jeito que estava: pobre, sem filhos e ainda mais com uma agravante: ela estava vendo seu marido sofrer e definhar a cada dia.7
Parece que o fundamento da vida da esposa de Jó era a piedade e a prosperidade do marido. Jó tinha um alicerce forte; a esposa, não. Naturalmente, as tristezas dela eram extremas. É difícil um ser humano se identificar com a sua perda.8
A primeira coisa que Jó perdeu foram seus animais. Uns foram roubados e outros mortos por fogo que caiu do céu. Assim, Jó perdeu simplesmente todos os milhares de animais que possuía.
Ele não pode fazer nada sobre isso, ficou passivo diante das trágicas notícias recebidas. É bem provável que sua esposa estava ao seu lado, ouvindo as mesmas coisas que ele ouviu e vendo as reações de seu marido. Logo depois, sem dar tempo de tomar um fôlego – é o que evidenciam os versículos 15, 16, 17 e 18 do capítulo 1 – veio a notícia da perda de todos os filhos de uma única vez. A única coisa que Jó pôde fazer foi cair de joelhos e adorar a Deus, orando.
Onde estava sua esposa quando as notícias chegaram? Imagina-se que estava ao seu lado, sofrendo com ele, afinal de contas os filhos também eram dela. Jó aceitou a perda passivamente, não pôde fazer nada e ela viu aquela reação. Jó não lutou contra nada disso, pois o poder era de Deus e ele reconheceu prontamente isso, embora Jó também seja descrito por alguns autores9 como um homem queixoso ou reclamão.
Para alguns, ele é um personagem que se queixa de suas dores e sofrimentos na parte escrita em forma poética. Por isso, ele também é considerado o protótipo do homem rebelde, mas a verdade é que ele se entregou à soberania de Deus.
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JACÓ E ESAÚ | IRMÃOS GÊMEOS, VOZES DIFERENTES

JACÓ E ESAÚ | IRMÃOS GÊMEOS, VOZES DIFERENTES Descobrindo a Bíblia Hebraica
Em Gênesis 33, nós testemunhamos a bela cena de reconciliação entre Jacó e Esaú. Esaú, que levou 400 homens armados para esse encontro, claramente não tinha intenções pacíficas. Entretanto, tudo mudou no momento do encontro: ambos se emocionaram, se beijaram e se reconciliaram! E então, começaram a conversar. Em português, a diferença em seus discursos não é notável. O que o hebraico revela sobre o caráter de cada um deles?
Desde o primeiro momento da conversa entre Jacó e Esaú, vemos uma grande diferença em seus discursos, tanto em seu conteúdo, como no estilo. As frases de Esaú são curtas e grosseiras. Quando ele diz: “Eu já tenho muito, meu irmão (אָחִי)”, mesmo sendo irmãos de verdade, em hebraico isso soa como um apelo muito familiar e informal. Quanto à resposta de Jacó, nós vemos um discurso completamente diferente, refinado e educado.
O hebraico revela o verdadeiro caráter deles. Um dos detalhes mais notáveis do discurso de Jacó é a partícula “na” (נָא), repetida duas vezes (Gênesis 33:10) e que se perde na tradução – um sinal de um discurso educado e formal. Deus é mencionado em todas as suas frases, enquanto Esaú não menciona a Deus em nenhum momento. Além disso, suas atitudes são completamente diferentes. Enquanto Esaú diz “Eu já tenho muito” (יֶשׁ־לִי רָב), Jacó declara “eu já tenho tudo o que necessito" (יֶשׁ־לִי־כֹל). Esaú fala de riqueza, enquanto Jacó fala de suficiência.
Veja histórias bíblicas conhecidas sob uma nova luz. Essa comparação nos ajuda a entender melhor a história da "bênção roubada”, vinte anos antes. É a essa diferença no estilo de falar que Isaque se referiu ao dizer: “A voz é de Jacó, mas os braços são de Esaú”.
Como é importante nos aprofundarmos e estudarmos o texto bíblico em sua linguagem original. Acabamos entendendo muitas coisas que às vezes nos passa despercebido.
Julia Blum Professora adjunta de Estudos Bíblicos, IsraelBiblicalStudies.com
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QUAL FOI A MARCA QUE DEUS COLOCOU EM CAIM?

Qual foi a marca, o sinal, que Deus colocou em Caim? Vamos fazer uma análise bíblica contextual e exegética, para que possamos compreender de forma clara e sem suposições, o que a Bíblia nos revela sobre esse tema. Em Gênesis 4.15 nos diz:
וַיָּ֨שֶׂם יְהוָ֤ה לְקַ֙יִן֙ אֹ֔ות לְבִלְתִּ֥י הַכֹּות־אֹתֹ֖ו כָּל־מֹצְאֹֽו (Hebrew Old Testament: Westminster Leningrad Codex) (Grifo meu)
O Senhor, porém, lhe disse: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse. (ARA) (Grifo meu)
“καὶ εἶπεν αὐτῷ κύριος ὁ θεός οὐχ οὕτως πᾶς ὁ ἀποκτείνας Καιν ἑπτὰ ἐκδικούμενα παραλύσει καὶ ἔθετο κύριος ὁ θεὸς σημεῖον τῷ Καιν τοῦ μὴ ἀνελεῖν αὐτὸν πάντα τὸν εὑρίσκοντα αὐτόν” (Septuaginta) (Grifo meu)
“dixitque ei Dominus nequaquam ita fiet sed omnis qui occiderit Cain septuplum punietur posuitque Dominus Cain signum ut non eum interficeret omnis qui invenisset eum” (Vulgata Latina) (Grifo meu)
Este é um texto de difícil interpretação devido ao distanciamento cultural (aproximadamente 3800 ou 3700 a.C., ou seja, +- 5800 anos atrás) dos registros. Outro problema é de ordem gramatical, a semântica (significado da palavra). É dito no texto que após Caim assassinar seu irmão Abel o Senhor o confronta e o amaldiçoa. O primeiro homicídio ocorrido na terra não poderia ficar impune. Jeová, então, coloca um אֹ֔ות (o-tow – Sinal) em Caim para que ninguém que o encontrasse o matasse. O significado de אֹ֔ות (o-tow), traduzido em português por “sinal” na ARA, possui vários outros significados em hebraico:
אֹ֔ות = ō·ṯōw = Um sinal para não encontrar, prodígio, providência, evidência, marco, milagre, emblema, símbolo, letra. Strong, em sua concordância, traduz para: marca, milagre, bandeira (no sentido de aparecer); um sinal (literal ou figurativamente), como uma bandeira, farol, monumento, presságio, prodígio, evidência, etc. – marca, milagre, (en-) sinal, símbolo. O famoso Rabi “Rashi” em seu comentários sobre Gênesis 4:15, diz que a marca foi uma das letras hebraicas do “Tetragrammaton” (Tetragrama = יֱהֹוִה = YHWH : “Ele gravou uma letra de seu nome [de Deus] sobre a testa [Caim]” (Torah Rashi). Na Septuaginta (tradução do Antigo Testamento do Hebraico para o Grego) אֹ֔ות= ō·ṯōw é traduzida para o grego como “σημεῖον” = Semeion (Esta palavra grega significa “sinal, prodígio ou milagre”. O significado básico da palavra indica um sinal pelo qual se reconhece uma pessoa ou coisa específica. Quando a palavra “semeion” tem uma dimensão maravilhosa ou extraordinária geralmente é traduzida por “sinal milagroso”. Esta palavra enfatiza o aspecto de autenticação do milagre como indicação de que poder sobrenatural está envolvido) (Davar Elohim). Já na Vulgata Latina (Tradução do AT do Hebraico para o Latim) o termo “sinal” colocado sobre Caim é apresentado como “signum” = placa, sinal e símbolo. Matthew Henry, quanto às várias interpretações sobre o significado deste “sinal” recebido por Caim: “E pôs o Senhor um sinal em Caim. Explicações tolas, intermináveis e fabulosas têm sido dadas acerca desse sinal. Dou aqui alguns exemplos, a fim de também não exagerar sobre algo acerca do que não temos nenhum conhecimento. Caim tornou-se um negro, uma interpretação nitidamente racista. De acordo com essa ideia, nesse ponto, por alguma interferência divina no seu código genético, começou a raça negra. Caim teria ficado leproso, doença que atacou principalmente o seu rosto, tendo sido esse o início da temida enfermidade. Caim recebeu alguma espécie de tatuagem, palavra impressa ou símbolo etc. Caim ficou aleijado, tendo sido a primeira pessoa aleijada do mundo. Caim ficou semiparalisado, e começou a tremer loucamente.
Por onde ele ia a terra ia sofrendo terremotos! Algum cão feroz o acompanhava, guardando-o de qualquer atacante. Alguns refinam isso a ponto de dizer que o cão era um dos guardadores do rebanho de Abel!
O nome “Yahweh” foi estampado na testa de Caim.
O nome “Caim” foi estampado na testa de Caim; ou então, “Caim, o fratricida”.
Caim teria sido circuncidado, pelo que ele foi o primeiro homem a sofrer essa operação!
Deus fez um milagre diante de Caim, para garantir-lhe que ele estaria a salvo do ataque de qualquer outro ser humano. Deus lhe deu um sinal para aliviá-lo do medo de ser atacado, garantindo-lhe também a Sua presença.
Deus tornou Caim invencível: ele não podia ser queimado a fogo; uma espada não podia feri-lo; ele não podia ser afogado na água.
Uma luz, como o círculo do sol, acompanhava-o por onde ele fosse.
Um longo chifre cresceu em sua testa!
Chega! Quem sabe o que foi o “sinal” de Caim?
Natureza do Sinal. Sem importar qual tenha sido o sinal de Caim, visava tanto à sua proteção quanto a mostrar o desprazer de Deus.
Extensão da Ideia. Alguns eruditos pensam que não só Caim, mas também seus descendentes, continuariam a gozar da proteção divina. Esses descendentes formariam um povo brutal, impondo severos danos a qualquer que quisesse prejudicar algum membro do clã. Seja como for, e como uma interpretação ou aplicação secundária do texto, é digno de nota que há um poder divino que nos protege de qualquer dano físico (segundo se vê, com grande eloquência, no Salmo 91) Fazemos bem quando pedimos a proteção divina, para nós mesmos e para nossos familiares, todos os dias, crendo que, se uma pessoa como Caim podia ser protegida, então nós, como crentes, certamente também podemos.
Notemos como os péssimos efeitos do pecado de Adão não demoraram a ir- se acumulando! Toda a história da humanidade jaz sob a maldição de Adão. Essa maldição aumentou em Caim, e desde então nunca deixou de agravar-se, como os cardos e abrolhos produzidos pela terra.
Vão perguntar qual foi o sinal colocado sobre Caim. Sem dúvida era conhecido tanto como marca de infâmia sobre Caim, como sinal de Deus para que não o matassem.” (Comentário AT – Matthew Henry – Vol I, p. 11)
Como se percebe é praticamente impossível ser conclusivo com respeito à natureza da marca ou sinal que o Senhor lançou sobre Caim.
O que podemos depreender deste episódio é que o assassinato é o ponto culminante de um coração odioso, tal qual o irmão de Abel. Que desgraça acarretou o pecado de nossos primeiros pais, e que angústia trouxe aos seus corações. O homicídio é um pecado que brada desde a terra. O sangue clama por sangue, o sangue do homicida pelo sangue do assassinado.
