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gospepio · 7 years
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Como se comportar na santa missa segundo Padre Pio
Carta de são Pio de Pietrelcina a Anita Rodote 📝Pietrelcina, 25 de julho de 1915. Amada filha de Jesus, Que Jesus e nossa mãe sorriam sempre em sua alma, obtendo disso, a partir de seu Santíssimo Filho, todos os carismas celestiais! Estou escrevendo por duas razões: para responder a algumas perguntas da sua última carta e para desejar um feliz dia não no dulcíssimo Jesus, cheio de todas as mais especiais graças celestiais. Meu Deus! Se Jesus atendesse minhas orações por você ou, melhor ainda, se pelo menos minhas orações fossem dignas de ser atendidas por Jesus! Entretanto, as cem vezes para o seu conforto e salvação, implorando a Jesus que as atenda, não por mim, mas através do coração da sua bondade paternal e infinita misericórdia. A fim de evitar desrespeito e imperfeições na casa de Deus, na igreja - que o divino mestre chama casa de oração -, eu o exorto no Senhor a praticar ou a seguir. Entre na igreja em silêncio e com grande respeito, sendo indigna de comparecer perante a majestade do Senhor. Entre outras considerações piedosas, lembre-se que a nossa alma é o templo de Deus e, como tal, devemos mantê-la pura e sem mácula perante Deus e seus anjos. Avergoncémonos por ter dado acesso ao diabo e seus seduções muitas vezes (com sua sedução do mundo, sua pompa, sua chamada para a carne) por não ser capaz de manter nossos corações puros e nossos corpos castos; por ter permitido aos nossos inimigos se em Nossos corações, profanando o templo de Deus que somos através do Santo batismo. Em seguida, tome água benta e faça o sinal da cruz com cuidado e lentamente. Assim que estiver diante de Deus no Santíssimo Sacramento, faça uma genuflexão devotadamente. Depois de ter encontrado o seu lugar, ajoelhe-se e faça o tributo da sua presença e devoção a Jesus no Santíssimo Sacramento. Confie em todas as suas necessidades, juntamente com a dos outros. Fale com ele com abandono filial, dê livre curso ao seu coração e dê-lhe total liberdade para agir em você como ele cria melhor. Ao assistir à santa missa e às funções sagradas, permaneça muito composta, quando de pé, ajoelhada e sentada, e realize todos os atos religiosos com a maior devoção. Seja modesta no seu olhar, não vire a cabeça aqui e ali para ver quem entra e sai. Não ria, por respeito a este santo lugar e também por respeito daqueles que estão perto de você. Tente não falar, exceto quando a caridade ou a necessidade estrita o exijam. Se rezar com os outros, diga as palavras da oração claramente, observe as pausas e nunca se apresse. Em suma, comporte-se de forma a que todos os presentes sejam edificados, e que, através de si, sejam chamados a glorificar e amar o pai celestial. Ao sair da igreja, deve ser recolhida e calma. Em primeiro lugar, peça a permissão de Jesus no Santíssimo Sacramento; peça perdão pelas faltas cometidas em sua presença divina e não o deixe sem pedir e receber sua bênção paterna. Quando estiver fora da igreja, seja como qualquer seguidor do Nazareno deveria ser. Acima de tudo, seja extremamente modesta em tudo, pois esta é a virtude que, mais do que qualquer outra, revela os sentimentos do coração. Nada representa um objecto mais fiel ou claramente do que um espelho. De igual modo, nada representa melhor as boas qualidades de uma alma do que a maior ou menor regulação do exterior, como quando alguém parece mais ou menos modesto. Deve ser modesta ao falar, modesta no sorriso, modesta no seu porte, modesta ao caminhar. Tudo isso deve ser praticado, não por vaidade, a fim de se mostrar a si mesma, nem com hipocrisia, a fim de se mostrar boa aos olhos dos outros, mas, pela força interna da modéstia, que regulamenta o funcionamento externo Do corpo. Portanto, seja humilde de coração, reservada nas palavras, prudente nas suas resoluções. Seja sempre económica ao falar, assídua à boa leitura, atenta no seu trabalho, modesta na sua conversa. Não seja desagradável com ninguém, mas benevolente para com todos e respeitadora com os mais velhos. Que qualquer olhar sinistro saia de você, quenenhuma palavra ousada escape de seus lábios, que nunca faça uma ação indecente ou de alguma forma gratuita; nunca especialmente uma ação gratuita ou um tom de voz petulante. Em suma, deixe que todo o seu exterior seja uma imagem vívida da compostura da sua alma. Mantenha sempre a modéstia do divino mestre diante dos seus olhos, como um exemplo; este mestre que, segundo as palavras do apóstolo aos coríntios, colocou a modéstia de Jesus Cristo em pé de igualdade com a mansidão, que era sua virtude particular e quase sua característica : "agora eu, Paulo, imploro-vos, pela mansidão e humildade de Cristo", e de acordo com tal modelo perfeito, REFORME TODAS AS SUAS ACÇÕES EXTERNAS, que devem ser reflexos fiéis, revelando os afetos do seu interior. Nunca se esqueça deste modelo divino, Anita. Tente ver alguma majestade adorável em sua presença, uma certa agradável autoridade em seu modo de falar, alguma dignidade agradável no andar, no olhar, no falar, na conversa; uma certa doce serenidade do rosto. Imagine essa extremamente composta e doce expressão com que ele chamou a multidão, fazendo com que deixassem cidades e castelos, levando-os para as montanhas, as florestas, para a solidão e as praias desertas do mar, esquecendo totalmente a comida, a bebida e os Tarefas domésticas. Assim, tentemos imitar, tanto quanto possível, estas acções modestas e dignas. E façamos o melhor para ser, tanto quanto possível, semelhantes a ele na terra, para que possamos ser mais perfeitos e mais semelhantes a ele por toda a eternidade na Jerusalém celeste. Termino aqui, pois sou incapaz de continuar, recomendando que você nunca se esqueça de mim diante de Jesus, especialmente durante estes dias de extrema aflição para mim. Espero que a mesma caridade da excelente francesca por quem você teve a gentileza de dar, em meu nome, minhas manifestações de extremo interesse em vê-la crescer cada vez mais no amor divino. Espero que ela me faça a caridade de fazer uma nona de comunhões pelas minhas intenções. Não se preocupe se é incapaz de responder à minha carta imediatamente. Eu sei tudo, por isso não se preocupe. Despeço-me de si com o beijo santo do Senhor. Eu sou sempre o seu servo. Frei Pio, cappuccino from Grupo de Oração São PADRE PIO http://ift.tt/2ke4VRx via IFTTT
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gospepio · 7 years
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#PP69 – Sobre o sofrimento, a cruz e outros comentários
O segredo para evitar o purgatório «"O purgatório é terrível?", perguntei-lhe. "Comparado com ele, o fogo da terra nada é", replicou o Padre. "As almas sofrem com ele como se tivessem corpo. Ora, essa pena é nada, em comparação com a pena do dano, ou seja, com a privação da visão de Deus. No purgatório, paga-se tudo. Aqui em baixo, basta pouco para o evitarmos, e irmos diretamente para o paraíso: fugir ao Mal, fazer o Bem e sofrer com amor tudo aquilo que Deus nos manda." "Dizem que na nossa época vai haver acontecimentos terríveis." "Ah! Abandonemo-nos ao Senhor." "E se nos matarem?" "Oxalá pudéssemos dar a vida pela fé! Mas essa sorte não nos está reservada".» «Antes de morrer, o Padre Pio escreveu-me numa pagela: "Abençoo-te, e a todos aqueles que te fazem companhia e que sofrem contigo". Era uma espécie de profecia. Com efeito, depois da morte do Padre, comecei a ser visitada por uma grande quantidade de pessoas. Foi uma das últimas pagelas que me escreveu.» «Ele tinha medo que eu ficasse sozinha. Dizia-me sempre: "Reza ao Senhor, para que Ele te faça morrer ao mesmo tempo que eu." No último dia, vi-o tão recurvado, tão sofredor, que disse para comigo: "Minha Nossa Senhora, leva-o para o Paraíso. Não te preocupes comigo; mais tarde pensarás em mim. Leva-o hoje mesmo, não me deixes continuar a vê-lo neste estado."» A última humilhação «No dia antes de começar a usar a cadeira de rodas, o Padre disse-me: "Humilhemo-nos nas humilhações." Eu não compreendi, mas, no dia seguinte, quando o vi naquela cadeirinha, entendi tudo. Para ele era uma humilhação. Ele, que dominava as multidões, via-se obrigado a ser conduzido por outros numa cadeira. No primeiro dia sentiu muita vergonha. Manteve a cabeça sempre baixa. Ele, que às vezes gritava às pessoas! Mais tarde, naquela última noite, vi-o quase morto de exaustão, cheio de sofrimentos. Até se esqueceu de nos dar a bênção. Por último, o Senhor tinha-o reduzido ao mínimo dos mínimos. O mesmo aconteceu a Jesus, quando o passearam ostensivamente, com a coroa de espinhos, depois de flagelado, e depois o pregaram à cruz. Além disso, quando Jesus chegou ao Calvário, todos se mantiveram à distância, porque Ele era um maldito, condenado a morrer na cruz. A última humilhação... Também o Padre a sofreu, no fim. Tratavam-no assim, como um pobre doente.» D. Attilio: «Como vivia o Padre a sua relação com a Eucaristia?» Cleonice: «O Padre Pio era o Tabernáculo vivo. Quando rezava, mantinha-se continuamente frente ao Sacrário. Nos três anos de reclusão absoluta, estava sempre aí. Era aí que recitava o rosário, era aí que desafogava a sua dor, era aí que chorava. Afirmava ele que, quando alguém está doente e não pode comungar, deve fazê-lo espiritualmente. Perguntei-lhe, certa vez: "Padre, que devo dizer, que frase devo utilizar?" E ele replicou: "Que frase queres que se diga, quando se está apaixonado por alguém...? Diz assim: Jesus, vem ao meu coração, que eu ardo de amor por ti.