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Hollywood: Coming out of the Celluloid Closet
"The boys in the band" (Remake), 2020 Parte 6: A revolução sexual e as representações.
Com o fim da censura e o advento da revolução sexual que atingiu os Estados Unidos nas decadas de 60 e 70, Hollywood enfim lança um filme de homossexuais sem um final trágico: The Boys in the Band apresenta um cenario em que os gays se analisam e refletem sua existência, o filme apresenta certa melancolia, mas ela é fruto da visão de seu autor que admite: “Eram infelizes e chatos, se eu me enganei… era um reflexo do que estava errado na minha cabeça, mas era assim que eu via as coisas na época. Acho que o humor autodepreciativo foi resultado da baixa autoestima decorrente dos conceitos vigentes na época.” (Mart Crowley, escritor)
"O que mais gostei em 'The Boys in the Band', eu ainda não tinha me assumido, foi mostrar os gays com um sentido muito grande de camaradagem, de pertencerem a um grupo, eu nunca tinha visto isso." (Mart Crowley, escritor)
Filmes como "Cabaret" retratou a homossexualidade de forma sútil e sem problematizar, tratando sem grande escandalo.
Na decada de 80, dois filmes que abordam a homossexualidade são lançados:
"Cruising", 1980
Este filme mostra um assassino de homossexuais no meio do cenario da boates gays, mas as cenas mostram ambientes violentos, imagens cheias de couro e latex jogam os homossexuais num meio de descontrole e perigo. Diversos personagens gays são mortos na tela de cinema.
"Não vi o filme 'Cruising', mas fui vítima de um cara que viu. Meu namorado e eu fomos atacados por jovens, eles nos ameaçaram e nos fizeram sair do cinema e quando eu estava fugindo, um deles falou: 'Se você viu 'Cruising', sabe o que merece." (Ron Nyswaner, roteirista)
"Os homossexuais mudaram de vitimas para agressores" ou, melhor dizendo, voltaram a ser presentados como uma ameaça.

Como consequência, o movimento lgbt da época se posicionou diretamente contra "Cruising", fazendo protestos e buscando a proibição do filme.

"Making Love", 1982
Making Love apresentou a homossexualidade como um ato de amor, não de violência. Como consequência, Hollywood teve que alertar o seu público, colocando uma cartela no inicio do filme, avisando do conteudo "Sensivel" e que alguns poderiam ficar impressionados.
O filme trata abertamente a homossexualidade —e de forma positiva —mas foi um filme muito dificil de ser lançado: "quem gostaria de ficar conhecido por interpretar um personagem gay", além da troca de dono do estudio que produzia o filme, que piorou a situação.
"Na estréia, eu estava em Miami. Nos sentamos, o filme começou, enquanto o filme passava percebi que o público ficava cada vez mais incomodado com o que acontecia na tela. A coisa foi aumentando, no primeiro beijo, parecia que tinha estourado uma bomba." (Mart Crowley, escritor)
A cena de sexo presente em Making Love é sútil, filmada de forma romantica e feita da mesma forma que se faria numa cena heterossexual para um filme "água com açucar", mas ela foi um escandalo, mais escandalizante do que as mortes em "Cruising".
No final do século XX, com o advento da AID's, filmes retratando o que já foi chamado de "Câncer Gay" começam a surgir.
Philadelphia, de 1993, é um desses filmes.
Humanizando o homossexual na figura de Tom Hanks, oferenco uma perspectiva com mais compaixão.
"Philadelphia foi um ótimo filme, mas não provou nada. É sobre um herói gay que morre, uma figura trágica. Resta saber se Hollywood e o público aprovariam um herói gay que sobrevivesse." (Jan Oxenberg, diretora)
The Celluloid Closet termina de forma positiva, olhando para um futuro promissor em que os homossexuais poderiam se encontrar além de seus esteriotipos crueis e desumanizantes, onde Hollywood estivesse disposta a contar a história da luta e da superação dos lgbt's.