Caim aprenderia como pesa uma maldição, como ela o acompanharia e o alcançaria não importa para quão longe ele fosse, ela estaria lá com ele. Somente em Cristo os crentes se salvam e alcançam a salvação, se desvencilhando da maldição do pecado. Caim foi amaldiçoado pela terra, ele era maligno, não foi capaz de amar Abel. Seu castigo foi gerado no lugar onde escolhera depositar seu coração:
“Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.” (1 Jo 3:11,12)
O primogênito de Adão afastou-se da presença de Deus e não temos informação de que tenha regressado. Foi habitar em uma terra com um nome perturbador, Node (tremente, ou terra que mostra inquietude e traz incômodo em seu espírito, ou ainda a terra do vagabundo), como um presságio para aqueles que escolheram se afastar do Senhor e nunca encontram descanso ou repouso em lugar algum.
A Bíblia nos revela que em meio ao deserto, aqueles que optaram a buscar a Cidade Celestial, foram habitar em tendas e no Tabernáculo; todavia, Caim, por não se interessar por esta Linda Cidade fixou-se na terra. Infelizmente esta sempre será a opção dos amaldiçoados por Deus, sempre buscarão a satisfação, projeção, segurança e estabilidade aqui embaixo.
Diferentemente do sinal de maldição lançado sobre o homicida irmão de Abel, há uma promessa àqueles que se decidiram por Cristo Jesus, receberemos o “ אֹ֔ות” (sinal, Semeion, Signus) da Benção, “Sinal do Nome de Deus”: “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 3:12,13) (Grifo meu)
O grande teólogo Alberto R. Timm, afirma que: “Quer esse “sinal” (hebraico ‘oth) tenha sido realmente uma marca visível colocada sobre a pessoa de Caim, como querem alguns, ou apenas um sinal a ele mostrado como garantia de proteção, como sugerem outros, o certo é que não dispomos de informações suficientes para identificá-lo mais precisamente. Isso significa que toda e qualquer tentativa de uma identificação exata desse sinal não passa de mera conjectura artificialmente imposta ao texto bíblico”.
Portanto, e como se pode ver, nenhuma dessas explicações satisfaz a curiosidade em relação àquele sinal. Contudo, o mais importante não é o sinal em si, mas a razão pela qual Deus o pôs em Caim: foi para que ele tivesse tempo de se arrepender. Percebe o grande amor de Deus pelo primeiro homicida? Pena que Caim não tenha aproveitado sua longa vida (talvez perto dos mil anos, como muitos dos seus parentes antediluvianos) para se arrepender, desprezando o oferecimento divino de salvação.
Assim, concluímos que o que está escrito na Bíblia é o que devemos aceitar. Aquilo que Deus não deixou escrito será apenas suposição. Poderemos divagar em várias situações, mas ainda assim o que irá prevalecer é a única verdade. A verdade da Palavra de Deus.
Que Deus os abençoe sempre.
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JOHN HYDE | O HOMEM QUE ORAVA

JOHN HYDE: O HOMEM QUE ORAVA
Esse é o maravilhoso e grande testemunho de um homem de Deus, cuja a sua maior ambição era a oração.
No Tabernáculo de Moisés havia um lugar tão sagrado que de todos os milhares de Israel somente um único homem tinha permissão de entrar ali; e mesmo este homem só podia entrar durante um dia dos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Este lugar era o Santo dos Santos.
Com John Hyde era assim, o lugar onde ele se encontrava com Deus era considerado terra santa.
Sempre que se chegava próximo ao quarto onde ele estava orando, era possível ouvir seus suspiros e gemidos, ver lágrimas em seu rosto e seu corpo, enfraquecido por dias sem alimentação e noites sem sono, sacudido por soluços enquanto suplicava: “Ó Deus, dá-me almas senão eu morrerei”!
Muitos pensam na oração como um privilégio, outros como responsabilidade, mas na vida desse homem santo de Deus, o privilégio e a responsabilidade em orar viviam juntos.
Através da oração intercessória, John Hyde abriu um caminho para Deus operar em convenções, igrejas e na vida de muitas pessoas.
John Hyde, sem dúvida, avançou no vasto ministério da oração, onde talvez ninguém tenha ido, ou talvez pouca gente na nossa era o fez.
Inegável que ele foi um verdadeiro apostolo da oração.
Desde muito cedo o pai de John Hyde, Smith Hyde, o criou em um lar em que havia uma atmosfera de oração. seu pai era um nobre homem de Deus que orava de forma freqüente no púlpito e no culto doméstico, para que Deus mandasse trabalhadores para a sua seara.
Não é de se admirar, portanto, que Deus tenha chamado dois dos seus três filhos para o ministério do evangelho, e uma das suas três filhas para trabalhar ativamente na obra cristã por um tempo. Entre eles John Hyde que transpunha obstáculos ao mover de Deus em oração.
Billy Graham conta que quando o John Hyde estava a caminho do campo missionário na Índia, recebeu um telegrama de um velho amigo de seu pai, com a seguinte pergunta , Você está cheio do Espírito Santo? Amassou o telegrama irritado com a insinuação que não estava cheio do Espírito Santo, afinal era um missionário de boa reputação.
Desceu ao camarote e o Espírito Santo lhe inquietou. Desamassou o telegrama, releu, caiu de joelhos e implorou a Deus que o enchesse do Espírito Santo. Entregou tudo ao Senhor, rendição total e clamou com fé pelo poder do Espírito em sua vida.
Por causa dessa gloriosa experiência Deus pode usá-lo para deflagrar o grande avivamento da Índia e depois foi o instrumento divino para o grande avivamento da Coréia entre 1902 e 1905.
Quando, uma vez, fora enviado ao campo missionário, na Índia, precisava estudar primeiro a língua.
No princípio, se dedicou a isso, mais tarde negligenciou-se para estudar a Bíblia. Argumentou que viera à Índia para ensinar a Bíblia e precisava conhecê-la antes de poder ensiná-la.
Deus, pelo Espírito, abriu-lhe maravilhosamente as Escrituras.
Mas nem assim deixou de estudar a língua.
Tornou-se fluente e correto nas línguas urdu, punjabi e inglês, mas além disso, aprendeu a língua do céu, e aprendeu a falar de tal forma que audiências com centenas de hindus ficavam fascinadas enquanto ele lhes abria as verdades da Palavra de Deus.
Naquele tempo (talvez não seja diferente hoje) a vida da igreja em Punjab (como também em toda a Índia) estava muito aquém do padrão bíblico;
O Brasil também está assim. A mídia mostra o quanto o nosso País está distante de Deus.
Estamos precisando de homens como John Hyde.
Naquela época o Espírito Santo era tão pouco honrado pelos ministérios que raramente havia conversões entre os milhões que estavam sem Cristo.
Logo se tornou evidente que havia necessidade de uma reunião anual para estudo bíblico e oração, onde a vida espiritual dos obreiros, pastores, mestres e evangelistas, tanto estrangeiros como nativos, pudesse ser aprofundada.
Deus colocou um tremendo peso de oração sobre os corações de tr��s homens – John Hyde, R. McCheyne Peterson e George Turner – a favor desta convenção. Durante vinte e um dias e vinte e uma noites esses três homens oraram e louvaram a Deus por um grande derramamento do seu poder! Três corações humanos palpitavam como um só: ansiando, suplicando, clamando e agonizando pela igreja da Índia e pelos milhões de almas perdidas.
Três vontades humanas renovadas que pela fé se prenderam como se fosse com ganchos de aço à onipotente vontade de Deus. Três pares de lábios tocados pelo fogo que bradavam de corações confiantes: “Será consumado!”
Um outro missionário que estava presente na convenção relata os eventos de uma das reuniões noturnas para homens que foi dirigida por Hyde. Nesta noite particular, Hyde chegou bem atrasado e ficou sentado em silencio diante deles por um considerável espaço de tempo antes de falar. “Quando por fim falou, ele contou-nos de maneira simples e tranqüila sobre alguns dos terríveis conflitos que tivera com o pecado e como Deus lhe dera vitória”
Creio que ele não falou por mais de quinze ou vinte minutos, depois se sentou, abaixou sua cabeça por alguns minutos, e disse: ‘Vamos ter um período de oração’.
“Lembro-me de como o pequeno grupo se prostrou sobre as esteiras de acordo com o costume oriental, e depois, por muito tempo, um após outro se levantou para orar. Houve confissões de pecado tais como a maioria de nós nunca tinha ouvido antes e intensos clamores a Deus pedindo por misericórdia e auxílio”.
Nas convenções que participava John Hyde ficava constantemente no quarto de oração dia e noite. Ele era o preletor principal, e foi da comunhão com Deus que derivou seu poder para falar.
Uma vez falaram com John Hyde para fazer alguma coisa e ele foi e obedeceu, mas voltou ao quarto de oração em prantos confessando que havia obedecido a Deus com relutância. “Orem por mim, irmãos, para que eu faça isto com alegria.”
Depois disso, saiu e obedeceu triunfantemente. Entrou novamente naquele salão muito alegre, repetindo três palavras em urdu: “Ai Asmani Bak” – “Ó Pai Celestial”.
Quem pode descrever o que se seguiu? Foi como se um imenso oceano viesse inundando aquela assembléia. Corações se curvavam diante daquela presença divina como as árvores de uma floresta diante de uma grande tempestade. Era o oceano do amor de Deus sendo derramado através da obediência de um homem. Corações foram quebrantados diante dele. Houve confissões de pecado com lagrimas que logo se transformavam em alegria, e depois brados de regozijo.
Em suas convenções ele, tinha tamanho peso pelas almas que faltava a muitas refeições, e quando se ia para o seu quarto, encontrava-o prostrado como em grande agonia, ou andando para cima e para baixo como se um fogo interior estivesse ardendo nos seus ossos.
John não jejuava no sentido normal da palavra, mas freqüentemente quando se implorava para que ele comesse, ele olhava e sorria e dizia: ‘Não estou com fome’. Não! Havia uma fome muito maior consumindo a sua própria alma, e somente a oração poderia saciá-la. Diante da fome espiritual, a natural desaparecia.
Passo a passo ele estava sendo levado para uma vida de oração, vigilância e agonia em favor dos outros.
Naqueles dias parecia que ele nunca perdia a visão dos milhares no seu próprio distrito que estavam sem Deus e sem esperança no mundo. Como ele suplicava por eles com soluços – soluços sem lágrimas, soluços que o engasgavam e que mostravam como as profundezas da sua alma estavam sendo agitadas. “Pai, dá-me estas almas, senão eu morro!” era a carga das suas orações.
Durante esses tempos de intercessão, John Hyde firmou com Deus uma aliança bem definida. Era pela conversão de uma alma por dia, não menos. Não meros interessados, mas uma alma salva, pronta para confessar a Cristo publicamente e ser batizada no seu nome.
Quando chegou o fim daquele ano, mais de quatrocentas almas foram recolhidas e levadas ao aprisco de Deus.
Ele ficou satisfeito com isso? Longe disso. Como seria possível ficar satisfeito se o seu Senhor não o estivesse?