“ Ele ardia realmente de amor, e julgava que todos nós éramos como ele. Além disso, exortava-nos a fazer muitas vezes a comunhão espiritual, durante o dia, utilizando palavras simples, convites de amor e nada mais.» «Gostaria de o ver no paraíso. Agora veremos o Padre Pio ao lado do Cordeiro de Deus, ao lado do trono de Deus. Jesus é o Cordeiro de Deus, e o Padre Pio é o cordeirinho de Jesus. Jesus fez passar o Padre Pio por tudo aquilo que Ele próprio tinha sofrido. Quando o Padre recebeu as cinco chagas, e depois a flagelação e a coroa de espinhos, perguntei-lhe: "Padre, de vez em quando chorais pelas dores que sentis?" Ele respondeu: 'Algum gemido tem de sair, mas esses gemidos são súplicas amorosas, implorando novas dores." "Mas vós quereis novas dores? Sois insaciável de dor?" "Compreende-se. Enquanto não se chega à semelhança em tudo, vai-se gemendo e chorando."» «O Padre Pio tinha a missão de co-redentor, e o inferno apercebera-se que ele lhe arrancava as almas. Tinha sofrido a Paixão de Cristo, era a cópia do Redentor, e agora o demônio esforçava-se por deitá-lo abaixo. Saiu contra ele o próprio Lúcifer, com todo o seu exército. Diz-me só se conseguiram obter alguma vitória. Nunca. Aliás, devemos dizer que o Padre Pio estava sob a proteção de Maria. Nos seus combates contra o inferno, estava sempre sob a proteção de Nossa Senhora, que esmagou a cabeça ao demônio. E Ela serviu-se do seu filho predileto, do Padre Pio, para esmagar a cabeça, não só de Lúcifer, mas de todos os diabos.» Não se parecia com ninguém «As pessoas ainda não conhecem o Padre Pio a fundo. Alguém afirmou, numa prédica, que passarão muitas décadas antes de o mundo conhecer a verdadeira figura do Padre Pio. Aquele Padre do Norte de Itália, que morreu com fama de santo, um seu filho espiritual que muito lhe queria, de cujo nome não me recordo, disse, antes de morrer: "Quereis mesmo saber quem é o Padre Pio? É Cristo que voltou a descer à terra para realizar uma nova co-redenção, mas usando um hábito de franciscano. Passou no meio dos homens, tal como Jesus passou no meio do mundo. Falou com eles, fez prodígios..." Os milagres que o Padre Pio operou... Se os pudéssemos enumerar... Ah, se tivessem sido registados os milagres de cada ano! Eram contínuos. Se lermos o Evangelho de São João, encontraremos semelhanças tão íntimas com aquilo que acontecia ao Padre Pio, que quase dá vontade de chorar. Aquelas inflexões, aquelas frases em tudo semelhantes às do Padre. E São João esteve muito próximo da crucifixão de Jesus. São João foi o apóstolo do amor, reclinou a cabeça sobre o coração de Jesus. Disse-me o Padre Pio que Jesus o amava por ele ser o mais novo, por ser virgem, e porque seria a ele que Jesus viria a confiar a sua Mãe.» Viver e morrer no Calvário «Se eu pudesse descrever o rosto do Padre, quando me disse: "Eu não sei se no mundo haverá alguma criatura pior do que eu." Era um rosto humilde, assustado. Considerava-se sempre o último dos homens. No penúltimo dia da sua vida, gracejei, como uma pateta: "Padre, quando o Senhor vos chamar, não saberá onde vos há- -de meter." Fi-lo no bom sentido, mas ele entendeu-o ao contrário, e inquiriu: "Porquê?", como quem diz: "Eu estou no Getsémani, estou no abandono do Calvário, e Jesus faz-mo saber por meio desta pateta?" Então expliquei: "Porque, quando chegardes às portas do paraíso, eles dirão: Onde o meteremos? Entre os apóstolos? Mas ele foi o apóstolo de todo o mundo. Entre os mártires? Mas ele foi o maior de todos os mártires. De um modo geral, os mártires que dão a vida por Deus sofrem a prisão, as perseguições, as pancadas e a morte durante um certo período de tempo. Este pobre, porém, sofre desde o nascimento as penas físicas mais atrozes. Metemo-lo entre os anjos, entre os Serafins, que ardem de amor por Deus? Mas os Serafins sempre viveram no gozo do céu, ao passo que este pobre sempre sofreu, ao longo de toda a sua vida. Então Jesus dirá: Eh, Pio! Vem para junto de Mim, indicando, com a mão, um lugar a seu lado." Ao ouvir estas minha palavras, o Padre Pio esboçou um sorriso de alívio, como se tivesse sido libertado de uma grande angústia, que o oprimia. Foi um sorriso como o de uma criança, um sorriso tão belo! Levantou a mão, fingindo que me ia dar uma bofetada, mas não ma deu. Estava tão aliviado. Por isso te digo que Jesus é o Cordeiro de Deus, e o Padre Pio é o cordeirinho de Jesus. Iremos encontrá-lo mesmo ao lado de Jesus.» Eu queria saber tudo «Interroguei o Padre diretamente sobre a coroação de espinhos. E um facto bastante esquecido. Porquê? Ninguém sabe que o Padre trazia na cabeça a coroa de espinhos. Mostrei-lhe um quadro em que urna amiga minha tinha pintado o Padre Pio com a coroa de espinhos na cabeça. Ele replicou: "E então? Devo abençoar-me a mim próprio?" Depois acrescentou: "Pintaram-me demasiado jovem." Todos se interessam por outras coisas. Escrevem nos livros outras coisas, que o aplaudiam quando ele ia votar, até mesmo os comunistas. As coisas mais importantes, porém, estão ligadas à sua Paixão. De facto, todo o mundo deveria conhecer aquilo que o Padre sofreu.» «Eu tinha tido um sonho em que escavava urna vala para enterrar os demônios. Referi-o ao Padre, que replicou: "Enterrar-mo-los, combatendo-os continuamente." Não serviria de nada abrir urna cova; eles até das valas conseguem sair! "Padre, incomodo-vos muitas vezes, pedindo-vos que me apareçais em sonhos." "Não me incomodas nada, minha filhinha." Ao princípio, o Padre aparecia-me muitas vezes em sonhos. Agora, porém, nunca mais me apareceu. E que ternos de sofrer, para chegar ao paraíso. Contudo, ele não está morto, está vivo. Eu não queria receber a Santa Comunhão, porque me sentia indigna. Confessei-o ao Padre, que me respondeu: "Indignos somos nós todos." Eu insistia, dizendo que não queria voltar a comungar, embora estivesse ciente de que o próprio Jesus quase fizera urna ameaça: "Quem não come a minha carne, nem bebe o meu sangue, não pode ter a vida eterna." O Padre Pio, pelo seu lado, instava comigo: "Nós devemos obedecer a Jesus, preparando-nos o melhor que pudermos." No entanto, eu continuava a garantir que não queria voltar a receber a Comunhão. O pobre Padre acabou por "ceder": "Então vai, e recebe-a com o meu coração." Nunca mais pensei nestas palavras mas, pouco tempo após a sua morte, encontrando-me eu em frente do presépio, sentia uma grande tristeza devido à partida do Padre; observava a Sagrada Família, os pastores, os anjos, o Menino e as ovelhas. Era um grande presépio, e eu estava ali, diante dele, completamente sozinha. Estava sentada. A dado momento, aparece o Padre Pio, do lado direito. A sua figura foi-se delineando pouco a pouco, emergindo da escuridão. Eu não sabia que havia de fazer. Não sabia se devia dizer-lhe alguma coisa, ou beijar-lhe a mão. Ele aproxima-se do presépio e retira um bilhetinho, de um tufo de erva. Lê-o e volta a colocá-lo no seu lugar. Retira-o ainda por um segundo, e depois devolve-o ao mesmo lugar.» Um coração que pulsava de amor «Nós alegrar-nos-emos lá no céu. Seremos filhos de Jesus Crucificado e do Padre Pio crucificado. Eu perguntei-lhe: "Padre, toda essa atenção que nos prestais... Sois vós, ou é Jesus?" Ele replicou: "Então, quem é este? O Padre Pio. Agora é mesmo o Padre Pio!", como quem diz que o Padre Pio não fazia nada. Estava sempre envolto na presença de Jesus. Poderia alguma vez o inferno vencê-lo? O Padre Pio tinha fundamentos tão firmes, profundos e sólidos... Satanás, a quem o padre sempre derrotava, enfurecia-se contra os seus cílios. Mas quem poderia vencer Jesus Cristo sobre a terra? O coração do Padre era a sua parte mais sensível, pois nele transportava todos os seus cílios, a fim de os conduzir a Cristo. O seu coração continuava a pulsar, pulsava de amor, do amor de Deus, que queria levar todos até ao paraíso. "Padre, já alguma vez vistes Jesus?" "Sob a forma humana ou angelical, é possível ver Deus. Em si mesmo, não; quem o visse, morreria. No céu, para sermos admitidos à visão beatífica, não basta estar em graça e ser santos. E necessário que Deus comunique à alma a luz da glória."» «"É pecado desejar a morte? Eu desejo-a." "Também eu suplico ao Senhor que rompa a tela finíssima que dele me separa. Estou cansado da vida, anseio pela morte como o veado anseia por chegar à nascente das águas. Mas não é para deixar de sofrer. E um desejo que, qual espada, me trespassa o coração há vários anos. E uma chama que me vai consumindo lentamente. Eu morro continuamente, só porque não morro." "Padre, por vezes o desânimo é grande, ao ver que não correspondo às graças do Senhor." "Esse sentimento é bom, mas o demónio, de vez em quando, tenta inverter a situação." "Porquê? De que modo?" "Servindo-se desse teu sentimento para te fazer voltar atrás. Ou então fazendo-te parar no caminho da perfeição. Contempla antes a bondade e os tesouros infinitos do Esposo celeste, que Ele vai derramando com abundância na tua alma. Ao fazê-lo, tenta imitar as esposas deste mundo, que admiram e se comprazem nas qualidades do seu esposo, sem se preocuparem se delas são dignas." Minha Nossa Senhora. O Padre sabia desenterrar estas expressões do nada, para nos fazer entender a vontade de Deus! "Padre, dai-me uma palavra que me seja necessária." "Que a graça do Espírito Santo te transforme completamente e te torne cada vez mais digna do Reino dos Bem-aventurados." "Por vezes não sei distinguir se aquilo que acontece em mim provém de Deus ou do inimigo." "Se te agita e atormenta é de Satanás. Se te ilumina e consola, é de Deus." "Quereis dar-me um exemplo?" (Nossa Senhora, como eu era tonta ao fazer perguntas tão estúpidas ao Padre...) "Se uma alma é levada a