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Hollywood and the Celluloid Closet: The Sequel
Durante anos os homossexuais eram usados como fonte de riso no cinema hollywoodiano, seja por seus trejeitos ou por se vestirem de forma feminina, eles eram a garantia de um riso fácil e sua representação não ia além disso, porém as coisas começaram a mudar a partir da década de 30.
Mas não de forma positiva.
A criação do Código de Autocensura Hays, aliado a força política da Legião da Decência, permitiu uma enorme censura e boicote aos filmes acusados de violar a moral e incentivar práticas indesejáveis, como a chamada “perversão sexual”, nomenclatura que se estendia aos “atos imorais entre pessoas do mesmo sexo.
"Nosso povo americano é gente simples e sã, filosofias de vida distorcidas, cenas de sexo repulsivas, piadas sujas e palavrões não são bem-vindas. Pessoas decentes não gostam dessas coisas e é nossa obrigação proibi-las. "(Joe Breen, Diretor do Código de Censura)
Esperando que personagens homossexuais não aparecesse mais em tela, o que de fato acontece é que eles se tornam codificados, são escondidos dentro de subtextos e referências sutis.
A censura poderia alterar tramas inteira se achassem necessário, mas havia casos que eles deixavam passar…
"Crossfire", 1947 (inspirado em um livro que aborda a violência contra os gays, se tornou um filme sobre antisemitismo.
O código de censura permitia que dois tipos de personagens passassem, essas representações acabariam por durar mais tempo que o próprio código em si e teria uma enorme influência negativa na percepção dos homossexuais.
parte 4: o Vilão
"The Maltese Falcon", 1941 —descrito como gay no livro, no filme sua sexualidade é apenas sugerida pelos seus trejeitos
O “Maricas” perde um pouco de seu holofote para uma nova figura: o "Vilão Cruel", homens ligeiramente afeminados e exóticos, mulheres brutas, ambos apenas sugeridos visualmente como homossexuais, mas claramente violentos ou psicopatas. Sua sexualidade está no subtexto, mas sua perversão é o destaque da trama.
São a ameaça, os perturbados e deturpadores, suas tentativas sutis de flerte beiram o assédio, são invasivos e manipuladores.
"Rope", 1948 —o suspense de Hitchcock apresenta dois vilões com fortes insinuações de sua homossexualidade, eles chegam a comparar um assassinato a um orgasmo de maneira velada.
São escritos para darem medo e incômodo, o espectador deve ter repulsa deles, era um aviso: aqueles que fugiam do padrão de gênero eram mais do que estranhos, eram genuinamente perturbadores.
Quando não eram assassinos, eram assediadores obcecados pelo protagonista heterossexual
"Rebecca", 1940
"Às vezes, os censores fingiam não verem as lésbicas, contanto que elas estivessem atrás das grades."
Os homossexuais eram representados como criminosos e merecedores de mortes violentas, era "natural": se a homossexualidade era uma doença, os gays seriam figuras moralmente deturpadas.
"Suddenly Last Summer", 1959 —cena em que Sebastian é morto por uma multidão
O próprio documentario compara a morte de Sebastian, um personagem de "Suddenly Last Summer", com a morte do monstro de Frankenstein.

Nas duas cenas uma população persegue as figuras concideradas perturbadoras, mas o público possuia mais simpatia pelo monstro da universal do que pelo homossexual.
"Sebastian era o perfeito homossexual para a época: sem voz e nem rosto. Já que vivia como um monstro, deveria morrer como tal..."
Infelizmente, essa forma de representação ainda ia ser feita durante décadas.

"Cruising", 1980
Parte 5: O Melancólico
Outro tipo de representação do homossexual que aparecia nas telas era a do gay “Melancolico” —que ganhou mais força na decada de 60, após o fim do codigo Hays —figuras tragicas que serviam para mostrar o quão sofrida era a vida de um homossexual, e por isso tão reprovavel: “quem gostaria de ter essa vida” era o que Hollywood dizia ao seu público.
"A homossexualidade estava finalmente sendo discutida, mas como algo que as pessoas decentes não conversavam."
Mostravam existências infelizes e deturpadas, marcadas pela "tragedia da homossexualidade".
"Rebel Without a Cause", 1955 —o personagem de Sal Mimeo é lido como gay pelo público, ele é baleado e morre.