John Hyde parecia sempre estar ouvindo a voz do Bom Pastor que dizia: “Ainda tenho outras ovelhas, ainda tenho outras ovelhas”. Não importava se ganhasse uma alma por dia, ou duas por dia, ou quatro por dia, ainda continuava sentindo um anseio insaciável, uma paixão inextinguível pelas almas perdidas.
No ano seguinte John Hyde outra vez chegou a Deus com um pedido definido e importunador. Desta vez ele queria duas almas por dia. Nesta conferência Deus o usou com mais poder do que nunca. Através dele Deus revelou vislumbres do divino coração de Cristo partido por causa dos nossos pecados. Não precisamos ter o nosso coração partido, mas ter o coração partido de Deus. Não somos participantes dos nossos sofrimentos, mas dos sofrimentos de Cristo. Não é com as nossas lágrimas que devemos admoestar noite e dia, mas tudo vem de Cristo. A comunhão nos seus sofrimentos é o seu dom gratuito para ser recebido em simples fé.
John costumava dizer: “Quando nos mantemos perto de Jesus, é ele quem atrai almas a si mesmo através de nós, mas é necessário que ele seja levantado na nossa vida: isto é, temos de ser crucificados com ele. Em alguma forma, é o que se levanta entre nós e ele, e por isso o eu precisa ser tratado como ele foi. O eu precisa ser crucificado. Somente então Cristo será levantado na nossa vida, e ele não pode deixar de atrair almas a si mesmo. Tudo isso é resultado de união e comunhão íntimas, ou seja, comunhão com ele nos seus sofrimentos!”
As oitocentas almas desde a conferência do ano anterior não satisfizeram a John Hyde.
Deus estava alargando o seu coração com seu amor. Mais uma vez ele buscou a Deus com
santo desespero. Finalmente obteve a segurança de ganhar quatro almas por dia.
Nos dias em que quatro almas não foram recolhidas para o aprisco, de noite havia
tamanha carga no seu coração que se transformava em verdadeira dor, sendo-lhe impossível
comer ou dormir. Então em oração ele pedia ao Senhor para lhe mostrar que obstáculos na
sua vida estava impedindo a bênção. Invariavelmente ele descobria que era a falta de louvor
na sua vida. Assim ele trocava suas cinzas pela grinalda de Cristo, seu pranto pelo óleo de
alegria de Cristo, seu espírito angustiado pelas vestes de louvor de Cristo, e enquanto ele
louvava a Deus, as almas vinham a ele e os números que faltavam eram completados.
Outra coisa marcante que Deus lhe ensinara, na mesma época em que a confissão dos pecados de outros estava se apossando do coração de John Hyde, é o sentimento de que era pecado achar defeitos nos outros, mesmo ao orar por eles.
Ele estava carregando certa vez um peso de oração em favor de um determinado pastor hindu. Então ele se retirou para o seu quarto de oração, e meditando na frieza do pastor e da morte conseqüente que havia na sua igreja,
começou a orar: “Ó Pai, tu sabes quão frio...” Mas era como se um dedo fosse colocado nos seus lábios, de modo que não podia falar o que pretendera, e uma voz disse no seu ouvido: “Quem nele tocar, toca na menina do meu olho”.
Hyde clamou em angústia: “Perdoa-me, Pai, pois tenho sido um acusador dos irmãos diante de ti!”
Ele reconheceu que na vista de Deus ele deveria contemplar tudo que é amável.
Entretanto, ele também queria contemplar tudo que é verdadeiro. Foi-lhe revelado que o “verdadeiro” do cristão se limita para quilo que é ao mesmo tempo amável e verdadeiro, que o pecado dos filhos de Deus é efêmero; o pecado não é a verdadeira natureza dos filhos de Deus. Pois devemos vê-los como estão em Cristo Jesus – “aperfeiçoados”, assim como estarão quando ele tiver completado a boa obra que iniciou neles.
Então John pediu ao Pai que lhe mostrasse tudo que merecesse louvor na vida daquele pastor. Ele foi lembrado de muita coisa pela qual poderia agradecer a Deus de coração, e assim passou o seu tempo em louvor! Este foi o caminho para a vitória. O resultado? Logo depois ficou sabendo que o pastor recebeu na mesma época um grande reavivamento e estava pregando com fogo.
Certo amigo relatara como o Sr. Hyde piorou fisicamente e finalmente foi persuadido a ver um médico. O diagnóstico do médico foi que o coração de John Hyde estava em péssima condição. “Nunca encontrei um caso tão terrível quanto este. Foi deslocado da sua posição normal no lado esquerdo para um lugar no lado direito.” Quando o médico perguntou: “O que você tem feito consigo mesmo?”, o Sr. Hyde não disse nada. Somente sorriu. Mas aqueles que o conheciam sabiam qual era a causa: sua vida de incessante oração, noite e dia, orando excessivamente com muitas lágrimas pelos seus convertidos, pelos colegas na obra, pelos amigos, e pela igreja na Índia. Sua oração para que ele fosse todo queimado ao invés de enferrujar estava sendo respondida.
Na primavera seguinte, John Hyde partiu para casa como um homem muito doente. Ele havia chegado na Índia no outono de 1892, menos que vinte anos antes. Mas sem dúvida foram dezenove anos muito lindos!
Algum tampo depois, quando John Hyde chegou em Nova York, ele foi imediatamente para Clifton Spring. O seu propósito era obter alívio de uma severa dor de cabeça que sofria desde muito antes de sair da Índia. Uma operação revelou um tumor maligno, diagnosticado como sarcoma.
Recuperou-se dessa operação, e em setembro foi visitar sua irmã em Northampton, Massachusetts. Mas logo depois do ano novo, começou a ter dores nas suas costas e lado. Ele pensou que era reumatismo, mas o médico sabia que era o temido sarcoma outra vez. John Hyde passou para o Senhor no dia 17 de fevereiro de 1912.
“Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós os que fareis lembrado o Senhor, não descanseis, nem deis a ele descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra” (Is 62:6,7).
Há alguns que sabem que Deus os tem escolhido e ordenado como guardas. Há alguns que vivem por tanto tempo em intimidade com Jeová que ouvem a sua voz e recebem ordens diretamente dele, que têm o privilégio de cuidar, juntamente com o Senhor, dos assuntos do seu reino.
*Extraído do livro: O Homem que Orava
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O QUE É O PERÍODO INTERBÍBLICO?
O que é o Período Interbíblico?
O período Interbíblico é o tempo que decorre entre o fim do Antigo Testamento e os acontecimentos do Novo Testamento. Esse período marca o silêncio profético de Malaquias até a pregação de João Batista.
Mas quando de fato se inicia e quando termina? Vamos acompanhar juntos esse profundo texto do pastor e escritor Enéas Tognini, que descreve de forma resumida, o estudo do livro O Período Interbíblico, escrito pelo mesmo.
Capítulo 1 – História de Israel
O berço da civilização primitiva, segundo a Bíblia e hoje comprovado por estudos, foi o Vale da Mesopotâmia, sendo o mais antigo dos povos dos quais recebemos influência os Sumérios. Eles dominavam a matemática, agricultura, inventaram canais de irrigação, carros de guerra, entre muitas outras coisas. Dominavam a cultura. Também existiam neste Vale os Acadianos, que tinham grande poder bélico. Então surgiu uma nova civilização, denominada Acádio-sumeriana. Uma parte deles deram origem à Caldéia, cuja capital era Babilônia. E ao sul da Babilônia ficava Ur dos Caldeus, cidade de educação adiantadíssima e berço natal do Patriarca Abraão. Dali, Abraão partiu para Harã, depois à Canaã, desce ao Egito e volta para Canaã.
Outra civilização importante é a Egípcia. Antes dos Faraós, não há nenhum dado sobre a história do Egito. José entrou no Egito na vigência dos Hiksos. Após a expulsão dos Hiksos, os Hebreus foram muito maltratados e só se tornaram livres com Moisés. Os Egípcios eram politeístas. Era uma civilização muito adiantada e desenvolvida.
Sucessos Bíblicos: De Abraão à Moisés, Período da Conquista (da Queda dos muros de Jericó até a morte do filho de Num), Período dos Juízes (de Otniel à Samuel), Reino Unido (de Saul à Salomão), Reino Dividido (do Norte, Israel, e do Sul, Judá), Cativeiro Assírio (os filhos de Israel foram levados durante o reinado de Oséias), Cativeiro Babilônico, Restauração (sob Ciro, os Judeus voltaram à Jerusalém). Jesus nasceu durante o domínio dos Romanos. Com a destruição de Jerusalém no ano 70 a.C., o Estado termina.
Capítulo 2 – Período Interbíblico: Ambiente e Literatura Apócrifa
É um período de 400 anos que se deu entre o Antigo e o Novo Testamento, no qual Deus se calou e não houveram Revelações Bíblicas. Foi um período proposital onde Deus deixou que o homem vivesse por seus próprios esforços e fracassasse.
Os judeus foram transformados nesse período. As tribos desapareceram e os novos judeus, despertados e curados de sua idolatria, venceram os velhos. Ao fim do Antigo Testamento, os judeus eram dominados pelos Persas e no início do Novo Testamento, estão sob domínio Romano e sob influência da filosofia grega. Antes eles falavam hebraico e no NT, passaram a falar o aramaico.
As fontes de informações sobre esse Período são a Bíblia, que pouco informa, Flávio Josefo, grande historiador e os Livros Apócrifos, livros não canônicos rejeitados pelos judeus e Protestantes.
Colocam grande parte dos Apócrifos entre 100 a.C. e 130 a.C e para cada livro são apontados dezenas de locais onde foram escritos. Seu autores também são supostos e não verdadeiros. Eles foram escritos em um período onde a profecia emudeceu.
São vários os Livros Apócrifos. No AT, eles se dividem em três grupos: Históricos, Didáticos e Apocalípticos. A Igreja Romana aceita somente Judite, Tobias, Acréscimos a Ester, Livro de Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Acréscimos a Daniel, 1 e 2 Macabeus. No NT são 22 livros Apócrifos, mas que são rejeitados até pela Igreja Romana. Para os protestantes, servem apenas como auxílio no estudo.
Capítulo 3 – Período Babilônico
Após o Reinado de Salomão, o Reino de Israel se dividiu entre Norte e Sul. O Reino do Norte se afastou de Deus para seguir sua idolatria. Com isso, em 722 a.C. foram dispersados pelos assírios por terras estranhas. Os Assírios ficaram em Samaria, dando em resultado um povo estranho aos judeus. O povo do Sul se manteve fiel a Deus.
Em resultado do desatino dos judeus, veio Nabucodonosor e os levou cativos para a Babilônia e estes ficaram longe de sua terra. Mas eles tinham ainda a liberdade para adorar ao seu Deus e para praticarem seus costumes. Quando foram libertos pelos medo-persas, alguns preferiram ficar, pois estavam estabilizados, com propriedades, indústria, comércio, etc. Esses são os judeus da Diáspora. A finalidade desse Exílio foi educar e punir povo de Deus, por causa do pecado e da rebelião dos judeus. Eles foram alertados pelos profetas a esse respeito. Os profetas deste período foram Daniel, Ezequiel e Jeremias. Judá não ficou totalmente deserta nesse período.