humilhar-se frente ao seu Senhor e impelida a tudo suportar para ser aprovada pelo Esposo celeste, não pode deixar de reconhecer que esse impulso vem de Deus. A ânsia de amar cada vez mais o sumo bem, não pode ser ilusão nem alucinação. E bom humilharmo-nos frente a Deus, mas guardai-vos da falsa humildade, que gera mal-estar e desânimo. Uni o vosso coração ao coração de Jesus, e sede simples, como Ele vos quer, mantendo o coração desligado dos preconceitos terrenos. Conservai a mente pura nos seus pensamentos, recta nas suas ideias, santa nas suas intenções. Que a vossa vontade não procure nada além de Deus, do seu gosto e da sua glória." "Padre, Jesus prefere a solidão?" "Sim. Toda a sua infinita majestade está oculta entre as sombras e o silêncio daquela modesta oficina de Nazaré. Levemos, por isso, uma vida interior oculta em Deus." "E quanto terá Jesus sofrido naquela casa tão pobre?" "Sempre sofreu com a previsão da sua futura Paixão. Amemos, portanto, a cruz. A prova mais certa do amor consiste em padecer pelo amado. Se um Deus sofreu tantas dores por amor, a dor que se sofre por Ele torna-se tão amável corno o amor." "Eu não sei sofrer. Dai-me um pouco do vosso amor pela cruz." E inútil. Nós não temos amor pela cruz. Que raça de víboras a nossa! Pelo menos, sede pacientes. Nas tribulações e nas aflições espirituais e corporais, conformai-vos com alegria à vontade de Jesus. Pedi esta virtude à Virgem."» Só pensamos em nós «O Padre Pio dizia sempre que a cruz carrega e alivia a carga. A cruz é urna carga que o Senhor põe às nossas costas. Contudo, se a levarmos com amor, passa a ser a cruz que nos leva: alivia-nos da carga. O Senhor carrega-te e alivia a tua carga. Dizia ainda que a meditação deve ser feita duas vezes por dia: de manhã e à noite. Perguntei-lhe, certa noite: "Padre, que devo contemplar, frente ao crucifixo?" Ele respondeu: "A crucifixão dos nossos defeitos, a crucifixão da nossa alma, naquilo que não é Deus, nem vem de Deus." Além disso, o Padre insistia muito sobre o exame de consciência. Recomendava que se fizesse o exame de consciência a meio do dia, e também à noite, durante cinco minutos. Dizia ele que assim, quando nos vamos confessar, temos os defeitos todos bem preparados, e que, deste modo, avançamos em cada dia para a perfeição. Era um método seguido por vários filósofos, entre os quais Aristóteles e Séneca. Estes seguiam-no para alcançar a perfeição moral... como não hão-de segui-lo os cristãos, que devem comparecer à presença de Deus, aos olhos do Qual nada escapa... Minha Nossa Senhora!» «Durante o tempo pascal, o Padre Pio insistia muito sobre a Paixão. Aquilo que mais lhe tocava o coração era a Ceia, em que Jesus deu tudo o que tinha e recitou a oração sacerdotal. Deu também aquela grande lição de humildade, ao lavar os pés dos discípulos. Lavar os pés significa ter compaixão. No entanto, o facto que ainda o comovia mais, era que o cordeiro pascal costumava ser preso e morto pelos sacerdotes, ao passo que Jesus, o verdadeiro Cordeiro, se dirigiu sozinho, caminhou sozinho, para a imolação. E depois, a ternura com que o Senhor falou aos seus apóstolos. Quando nós temos um problema, uma cruz a enfrentar, pensamos em nós próprios e não nos outros, pensamos apenas na nossa dor. Jesus, pelo contrário, esquecia-se de si próprio e animava os apóstolos. Comentava o Padre: "Que ternura e que amor Ele mostrou durante aquela viagem para o Getsémani; toca-me o coração e faz-me chorar." Era o Cordeiro que, sem ser arrastado por ninguém, se dirigia sozinho do cenáculo para a imolação. Era levado pelo amor, e pela alegria de libertar os pobres redimidos, "de arrancar a presa a Satanás", como costumava dizer o Padre. Vinha depois o combate de Jesus no Getsémani. O combate entre a misericórdia e a justiça de Deus.» «Em certa ocasião, nós, as filhas espirituais, estávamos todas à volta do Padre. Fazíamos muito barulho, cada uma queria fazer a sua pergunta ao Padre Pio. O Padre tinha apoiado a cabeça nas mãos, e via-se que lhe custava muito estar de pé. De vez em quando, esfregava a cabeça com as mãos. Alguém lhe perguntou: "Padre, tendes assim tantas dores de cabeça?" E ele respondeu: "E verdade, filha, tenho muitas, muitas, muitas." Interveio outra, que lhe fez um pedido estúpido: "Padre, dai-nos um pouco dessas dores a cada uma, e assim já não vos apoquentarão." Ao que o Padre replicou: "Minha filha, e quem poderia libertar-te em seguida? São Miguel Arcanjo?"» «Uma noite tive um sonho. O Padre estava no meio do campo, e eu caminhava ao seu encontro. De repente, aparece um canzarrão, que se atira contra mim. Então o Padre Pio pega na sua capa e coloca-ma sobre os ombros. Mal o cão se aproximou e sentiu o perfume do Padre Pio na capa, fugiu imediatamente. Depois contei o sonho ao Padre. Passado algum tempo, perguntei-lhe: "Quando passeais no jardim, pensais naquela minha vitória?" E ele retorquiu: "Penso. Alegra-me e faz-me rir".» «Disse-me ainda o Padre Pio: "Quanto mais inquieto anda um coração, tanto mais frequentes são os assaltos de Satanás. O inimigo conhece bem que a paz de coração é indício da assistência divina, por isso não perde a mínima ocasião para no-la fazer perder. A paz é simplicidade de espírito, serenidade da mente, tranquilidade da alma, vínculo de amor. E ordem e harmonia em todos nós. E um gozo contínuo da consciência. O demônio conhece bem tudo isto, por isso se esforça tanto por no-la fazer perder."»
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gospepio · 7 years
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#PP68 – Nosso maior inimigo somos nós mesmos
«Julgo não ter dado maus exemplos» «Devemos falar constantemente do Padre Pio, sempre, sempre. O Senhor há-de abençoar-nos e ajudar-nos. Quando não soubermos fazer alguma coisa, recorramos a Nossa Senhora, que estava sempre ao lado do Padre Pio. Ela ensinar-nos-á tudo. Ela já deixou o Padre Pio, já não precisa de ir ter com ele à sua cela: agora vai ter com os filhos dele. Antes estava perto do nosso Pai, agora está perto de nós, está perto dos "Grupos de Oração". Minha Nossa Senhora, quantas almas seguem o caminho do inferno! Quantas almas seguem Satanás. Esta nação adúltera! Deixa Deus para seguir Mamona. O ateísmo está muito difundido. Os poucos cristãos que existem sofrem penas terríveis. Seria necessário um Padre Pio para cuidar de tanta dor. Pedi certo dia ao Padre: "Padre, insisti junto da Virgem para que não me deixe ficar velha nem incapacitada." "Podes ficar tranquila sob esse aspecto." "Caim foi para o inferno?" "Foi. De facto, após o delito, desesperou da misericórdia de Deus. Equiparou a sua maldade, que nada tinha de infinito, à misericórdia de Deus que, essa sim, é infinita." "Dai-me uma palavra bonita." "Os nossos nomes estão inscritos no céu." "Eu sou mais feliz do que vós, porque tenho o Padre Pio, ao passo que vós não o tendes." "Mas eu tenho Jesus!" "Como devo aperceber-me da vossa presença quando estou longe?" "Que fazes para te aperceberes da presença do teu anjo?" Certo dia, o Padre Pio garantiu-me que estava sempre perto de nós. Inquiri então: "Como o Anjo da Guarda?" "O Anjo pode... Mas eu sou vosso Pai!" "Padre, quem está nos vossos olhos?" "Jesus!" "Como posso consolar-vos e amar mais Jesus?" "Indo à sua presença e oferecendo-te cada vez mais a Ele." No dia de Natal de 1960, perguntei ao Padre: "Será que esta situação indecorosa vai acabar (a visita de monsenhor Maccari)?" "É como jóias, com que ainda temos de nos adornar. Exercitemos a doce paciência. O caminho a percorrer é duro e espinhoso." "Os soldados que guardavam o sepulcro de Jesus tiveram a felicidade de ver o divino ressuscitado?" "Também eles deviam ter o seu prémio!" "Ao morrer, São José sofreu muito, pensando na Paixão de Jesus e nas dores de Nossa Senhora?" "Tudo isso sofreu ele desde a infância de Jesus, prevendo já a sua terrível Paixão." "Antes de partir para o outro mundo, Jesus deixou-nos a Eucaristia. Que nos deixareis vós?" "Julgo nunca vos ter dado maus exemplos."» Como um raio em céu sereno «A experiência mais terrível para mim foi a última confissão. O Padre estava sempre triste, com os olhos inchados e o rosto inundado de lágrimas. Perguntei-lhe: "Padre, chegastes à última etapa da vossa vida?" "Cheguei, sim, mas é também a mais dolorosa, a mais aflitiva: uma verdadeira agonia." "Eu não disse nada, nem sequer lhe dei uma palavra de conforto. O Padre, ao ver-me tão calada, acrescentou: "Trata-se de deixar esta vida!" Mas eu não o entendi. Ah, se eu tivesse entendido! Teria gritado, teria feito de tudo. Mas o Senhor quis que eu não entendesse. Nunca pensávamos na morte do Padre. E a sua morte foi inesperada, como um raio em céu sereno. Ainda por cima, foi de noite...» «"Padre, dai-me uma florinha!" "Esforça-te por amar Nossa Senhora e por fazer com que os outros A amem, através do teu exemplo. Recita mais rosários, e bem recitados." "Vós só vos nutris de dor." "O meu alimento quotidiano é a dor. Apenas na cruz encontro repouso, não por amor do sofrimento em si, mas por amor daquele que se consumiu por nós, e para ser útil aos vivos e aos mortos."» Nunca pedia nada «Certo dia, alguém contou ao Padre que, de noite, não conseguia dormir. O Padre replicou: "Minha filha, o tempo que vós dormis numa noite, durmo eu durante um ano." Ora, quando o Padre dizia alguma coisa, nunca exagerava; pelo contrário, às vezes até a reduzia ao mínimo. Que fazia ele de noite? Rezava, chorava... O Padre Pellegrino, que de vez em quando se aproximava da cela do Padre, para ver se ele precisava de alguma coisa, comentou: "Chegava lá e via-o sempre com o rosto cheio de lágrimas, e o terço na