Os personagens homossexuais continuavam morrendo de forma trágica,agora menos como uma vingança da indústria cinematografica contra a "ameaça degenerada" e mais como um destino horrível reservado aos que sofriam com sua "perturbação".
The Children's Hour, 1961 —Cena em que a personagem de Audrey Hapburn encontra a mulher com quem tinha um caso enforcada.
"Ela se sente baixa e suja, ainda choro quando o vejo e penso: 'por que choro? por que ainda me toca?' É um filme antigo, as pessoas não pensam mais assim. Mas não é verdade, as pessoas ainda pensam assim.
Levanto minhas bandeiras de alegria, orgulho, equilibrio, bissexualidade, queer e safadinha. Por mais que eu demonstre estar contente comigo mesma: 'Sou pervertida e estou feliz por ser'. Uma parte de mim pensa: 'como posso ser assim?"(Susie Bright, escritora)
"Advise and Consent", 1962 —cena de um bar gay, um local sufocante e cheio de "pervertidos"

"The Sergeant", 1968 —policial se suicida após beijar um homem.

"The Detective", 1968 —na cena, o personagem de roupão dourado é morto após tentar abusar do protagonista. Ao longo do filme, o detetive explora o cenário urbano da vida homossexual, retratada como insalubre, degenerada e tragica.

"Advise and Consent" —cena em que descobrem que Brig cometeu suicidio após ser chantageado a ter sua sexualidade exposta.
"Vi esse filme —Advise and Consent —no último ano do colegial. Eu era virgem, nunca transei com ninguém até os 25 anos. Na época, tudo era teoria. Eu vi um possível futuro para mim ali, foi a primeira imagem do que eu imaginava ser a vida dos homossexuais, e foi assustador. Dava a entender que as pessoas tinham de ficar nas sombras. Eu achava que algo terrivel iria acontecer comigo, algo sem retornos, depois que eu transasse com um homem." (Armistead Maupin, escritor)
"O destino do personagem gay na literatura, no teatro e no cinema americanos é o mesmo de todos os que tem liberdade sexual. A mulher adultera só é expulsa. A lésbica, é melhor se enforcar. E o gay tem de ser punido mesmo, tem de morrer." (Arthur Laurents, escritor)
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Hollywood and the Celluloid Closet
Por: Lucas Costa
"Dickson Experimental Sound Films"(1894, Thomas Edson)—conciderado, mesmo que de forma anacronica, um dos primeiros filmes a apresentar uma relação homoafetiva. Seu anacronismo se dá pelo fato de que, por mais que na atualidade dois homens dançando com seus corpos intimamente unidos seja visto como algo "de gay", as relações de afeto entre homens no final do século XIX difere das socialmente aceitas hoje em dia. Também pode ser encontrado pelo título "The Gay Brothers".
Parte 1: the Celluloid Closet
O documentário The Celluloid Closet (1995) é baseado no livro de mesmo nome lançado em 1981, escrito pelo historiador de cinema norte-americano e ativista Vito Russo (1946-1990), conhecido por seu combate contra a retórica homofóbica no campo da mídia. O documentário mostra como a figura do homossexual foi representado nas telas do cinema hollywoodiano ao longo das decadas.
Contando com a participação de atores como Tom Hanks (Philadelphia, 1993), Tony Curtis (Some Like It Hot, 1959), Susan Sarandon (Thelma and Louise, 1991) e Whoopi Goldberg (The Color Purple, 1986), além de diretores, roteiristas e escritores de Hollywood que fizeram parte da história dos lgbt’s na ficção americana. O filme entrelaça cenas, narrativas e fatos históricos sendo contados por aqueles que vivenciaram o cenário da velha Hollywood e os avanços (e retrocessos) na representação do homossexual.
Parte 2: a tela, a representação e os invisíveis
"Hollywood, a grande criadora de mitos, ensinou o que os heterossexuais deviam pensar dos homossexuais...e o que os gays deveriam pensar de si mesmos. Ninguém escapou dessa influência."