Nesse mesmo período, outras nações se desenvolveram. A Assíria estava abatida e sua capital completamente destruída. Média foi o mais notável, dominavam os Persas, depois se fundiram e reserva grandes surpresas para o mundo. Egito, que em 568 a.C. se tornou colônia Persa. Grécia tem uma das histórias mais fascinantes que conhecemos. Roma não teve ligação direta com o Oriente, mantendo-se isolada. Lídia, em seu apogeu, disputava glória com Média. Em 587, Babilônia, embelezada, tinha confusão religiosa, inquietação e Belsazar Regente.
Capítulo 4 – Período Medo-Persa
A Média fica no majestoso Planalto do Irã e a Pérsia a oeste do Golfo Pérsico, ao sul de Média. Ciro guerreou contra Média, Lídia e Babilônia e as conquistou. Deus havia predito alguns feitos de Ciro e a sua ascensão foi cumprimento da vontade de Deus, para libertar o restante de Judá.
Seus sucessores foram Cambises, Dario Histaspis, Xerxes, Artaxerxes Longimanus. No governo de Artaxerxes I o Egito revoltou-se contra Pérsia, houve um tratado de paz pelo qual Chipre retornou à Pérsia, a divisão do Mediterr��neo entre Pérsia e Grécia e a rebelião da Síria, acalmada por Longimanus.
Os principais acontecimentos sob os persas foram: Dedicação do Templo em Jerusalém, a Dispersão dos Judeus, judeus em Babilônia, alguns judeus desceram para o Egito, Esdras e Neemias, que restaurou, construiu e governou. Após isso veio o Declínio Persa. Aí o centro passa do Oriente para o Ocidente.
Deus conseguiu no período do Cativeiro vitórias sobre seu povo: Idolatria destruída (hoje um judeu faz tudo, menos dobrar seus joelhos a um ídolo), a Lei de Moisés respeitada (os judeus perceberam o quanto estavam longe de Deus), Inauguração do Culto Público (em todo lugar que existe um núcleo de judeus, haviam as Sinagogas. Foi preparação para a vinda de Cristo), Reverdecimento da Esperança Messiânica (passaram a esperar o Messias, antes como Libertador e Redentor de Israel e hoje como Restaurador), Pronunciado Nacionalismo (doutrinas, costumes e língua que, após o exílio, passou a ser o aramaico).
Os principais sucessos do mundo Ocidental foram Grécia e Roma.
Capítulo 5 – Período Greco-Macedônio
Esse período começa em 333 e vai até 167 a.C.
A Grécia divide-se em duas partes: ao norte a Hélade, com a capital em Atenas e ao sul o Peloponeso, com a capital em Esparta. A leste as ilhas Cécladas a punham em comunicação com a Ásia, a oeste, em comunicação com a Itália, ao Sul em rota para a África e ao norte ficava a célebre Macedônia. Os gregos tinham centenas de deuses e a religião ocupava lugar central em suas vidas. Primeiro a supremacia era de Atenas, mas por causa da epidemia e da morte de Péricles, perdeu para Esparta. Com as lutas entre Atenas e Esparta, elas ficaram enfraquecidas. Então Tebas dominou, mas logo caiu, ficando no ostracismo.
Até então, Macedônia era um apenas pequeno Estado. Filipe foi o primeiro rei que deu brilho a ela. Ele foi sucedido por Alexandre, que foi educado por Aristóteles e se tornou generalíssimo dos gregos. Alexandre destruiu Samaria. Ele era talentoso e preparado.Nos seus dias tudo prosperou e continuou a prosperar. Na ciência houve progresso, destacando-se Hipócrates, pai da medicina. Macedônia, incluindo Grécia, era o maior, o mais conceituado centro de cultura de então. O mundo todo foi helenizado. Mas Alexandre não impôs com arma a cultura grega. O povo queria essa cultura. Após a morte de Alexandre, os povos falavam duas línguas, sendo uma delas, a grega. Seu Império ficou reduzido e dividido.
O Império acabou nas mãos de Ptolomeu. Palestina sofria graves conseqüências. Passou depois à Ptolomeu I, Ptolomeu II ou Filadelfo, Ptolomeu III ou Evergetes, Ptolomeu IV ou Filopator e por fim, Ptolomeu V ou Epifanes. Sob os Ptolomeus, a Palestina ficou sujeita à África.
Os Selêucidas começaram a reinar na Síria em 312 e na Judéia em 198. Antíoco I foi o primeiro dominador da Síria. Foi sucedido por Antíoco II ou Théos, Antíoco III, chamado o Grande, Selêuco V e Antíoco IV ou Epifanes. Antíoco Epifanes foi o grande perseguidor dos judeus. Em seguida vieram Antíoco ou Eupator, Demétrio I ou Soter, Alexandre Balas, Demétrio II, Antíoco VII e Selêuco V. No tempo de Antíoco Epifanes, a Palestina compreendia um território menor que o Antigo Judá.
Capítulo 6 – Período Macabeu
Esse período, que se estende de 167 a 63 a.C., se caracteriza por lutas, perseguições, sacrifícios e, finalmente por um longo período de independência e paz.
Nesse período o Sumo-Sacerdócio declinou e passou a ser uma força política.
Os egípcios dominavam a Judéia e os sírios não perdiam a esperança de possuírem a Terra Santa. Triunfou na Judéia o Partido Grego.
Antíoco ataca Jerusalém e toma-a por assalto, matando muitas pessoas e leva para o cativeiro milhares de judeus. O Templo foi profanado e despojado. Era uma prova de fogo para os judeus, para que buscassem a Deus.
Após isso houve bárbaras perseguições Sírias. Então houve a Guerra Macabéia. A revolta começou com Matatias, sacerdote em Modim;
Após sua morte em 166, seu filho Judas (166-161), continuou a luta com 6.000 homens. Quando Antíoco mandou 60.000 homens para subjugá-lo, Judas mandou os temerosos voltarem para casa. Com apenas 3.000 derrotaram os sírios. Em seguida Judas entrou em Jerusalém e reedificou o templo, em 166 a.C. a festa de Dedicação foi instituída no ano 164. Significância da opressão síria e revolta dos macabeus:
1. Restaurou a nação da decadência política e religiosa;
2. Criou um espírito nacionalista, uniu a nação e suscitou virilidade.
3. Deu novo impulso ao judaísmo. Percebe-se isto na purificação moral e espiritual; Percebe-se isto numa onda de literatura apocalíptica; Percebe-se isto numa nova e intensa esperança messiânica.
4. Intensificou o desenvolvimento dos dois movimentos que se tornaram os Fariseus e os Saduceus. Os Fariseus surgiram do grupo purista e nacionalista. Os Saduceus surgiram do grupo que se aliou com os helenistas.
5. Deu maior ímpeto ao movimento da dispersão com muitos judeus querendo se ausentar durante as terríveis perseguições de Antíoco.
Houve ainda muita guerra. Jônatas, filho de Macabeus, foi morto por Trifon e Simão, o último sobrevivente dos Macabeus, teve um governo próspero e abençoado, mas foi morto por seu genro Ptolomeu.
Os filhos de Hasmon ganharam a batalha final. A dinastia Hasmoneana começa dom João Hircano, que travou batalhas contra Samaria, contra Edom e depois houve paz, reconstrução e lutas internas. Porém ele inaugurou na Palestina uma era de intolerância e opressão. O sucessor dele foi Aristóbulo, que teve reinado curto, no qual subjugou a Huréia, algumas regiões ao oriente do Jordão e outras. Morreu em 105 a.C. Após ele veio Alexandre Janeu, outro filo de Hircano. Seu primeiro ato foi mandar matar um de seus irmãos. Morreu e passou a coroa à sua esposa Alexandra, que governou até 78 a.C., e o sumo sacerdócio ao seu filho Hircano II, que recebeu a coroa após a morte de Alexandra, mas teve que entregar à força as coroas ao irmão Aristóbulo II. Este não teve um governo de paz e, após ser levado com sua família cativos para Roma, Hircano II recuperou a coroa. Mas Hircano II era um mero instrumento de Antípater. Esse governo foi marcado por revoluções.
Nesse período foram escritos I e II Macabeus, Judite, Livro de Enoque, Oráculos Sibilinos e o Testamento dos Doze Patriarcas.
Enquanto os Hasmoneanos, Matatias e seus filhos empenhavam-se na libertação do seu país do jugo de Antíoco Epifanes, muitas coisas aconteceram no mundo, como a Terceira Guerra Púnica, as Conquistas Romanas e a divisão do mundo em províncias.
Capítulo 7 – Período Romano
Em 63 a.C. que os Romanos se tornaram amigos da Palestina.
A primeira intervenção romana na Ásia foi em 190 a.C., na famosa batalha de Magnésia. Então os Romanos dominaram a Ásia e a dividiram entre seus aliados, os Eumenes e os Ródios. Judas Macabeu pereceu na batalha contra Báquides. Simão Conselheiro cultivou a amizade com romanos.
Primeiro Triunvirato: assim ficou conhecida a união entre Crasso, Pompeu e César em uma aliança oculta. Depois de Júlio César, veio Otávio, seu sobrinho.
Depois, muitas foram as guerras sustentadas por Augusto. Morreu coberto de tristeza, em 14 d.C.
Herodes, o Grande, filho de Antípater, aos 15 anos foi governador da Galiléia e desde cedo mostrou crueldade. Ele subiu ao trono da Judéia e trouxe para Jerusalém muitos mercenários. Mas ele não teve coragem de exercer o sumo-sacerdócio. A sua corte era helenizada e culta. Ele tinha grandes domínios, mas não respeitou a consciência dos judeus. Molestou os filhos de Israel. Seu reino prosperou, mas foi manchado por tragédias familiares. Para encobrir seus crimes, construiu cidades, reconstruiu templos a fim de ganhar a simpatia dos súditos. Morreu em 4 a.C. Foi um homem feroz, cheio de vícios, pagão, inconstante, maleável e perverso. Mas foi usado por Deus ao matar os Hasmoneanos, preparando o caminho para Cristo. E Jesus nasceu num período de paz na Palestina. Antes de morrer Herodes, também nasceu João Batista. Somente três apócrifos foram escritos nesse período: Salmos de Salomão, Livro de Jubileus e Segundo Esdras.
Capítulo 8 – Estudos Suplementares
Nesses 400 anos os judeus viveram tempos áureos e também terríveis tempestades. E nesses anos surgiram Seitas Político-Religiosas, sendo as principais:
- Escribas: o escriba, como o tempos no Novo Testamento, apareceu após o exílio Babilônico. Eles deram origem às Sinagogas. Eles preservaram a Lei, eram mestres da Lei e Doutores da Lei. Alguns pertenciam aos saduceus. Jesus lhes condenou o formalismo. Eles perseguiram a Pedro e a João. Alguns deles creram em Cristo.
- Fariseus: viviam separados do povo, por causa da imundice, e gostavam de ser chamados de santos. Suas principais doutrinas são: os homens tinham livre arbítrio, a alma é imortal, a ressurreição do corpo, a existência de anjos, todas as coisas são dirigidas pela providência divina, no mundo os justos são galardoados e os maus castigados, os justos gozarão vida eterna e os maus cadeia eterna, além da alma humana existem espíritos bons e maus. A luta mais terrível de Jesus foi com os fariseus.