mão. Perguntava-lhe se queria beber, mas ele não respondia. Eu sabia que ele tinha uma necessidade extrema de beber, mas não respondia. Então, ia-me embora. Às vezes, porém, sentia-me muito culpado. Devia levar-lhe água, sem mais, não era preciso perguntar-lhe nada." Por causa dos estigmas, o Padre deveria estar sempre sentado, cômodo, perto do fogo, para se aquecer. Em vez disso, confessava e passava as noites a rezar. Ele era o co-redentor de Cristo e trabalhava, tal como Jesus tinha trabalhado. O seu objectivo era levar todos a Jesus. Todos, e não um terço do mundo. O Padre não conhecia o repouso, nem de noite, nem de dia. Além disso, não comia. Não se alimentava, porque o seu alimento era o amor de Deus. Pobre Padre! Não comia, nem sequer bebia! Estava sempre a chorar pela ingratidão que os homens demonstravam frente a Deus. Então, certo dia fui ter com ele, com a intenção de o consolar. Exclamei muito contente: "Padre, levareis um terço do mundo convosco! Estais contente?" Mas ele retorquiu: "E que faço eu com um terço do mundo?! Eu quero levar todos para o paraíso, nem que tenha de ir eu para o inferno".» «O Padre Pio estava sempre atento a que nada se desperdiçasse, nem sequer uma migalhinha de pão. Disse-me ele, em certa ocasião: "Eu não fiz voto de pobreza. Elegi-a, como esposa!" Quando atravessava o corredor, encostava o ouvido à porta de cada cela, para ver se ouvia água a correr. Quando isso acontecia, exclamava: "Ouçam quanta água desperdiçada!" Podia ser que os monges, com a pressa, se tivessem esquecido de fechar a torneira, e então o Padre Pio entrava na cela, para fechá-la. Certo dia, vimos o Padre dirigir-se até ao centro da igreja grande, pegar numa cadeira e empoleirar-se em cima dela. Gritamos, imediatamente: "Padre, Padre, que estais a fazer? Cuidado, que podeis cair!". Era a vela de um castiçal que estava acesa sem ser preciso, e ele tinha-se empoleirado para apagá-la. Parecia um rapazinho. Tinha-se empoleirado na cadeira, para chegar lá a cima, apesar das suas chagas. Então todos nos entreolhamos, compreendendo que o Padre tinha querido servir-nos de exemplo. Pelas suas mãos passavam milhões e milhões para a Casa Alívio do Sofrimento. Havia quem afirmasse que ele os metia logo ao bolso. Mas o Padre estava contente porque a Casa Alívio do Sofrimento seguia em frente. Como prezava o seu voto de pobreza!» Sofrer na solidão «O Padre Pio tinha reproduzido em si toda a Paixão de Jesus, sem excluir qualquer sofrimento, nem na alma, nem no corpo. Copiou Jesus em tudo, tanto na alma como no corpo, sendo dele uma fotografia fidelíssima. Como eu gostaria que Jesus me chamasse. Não faz mal que eu seja má e indigna dele. Gostaria que Ele me chamasse para ver como o Padre Pio está perto de Jesus, em tudo semelhante a Ele. E como foi longo o seu martírio, precisamente cinquenta e oito anos! Já perto do fim, a 20 de Setembro de 1968, eu disse-lhe: "Padre, muitos parabéns pelo vosso quinquagésimo aniversário!" Referia-me aos estimas. Ele, porém, replicou: "Queres dizer cinquenta e oito!" Isto é importante, porque nenhum livro aponta a data exata da impressão dos estigmas. Ora, a 20 de Setembro de 1918, Jesus renovou-lhe os estigmas, que lhe dera pela primeira vez em Setembro de 1910.» «Certo dia, perguntei ao Padre Pio: "Padre, que tamanho tem a vossa grei?" , Ele respondeu-me: "E imensa!" "Por vezes, costumais chorar na vossa cela?" "E de que maneira!" "Mas porquê?" "Por todos e, sobretudo, pelas ofensas feitas a Deus e pela perda das almas." "Também chorais por causa das dores físicas?" "A isso não te sei responder. Não te preocupes." "Quem está convosco quando sofreis?" "Estou só! Sempre só!" "Em que momentos da Missa sofreis a flagelação e a coroação de espinhos?" "Do princípio ao fim! Mas com maior intensidade depois da consagração." "E passais toda a Missa suspenso da cruz?" "Passo. Desço da cruz, para me estender sobre a ara do holocausto. Desço do altar, para subir à cruz." Aliás, o sofrimento do Padre sobre a cruz era bem visível. "Que faz a minha mãe no Paraíso?" "Goza e ama!" "Já se esqueceu de todos os desgostos que lhe dei?" "Já, sim." "Será que não a posso ver uma vez sequer?" "Em que consistiria então a prova? Onde haveria lugar para a fé?" "De que vícios devo libertar-me?" "Devemos libertar-nos de nós próprios! Apunhalemos o nosso eu. Calquemo-lo aos pés e caminhemos sobre ele. Devemos ficar deliciados quando nos punimos a nós próprios."» «Certo dia, confessei ao Padre: "Não consigo sentir Jesus dentro de mim durante a meditação; julgo que Ele está no alto dos céus." "Continua a fazer como até aqui, que está tudo bem." "Quando comungo, que intenção devo apresentar por vós?" "Que eu seja outro Jesus. Todo Ele e só Ele." "Que devo fazer durante a Santa Missa? Devo ler o missal, como as outras pessoas?" "O missal é para o sacerdote! Quanto a ti, segue a ceia sagrada." "Padre, enchei-me do vosso espírito." Pobre tonta! Que coisa estava eu a pedir? Se recebesse o espírito do Padre cairia por terra. Era como uma bomba atómica! "Diz lá que espírito queres: o de orgulho e ambição?" "E por força do amor ou da dor que sofreis a morte sobre o altar?" "Por força de ambos. Mas mais por amor." "Como conseguis aguentar-vos na cruz, com tantas dores?" "Como se aguentava Jesus?"» «O homem pode ser perdoado, os anjos não!» «Na noite anterior à sua morte, o Padre encontrava-se no lugar reservado às mulheres, e daí nos abençoava. Nós estávamos lá em baixo. Na manhã seguinte, pelo contrário, a situação inverteu-se. Ele estava estendido abaixo do altar, e nós estávamos no lugar destinado às mulheres, a vê-lo, pois não podíamos misturar-nos com a multidão. Era como se ali estivessem muitas feras feridas. Ouviam-se vários gritos; havia quem desafogasse o seu desgosto contra a parede. Eram cenas verdadeiramente terríveis, cujos protagonistas nutriam um amor autêntico pelo Padre Pio. A ofensa a um Deus, só pode ser reparada por outro Deus. Foi este o motivo da inveja de Satanás. Para ele, não houve redenção. O Padre Pio repetia com frequência: "Satanás, por uma única palavra, foi lançado no inferno, sem possibilidades de remissão da sua culpa." Mas o homem não. O anjo, depois de dizer sim, não pode voltar atrás. O sim do anjo é eterno, ao passo que o homem se pode arrepender. Foi por isso que Jesus instituiu o sacramento da confissão. O anjo, porém, não se arrepende. A inteligência angélica é feita de tal forma que tanto o seu "sim" como o seu "não" são eternos. Não se pode dizer, por isso, que Deus seja injusto. Ele perdoou ao homem, e não aos anjos. Os anjos, porém persistem eternamente no seu "sim" ou no seu "não". São inteligências superiores, semelhantes a Deus. E essa a diferença.» «"Porque foi decretada por Deus a morte no Calvário?", perguntei ao Padre, em certa ocasião. "Nenhuma oração seria capaz de O demover de tal decreto." Minha Mãe Santíssima, como é implacável o Senhor, para com o seu Filho! Imagina como não será connosco! Nós, porém, temos o Filho, que defende a nossa causa. "Se não morresse a vida, ou seja, Jesus, sobreviveria a morte, o pecado. O próprio Jesus queria dar a vida aos mortos." "Porque existe a dor?" "Para que a terra se esconda e deixe aparecer o céu. Amemos, portanto, a dor, pois os sentimentos de quem nunca sofreu carecem de intensidade, o seu coração de ternura, o seu espírito de horizontes." "Mas que faz o Senhor do meu amor imperfeito? Rejeita-o?" "Deus pode rejeitar tudo numa criatura concebida em pecado, que leva em si a marca indelével, herdada de Adão. Contudo, não pode rejeitar de modo algum o sentimento sincero de quem o ama." "Sou um pedaço de gelo, já não sinto nada." "E julgas tu que se pode servir o Senhor no meio de consolações e doçuras? O verdadeiro servo de Deus é aquele que usa de caridade para com o próximo e está decidido a fazer a vontade de Deus, a todo o custo. Sofre com amor a tua dor, que será tanto mais querida quanto maior for a sua amargura."» «Procuro um lugar onde pousar» «"Dai-me uma palavra", pedi eu ao Padre. "Combate com força." "E que devo combater?" "O Mal, e tudo o que não é Deus, nem vem de Deus. A vida do homem é como um exército: enquanto houver uma gota de sangue no nosso corpo, teremos sempre de combater." "Estamos no Ano Novo. Que tendes para me dizer?" "Quem reserva qualquer coisa para si, ao doar-se a Jesus, não poderá experimentar todo o seu amor. Para que prestam as reservas, a não ser para nos fazer morrer de tédio?" "Onde pousará o vosso último olhar, ao deixardes esta terra?" "Sobre os irmãos no exílio." De facto, na sua última Missa, tinha dois olhos que mais pareciam um farol sobre o mar. Todos podiam dizer: "O Padre Pio olhou para mim." Ele próprio tinha dito: "Eu sou todo de cada um." Cada um pode dizer: "O Padre Pio é meu!" "Como é duro o exílio!" "Se não fossem os filhos, seria melhor para mim partir." Queria tanto partir, este Pai! Mas, por queria ficar. Dizia ele: "Estou angustiado por não poder levar todos comigo à presença de Jesus." Quase se opunha à graça de Deus, por não poder levar todos à presença de Deus.» «O Padre Pio interrogava com frequência os médicos da Casa Alívio do Sofrimento, que o visitavam à noite. Em certa ocasião, perguntou-lhes: "Como se chama o demônio?" Um dos médicos respondeu: "Chama-se Satanás, Padre." Ele negava, com o dedo. "Belzebu", alvitrava outro. Nova negação do Padre. "Chama-se Caronte, Padre." Não. Sugeriram ainda mais dois ou três nomes, mas o Padre dizia sempre que não, com o dedo. "Padre, então dizei vós como se chama ele!" O Padre fitou-os, e retorquiu: "Chama-se EU, meus filhinhos. É como Judas: beija-nos, trai-nos, tira-nos todos os méritos."»