Por um facho de luz refletido em uma tela, centenas de pessoas ficam isoladas do mundo durante uma a duas horas, se esquecendo de seu cotidiano por um momento para vivenciarem o festival de cores e sons que o cinema é. Mas o poder dos filmes não está apenas em seu fascínio, a nona arte é capaz de tocar profundamente o emocional daquele que a assiste, o telespectador não entra numa sala de cinema sendo um indivíduo imune e indiferente: a tela pode iluminar os seus desejos, refletir os seus medos, inflamar paixões e ampliar o impacto de discursos.
"As ideias sobre nós mesmos não se originam só em nosso interior, vêm da cultura. E na nossa cultura, isso vem do cinema. Aprendemos o que é ser homem ou mulher e ter sexualidade."(Frichard Dyer, historiador de cinema)
A ficção faz parte da vida de todos, ela reflete nossos valores e nos confronta com nossos anseios, ela tem o poder para validar vivências e também para silenciar existências.
"O cinema conta histórias, é a estrutura de nossa vida. Ele mostra o que é glorioso, trágico, maravilhoso e engraçado nas experiências do cotidiano das pessoas. Mas quando se é gay e nunca vê isso retratado no cinema...começa a achar que há algo de errado mesmo." (Armistead Maupin, escritor)
No final do século XIX surge no ocidente a categoria do homossexual —não que o indivíduo já não existisse antes, mas o discurso do homossexual como “uma especie a ser analisada” se institucionaliza: uma visão sustentada pela igreja, pelo Estado e pela ciência que separava os “saudaveis” heterossexuais e o seu "sexo normal" daqueles que por algum motivo desconhecido possuiam “uma aversão direta ao sexo oposto”.
A homossexualidade era um pesado tabu, os gays tinham sua existencia social sufocada e marginalizada, forçados aos becos e aos bares, ser homossexual não era nem sequer cogitavel: era uma ofença, uma sentença de morte.
Se a sociedade agia desta forma, a indústria de Hollywood servia como um espelho e amplificador deste discurso, havia o que podia ser representado...
e o que deveria ser escondido.
"Esse assunto não era discutido nem em particular, quanto menos publicamente." (Jay Presson Allen, roteirista)
Hoje em dia temos diversas representações positivas da homossexualidade (Love, Simon, Hearstopper, Red, White and Royal Blue), mas como é crescer numa sociedade que despreza sua existência? O que acontece quando as pessoas ao seu redor temem até mesmo falar sobre o assunto, quando você não tem nenhuma referência de como lidar consigo mesmo? O que acontece quando o cinema, a forma mais próxima que você encontra de identificação —quando enfim decide mostrar um homossexual—, mostra vidas marginalizadas e um futuro de tragédia?
“Você se sente invisível. Um fantasma, um fantasma no qual ninguém acredita. Você se sente isolado.” (Susie Bright, escritora)
“Temos muitas necessidades. A principal é a de ser um espelho de nossas vidas e existência. Quando criança, queria ver imagens de gays para não me sentir sozinho.” (Harvey Fierstein, ator e roteirista)
Parte 3: "O Maricas"
"Algie, the Miner" (1912, Harry Schenck, Edward Warren and Alice Guy) narra a história de um jovem afeminado que viaja para o interior, onde deve aprender a "agir como homem" para conseguir se casar.
Ao longo de boa parte da história do cinema hollywoodiano, os homossexuais foram pouco representados —quando eram, eles estavam impregnados de preconceito, servindo de chacota, aviso ou reprimenda.
Nos primeiros anos da antiga Hollywood a figura do homossexual já era vista nas telas, representados como afeminados, caricatos, hedonistas e tolos. Eram um alvo fácil para piadas, seus trejeitos e afetações se tornavam uma forma de humor: as cenas mostravam o “estranho afeminado”, um indivíduo merecedor de zombarias e digno do desprezo do público.

"Our Betters", 1933
"Surge o 'mariquinha', o primeiro personagem gay típico de Hollywood. Todos se sentiram mais homens ou mais mulheres pois ele ocupou o lugar do meio. Ele parecia assexual, e Hollywood o deixou florescer."