- Saduceus: é a designação da segunda escola filosófica dos judeus, ao lado dos fariseus. Suas doutrinas são quase desconhecidas, não havendo ficado nada de seus escritos. A Bíblia afirma que eles não criam na ressurreição, tendo até tentado enlaçar Jesus com uma pergunta ardilosa sobre esse conceito. Com muita probabilidade, ainda que rechaçando a tradição farisaica, possuíam uma doutrina relativa à interpretação e à aplicação da lei Bíblica.
- Essênios: constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve existência desde mais ou menos o ano 150 a.C. até o ano 70 d.C. Em doutrinas, seguiam fielmente o Velho Testamento.
- Herodianos: O termo Herodiano é relacionado ao rei dos judeus, Herodes, o Grande, e designa todos os personagens históricos que tinham laços consagüíneos com ele. Partidário de Herodes, o grande. Formava uma seita para sustentar que o rei Herodes seria o Messias.
- Zelotes: significa literalmente alguém que é ciumento em nome de Deus, ou seja, alguém que demonstra excesso de zelo. Apesar de a palavra designar em nossos dias alguém com excesso de entusiasmo, a sua origem prende-se ao movimento político judaico do século I que procurava incitar o povo da Judéia a rebelar-se contra o Império Romano e expulsar os romanos pela força das armas, que conduziu à Primeira Rebelião Judaica (66-70).
- Publicanos: coletores de impostos nas províncias do Império Romano. João Batista, quando foi indagado pelos publicanos sobre como deveriam proceder, recomendou-lhes que não tomassem das pessoas além do que lhes estava ordenado recolher (Lc 3:12-13).
- Samaritanos: Não é uma seita, mas sim uma classe odiada pelos judeus. A religião dos Samaritanos baseia-se no Pentateuco, tal como o judaísmo. Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a importância religiosa de Jerusalém. Os samaritanos não possuem rabinos e não aceitam o Talmud dos judeus ortodoxos.
As principais instituições judaicas, nos dias de Jesus, eram: O Templo, que era motivo de orgulho para os judeus, as sinagogas, que existiam em qualquer lugar onde havia concentração de judeus e é o local de culto da religião judaica, sendo desprovido de imagens religiosas ou de peças de altar e tendo como o seu objeto central a Arca da Torá, e o sinédrio, que é é o nome dado à assembléia de 23 juízes que a Lei judaica ordena existir em cada cidade.
A Filosofia Judaico-Alexandria era a tentativa de fusão da filosofia de Platão com Moisés. Desenvolveram-se pontos doutrinários interessantes, alguns certos e outros errados e perigosos. Também surgiu a Teologia Rabínica, que incluía a Torá. Desenvolveram-se também nesses 400 anos idéias nacionalistas, sendo as principais o Escribismo, o Saduceismo, o Essenismo e o Apocalipticismo.
Nesses 400 anos Deus preparou o mundo para o advento de Cristo.
Contribuições do Mundo Assírio: preservação de Judá.
Contribuições do Mundo Babilônico: os filhos de Deus foram corrigidos, abandonaram a idolatria, trocaram o hebraico pelo aramaico, aprenderam a viver sem o templo, deram-se à arte do comércio, surgiram as sinagogas, as seitas e começa a Diáspora.
Contribuições do Mundo Medo-Persa: Os judeus voltaram para seu país, reconstruíram sua metrópole, seu templo e voltaram à vida livre.
Contribuições do Mundo Grego: Unir os dois mundos (Oriente e Ocidente), disseminar a cultura e a língua gregas pelo mundo, fundar nas grandes cidades centro de cultura helênica e as reações causadas pela divisão de seu império. Língua, Democracia e Filosofia foram importantes. Platão e Sócrates pregavam a existência de um só Deus. A educação era elevadíssima. Os gregos eram vaidosos e ociosos.
Contribuições do Mundo Romano: Sociedade, que era a mais imoral possível, Governo Provinciano, pois Roma era a capital e tinha facilidade de contato com as cidades do Império. Religião, que foi importada da Grécia e o culto aos imperadores. As portas do Comércio abriram para todo o mundo.
Contribuição dos judeus: As profecias apontavam Judá como berço do nascimento do Messias (Belém). Herodes acabou com os Hasmoneanos. O escribismo foi resistência contra as inovações de saduceus e helenistas. As sinagogas foram criadas. A Septuaginta ajudou aos judeus da Diáspora a ficarem firmes em Deus. O nacionalismo dos judeus também contribuiu para que eles ficassem unidos na esperança.
O mundo em que Jesus nasceu era o melhor de toda sua história, mas estava desiludido e em meio a imoralidade, constantes lutas. Nesse ambiente nasceu Jesus.
Texto escrito por Enéas Tognini. Resumo do livro: O Período Interbíblico
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O QUE É A PÁSCOA CRISTÃ?
O que é a Páscoa Cristã? Qual seu verdadeiro significado? O que de fato comemoramos e por que?
Antes de respondermos todas essas perguntas, é necessário primeiro, sabermos quantas páscoas existem? Sim, pois ao longo da história identificamos ao menos cinco páscoas que são divulgadas ou comemoradas. São elas:
A do Egito (Êx 12), a primeira, um acontecimento único, singular, sem repetição, envolvendo dez pragas e a libertação dos hebreus da escravidão no Egito;
A judaica (Lv 23), ordenada por Deus como uma das solenidades do Senhor aos israelitas quando chegassem na terra prometida em conexão com a Festa dos Ázimos (Matzot) e com a Festa das Primícias (Habicurim), que ao longo dos séculos sofreu acréscimos até chegar na sua formatação atual;
A do Messias, como os judeus crentes da igreja do Século I foram ensinados pelo apóstolo Paulo sendo o sacrifício do cordeiro “Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co.5:7b comp. Êx.12:27);
A Pagã, um sincretismo religioso, envolvendo os símbolos da fertilidade, da primavera no hemisfério norte, como coelhos e ovos (Easter), com quaresmas, proibições de se comer carne, etc.;
A Comercial, que alavanca as vendas de roupas e brinquedos para as crianças, mas que nas últimas décadas tem perdido lugar para o coelhinho que bota ovo de chocolate.
Páscoa em hebraico significa: Pessach (do hebraico פסח, que significa passar por cima ou passar por alto) é a "Páscoa judaica", também conhecida como "Festa da Libertação", e celebra a libertação dos hebreus da escravidão no Egito em 14 de Nissan do ano de 1446 a.c
Ou seja, Páscoa literalmente significa passagem; passar por cima; quando o Senhor passaria pelo Egito para derramar a décima e última praga a morte dos primogênitos (Êx.12:12,13)
Geralmente a Páscoa Cristã não coincide com a Páscoa Judaica. Isso porque elas são baseadas em calendários diferentes. A marcação da data judaica é baseada no calendário lunar de 354 dias. Enquanto a cristã é baseada no calendário solar de 365 dias.
Isso explica o desencontro das datas de comemoração pelos dois grupos. Além de ser proposital ou por parte da cristandade institucional que as datas não coincidam de acordo com o Concílio de Nicéia (325 d.C.).
Agora vejamos o Senhor Jesus no “Seder de Pessach” (ordem do jantar da Páscoa), ou seja existe uma sequência na celebração do Pessach do qual o Senhor participou e através do qual ele instituiu a Ceia do Senhor como um memorial a todos os seus discípulos.
A cerimônia da Páscoa pode ser realizada em casa, em um restaurante, ou em qualquer outro lugar combinado previamente pelos participantes Lc.22:8-9 “E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos?”
O ritual da Páscoa começa uma semana antes. A dona de casa irá retirar todo o chamêtz (fermento) da casa. Na véspera da Páscoa (Erev Pessach) se inicia a cerimônia intitulada “Bedihat Chamêtz” (a procura do fermento). Essa cerimônia é uma referência a Êx.12:8 “E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão”.
Há uma pesquisa feita pelo pai, com a ajuda dos filhos com as luzes apagadas; uma vela acesa, uma pena e uma colher de pau na mão, em toda a casa para se encontrar fermento ou alimento fermentado. Deixa-se propositalmente pedaços de chamêtz (fermento) em lugares da casa, para serem encontrados pelo pai e as crianças, recolhe-se esses chamêtz coloca-se tudo em uma sacola de papel que será queimada antes do Pessach.
O fermento na Bíblia às vezes é usado como símbolo do pecado, corrupção, malícia, etc. 1 Coríntios 5:8 “Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade”.
Segundo a tradição judaica é propriamente através do rabi Gamaliel, durante a narração do Pessach, devia ser mencionado as três testemunhas, e quem não as mencionasse, não teria cumprido o preceito do Seder: O Cordeiro, a Matzá e o Marór (ervas amargas), uma citação a Êxodo 12:8. Desde a destruição do templo no ano 70 d.C os judeus não comem cordeiro no Pessach, mas à mesa há um osso assado que representa o cordeiro, cujo sangue marcava as casas dos filhos de Israel, significando sua fé e obediência ao mandamento do Eterno (Êx.12:3,5-8,11,13).
O Senhor Jesus é chamado por João Batista de “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29). O cordeiro do Êxodo seria separado no dia 10 até o dia 14 de nisã e a exigência era: “sem defeito” (Êx.12:4-5). O 14 de Nisã é o dia da Páscoa, o cordeiro guardado por 4 dias seria sacrificado à tarde, se não apresentasse nenhum defeito, a fim de estar apto para o sacrifício (Êx.12:6).
Sacrificado à tarde: Segundo Flávio Josefo, esse sacrifício era oferecido entre as 15 e 17 horas. Jesus entregou seu espírito na hora nona (16h), conforme Lucas 23:44-46; Mateus 27:46; Marcos 15:33-37. O Senhor Jesus após três anos de ministério público, e após ser preso foi interrogado (examinado como cordeiro) pelo Sumo-Sacerdote e Sinédrio (Mt.26:57-60), por Pilatos e Herodes (Lc.23:13-15). O Cordeiro de Deus foi achado perfeito, sem culpa João 8:46 “Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes?”
Segundo o reverendo Augusto Nicodemus Lopes, a Páscoa, também, não é dia santo para nós. Para os cristãos há apenas um dia que poderia ser chamado de santo, o domingo, pois foi num domingo que Jesus ressuscitou de entre os mortos. O foco dos eventos acontecidos com Jesus durante a semana da Páscoa em Jerusalém é sua ressurreição no domingo de manhã. Se ele não tivesse ressuscitado sua morte teria sido em vão. Seu resgate de entre os mortos comprova que Ele era o Filho de Deus e que sua morte tem poder para perdoar os pecados dos que nele creem. Por fim, coelhos, ovos e outros apetrechos populares foram acrescentados ao evento da Páscoa pela crendice e superstição populares. Nada têm a ver com o significado da Páscoa judaica e nem da ceia do Senhor celebrada pelos cristãos.
Portanto para nós, o verdadeiro significado da Páscoa fala de salvação e não apenas de nossa libertação. Fomos libertos sim, mas mais do que isso, fomos salvos por Jesus quando se entregou por mim naquela cruz. O seu sangue derramado me libertou, me salvou e me deu a vida eterna. Afinal, todos nós fomos escravizados pelo pecado e precisamos ser libertos. Deus prometeu trazer julgamento sobre o mundo, mas ele nos ofereceu um escape, Jesus.