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gospepio · 7 years
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#PP67 – Padre Pio sempre unido ao céu
Salvou o mundo pela segunda vez «Quem sabe como chamará Deus ao Padre Pio! Ele é fora de série! Jesus deve tê-lo apresentado ao Pai Celeste, e Este dever ter visto nele a própria figura do Filho, o mesmo odor do Filho. O mesmo sucedeu a Jacob. Quantas figuras parecidas no Antigo Testamento. Todo o Novo Testamento já fora predito pelo Antigo. E depois, das chagas nem se fala, da coroação de espinhos, mas ser todo uma chaga, da cabeça aos pés! Jesus está louco pelo Padre Pio. Nele quis fazer um monumento a si próprio. E quis apresentar ao Pai celeste, para o consolar da ofensa de Adão e Eva, um filho do homem semelhante a Ele. Jesus terá dito ao Pai celeste: "Vê bem, um filho do homem que é igual a Mim. Sofreu muito, mas vivia insatisfeito enquanto não lhe foi concedida a minha própria Paixão." O Padre Pio salvou o mundo pela segunda vez, realizando uma nova Redenção, uma co-redenção. Assemelhou-se a Jesus em todas as suas dores. Por isso se sentia sequioso, faminto. Era como veado sedento de todas as penas de Jesus. Temos este irmão que se chama Jesus e que é o primogênito de Deus. E temos também o "secundogênito" de Deus, que é o Padre Pio. Nossa Senhora é a mãe do primogênito, mas também do segundo filho. E é por isso que ela estava sempre na casa do seu segundo filho, na cela do Padre Pio, a Virgem estava sempre presente. Quando o Padre Pio ainda era vivo, o Padre Clemente sonhou com o Padre Agostino, que lhe dizia: "Clemente, ajoelha-te à passagem do Padre Pio. Ele é grande, grande, grande".» D. Attilio: «E quando eu me ajoelhava à sua passagem, o Padre Pio dizia-me imediatamente: "Levanta-te! Senão, mando-te imediatamente de volta para Pádua!"» Cleonice: «O Padre não permitia que os sacerdotes se ajoelhassem à sua frente. Ele não podia aprovar tal atitude.» «Era de manhãzinha cedo. Eu estava na cama e ouvi uma voz que dizia: "O seu sepulcro será glorioso!" Voltei-me, mas não vi ninguém. Ouvi pela segunda vez: "O seu sepulcro será glorioso!" Eu não compreendia, e depois, pela terceira vez, a voz ainda se tornou mais forte. O sepulcro de Cristo pode ser chamado glorioso, mas não se pode dizer que o sepulcro de um santo seja glorioso. O Padre Pio, porém, continua a sua missão. E toda esta gente que aqui acorre, estes estrangeiros, todos eles vêm visitar o seu sepulcro.» Ia ao paraíso para se encontrar com Jesus «Eu disse ao Padre: "Poderei ser feliz, ao ver que sou tão amada e cumulada de bens por Deus. Mas a lembrança de o ter ofendido amargura-me o coração." "Isso torna-te mais agradável a Deus." "Será que Jesus chorou os meus pecados no Getsémani?" "Chorou." "No céu, amaremos todos de igual modo?" "No céu, amaremos mais aqueles que mais nos tiverem amado e de quem mais benefícios tivermos recebido." Por Deus! Eu amarei certamente mais o Padre Pio, que me formou e tirou do inferno, do que São Domingos, a quem nunca conheci. A este, amá-lo-ei como filho de Deus, como irmão, mas àquele que nos regenerou em Jesus, através do amor, da sua própria Paixão... Não seria justo, e Deus é justiça! Não seria justo que eu amasse mais São Domingos do que o meu Pai. "Pai, mas nós poderemos estar perto de vós?" "Pareces burrinha! Que paraíso seria esse, se os meus filhos não estivessem todos ao pé de mim?" O Padre Pio ia muitas vezes ao paraíso para se encontrar com Jesus. Dizia ele: "O Senhor mostra-me as grandezas e as belezas da sua pátria, e depois põe-me na rua e diz-me para vir ajudar os seus filhos, que estão no exílio." Ele já estava no paraíso. Por isso gemia, por isso queria morrer. Não podia estar na terra. Experimenta ir ter com um santo e dizer-lhe que desça do paraíso. Ele responder-te-á: "Vai tu para a terra!" Os sacerdotes da sinagoga de San Giovanni combatiam o Padre Pio. Então eu fui dizer-lhe: "Padre, aqueles pregam contra vós, do alto dos altares". Ele replicou: "Bem, rezemos então para que se aproximem do nosso crucifixo." Mas o crucifixo também estava lá, no sítio onde eles pregavam...» Maria, a mestra do Padre Pio «Maria, que era a co-redentora, estava sempre no quarto do Padre. Agradava-lhe estar ali, porque ele se submetia na perfeição a todas as leis da co-redenção humana. Nossa Senhora tinha-lhe explicado bem o que significa ser co-redentor, e o Padre Pio, ajudado por Ela, venceu o inferno à força de combater. Tinha uma mulher forte a seu lado, uma mulher que fora capaz de esmagar Satanás. E essa mulher forte exortava-o a cada momento. Na verdade, todos estes mistérios estão interligados: a caridade, a justiça, o pecado... E quando chegarmos lá acima, abarcá-los-emos a todos num momento, num instante. Nossa Senhora era a mestra do Padre Pio. Ela, a co-reden- tora, foi aperfeiçoando cada vez mais o co-redentor. amava-o com um amor imenso. O Padre Pio costumava dizer: "Mesmo que eu tenha de ir para o inferno...", tão compenetrado estava da caridade de Cristo redentor e de Nossa Senhora, co- -redentora. As forças infernais são superiores às forças do homem, também ao nível da inteligência. De facto, é graças à sua inteligência, que Satanás engana o homem, através das tentações. «Porque cai o homem? Precisamente por isso, porque a sua inteligência é inferior. Assim se deixaram enganar Adão e Eva, que foram os primeiros. Perguntei ao Padre, em certa ocasião: "Padre, então Adão e Eva sabiam que aquela serpente era Satanás?" "Claro que sabiam! Tinham a ciência infusa." Mas Satanás é inteligentíssimo e impostor, é o pai da mentira e, se nós não nos abandonamos a Deus, consegue sempre enganar-nos. Jesus ordenou a São João que ocupasse o centro,,reclinando a cabeça sobre o seu peito, trespassado pela lança. A direita e à esquerda, porém, devem ficar aqueles que participam na co- -redenção: Maria, em primeiro lugar, e depois o Padre Pio. Nunca se ouviu dizer, ao longo da história da Igreja, que Nossa Senhora tenha estado sempre tão próxima de um santo, todos os dias da sua vida, aparecendo-lhe diariamente e dirigindo-lhe a palavra. No entanto, estava sempre na cela do Padre Pio, como quando vivia com Jesus, na sua pequena casa, em Nazaré. O Padre Pio atraía-a constantemente, por ser em tudo semelhante ao seu Filhinho. Era necessário que Maria o educasse, lhe servisse de mestra. A divina co-redentora e o santo co-redentor. Ela era divina, por ser a mãe de Deus. Ele era santo. Em que consiste a nossa oração, de Sexta-feira Santa? Em pensar em Jesus na cruz, e na Virgem Maria, ao pé da cruz. Neste século, porém, há outro ponto a considerar. Temos o Calvário, Jesus crucificado e sua Mãe, co-redentora perfeita e divina. Do outro lado falta qualquer coisa. E necessário que alguém o ocupe, para que o filho possa dizer ao Pai celeste: "Também os filhos dos homens, os filhos adotivos, também eles sabem sofrer como Eu sofri!" Minha Nossa Senhora! Quando me ponho a pensar nestas coisas, seria capaz de pegar em qualquer um desses padres incrédulos e levá-los ao paraíso para lhes mostrar: "Olha! Olha onde está o Padre Pio!"» Fogo de palha D. Attilio: «Certa vez, apareceu-me em sonhos uma lápide com três palavras. Ao despertar, não conseguia lembrar-me da terceira palavra. As outras eram "humildade" e "caridade". Eu bem me esforçava, mas sem resultado algum; a terceira palavra não me ocorria. Disse para comigo: "O Padre Pio far-ma-á recordar." Fui-me confessar a ele e, depois da confissão, disse-me a primeira e a segunda palavras... depois parou. Quase mudando de tom de voz, recordou-me a terceira, que era "paciência".» Cleonice: «Ah, paciência vem de padecer. O Padre Pio costumava dizer: "O amor sem padecimentos é um fogo de palha." Sem Nossa Senhora, como poderia este seu filhinho ter alcançado tanta sabedoria? De quem a recebia? E quem lhe concedia tanta paciência, tanto amor? De onde provinham? Da mestra. Da sua Mãe e mestra. O Padre Pio repetia com frequência, referindo-se a Nossa Senhora: "Parece não haver mais ninguém além de mim." Era verdade! De facto, assim como Maria sempre se tinha preocupado com o seu Filho redentor, também se preocupava com o seu filho co-redentor. E esta Mãezinha estava sempre a seu lado com amor, qual mestra sapientíssima. Nem sequer no altar a Mãe o deixava sozinho. Colocava-se à sua direita, como fizera com o seu filho, no Calvário. Assim, o altar era o Calvário do Padre Pio. Depois, quando Jesus morreu, os soldados mandaram todos embora, menos a Mãe. Com efeito, era vontade de Deus que a Mãe estivesse ao lado do filho, tal como Eva estava ao lado de Adão, junto à árvore do pecado. Eis que aparece sempre a comparação entre a queda e a ressurreição do homem, entre a queda de Adão e Eva e o Calvário, entre a árvore do pecado e a árvore que salva, ou seja, a cruz. Primeiro, suspenso da árvore do pecado, estava Satanás. Agora, suspenso da cruz, está o Filho de Deus. Sob a árvore do pecado, estava Eva. Sob a cruz, está a nova Eva, a mulher forte, Maria. E por que preço foram perdoados os homens? Não só perdoados, mas também tomados como filhos adotivos, em tudo semelhantes a Jesus. Dizia o Padre Pio: "Seremos semelhantes a Ele, teremos a sua idade e reinaremos com Ele." O homem nunca agradeceu o suficiente ao Senhor por ter sido feito seu filho adotivo. Eis então que Jesus decide escolher um, dentre os homens, e fazê-lo em tudo semelhante a si, também na dor. Fá-lo co-redentor, dando-lhe, por mestra, a sua própria Mãe.» A era dos mártires «Certo dia, alguém disse ao Padre: "Não é necessário rezar um rosário tão longo. As pessoas ficam cansadas. Basta recitar uma dezena. E também não é preciso pegar no terço. E pesado e, além disso, não é elegante segurar nas mãos aquela fiada de contas, sem graça nenhuma." O Padre ficou muito condoído e depois concluiu, quase em tom de súplica: "Façamos aquilo que sempre fizeram os nossos pais." E impressionante! Hoje, ao fim de dois anos de cristianismo, depois de Nossa Senhora ter aparecido, sabe Deus quantas vezes, com a sua arma na mão, isto é, o rosário, ainda nos atrevemos a falar de modernismo. Mas que será a nossa religião? Uma moda, que muda todos os anos e todos os meses? Ao ouvir tais palavras, o Padre quase se desfez em lágrimas. Na verdade, devemos fazer aquilo que fizeram os nossos Pais: perseverar, ser constantes, para chegar finalmente ao porto onde nos espera o Senhor. Devemos ressuscitar o passado, fazer ressurgir aquilo que faziam os apóstolos e os mártires. Estamos na era dos mártires. Todas as pessoas que são perseguidas, este governo, que se vai destruindo, tanta confusão de ideias, o predomínio de ladrões, de brigadas vermelhas, amarelas e verdes... Estamos numa época apocalíptica. A besta reina, sem nunca se mostrar. Nisso consiste a inteligência da besta. Entretanto, na própria Igreja, tanto leigos como padres dizem que ela não existe, que Satanás não existe, porque Satanás encarnou em muitas pessoas. Aí está Satanás visível, no ódio premeditado. Não é como no caso dos pecadores, que não conhecem a lei de Deus e caem. Não, são aqueles os verdadeiros diabos que se movem sobre a terra, de tal forma que o próprio demónio disse: "Eu já não preciso de fazer nada. Eles sabem fazê-lo melhor do que eu."»