A piada era ele, sua “afetação” servia como forma fácil de se tirar o riso de um púbico heterossexual. O cinema zombava do homossexual e de sua caricatura, lucrava com a humilhaçam e a desumanização do homem gay, mas jamais usavam essa palavra, “Gay”. O público que tratava a homossexualidade como um terrivel tabu estava disposto a passar horas rindo de caricaturas exoticas de figuras que “falhavam em seu papel de homem”.
Mesmo sem o uso da palavra “Gay”, a indústria cinematográfica sabia que o seu público reconheceria os símbolos, os homossexuais surgiam de forma subliminar tendo a “Feminilidade Caricata” o principal elemento para indicar que um personagem era gay.
"Eram um cliché...podiam ser o que fossem, eu os achava repugnantes, sem graça e não tinham nada a ver. Não sei por que as pessoas riam, são como os esteriotipos dos negros." (Arthur Laurents, roteirista)
"Call Her Savage", 1932
"Os personagens gays sempre foram uma piada. Não há pecado igual a ser afeminado: Quando um homem se veste de mulher, o público ri." (Quentin Crisp, escritora)
"Bringing up Baby", 1938
"Gosto do personagem efeminado, é usado de forma negativa... sim, mas eu sempre achei que valia a pena aparecer. Prefiro a imagem negativa a nenhuma imagem." (Harvey Fierstein, ator e roteirista)
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Código de Produção (Parte 4)

Por: Fernanda Rossetto
O fim do Código Hays
O fim oficial do Código Hays aconteceu em 1968, porém, o seu enfraquecimento começou anos antes.
No artigo de Stephen Vaughn, já citado na parte 2, o autor aponta que já na década de 1940 eram visíveis “as primeiras fraturas” do Código de Produção, um dos motivos comentados por Vaughn sendo o crescimento econômico no país no pós Segunda Guerra, pois como visto anteriormente a Grande Depressão foi fundamental para o sucesso do estabelecimento do código de produção. Outros fatores que o autor também reforça são, os americanos se tornando um pouco mais céticos quanto a fé e o rompimento das cadeias dos cinemas, com uma decisão da suprema corte em 1948 no julgamento United States v. Paramount Pictures, Inc. o qual decidiu que os estúdios não poderiam também ser donos dos cinemas, trazendo uma grande mudança para o chamado “Studio System” em vigor na época.
Outra decisão importante da suprema corte, que foi chamada de decisão milagrosa, aconteceu em 1952 com o caso Burstyn v. Wilson, quando a produção cinematografia passou a ser vista como arte e não como um negócio, como na decisão de 1915, portanto os filmes ficando protegidos da censura pela primeira emenda.
Com a quebra das cadeias de cinema também foi possibilitada a maior circulação de filmes estrangeiros, como franceses e italianos que tinham a liberdade de tratar de temas mais controversos do que o cinema americano.
Vaughn também aponta mudanças importantes que ocorreram dentro da MPPDA como em 1945 Hays saindo de seu posto e sendo substituído por Eric Johnston e também a substituição de Breen do comando da PCA em 1954 por Geoffrey Shurlock, que possuía uma visão diferente das suas funções o código passando a ser visto menos como uma lei a ser seguida e mais como instruções nesta época.
Outra prova de que o código já não era mais tão relevante foi a produção de filmes como Some Like It Hot de 1959 do diretor Billy Wilder, que exibiu seus protagonistas masculinos em drag por grande parte do filme, e também mostrou o consumo de álcool, contornando regras do código, e mesmo assim obtendo grande sucesso com o público.
O código foi desta forma enfraquecido e eventualmente abandonado, surgindo então classificações etárias que ainda são utilizadas na distribuição de filmes atualmente.
Referências:
Morality and Entertainment: The Origins of the Motion Picture Production Code (https://www.jstor.org/stable/2078638)
What is the Hays Code — Hollywood Production Code Explained (studiobinder.com)
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Código de Produção (Parte 3)

Por: Fernanda Rossetto
As regras do Código de Produção
(documento completo)
A versão do código aqui discutida é uma das versões que eram utilizadas na época, a apresentação do documento explicando que não há uma única versão considerada a oficial do código, esta cópia do documento é uma que foi publicada em 1937 no livro de Olga J Martins “Hollywood's movie commandments”.