Os israelitas sacrificavam um cordeiro para salvar suas famílias. Deus sacrificou seu próprio filho para nos salvar! Durante a festa da Páscoa judaica, Jesus morreu na cruz em nosso lugar. Agora quem crê em Jesus como seu salvador está livre da condenação.
O sangue de Jesus é um sinal na vida de quem o ama, protegendo do castigo eterno. Ele liberta da escravidão do pecado e dá uma vida nova. Agora todos podemos fazer parte do povo de Deus e viver em liberdade! Paulo, escrevendo aos coríntios, disse que Jesus é nosso cordeiro pascal e que celebramos a festa removendo o fermento da malícia e da maldade e adotando os asmos da sinceridade e da verdade (1Co 5.6-8). É por isso que continuamos a celebrar a Páscoa, mas com um significado diferente do Antigo Testamento e de como o mundo comemora. Páscoa não é presente, não é coelho e nem tampouco ovos de chocolate. Páscoa é quando celebramos a libertação do pecado, o perdão do castigo e a vitória sobre a morte! A Páscoa é a celebração da salvação. Glória a Deus!
Luiz Fernando Lucas é Teólogo, Bacharel em Teologia, Professor de Teologia, pós graduado em Hermenêutica do Novo Testamento, pós graduado em Filosofia Cristã, Especialista em Hebraico Bíblico e Pastor no Ministério Evangélico Palavra de Vida | Campo Grande | MS
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O QUE ERA O ESPINHO DA CARNE DO APÓSTOLO PAULO?
"E, para que eu não me exaltasse acima da medida, pela abundância das revelações, foi-me dado um espinho na carne, o mensageiro de Satanás para me esbofetear, para que eu não me exaltasse acima da medida”. 2Co 12:7.
São vários os pensamentos e afirmações sobre o que seria o “tal” espinho na carne mencionado por Paulo. As conjecturas e especulações acerca da natureza desse “espinho na carne”, que afligia permanentemente a pessoa do apóstolo Paulo e o fazia se sentir fraco e humilhado, são muitas. Paulo, no entanto, jamais foi claro sobre isso nas Escrituras, nem seus discípulos e amigos. Segundo Lutero, se tratava das constantes perseguições; especialmente por parte dos judeus, seus próprios irmãos, aos quais Paulo dedicava tanto amor (Rm 9.3). De fato, nos textos hebraicos do AT, o termo “espinhos” pode significar também “inimigos” (Nm 33.55; Js 23.13). Segundo o pastor, escritor e teológo Hernandes Dias Lopes, o espinho da carne do apóstolo Paulo era um problema físico de deficiência visual. Mas vale lembrar, que Paulo teve muitos sofrimentos físicos, padeceu de malária (Gl 4.13), de uma doença que muito lhe prejudicara a visão (Gl 4.15) e de fortes enxaquecas. Isso, sem falar, de todas as lutas espirituais e psicológicas que um servo de Deus da estatura de Paulo certamente enfrentou. De acordo com o pensamento de Augusto Nicodemus, outra sumidade e referência em teologia, nos trás a seguinte informação: “Há várias suposições sobre o que era. Algumas até cômicas, mas poderia ser uma doença dolorosa, crônica, problemas nos olhos (Paulo pegou malária na região da Galácia), rejeição dos judeus (Rm 9, 10); poderia ser alguma aflição mental, epilepsia”.
Vemos por conta disso, que a razão por trás da revelação de sua maravilhosa experiência, era que ele podia expor e explicar a sua maior deficiência.
Hughes escreve: "É realmente extraordinário como, por uma espécie de paradoxo, a explicação de sua mais profunda humilhação exija a revelação de sua maior exaltação, de forma que o ponto exato onde seus adversários o consideram ser mais desprezível, esteja ligado a uma experiência inefável que ultrapassa de longe o brilho do espalhafatoso enfeite da exaltação deles”. Dessa forma, a hipocrisia da posição dos oponentes de Paulo é revelada, e pode ser contemplada por todos.
O propósito do espinho é duplamente indicado pela repetição da frase para que me não exaltasse. Este espinho lhe foi dado como um mensageiro de Satanás, para o esbofetear, para que o seu ministério fosse exercido na mais profunda humildade. Quanto maiores eram os seus privilégios de graça e apostolado, mais necessário era que ele percebesse a sua absoluta dependência do Senhor. Bastaria que o Senhor Deus retirasse a sua boa mão, e Paulo estaria inteiramente sob o poder de Satanás. Paulo se expressa de um modo um tanto paradoxal: aquilo que Satanás utiliza como um instrumento de tortura contra Paulo pode servir, na providência de Deus, para um propósito divino na vida do apóstolo.
Embora o significado principal e clássico de “espinho” no grego; “skolops” seja "estaca", um bastão de madeira afiado, este termo é usado principalmente na Septuaginta (Nm 33.35; Ez 28.24; Os 2.6) e nos papiros, como espinho, estilhaço ou lasca. Pillai sugere que o quadro seja o de um arador descalço que tem um espinho em seu pé. Devido à falta de métodos de esterilização eficazes, ele acha mais seguro deixá-lo ali do que removê-lo. Assim ele manca por algumas semanas até que uma pele mais grossa se forme em torno do espinho; então ele o arrancará de forma segura com uma faca." O quadro que Paulo descreve é de algo afiado, dolorosa e profundamente cravado na carne, que não pode ser removido, mas continua causando uma dificuldade crescente. O verbo esbofetear, no presente do subjuntivo, apresenta a idéia de contínua repetição de golpes fulminantes dados com os punhos cerrados (Mt 26.67; cf. 1 Co 4.11).
Mas podemos identificar especificamente aquilo a que Paulo se refere? Ele o chama de espinho na carne (skolops te sarki). O termo não está expresso literalmente através do termo “en”, mas deriva de uma interpretação locativa do dativo “te sarki”. Tal construção denotaria mais naturalmente alguma coisa embutida na carne, uma dor física. Entretanto, se o apóstolo quis dizer isso, pareceria mais natural que tivesse dito “en te sarki” como em Gálatas 4.14. Portanto, a expressão é melhor interpretada como um dativo de desvantagem, "para a carne", isto é, para a inconveniência da carne. Isto não o limita a uma aflição física, nem a exclui como uma aflição desta natureza.
Muitos dos comentaristas medievais, encorajados pela tradução da Vulgata Latina, “stimulus carnis”, assumiram que Paulo estivesse falando de tentações carnais ou de impureza. Os reformistas ampliaram isto para tentações espirituais de todos os tipos, planejadas para "furar a bolha" de qualquer arrogância que tivesse sobrevivido na vida do fariseu convertido.
Calvino localiza a esfera de tais tentações na natureza carnal que permanece ativa naquele que é regenerado. Porém nem mesmo os modernos comentaristas calvinistas sustentam essa interpretação como se fosse o significado pretendido aqui, embora mencionem esta possibilidade.
Alguns intérpretes dos nossos dias seguem a tendência da exegese de Crisóstomo, apoiada pelos patriarcas gregos em geral, e por Agostinho. Estes intérpretes acreditavam que a referência era a "Alexandre, o latoeiro" (2 Tm 4.14), aos partidários de Himeneu e Fileto (2 Tm 2.17), e a todos os adversários da Palavra, que trabalhavam para Satanás.
Segundo Munck, por exemplo, ele aceita o julgamento do intérprete dinamarquês Koch, no que se refere “ao 'mensageiro de Satanás” remeter a atos de violência, aborrecimentos e tumultos populares, às incessantes perseguições ao apóstolo, os sofrimentos de Cristo.
R. A. Knox traduz “skolops te sarki” como "um aguilhão de natureza externa, que aflige". Esta interpretação está de acordo com o seu julgamento, expresso em uma nota de rodapé, de que se trata da perseguição a Paulo por parte dos judeus, os quais o irritavam permanentemente, humilhando-o perante o mundo gentílico.
"Quando usado como uma figura de linguagem", comenta Pillai, "um espinho na carne sempre se refere a pessoas irritantes ou aborrecedoras". Isto pode ser visto em Números 33.55, onde Moisés adverte os israelitas quando estão prestes a entrar em Canaã: "Mas, se não lançardes fora os moradores da terra de diante de vós, então, os que deixardes ficar deles vos serão por espinhos nos vossos olhos e por aguilhões nas vossas costas e apertar-vos-ão na terra em que habitardes". Números 33.55
Esta interpretação se ajustaria bem com a designação dada por Paulo de um mensageiro de Satanás. Paulo descreve Satanás em outras passagens como o adversário que interfere na divulgação do evangelho. Em Atos 13.8,10, "Elimas, o encantador" é chamado de "filho do diabo" quando tenta "apartar da fé" o procônsul. Em 1 Tes 2.18, Paulo escreveu que Satanás o havia impedido, muitas vezes, de ir a Tessalônica.
E essa oposição veio mais freqüentemente de seus "parentes segundo a carne" (Rm 9.3). Tasker escreve, ao apoiar a interpretação de Crisóstomo: "Assim como não há nada que tenha uma tendência maior de exaltar um evangelista cristão quanto o gozo das experiências espirituais, não há nada tão poderoso para esvaziar o orgulho espiritual que segue tais experiências, como a oposição que o evangelista cristão encontra enquanto prega a Palavra".
Apesar de todas essas referências, ainda há um grupo de estudiosos e teólogos, que defendem esse espinho, como sendo a de uma debilidade corpórea. Há indicações em suas cartas de que sua condição física lhe causava dificuldades de tempos em tempos. Aos gálatas, ele escreveu: "Vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne (no grego, asthenia tes sarkos). E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne (no grego, en te sarki mou); antes, me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo (2Co 4:13-14; cf. 2Co 1.8; 1Co 2.3). Quanto à atitude de Paulo com respeito ao seu ministério, ele já havia escrito em sua segunda carta aos coríntios: "Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia" (2Co 4.16). A identificação precisa de tal enfermidade variou de uma dor de ouvido ou dor de cabeça, uma epilepsia (Gl 4.14), uma doença nos olhos (Gl 4.15; 5.11) e uma febre recorrente da malária. A última talvez seja a mais plausível, pois ela é acompanhada por uma dor de cabeça peculiar que foi descrita como "empurrar uma barra em brasa atravessando a testa", uma descrição similar a um espinho na carne.
Ramsay escreve que a febre da malária em algumas condições físicas retorna "em uma agonia muito dolorosa e debilitante, quando as energias de alguém são exigidas em um grande esforço. Um ataque assim é temporariamente incapacitante: a vítima só pode se deitar e se sentir uma criatura fraca, desprotegida e trêmula, quando deveria estar trabalhando. A pessoa sente desprezo e ódio de si mesma e acredita que os outros sintam o mesmo em relação a ela".