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gospepio · 7 years
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#PP66 – Sobre a vida eterna e outras questões
«Sentados a uma mesa comprida, com Jesus» «Minha Nossa Senhora! E nós, que não conseguimos suportar uma pequena dor. Mas o Padre, pelo contrário! Como é possível falar do Padre? Não podemos compará-lo com ninguém. A comparação é esta: depois de Nossa Senhora e de São José, vem o Padre Pio, e basta. O Padre disse-me que eu podia crer que tudo aquilo que Jesus sofreu, também Nossa Senhora o sofreu. E que também acreditasse que São José está no céu em corpo e alma. "Padre, será que há seres diferentes nos outros planetas?" "O Senhor não terá restringido a sua glória e o seu poder criador a esta terra tão pequena!" "Padre, devido à multidão dos seres, receio que, no paraíso, eu não possa estar sempre perto de Deus." "O Senhor está presente a cada um."» «Noutra ocasião, o Padre disse-me que no paraíso é como se muitos filhos estivessem à mesa com os pais. Nenhum olha para a quantidade que o outro come, porque há alimento suficiente para todos. O filho mais pequeno será o primeiro a ficar saciado, e com menos alimentos; e, quando estiver saciado, sentirá a mesma alegria do filho grande, que comeu mais do que ele.» «Perguntei ao Padre: "Durante a noite, eu durmo, enquanto vós, porém, vos contorceis entre as dores da crucifixão; sinto remorsos ao pensar nisso." "Quem to disse? Terás porventura o dom da clarividência?" "Mas a Virgem está convosco?" "Está Ela e todo o paraíso. Mas o conforto não desce." O Padre Pio tinha dito: "Descemos da cruz, para nos estendermos sobre a ara do holocausto. Descemos do altar, para subir à cruz." Pobre Padre, nem sequer sentia forças para comer, para descer ao refeitório. O Padre Pio não era um crucificado, mas o co-redentor. Também São Francisco era um crucificado, mas não tinha sido coroado de espinhos. O Padre Pio, até escarros recebia. Certa vez, perguntei-lhe: "Padre, também vos puxam os cabelos?" Ele respondeu-me: "Minha filha, até os ossos me tentam esmagar!" Durante a noite, os diabos empurravam-no contra as paredes, apertavam-lhe os ossos, torciam-lhe os braços. De manhã as pessoas iam encontrá-lo cheio de contusões. O Padre Pio não suportava blasfémias. Dizia sempre que preferia morrer do que ouvir uma pessoa a blasfemar contra Deus. Disse-lhe eu, num dos últimos dias da sua vida. "Padre, alguns párocos dizem que, em vez do terço, basta rezar duas ou três Ave Marias." O Padre baixou a cabeça, condoído, com os olhos brilhantes, retendo a custo as lágrimas. Respondeu: "Façamos o que faziam os nossos pais! Nunca esqueçamos o que eles faziam."» «Quero fazer boa figura frente ao Senhor» «Agora toda a gente sabe quem era o Padre Pio, mas, durante a sua vida, os que estavam a seu lado eram míopes, não viam nada. Não se apercebiam da santidade do Padre. Só viam que toda a gente se prostrava diante do Padre Pio, e gritavam contra tais exageros. Mas também parecia exagerada a alguns a forma como toda a multidão circundava Jesus, à sua passagem. E, nesse caso, não era o Padre Pio, era o próprio Cristo.» «Hoje todos dizem que são filhos do Padre Pio. É como se fosse moda. Ele disse que nos assistirá, que estará presente no momento da nossa morte, que fará de advogado em nosso favor junto do Senhor Mas também disse: "Contudo, deveis comportar-vos bem. E que eu tenho a santa ambição de vos apresentar belos a Deus, dignos dele, verdadeiros filhos adotivos, em tudo semelhantes a Jesus. Se disserdes que sois meus filhos, mas não vos comportardes bem, então também serei advogado, mas de acusação."» «O Padre dizia sempre que o amor não deve deter-se em Deus, mas abranger toda a família. E uma verdadeira família, dizia o Padre Pio: Deus, Nossa Senhora, o Filho, os Santos, todos os filhos do Pai.» «Perguntei ao Padre: "Não é possível sofrer com alegria, como vós dizeis. Eu não consigo." "Devemos alegrar-nos porque a alma no fogo da tribulação se transforma em ouro fino, digno de ser utilizado no palácio do céu. Alegra-te, por isso, quando te vês carregada com a tua cruz, mesmo que esta seja pesada." Ele costumava visitar muitas vezes as almas do purgatório. Disse-me de repente, cheio de dor, enquanto me confessava: "Não te desejo que vás para o purgatório." "Porquê, Padre?" "Porque, em certos pontos, é semelhante ao inferno, ou ainda pior. Não será melhor sofrer cá na terra, envoltos no amor de Deus e no meio do sofrimento, do que no purgatório?" O Padre Pio dizia que, no purgatório, o sofrimento da criatura não lhe aumentava os méritos. E como quem está na prisão. Expia a sua pena, mas não é premiado pelo governo. Na prisão, quem te dá prêmios? Pelo contrário, quando se sofre por amor de Deus, obtêm-se muitos méritos e evita-se o purgatório. Diz Dante: "Onde a alma se purifica e, para subir ao céu, se torna digna." Está bem, mas quanto tempo perdeu, entretanto? Na Missa, o Padre Pio pedia sempre a Jesus que nos ajudasse a viver o purgatório cá na terra. "Que devo fazer para não ir para o purgatório?" "Oração, meditação e praticar a caridade para com o próximo." "Na aridez e nas tentações, ponho de parte algumas devoções. Quase não tenho vontade de nada." "Pateta! Nesse estado, deves esforçar-te por fazer o mesmo que sempre fizeste em tempo de consolações, sem pensar no gosto que não sentes. A devoção é isto: servir por puro amor. Recorre à santa leitura. Antes de ler, recomenda-te a Deus, para que Se digne falar-te ao coração e servir-te de guia." "Gosto de ler muitas vezes a Bíblia." "E continua. Lê-a, não por curiosidade, nem como estudo, mas para aprenderes a conhecer o Senhor e a amá-lo mais. E inútil que, ao lermos, façamos comparações entre os profetas e os evangelistas. Que importa isso? Leiamos, e basta." "Padre, dai-me uma palavra de consolação." (Nós queríamos sempre ser consoladas pelo Padre, precisamente por ele, que estava sempre no Getsémani!) "A consolação consiste nisto: o dever do cristão é aspirar continuamente à Pátria celeste."» Ter sempre a mala pronta «Temos de meter na cabeça que, frente à Pátria celeste, nós não somos nada. O Padre Pio tinha dito que todos os séculos, até ao fim dos tempos, equivalem apenas à duração de um raio, um instante. Então a nossa vida não passa de um sopro. Nós dizemos "eu farei, eu verei e eu serei", mas isso é absurdo. O Padre Pio disse ainda: "O dever do cristão é considerar-se sempre peregrino no exílio." É o que diz Santa Teresa, o peregrino entra numa hospedaria horrível, com a sua mala. E esta mala está sempre pronta, porque o peregrino tem de partir de repente. E a nossa hospedaria é esta, a vida que devemos seguir. Disse também o Padre: "O dever do cristão é não colocar o seu coração nas coisas deste mundo. Deve trabalhar com vista aos bens eternos." Devemos fazer isso mesmo. De outro modo, o Padre dizia que seria nosso "advogado de acusação", e não "de defesa". «Minha Nossa Senhora!» «"Padre, nas dores físicas da vossa Paixão, invocais a vossa mãe terrena, procurais o seu conforto?" "Tu és mãe, irmã e conforto." "Pedi para mim a Deus a graça de poder assistir ao vosso martírio." "E recebê-la-ás." "Se estais farto de dizei-mo." "Nunca nos fartaremos, porque o amor de Deus nunca se farta, dura para a vida eterna."» «Que raça de perguntas eu lhe fazia, pobre Padre! Por vezes eu não sabia que dizer, e então só dizia disparates. "Padre, como posso agradar a Jesus? Eu não sei sofrer as dores físicas." "A dor não é o único caminho para nos salvarmos. Se Jesus ta der, também te dará a força necessária." "Então, posso pedir a Jesus que me mude as dores físicas em dores morais?" "Não! Deixemos que seja Ele a decidir. É como se Jesus fosse um médico. Eu não posso pedir ao médico que me mude um tratamento, substituindo-o por outro." E o Padre prosseguiu: "Diz antes assim: Senhor, vira-me e revira-me a teu bel-prazer." O Padre Pio era simples neste campo. Ele era a lei da dor e a lei do amor. Disto não podemos escapar. "Não amo Jesus, pois tenho muitas tentações contra Ele." "Só o Bem é contrariado. Com efeito, Satanás nunca se mete com o Mal. Só o Bem é contrariado." "Mas o meu coração está intimamente unido a vós." "Se dizes isso, mando-te embora!" Ah, o Padre. Era simplesmente Jesus sobre a terra. Dizendo isto, fica tudo dito. Deve ser maravilhoso ir para o paraíso, pois vimos, através do Padre, como o Senhor é bom. Uma alma que entrava em êxtase, sobretudo durante a Missa: um êxtase de amor e de dor. Mas, ao mesmo tempo, a sua alma rejubilava.» A loucura de amor de um Deus «Depois de o Padre Pio ter vindo abençoar a minha casa, com o Padre Paolino, eu disse-lhe: "Meu Pai, ontem à noite senti um gozo tão grande, como Madalena em Betânia. Voltaremos a ver-nos?" "Assim o espero. Mais tarde. Deixemos que seja o Senhor a decidir." "Quero-vos tanto, em Jesus." "E quanto te quero eu...! Tu és a minha rainha." '1\h, sim. Ele queria-nos sempre bem. Disse, em certa ocasião: O meu coração é maior do que o vosso! Chamava-me rainha. Um dia estávamos com Pennelli, perto do poço. Passou por nós o Padre Pio, e Pennelli começou a dizer, na brincadeira: "Padre, esta é a princesa, este é o príncipe, este é o conde..." "E a tua tia?", perguntou o Padre Pio. "Rainha!", acrescentou ele. A partir de então, o Padre começou a chamar-me rainha. Quando eu estava em Montecatini, o Padre também me escrevia algumas cartas breves, a mim e à Tina, que estava comigo. Dizia ele: "Isto é para a rainha." No entanto, quando eu lhe disse que gostava dele e ele me respondeu chamando-me rainha, perguntei-lhe: "Padre, porque me chamais rainha?" "Porque cá em baixo servimos o Senhor, mas lá em cima reinaremos com Ele. Todos nós seremos reis e rainhas." É a loucura do amor de Deus. Cá para mim, foi uma desforra amorosa de Deus. Quando Ele viu que Satanás seduziu os nossos pais, Deus deitou-lhe as culpas a ele. Satanás rejubilava. Tinha transformado duas criaturas de Deus em dois diabos. Uma coisa terrível, passar da graça de Deus para a natureza diabólica. O Senhor olhou com misericórdia para aquelas criaturas destruídas. No entanto, o desígnio de Deus era que viesse o Filho. O Padre Pio dizia que Jesus não tinha vindo apenas para nossa salvação, mas também para dar glória a Deus na criação. Viria igualmente, sem o nosso pecado. E teria vindo também Nossa Senhora, a quem eu chamo a Quarta pessoa. De facto, Ela está tão ligada, tão imersa na auréola da Santíssima Trindade!» D. Atíllio: «O Padre Maximiliano Kolbe ensina que Jesus é a encarnação do Verbo. Nossa Senhora é a encarnação do Espírito Santo.» Cleonice: «Maria é a Mãe do amor. Não se trata do amor dos santos, mas do amor divino, no verdadeiro sentido da palavra. E como o Senhor está louco por nós! Chama-nos filhos e diz que reinaremos com Ele. Ainda antes de abrirmos a boca, já Ele conhece os nossos desejos. E satisfá-los. Somos senhores, somos reis e rainhas. Porventura Deus tratou assim os anjos? No entanto, eram merecedores de um prêmio. Uma parte, seguiu Lúcifer, mas a outra, ficou junto de Deus. Porventura Deus chama filhos aos anjos? O Padre Pio dizia que cada pessoa, ao ver um cristão, deveria dizer: "Eis Jesus Cristo!"»