O documento está dividido em três apêndices;
No primeiro deles o código classifica que existem formas de entretenimento que causam o bem ou algum dano moral ao público e o cinema como uma arte com grande apelo para as massas tem obrigações morais para com o seu público.
Um dos tópicos mais importantes nesta primeira parte do código é o princípio estabelecido que os filmes não deveriam se alinhar com o mal ao invés do bem em suas narrativas, o mal tendo que ser exibido de forma pouco atrativa para a audiência.
É nessa parte do código também onde se delimita a regra de que adultério não deveria aparecer em filmes de comédia, e se aparecesse em filmes de drama não deveria ser retratado como algo atrativo ou justificado.
Outro tópico importante deste apêndice é que nele se estabelece que as regras para cenas de sexo no cinema afirmando que elas deveriam aparecer apenas em momentos estritamente necessários para o enredo e que não deveriam atiçar desejos no público.
A regra que delimita a representação da sexualidade também está nesta parte que aborda a representação de cenas “passionais” pois o código classifica como “o amor que a sociedade classifica com errado e que foi banido pela lei divina” deveria ser tratado de forma que nunca apareça como “certo ou permissível” e que não deveria ser “atrativo ou belo”.
Por fim também aparecem regras sobre a representação da religião no cinema, de que ela não poderia ser ridicularizada de qualquer maneira.
O segundo apêndice por sua vez traz adendos as regras discutidas no primeiro, das regras deste apêndice a que é, provavelmente, de se destacar é que foi estritamente proibido a miscigenação nos filmes, proibindo-se cenas de sexo entre brancos e negros.
Por último, o terceiro apêndice traz emendas sobre os tópicos de horror, brutalidade, bebida, gangues e crimes, assim como nos outros apêndices estabelecendo como deveria ser feita a representação destes temas.
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Código de Produção (Parte 2)
Por: Fernanda Rossetto
Desenvolvimento e Imposição do Código Hays
Como foi tratado anteriormente, Hays estava tentando estabelecer uma regulação para o conteúdo exibido no cinema desde o início da década de 1920, porém obtendo pouco sucesso.
Contudo, alguns fatores mudaram essa situação e autoregulação da indústria cinematográfica tomou força, um deles sendo a crise econômica de 1929, que levou a instabilidade na indústria e segundo o autor Gregory D. Black (neste artigo) ajudou Hays a convencer líderes da indústria em uma série de reuniões entre dezembro de 1929 e janeiro de 1930 que essa regulamentação dos filmes seria algo bom para os negócios. O autor Stephen Vaughn (neste artigo) também fala da importância da crise de 29 para essa mudança no cinema, afirmando que o código de produção de 1930 oferecia maior garantia para investimentos pois diminuía a possibilidade de gastos por causa da censura governamental.
Porém o que causou maior impacto para implementação de um código de produção em Hollywood foi o envolvimento de grupos cristãos tanto protestantes quanto católicos, os católicos tendo mais envolvimento com a escrita do código em si, também fizeram papel importante nesta cruzada para a censura do cinema organizações de mulheres que em 1926 mandaram mais de 200 representantes para Washington para pedir a regulamentação do cinema. Segundo Black, as organizações de mulheres e ministros protestantes se diziam “experts” em detectar obscenidades nos filmes mesmo não sabendo definir o que estas obscenidades eram.
No entanto os católicos foram os que mais tiveram influência nas regras que restringiram o cinema hollywoodiano entre as décadas de 30 e 60 já que dois dos nomes mais importantes para a criação do código foram o católico Martin Quigley, que era contra uma censura estatal, e segundo Black, “estava convencido que a indústria poderia se auto regular através do gabinete de Hays” e o padre Daniel A. Lord, responsável por escrever o código de produção. No artigo de Black o autor também afirma que para esses homens a forma de garantir filmes “moralmente corretos” não seria através da censura, mas sim controlando a produção, sendo que para eles se os filmes fossem feitos de “maneira correta” não seria necessário ser feita uma censura governamental.
