Tumgik
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derramam-se as palavras
em meus olhos
derramam-se as palavras
ditas e não ouvidas
em minha boca
derramam-se as palavras
de uma vida envernizada pelo não dito
em meus braços
derramam-se as palavras
do meu afago
em meu colo
derramam-se as palavras
que quis ouvir quando criança
em meu seio
derramam-se as palavras
que alimenta, sustenta os dias iniciais
em meu ombro
derramam-se as palavras
do âmago sonho de esperança
em meus pés
derramam-se as palavras
dos passos que ainda precisam ser dados
a minha frente
derramam-se as palavras
a encorajar-me da longa caminha ainda ser conquistada
os olhos não aguentam mais chorar
a boca tá cansada de não falar
o colo quer consolo
o seio uma hora vai secar
o ombro encoraja na realização do sonho
os pés, frente ao corpo, nos mostram
o futuro
e ele é preto
e ele
é ela.
Fabiane Marques
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des-costurar
des-costurar
os pontos do tecido comprido é
des-costurar a si
é desconstruir os pontos
que o mundo costurou
para impelir
de ser costura vistosa, única
de ter estampa viva e curta.
Fabiane Marques
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O avesso do retalho
a distopia de ser o avesso do retalho
o mundo submerso
o lado feio da costura
o emaranhado de linhas
que constrói a ligação entre os retalhos
os ninhos-fios entre os galhos-postes
que não se devem ser vistos no lado vistoso da costura
aos que ousam exibir-se como fio descabelado
não há outro destino
há não ser o de ser cortado, eliminado
pela tesoura-arma-de-fogo-corta-amaranhado.
Fabiane Marques
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movimento arrítmico
o mundo move
move o mundo
no movimento rítmico
o rítmico movimento, move
o mundo
no compasso do passo
uma pedra no meio do caminho
descompassa o passo
o mundo para
descompassando o movimento rítmico
fita-se a pedra
a pedra o fita
e o mundo compassa
segue o mover do mundo
no movimento arrítmico
o arrítmico movimento, move
comove, muda
o mundo.
Fabiane Marques
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no abraço do vagar só
a solitude vaga só
e só se encontra em si
ruas vazias ao nada a vagar
vaga o vazio, da poeira no ar
as folhas caem, a alma inocente sobe
no meio, o início e o fim se encontram
e se debruçam ao olhar o existir, da folha e da alma.
a conclui-se que o vazio existe, se sente.
no abraço do vagar só
o vazio e a solitude comungam entre si.
Fabiane Marques
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teu azul céu
o prédio
em construção
cada tijolo
posto
o querer
de estar perto
da miragem
do infinito
do teu azul
céu.
Fabiane Marques
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as vísceras da palavra
há leituras que me mastigam
e me cospem crua,
sob a saliva de uma escrita minúscula
sem pontos, vírgulas, reticências
sou abocanhada pelo que existe de dor e angústia na palavra.
Fabiane Marques
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