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O céu, em tom de chumbo, cala o fulgor da aurora, e a brisa, tímida, percorre os campos em sussurros velados; as árvores se inclinam sob o peso de um silêncio antigo, e as horas passam como sombras em trêmulo compasso. Nenhum canto ecoa — nem de ave, nem de fonte — senão o murmúrio das folhas, em lamento contido. O mundo parece suspenso entre o passado e o nunca, como se o tempo, exausto, se recusasse a prosseguir.
Mas há, por entre as dobras desse manto cinzento, um clarão tênue, tímido, como um pensamento oculto, que rompe, discreto, a vastidão da penumbra, e oferece ao olhar cansado um vislumbre do absoluto.
Pois mesmo os céus cerrados conhecem a promessa da luz, e cada gota que cai carrega o segredo da vida; a melancolia, embora funda, não é ausência de esperança, mas solo fértil onde o novo dia germina em lenta subida.
Assim, o dia nublado não é fim, mas interlúdio — pausa entre a tormenta e a alvorada que se insinua; E no mais cinéreo instante, a alma encontra alento, pois até a sombra existe por causa da luz que continua.
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Com o passar dos anos, desenvolvi uma estranha mania de me esquecer. Não falo de datas ou tarefas — essas a gente aprende a manter na agenda. Mas me deixo de lado. É sutil, quase imperceptível no dia a dia, mas, de repente, sou tomado por uma lembrança qualquer... De como era bom ouvir uma música que realmente me tocava, ou da sensação de começar um livro que parecia conversar comigo. Momentos assim me fazem perceber o quanto me perdi na rotina, nas responsabilidades, nas exigências que a vida adulta impõe sem trégua. E, quando me dou conta, vem uma pontada no peito. Como reencontrar um velho amigo que você não via há anos e perceber que o afastamento partiu de você.
Ainda assim, existe um certo alívio em saber que posso me reencontrar. Que continuo aqui, em algum lugar debaixo de tudo isso. E talvez, só talvez, ainda haja tempo de voltar para mim.
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Só você me deixa assim — alma exposta, totalmente vulnerável.
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Sinto um turbilhão em todo o meu ser a cada segundo que se passa, como se estivesse em um inferno, encarando a face da minha própria desgraça. Mas, ao mesmo tempo, há um vazio estrondoso dentro da minha alma.
Talvez algo que jamais poderá ser remediado.
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