Mesmo o Código Hays tendo sido redigido no ano de 1930 a implementação do mesmo só teve maior sucesso no ano de 1934, pois, segundo Vaughn, por alguns anos a ameaça de uma censura governamental ainda era “a forma mais efetiva de se controlar os estúdios” e em 1932 tentaram criar maiores sanções econômicas contra os estúdios, mas o que realmente tornou a regulação tão efetiva em Hollywood foram a criação da National Legion of Decency (Legião Nacional da Decência) e a Production Code Administration (Administração do Código de Produção).
A National Legion of Decency, sendo uma organização católica, convenceu católicos a boicotarem filmes que consideravam ofensivos, enquanto a PCA era comandada pelo, também católico, Joseph I. Breen, e tornou obrigatório que os filmes possuíssem um selo de aprovação (o qual pode ser visto na imagem no inicio da postagem) para serem exibidos, os cinemas que transmitissem filmes não aprovados pela PCA podendo receber multas. Tanto a Legião quanto a PCA chegaram até a receber endosso do Papa Pius XI em 1936.
Segundo Vaughn, foi, portanto, a combinação de fatores da Grande Depressão, dos boicotes e da presença da PCA que tornou o código uma medida efetiva de regulação para a indústria cinematográfica na época.
Referências:
Hollywood Censored: The Production Code Administration and the Hollywood Film Industry, 1930-1940 (https://www.jstor.org/stable/3814976)
Morality and Entertainment: The Origins of the Motion Picture Production Code (https://www.jstor.org/stable/2078638)
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por: Fernanda Rossetto
Código de Produção (Parte 1)
Hollywood antes do código de produção
Depois da introdução dos “talkies” (cinema falado) em 1927 e antes do surgimento do Código Hays em 1934, Hollywood vivia a era chamada “Pré-Código” onde artistas e estúdios possuíam maior liberdade para criar filmes explorando questões sobre sexo, drogas e sexualidade, do que nas décadas posteriores, como podemos ver nesta lista de filmes aqui.
Porém, mesmo com o avanço tecnológico possibilitando essa exploração de temas mais complexos no cinema, a liberdade artística dos estúdios não durou muito tempo, já nos anos 20 com o surgimento de escândalos em Hollywood a indústria cinematográfica já era vista com maus olhos pelos conservadores, um dos escândalos que levaram a isso foi o julgamento do ator “Fatty” Arbuckle depois da morte da atriz Virginia Rappe, que ocorreu alguns dias depois de uma festa com drogas e álcool (no período da Lei Seca).
Além dos escândalos outra questão que levou a regulação das produções foi a presença da censura feita pelo governo em diferentes estados como a Pennsylvania e o Kansas, sendo essa censura permitida pois em 1915 no julgamento Mutual Film Corporation v. Ohio a Suprema Corte concluiu que filmes não estavam protegidos pela primeira emenda, de liberdade de expressão.
Desta forma a associação MPPDA (Motion Picture Producers and Distributors of America), hoje com o nome de Motion Picture Association (MPA), foi fundada no ano de 1922 e teve eleito com presidente Will H. Hays, republicano que auxiliou a vitória presidencial de Warren Harding. Hays desejava estabelecer uma auto regulação dentro da indústria cinematográfica ao invés de os estúdios ficarem sujeitos à regulação governamental, porém durante a década de 1920 Hays não obteve grande sucesso em sua empreitada.
Um importante passo para essa regulação foi dado, porém, quando em 1927 a associação criou um documento chamado "Don'ts and Be Carefuls." (Nãos e Tome cuidados) que reuniam demandas comuns dos conselhos de censura dos estados, neste documento ficavam proibidas representações de nudez, trafico de drogas entre outras questões consideradas tabu.
Referências:
Hollywood Censored: The Production Code Administration and the Hollywood Film Industry, 1930-1940 (https://www.jstor.org/stable/3814976)
Morality and Entertainment: The Origins of the Motion Picture Production Code (https://www.jstor.org/stable/2078638)
What is Pre-Code Hollywood? – Pre-Code.Com
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