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gospepio · 7 years
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#PP65 – A batalha com os demônios e outras confidências
O Padre Pio sofria muitíssimo ao ver a humanidade cair nos braços de Satanás. Lutou, durante toda a vida, contra Satanás e contra o inferno inteiro, a ponto de dizer: "Sinto forças para aniquilar todo o reino de Satanás!" Qual foi o santo que alguma vez disse coisas semelhantes? Combater um ou dois diabos, já dá bastante trabalho. Mas o inferno inteiro! De princípio, tinha muito medo. Pedia às suas primeiras filhas espirituais: "Implorai a Nossa Senhora que não me deixe ver mais aqueles rostos medonhos." Assustava-se ao ver aqueles monstros. Falavam com a boca que tinham atrás da cabeça e ostentavam as orelhas na parte da frente. Eram urna aberração da natureza. Além disso, também apareciam ao Padre sob a forma de animais, corno elefantes, bois, cães, mas não segundo a natureza criada por Deus. Eram animais monstruosos, com o focinho no alto da cabeça, e as orelhas deslocadas. Apareciam-lhe aos milhares. Mas, corno podiam caber milhares de diabos na cela do Padre? O Padre Pio respondeu, dizendo: "São espíritos que não ocupam espaço."» Nenhum santo combateu como ele «Eram aquelas carrancas horríveis que aterrorizavam o Padre, e não os seus sofrimentos. Ele estava sempre pronto a viver corno um mártir e a desfrutar dos sofrimentos, mas aqueles monstros assustavam-no. Contudo, Nossa Senhora estava sempre presente aquando das batalhas que o Padre sustentava. Estava ali a seu lado, e gloriava-Se das vitórias do Padre Pio e dos méritos por ele conquistados junto de Deus. Assim, com a força que recebia de Nossa Senhora, e com a alegria de lutar para glória de Deus, o Padre tornou-se audaz. As batalhas contra os diabos duravam das dez da noite até às cinco da manhã! Nunca nenhum santo combateu tanto contra o inferno corno o Padre Pio. Quando o Padre Pio via o sol a pôr-se, começava a sentir medo do que o esperava à noite. Mal escurecia, logo surgiam aqueles rostos horrendos. Contudo, no o Senhor deu ao Padre Pio o vigor de Cristo, que esmagou Satanás, sob a cruz. Prestes a morrer, o Padre estava preocupado. Via que, sem ele, Satanás reinaria. Via-o reinar. Satanás reinava e escondia-se. Era por isso que até os sacerdotes diziam às mulheres: "Mas ele não existe! Onde está esse diabo? Foram vocês que o meteram na cabeça." Seria necessário que o Padre Pio lhes falasse deles, já que os via tão bem, um por um. E também desceu ao inferno, segundo contou: "Desci lá abaixo, ao meio daqueles desgraçados do inferno, e sofri mais do que eles. E que eles odeiam a Deus, mas eu amo-o. E ouvir aqueles urros cavernosos contra Deus..." Porque desceria o Padre Pio ao inferno? Porque ele pedia muitas conversões a Deus, conversões de pessoas que não tinham interesse nenhum em converter-se. Então oferecia-se como vítima ao Senhor, queria sofrer todas as penas que se sofrem na terra, e também as do inferno, para impedir que outros as sofressem. Assim, muita gente convertia-se, precisamente porque o Padre chegava ao inferno. Durante muitos anos, o Padre Pio desejava morrer para ir ter com Jesus, mas depois, no fim, chorava porque não queria partir. O Padre sabia que o Senhor o estava a chamar, mas não queria partir, para não deixar a humanidade em poder de Satanás.» «Era preciso apanhar o Padre de improviso, e então ele dizia-nos a verdade e não nos escondia nada. De outro modo, fechava-se em si mesmo. Eu perguntava-lhe: "Padre, gostaria muito de saber..." E ele: "E que queres tu saber? Pensa apenas que Jesus sofreu..."» «O Padre era muito zeloso e reservado sobre as suas coisas pessoais. Contudo, eu fazia-lhe perguntas precisas, até sobre a Paixão de Jesus. Assim o Padre explicou-me que os pés de Jesus, na cruz, tinham sido pregados em separado, e não juntos, como se vê nos quadros. Em seguida perguntei-lhe como era possível que os braços de Jesus não se tivessem partido. O Padre Pio explicou-me que tinham sido passadas cordas sob as axilas de Jesus, a de O sustentar.» «Deus amou-nos para sermos felizes» «Eu pedi ao Padre Pio: "Padre, dai-me uma palavra." "Ama Nossa Senhora e faz com que Ela seja amada. Recita o seu rosário com amor e atenção." "Devo prestar atenção às palavras da Avé Maria ou ao significado do mistério?" "Mantém-te amorosamente atenta à saudação que lhe Eriges e ao mistério que contemplas e em que Ela se encontra." "Padre, qual é a medida do vosso amor por nós?" "Até já não poder amar-vos mais!" "Porque chorais quando rezais por mim?" "Parece-te pouco teres ofendido o Senhor?" "Contei coisas inúteis." "Tem cuidado, pois no dia do juízo daremos contas a Deus da mínima palavra inútil." "Posso contar anedotas, ou também são palavras inúteis?" "Se forem ditas para distrair o espírito, ou com uma finalidade boa, com vista ao arrependimento de uma pessoa que escuta, nesse caso não são palavras ociosas." "Quando vos passará essa tosse? Nunca vos passa. Dai-ma a mim." "Não posso. Sofro muito ao ouvir-te sofrer. Além disso, as minhas jóias, não as dou a ninguém." "Se, para nos santificarmos, é necessário o sofrimento, eu certamente não chego a santa." "Deus criou-nos para a felicidade. O sofrimento é uma expiação." "Eu suporto melhor o sofrimento moral do que o físico." "Bem-aventurada és tu!" "Que feio é o meu nome!" "Isso dizes tu. Eu vi-o nas constelações. À noite, olha para o céu estrelado e verás o teu nome." "Hoje sinto-me triste." "Mas eu gosto de ver as pessoas alegres. Tristeza e melancolia, fora da minha vida." "Sinto que não devo comungar. Sinto-me indigna." "Indignos somos todos. Outra coisa é aproximarmo-nos indignamente do pecado. Mas é Jesus que nos convida, é Ele que o quer."» «É melhor viver o purgatório sobre a terra» "Ensinai-me um atalho para chegar a Deus." "O atalho é a Virgem Santíssima." "Tenho medo de nos separarmos ao morrer. Vós ireis para o paraíso, e eu para o purgatório." "Por isso te digo: pede a Deus que te faça viver o purgatório na terra, amando e sofrendo com generosidade, aceitando, por amor de Deus, tudo o que Ele quiser enviar-te." "Sofro porque Jesus não se faz sentir." "Está denfro de ti. Procura-o!" "Padre, dissestes-me que todas as manhãs vos imolais por mim. Então é verdade que eu ofendo o Senhor." "A imolação não será oufra forma de louvar a Deus? Não é outra forma de lhe agradecer? Não é oufra forma de implorar novas graças?" "Hoje é o dia de Nossa Senhora das Dores. Concedei-me estar perto do coração da Virgem e sentir as suas e as vossas penas." "Já as sentes. O teu coração já está perto de "Disseste-me que sempre sofrestes, desde o berço." "E como te lembras disso? Es tu que o dizes. Eu digo-te que, quando estava no berço, mal a minha mãe apagava a luz, eu gritava e chorava porque muitos monstros me cercavam imediatamente. A minha mãe voltava a acender a luz, e eu sossegava." "Sinto-me hipócrita. Pareço ser boa, mas não sou." "Qual hipócrita, qual quê! Além disso, devemos edificar o próximo também afravés da nossa conduta exterior." "Também Jesus é nossa mãe?" "Compreende-se que assim seja! Não nos regenerou Ele na dor e no amor? Não nos alimenta com a sua carne e com o seu sangue?" "Pai, dizei-me uma palavra." "O olhar de Jesus pousou sobre ti. Recompensar-te-á imensamente. Que a Virgem das Dores guie todos os teus passos." "Quanto sofreis na Santa Missa?" "Tudo o que Jesus sofreu durante a sua Paixão, quanto é possível a uma criatura humana." "Tendes presentes todos os fiéis, que assistem à Missa?" "Vejo-os todos sobre o altar, como num espelho." "Passais todo o tempo da Missa suspenso da cruz?" "Ainda duvidas? Ainda não estás convencida?" "Como conseguis aguentar-vos de pé no altar, com tantas dores?" "Como Se aguentava Jesus na cruz?" "Desejais que subam muitas pessoas à cruz?" "Gostaria que não subisse nenhuma, para não ter que sentir compaixão. Ao vê-las subir, apetece-me nunca mais descer do altar!"»