Independente de todos os pontos de vista de grandes teólogos do mundo inteiro, não temos como afirmar com precisão, algo que o próprio apóstolo Paulo omitiu através das escrituras. Assim, não temos como saber e nem tão pouco, podemos afirmar, qual seria o seu espinho na carne. Sem dúvida foi melhor que ele não revelasse de modo claro o suficiente, para que entendêssemos. Da maneira que está, e com toda essa questão subjetiva a despeito desse fato, todos nós temos uma inspirada orientação para o nosso "espinho na carne" particular. Temos uma perspectiva a partir da como tratar ou lidar, com aquilo que atormenta a nossa natureza exterior, quer seja uma aflição física, a ação de outras pessoas ou circunstâncias específicas que nos humilhem. Segundo o teólogo Lenski, ele afirma em que não só não nos é dado saber, como também nem mesmo os coríntios podiam entender a linguagem figurada de Paulo, ou seja, Paulo conta sobre este espinho na carne do mesmo modo como conta sobre seu arrebatamento ao Paraíso pela primeira vez. Nas duas ocasiões, ele revela segredos íntimos de sua vida pessoal que nunca antes foram expostos aos coríntios, e que só são revelados agora sob o imperativo da situação.
Qualquer que fosse a natureza do espinho mortificante, o apóstolo orou fervorosamente para que se desviasse dele (8). O Senhor a quem Paulo dirigiu suas orações é Cristo (9), indicando que Paulo iguala Cristo a Deus como o Receptor da oração. Como o seu Senhor no Jardim do Getsêmani (Mt 26.44), Paulo fez o seu pedido de libertação por três vezes. Até o resultado é similar: "Não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mt 26.39). Paulo conhecia a experiência de não ter suas orações atendidas de acordo com os seus desejos humanos.
A resposta é definitiva: “E disse-me: (eireken é o tempo verbal perfeito, indicando que a decisão continua de pé) A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (9).
O sofrimento de Paulo é mostrado como necessário, porque o poder divino se aperfeiçoa com a fraqueza humana; está completo, consumado (teleitai) ou cumpre seu propósito (telos) quando o homem alcança o ponto da absoluta fraqueza. Só então ele se torna um instrumento adequado nas mãos do Senhor. Portanto, o poder alcança sua máxima intensidade na fraqueza.
A graça (8-9) que é suficiente (cf. 2Co 3.5) para o apóstolo não é somente a generosidade de Deus manifestada na vida, morte e ressurreição de Cristo, mas também o poder de Cristo (cf. 1Co 15.10). Assim, Paulo não está meramente resignado com suas fraquezas; ele aceita a vontade de Deus como a sua própria. Ele, com alegria, se gloria na sua fraqueza, para que em mim habite o poder de Cristo (isto é, amplie a sua cobertura, episkenose; cf. Lc 9.34).
Assim, o apóstolo narra o método que Deus assumiu para mantê-lo firme e para evitar que se exaltasse desmedidamente pelas visões e revelações que tinha. Não se nos diz o que era esse aguilhão na carne, se um problema enorme ou uma tentação imensa. Mas Deus costuma obter bom do mau para que as repreensões de nossos inimigos nos protejam do orgulho. Se Deus nos ama, evitará que nos exaltemos sem medida; as cargas espirituais estão ordenadas para curar o orgulho espiritual. E qual o único remédio para tal situação? A oração.
Ela é um ungüento para toda chaga, remédio para toda doença e, quando estamos afligidos com aguilhões na carne, devemos nos entregar à oração. Se não nos for respondida a primeira oração, nem a segunda, devemos continuar orando. Os problemas são enviados para ensinar-nos a orar; e continuam para ensinar-nos a insistir na oração.
Apesar de aceitar a oração de fé, ainda assim nem sempre Deus dá o que lhe é pedido: porque, como às vezes concede com ira, também nega com amor. Quando Deus não elimina nossos problemas e tentações, mas nos dá graça suficiente para nós, não temos razão para queixar-nos. A graça significa a boa vontade de Deus para conosco, e isso é suficiente para iluminar-nos e vivificarnos, suficiente para fortalecer-nos e consolar-nos em todas as aflições e angústias. Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza. Deste modo, sua graça se manifesta e magnifica. Quando somos fracos em nós mesmos, então somos fortes na graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Se nos sentimos fracos em nós mesmos, então vamos a Cristo, recebemos poder dEle e desfrutamos mais das provisões do poder e da graça divina.
A Bíblia ensina que os crentes "todos recebemos graça sobre graça ..." por meio do Senhor Jesus Cristo (João 1:16), uma vez que "a graça e a verdade vieram por meio dEle (João 1:17) e Ele, como Deus encarnado, é "cheio de graça e de verdade" (João 1:14).
Assim, Lucas, por escrito, dos primeiros cristãos, disse que "a graça abundante em todos eles havia" ( Atos 4:33 ). Paulo também nos escreveu sobre a "graça na qual estamos firmes" (Rom 5: 2); Tiago falou da graça, que é maior do que o poder do pecado (Tiago 4: 6; cf. Rom 5:20); e Pedro descreveu a "distribuidora graça de Deus" (1Pedro 4:10).
Não admira que Paulo chamou de "superando graça de Deus em [crentes]" (2Cor. 9:14), e estava confiante de que "Deus é capaz de fazer toda a graça abundar para [crentes], a fim de que tendo sempre, em tudo, [eles] podem ter uma abundância para toda boa obra”. (2Cor. 9: 8).
Desse modo e concluindo nosso estudo, temos apenas uma certeza, que o espinho da carne de Paulo traz várias lições práticas, mas a mais importante delas é que, as bênçãos espirituais são muito mais importantes que as físicas. Paulo era um cristão melhor por causa de sua fraqueza, embora pensasse o contrário. Ou seja, esse “espinho na carne” provavelmente tinha uma causa física (qualquer uma daquelas já citadas), mas principalmente, a causa espiritual, o qual poderia elevá-lo a uma supra exaltação, o tirando do seu principal e único foco que era Jesus. Augusto Nicodemus diz o seguinte: “Várias coisas podem ter em nós o mesmo efeito que o espinho na carne teve para Paulo: manter humilde”. Paulo tinha que viver reconhecendo sua fraqueza e total dependência em Cristo. Assim também, cada um de nós somos fortalecidos por Cristo todos os dias, ainda que nos sintamos fracos e sem forças. Não importa qual seja o meu ou o seu “espinho na carne”, o mais importante, é que a graça multiforme e fortalecedora de Deus nos será suficiente.
Pense nisso. Deus te abençoe.
Luiz Fernando Lucas é Teólogo, Bacharel em Teologia, Professor de Teologia, pós graduado em Hermenêutica do Novo Testamento, pós graduado em Filosofia Cristã, Especialista em Hebraico Bíblico e Pastor no Ministério Evangélico Palavra de Vida | Campo Grande | MS
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QUEM É O SERVO SOFREDOR DE ISAÍAS 53?
ISAÍAS 53 REFERE-SE A NAÇÃO DE ISRAEL, OU AO MESSIAS?
O servo sofredor de Isaías 53 tem sido, durante séculos, uma pedra de tropeço entre cristãos e judeus. Enquanto comentaristas judeus afirmam que Isaías descreve o sofrimento de Israel, os cristãos leem isso como uma profecia sobre o sofrimento e a morte expiatória do Messias: "ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades". O capítulo 53 de Isaías já foi entendido como referência ao Messias também no pensamento judaico ou não?
Vamos lá, devido ao crescimento de correntes judaicas como os judeus netsarim (judeus nazarenos) e, numa tentativa desesperada e frustrada em tentar refutar a crença messiânica de que o Servo Sofredor na Profecia de Isaías 53 é o Messias vindouro, a moderna teologia judaica rabínica engenhosamente elaborou uma interpretação grotesca, totalmente descontextualizada onde afirmam que o Servo Sofredor de Isaías 53 é a nação de Yisrael, passando por cima até mesmo dos próprios Sábios do Talmud que também defendem que Isaías 53 refere-se sim a um Messias vindouro. Diante deste escopo o Artigo abaixo refuta totalmente esta ideia anti-messias da moderna teologia judaica. Segue-se agora a dissertação em tópicos sobre por que não aceitamos que a Profecia do Servo Sofredor de Isaías 53 seja o povo de Yisrael e sim o próprio Messias, Jesus Cristo.
1. O servo de Isaías 53 é um SOFREDOR INOCENTE E SEM CULPA. Israel nunca é descrito como SEM PECADO. No mesmo Livro de Isaías em que se encontra a profecia do servo sofredor (cap. 53), lemos que em Isaías 1: 4 se diz da nação: "Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, geração de malfeitores, filhos corruptores!”. Ele continua no mesmo capítulo, a igualar JUDÁ como SODOMA, JERUSALÉM como uma PROSTITUTA, e o povo como aqueles cujas mãos estão manchadas de sangue (versículos 10, 15 e 21).
Ou seja, não existe nenhuma comparação de que Israel era o “servo” sofredor e sem pecado. Quão distante é a descrição do servo sofredor de Isaías 53, e que não havia pecado e que nenhum engano havia em sua boca.
2. O profeta disse: "AGRADOU AO ETERNO MOÊ-LO." Então, o tratamento terrível que o povo judeu recebeu, agradou a Deus? Foi realmente um prazer para o Senhor?
Se, como alguns rabinos afirmam, Isaías 53 refere-se ao holocausto, podemos realmente dizer do sofrimento de Israel durante esse período horrível: "Agradou ao eterno machucá-los?”. No entanto, é comprovado através das escrituras e faz todo o sentido, dizer que Deus se agradou de ver o Messias sofrer e morrer, como nossa oferta, o sacrifício perfeito para expiação de todo o pecado, a fim de trazer salvação e vida eterna a toda humanidade, a todos os que creem no nome de Jesus Cristo.
3. A pessoa mencionada nesta passagem SOFRE SILENCIOSA E VOLUNTARIAMENTE. Mas todas as pessoas, mesmo o povo de Israel sempre se queixavam quando sofriam. Lembram-se do líder Moisés, toda a paciência que teve com o povo por conta de suas queixas e rebeldias? Quantas vezes teve que interceder junto ao Senhor, para que esse não os eliminasse de vez. Apesar dos milagres e cuidado de Deus, foram um povo que nunca se contentou com aquilo que Deus realizava em seu meio. Ou seja, não foi jamais, um “servo sofredor” que sofreu calado, como um cordeiro mudo ao matadouro. Somente um poderia entregar sua vida por nós. E Ele fez. Sim, Jesus entregou sua vida, como um cordeiro sem mácula.
4. A figura descrita em Isaías 53 SOFRE, MORRE e RESSUSCITA para expiar os pecados do seu povo.
A palavra hebraica usada em Isaías 53:10 para "oferta pelo pecado" é "asham", que é um termo técnico que significa "oferta pelo pecado". Veja como é usado no Levítico, capítulos 5 e 6. Isaías 53 descreve: “Um cordeiro sacrificial, impecável e perfeito, que toma sobre si os pecados dos outros para que possam ser perdoados”. Alguém pode realmente afirmar que o terrível sofrimento do povo judeu, por mais imerecido e injusto que seja, foi uma expiação pelos pecados da humanidade? De quem realmente, a passagem de Isaías 53 se refere, a figura descrita sofre e morre para fornecer um pagamento legal pelo pecado a fim de que outros, possam ser perdoados. Ou seja, se fosse Israel, aquele que sofreria, morreria e ressuscita-se, por quem eles morreriam se não sobraria ninguém vivo? E sendo assim, eles também teriam ressuscitado, pois o “servo sofredor” descrito nas escrituras, ressuscitaria no terceiro dia. Dessa forma, descartamos qualquer possibilidade de ser o povo Judeu, o servo sofredor de Isaías 53.
5. Aqui no texto é o próprio profeta Isaías quem está falando que o servo sofredor foi punido pela “transgressão do meu povo”, de acordo com o versículo 8. A pergunta é: Quem é o povo do profeta Isaías? É o povo de Israel. O servo sofredor de Isaías 53 sofreu pelo povo de Israel. Então, como Israel poderia ser o próprio povo de Israel?
6. A figura de Isaías 53 “MORRE E É SEPULTADA” de acordo com os versículos 8 e 9. O povo de Israel nunca morreu como um todo, e ainda assim, se todo o povo tivesse sido dizimado em sua totalidade, tivesse morrido, quem iria morrer pelo povo? Quem iria morrer para salvar o próprio povo que havia morrido? Isso seria um paradoxo em si mesmo, ou seja, alguém ser morto, dando a sua vida para salvar a si mesmo da própria morte. Muito confuso, não é mesmo? O povo de Israel foi expulso para fora de sua terra em duas ocasiões e depois voltaram, mas eles nunca deixaram de estar entre os vivos. Diferente de Jesus Cristo que morreu, foi sepultado e ao terceiro dia, RESSUSCITOU. Glória à Deus!
Assim sendo, e com todas as informações retiradas da história e da própria escritura, o que podemos de fato afirmar? Que ISAÍAS 53 não pode, em hipótese alguma se referir ao povo de Israel. Também não tem como se referir a nenhum profeta. Nem Isaías, nem Moisés e muito menos Elias. E se não foi Moisés, certamente não seria qualquer outro ser humano menor do que ele. Mas segundo a palavra, o MESSIAS seria MAIOR do que Moisés. Porque ELE É MAIOR DO QUE OS PATRIARCAS, como se diz: "Meu servo será EXALTADO, e ELEVADO, e SUBLIME AO EXTREMO". E Ele, será mais ELEVADO do que Abraão, e EXALTADO acima de Moisés.
Então de que fala o profeta Isaías? Ele fala do Messias, do Rei dos reis e Senhor dos senhores. Tanto que o segundo versículo de Isaías 53 corrobora com essa afirmação, tornando muito mais claro e evidente, quando diz: ““Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.” Isaías 53:2
O Renovo que brota é sem sombra de dúvidas, uma referência ao Messias que havia de vir. E de fato, é uma referência messiânica comum, não só no livro de Isaías, como também em vários outros livros da Bíblia. A dinastia davídica deveria “SER CORTADA” no juízo como uma árvore derrubada, mas foi prometido a Israel que UM RENOVO (BROTINHO) BROTARIA DO TOCO. O Messias deveria ser aquele BROTO. Várias palavras hebraicas foram usadas para se referir a esta inegável imagem messiânica. Todos os termos estão relacionados no significado e estão conectados nos textos messiânicos onde foram usados. Em Isaías 11, que praticamente TODOS OS RABINOS também concordam que se refere ao Messias, foram usadas as palavras "RENOVO" (hoter) e “RAMO” (netser) para descrever o REI MESSI NICO. Isaías 11:10 chamou O MESSIAS de "RAIZ (shoresh) de Jessé”. Sendo esse Jessé, o pai de Davi.
Isaías 53 descreveu o SERVO SOFREDOR como UMA RAIZ (shoresh) de terra seca, usando a mesma METÁFORA e a mesma PALAVRA que Isaías 11. Também vemos outros termos usados para o mesmo conceito, como o “BROTO” (tsemach) em Jeremias 23.5, em Isaías 4.2 e também, nas surpreendentes profecias de Zacarias 3.8 e 6.12.
Sem dúvida, Isaías 52.13 e 53.12, refere-se ao MESSIAS YESHUA, JESUS CRISTO e não ao povo de Israel. Ele, Jesus Cristo, é aquele que foi exaltado, diante de quem os reis fecham a boca. O Messias é O RENOVO que surgiu da DINASTIA caída de DAVID. Ele se tornou O REI DOS REIS. Ele providenciou a expiação final e completa. Mesmo com o Seu sofrimento, Ele agradou a Deus.
Isaías 53 deve ser entendido como referindo-se ao REI DAVÍDICO que viria, isto é, o Messias e não o povo de Israel. Foi profetizado que O Rei Messias iria sofrer e morrer pelos nossos pecados e que depois, iria ressuscitar. Ele serviria como sacerdote às nações do mundo e aplicaria o sangue da expiação para purificar os que crêem.
Ou seja, SOMENTE há um, a quem este texto de Isaías 53 pode se referir, Yeshua, o Messias que havia de vir. Aquele, cujo milhões se referem como O CRISTO, que vem da palavra grega para MESSIAS. Todo aquele que crê em Seu nome e O CONFESSAM como Senhor e Salvador de suas vidas, se tornam FILHOS DE DEUS, sua prometida descendência, os despojos de sua vitória, aqueles que juntamente com Ele, se tornam herdeiros, que passam a receber a vida eterna. Que coisa tremenda que só Jesus poderia nos dar. De acordo com o testemunho dos Apóstolos Judeus, Yeshua morreu por nossos pecados, ressuscitou, ascendeu à direita de Deus e agora serve como nosso grande Sumo Sacerdote que nos purifica do pecado. E nosso Rei Yeshua governa O SEU POVO e está em vias de conquistar os gentios. Os discípulos judeus do primeiro século estavam dispostos a morrer em vez de negar que tinham visto o Messias ressuscitado.
Portanto, não temos como negar o óbvio, aquilo que a história mostrou, o que as escrituras comprovam, que Yeshua, Jesus Cristo de Nazaré é aquele quem Isaías, o profeta, profetizou dizendo que Ele viria. E Ele veio, sofreu, morreu e ressuscitou. Ele recebeu a mais alta posição e o nome, que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus, todo joelho se dobre, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse, que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Jesus Cristo vive e em breve voltará. Deus te abençoe.
Luiz Fernando Lucas é Teólogo, Bacharel em Teologia, Professor de Teologia, pós graduado em Hermenêutica do Novo Testamento, pós graduado em Filosofia Cristã, Especialista em Hebraico Bíblico e Pastor no Ministério Evangélico Palavra de Vida | Campo Grande | MS
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DEUS REALMENTE ABANDONOU JESUS NA CRUZ?
“Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni? "que significa: Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? " Marcos 15.34
Por que Jesus proferiu essas palavras? Deus realmente O abandonou? Jesus estava arrependido por estar naquela Cruz?
As pessoas próximas à cruz, também, não entenderam as suas palavras e achavam que Jesus estava chamando Elias para salvá-lo. Mas as palavras de Jesus vieram diretamente de um dos mais ricos salmos messiânicos. Aproximadamente mil anos antes de Cristo, o rei Davi escreveu as palavras que bem descreveriam o sofrimento do Ungido do Senhor na cruz. O Salmo 22, que apresenta os sentimentos de Cristo na cruz, inicia com as palavras que Jesus mesmo falou naquela tarde no Calvário: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? Salmos 22:1
Agora o mais intrigante. Como pode, Jesus que tinha convicção de sua grande missão recebida do Pai, agora, justamente quando está cumprindo integralmente a missão, Deus, o Pai, O abandona? Não é estranho?
Mais estranho ainda é saber que milhares de mártires cristãos foram torturados, serrados ao meio, queimados vivos, amarrados em postes e queimados como tochas humanas, servindo de luminárias nas estradas romanas, vários foram crucificados e boa parte desses, sofreram cantando, louvando, bendizendo e glorificando à Deus, como citado em Hebreus 11 (os heróis da fé) e como Estevão, apedrejado e pedindo ao Pai que perdoasse seus assassinos.
Será então que esses eram mais fortes do que Jesus? Tinham mais fé que o Filho de Deus? O que de fato então levou Jesus a clamar em alta voz e ainda assim, mesmo parecendo algo insensato, Deus permitir, que através da iluminação do Espírito Santo, pudéssemos ter essa voz transcrita nas sagradas escrituras?
Então vamos aos fatos: Por que Jesus proferiu essas palavras? Deus realmente O abandonou? Jesus estava arrependido por estar naquela Cruz?
Primeiro: Jesus não tinha medo da cruz, não tinha medo da morte, afinal Ele mesmo afirmou: “Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai". João 10.17 e 18
O que Jesus gritou, clamou quanto ao abandono de Deus foi unicamente a comunhão com Ele. O sentir da Sua doce presença. Jesus e o Pai eram UM. Jesus a todo momento buscava a comunhão secreta com o Pai, entrava na intimidade de Sua presença. Veja alguns exemplos: “Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava.”Lucas 5.16
“Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus.” Lucas 6.12
“Certa vez Jesus estava orando em particular, e com ele estavam os seus discípulos.” Lucas 9.18
“Certo dia Jesus estava orando em um determinado lugar.” Lucas 11.1
“De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando”. Marcos 1.35
Jesus era um homem de oração, que buscava viver em plena intimidade e busca do Pai. Os dois se completavam.
De repente, Jesus não consegue mais sentir a presença do Pai. Ele se vê distante. O Pai realmente o tinha abandonado? Não. Não é bem assim. Preste atenção nesse texto: “... mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Entendeu ou quer que eu desenhe? Simples assim. Jesus não estava em pecado. Jesus não havia cometido algum pecadinho ou pecadão, Jesus “só” estava carregando TODOS OS PECADOS DA HUMANIDADE, só isso. Se um pecado faz separação entre nós e Deus. O que você me diz sobre todos os tipos de pecados da humanidade? Esses pecados criam uma densa nuvem de trevas, que impede Deus de nos ver e nos ouvir. Não que Ele não possa ver, mas Ele se recusa a ver. Sua leis e regras são fielmente cumpridas por Ele. Deus é um Deus de ordem e de regras. Além disso, Deus é Luz e a Luz não tem comunhão com as trevas. “Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos;” Isaías 60.2.
A Palavra é clara, as trevas são o mal. E a escuridão nossos pecados. Ou seja, não tem como enxergar nada no escuro.
Portanto, a dor mais profunda, o que mais angustiou Jesus foi o separar de Seu Pai. Foi perder a comunhão e a intimidade com Seu Deus. Esse foi o motivo real de suas palavras na cruz. Esse foi o real sentido de abandono.
Por isso, meu irmão e minha irmã, você pode perder tudo, amigos, família, cônjuge, filhos, bens materiais, carro, casa, riquezas, tudo. Nada disso te afetará profundamente. Nada disso te abalará a ponto de você clamar e pedir: “Se possível, afasta de mim esse cálice..”
Você consegue viver sem nada. Só não consegue viver sem Deus. Só Ele é seu TUDO.
Assim, não peques mais. E se pecar, se arrependa e peça perdão a Deus. E Jesus, teu intercessor, Aquele que morreu na cruz por amor a você, vai interceder junto ao Pai e Ele vai te perdoar. Portanto, jamais perca a intimidade e comunhão com o Pai.
Luiz Fernando Lucas é Teólogo, Bacharel em Teologia, Professor de Teologia, pós graduado em Hermenêutica do Novo Testamento, pós graduado em Filosofia Cristã, Especialista em Hebraico Bíblico e Pastor no Ministério Evangélico Palavra de Vida | Campo Grande | MS
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