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gospepio · 7 years
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#PP64 – Confidências de Cleonice, filha espiritual de Padre Pio
No coração do Padre Pio
Certo dia, o Padre Pio dissera: «Quando eu morrer, farei mais alarido do que enquanto estou vivo.» Nos meses que se seguiram à sua morte, parecia que esta sua frase nunca se tornaria realidade. Lembro-me de uma viagem a San Giovanni Rotondo, enviado pelo meu jornal. A vila estava deserta. O fluxo dos peregrinos parara, muitas hospedarias tinham-se visto obrigadas a fechar. Em Setembro de 1969, por ocasião do primeiro aniversário do desaparecimento do religioso, os jornais publicaram artigos tornando patente que, sem o Padre Pio, San Giovanni Rotondo caminhava para a morte, e que o grande hospital por ele construído não teria qualquer futuro. Contudo, as coisas haveriam de mudar. Pouco a pouco, sem a intervenção de factos estrondosos, as pessoas recomeçaram a afluir àquela povoação do Gargano. As atividades comerciais, surgidas ainda em vida do Padre, retomaram o seu funcionamento, ampliaram-se, multiplicaram-se. Em pouco tempo, o Padre Pio, como hoje todos sabem, tornou-se um verdadeiro «caso» de popularidade. Muitos amigos preciosos Era um caso único. O nome deste frade é conhecido de todos em Itália, e o seu conhecimento tem-se vindo a difundir rapidamente por todo o mundo. O Padre Pio é tão conhecido que os meios de comunicação o tratam como uma verdadeira estrela do mundo do espetáculo. A sua popularidade alcançou uma força tal, que «obriga» os diretores de jornais e revistas, também os mais refractários a temas religiosos, a dedicar-lhe espaço, conscientes de que assim agradam ao público. No empenhamento em manter viva a memória do Padre Pio, depois da sua morte, e de dar a conhecer a sua mensagem, distinguiram-se, corno é natural, os frades Capuchinhos, mas também muitos leigos, aqueles que o conheceram ainda em vida, e que se tornaram seus filhos espirituais. Todos se transformaram em informadores e, trabalhando com humildade, na sombra, recorrendo sobretudo à «transmissão oral», deram o Padre Pio a conhecer a milhares e milhares de pessoas. Conheci grande número destes filhos espirituais do Padre, e todos eles me ajudaram muito, desde 1967, na realização dos artigos e livros que lhe dediquei. Nunca esqueci o entusiasmo pacato e sereno, mas caloroso, com que me falavam do Padre. Por vezes, feridos com as injustiças de que o Padre Pio fora alvo, deixavam-se transportar pela dor e tornavam-se polêmicos, mas nunca vítimas do rancor, e muito menos do ódio. Muitos já alcançaram a meta final, e estão certamente junto do Pai; outros ainda continuam na terra, a falar dele. Sinto o dever de recordar alguns nomes, por urna dívida de reconhecimento. O industrial Giuseppe Pagnossin, Giuseppe Canaponi, o ator Cario Carnpanini, Giovanna Boschi Rizzaparo, Giovanni Baldazzi, conhecido por Giovanni de Prato, Giovanni Scarparo, Agide Finardi, o professor Mário Spallone, D. Attilio Negrisolo, monsenhor Giancarlo Setti e monsenhor Guglielrno Zannoni, que em 1967 me apresentou ao Padre Pio. Falava sempre dele Urna das pessoas que, após a morte do Padre Pio, passou a ser fonte inexaurível de notícias para conhecimento do espírito do Padre, foi a sua filha espiritual Cleonice Morcaldi. Corno já contei no capítulo 16, o Padre Pio considerava-a parte da própria família, e depositava nela urna confiança total. Cleonice interrogava-o e o Padre respondia sempre, revelando os segredos mais íntimos da sua vida espiritual e das suas extraordinárias experiências místicas. Durante quarenta anos, desenvolveu-se entre ambos um diálogo quase ininterrupto, tanto falado como escrito. Tratando-se do Padre Pio, santo e grande místico, esse diálogo não foi casual. Mais ninguém conheceu o coração do Padre como Cleonice Morcaldi. Ela morreu em 1987, dezanove anos depois do Padre Pio, e despendeu muito desse tempo inteiramente dedicada à divulgação de quanto o Padre lhe tinha confiado. Não dispunha de muitos meios para cumprir a sua missão. Falava com todos os que iam ter com ela, escrevia cartas aos amigos, confiava a pobres e anônimos cadernos sobre aquilo de que fora testemunha direta. Os seus relatos são simples, mas de grande valor. Já citei por várias vezes Cleonice Morcaldi nas páginas deste livro, e também referi a guerra caluniosa que muitos lhe fizeram, através de acusações e insinuações infamantes. O reconhecimento da santidade do Padre Pio constitui uma justa reabilitação, também para ela. Depois da morte do Padre, continuaram a pesar as antigas calúnias sobre Cleonice. Por isso, mesmo quem conhecia a sua integridade, não se atrevia a apoiá-la, pelo menos oficialmente. Muitas das coisas que ela contava eram utilizadas em livros e artigos, por serem consideradas preciosas, mas sem que nunca se revelasse a sua fonte. Foram publicados livros inteiros com aquilo que Cleonice Morcaldi tinha escrito, mas sem citar o seu nome. Posso dizer que dei um certo contributo para deitar abaixo o muro absurdo da lei do silêncio que se erguia à volta de Cleonice. Não o fiz tanto por mérito pessoal, mas estimulado por quem a conhecia bem e que muitas vezes a visitou durante os últimos anos da sua vida, ou seja, por D. Attilio Negrisolo. Este sacerdote de Pádua, espiritual do Padre Pio desde 1947, perseguido, durante anos, por causa da sua amizade com o Padre, tem o mérito de ter suportado tudo com resignação. As sanções disciplinares eclesiásticas contra ele foram dolorosas. Hoje, a santidade do Padre Pio exalta o seu sofrimento. Ele continuou sempre a «falar e a anunciar» o Padre Pio, contra tudo e contra todos, tornando-se ainda um grande defensor de Cleonice Morcaldi. Cartas inéditas D. Attilio dissera-me sempre que, na sua opinião, Cleonice era uma santa. Dera-me a conhecer os escritos que a própria Cleonice lhe entregara, recomendando-lhe que os mandasse publicar. Graças a D. Attilio, tive a possibilidade de inserir no meu livro A tu per tu com Padre Pio ("A sós com o Padre Pio"), uma grande quantidade desse material: cartas inéditas do Padre Pio para Cleonice, inúmeros bilhetinhos, respostas escritas a perguntas que ninguém ousaria fazer e às quais o Padre Pio nunca teria respondido. Houve quem tentasse servir-se desse material para continuar a enterrar na lama o Padre Pio, afirmando que as suas cartas para Cleonice eram a prova da sua amizade pouco clara. No entanto, como sempre, a hipocrisia farisaica faz um certo alarido e depois é inexoravelmente eliminada. O livro obteve aquilo que pretendia: dar a conhecer a verdade, demonstrar a grandeza sublime daquela amizade, fazer justiça a Cleonice Morcaldi. Tal mérito foi-lhe amplamente reconhecido, também por fontes oficiais autorizadas, como «I Quaderni», publicação de pesquisa histórico-cultural, publicada pela Casa Alívio do Sofrimento. No número de Novembro de 1995, esta publicação dedicou a esse meu livro, e sobretudo ao caso Cleonice, nele abordado, um estudo de dez páginas, afirmando, entre outras coisas: «Mais cedo ou mais tarde, Cleonice tinha de vir à luz... É uma figura demasiado importante na vida do Padre Pio, para poder continuar oculta. Ninguém falava dela claramente... mesmo quem conhecia muitos factos relativos à sua pessoa... Foi um livro de Renzo Allegri que a revelou ao grande público. Este escritor, que sempre seguiu com admiração, para não dizer com afeto, a vida do Padre Pio, abordou o vasto capítulo do relacionamento entre o Padre Pio e Cleonice...» A partir de então, as coisas mudaram. Como que por magia, Cleonice emergiu do subsolo da lei do silêncio. Outros escreveram acerca dela. Além disso, foram publicados diários e recordações, ostentando, finalmente, o seu nome. Cleonice retomou o seu lugar ao lado do Padre Pio, à luz do sol, como «reveladora», pelo menos daquela parte do espírito do Padre que só ela conhecia a fundo, graças às confidências que conseguira arrancar-lhe. Tudo isto me dá uma grande satisfação, precisamente porque se verificou na sequência da publicação do meu livro. Repito, porém, que o mérito principal cabe a D. Attilio Negrisolo, que me deu a conhecer Cleonice e a sua história com o Padre Pio, e me instigou a publicar as cartas que o Padre lhe enviara. Mais um presente Passados vários anos, D. Attilio quis dar-me mais um presente e, através de mim, oferecê-lo aos inúmeros admiradores do Padre Pio. Ofereceu-me dezassete cassetes, com a gravação de uma série de longos colóquios com Cleonice, cujo tema é sempre o Padre, como é natural. Escutei e depois transcrevi essas cassetes. Antes de partir deste mundo, Cleonice quis contar diretamente, de viva voz, muitas das suas recordações, muitas das suas emoções, e muitas das suas reflexões associadas ao Padre Pio. Tratava-se de uma espécie de síntese daquilo que o frade era para ela, como se nos quisesse deixar o seu testamento espiritual. Não sabia que fim viriam a ter aqueles seus relatos. Esperava que, um dia, alguém os utilizasse. Por isso falava com um arrebatamento comovente frente ao velho gravador de D. Attilio, recorrendo também ao dialecto familiar de Puglia, para se exprimir melhor. E muito sugestivo escutar a sua voz, sentir o seu entusiasmo, e por vezes a sua dor ou a sua indignação. Através do timbre, das pausas e dos acentos que confere às palavras do Padre, quase temos a impressão de perceber o tom e a forma como ele as pronunciou. Desejo reproduzir aqui, como conclusão deste livro, algumas passagens dessas recordações de Cleonice Morcaldi e algumas das suas reflexões, convencido de que estou a oferecer aos leitores uma chave de interpretação segura do espírito e do coração do Padre Pio. Aquilo que ela diz sobre o Padre é extremamente importante, também algumas das suas intuições, que, ao primeiro impacto, poderiam parecer temerárias. Não devemos esquecer, com efeito, que tudo o que Cleonice diz e pensa provém de quarenta anos de confidências contínuas e ininterruptas entre ela e o Padre Pio. Nos capítulos anteriores deste livro, tentei reconstruir, através das fontes históricas mais dignas de crédito, os episódios da atormentada existência terrena do Padre. Agora, através da narração de Cleonice, gostaria de levantar o véu que envolve o seu espírito e o seu coração, e ouvir, através das suas próprias palavras, conselhos e recomendações, a mensagem de um pai aos seus filhos. Monstros horríveis «Eu sou a mesma de sempre. Limito-me, simplesmente, a relatar as palavras do Padre. Não creio, porém, que tenha correspondido à graça do Senhor. Em certa ocasião, o Padre disse-me: "A ti, o Espírito Santo fala-te!" Por isso me recomendava sempre: "Tem o cuidado de Lhe corresponder" Mas que posso eu fazer para Lhe corresponder? O Padre falava-nos e depois soprava para dentro de nós, para nos fazer compreender as suas palavras.» «Perguntei ao Padre, num dos últimas dias da sua vida: "Padre, será que eu me vou salvar? Vejo que dentro em pouco nos deixareis." Ele fitou-me e disse: "Do céu poderei fazer mais. Estarei mais perto de vós, assistir-vos-ei melhor. Falaremos frente a frente, tal é a fé." Perguntei-lhe imediatamente: "Estareis tão próximo como o Anjo da Guarda?" "O Anjo pode ... Mas eu sou vosso pai! Eu regenerei-vos para Jesus, no amor e na dor da sua própria Paixão." No céu veremos aquilo que o Padre Pio fez por cada um de nós.» «Certo dia, o Padre disse: "Os tempos são bastante tristes. Tempos desventurados, em que nós caímos. Peçamos ao Senhor que queira vir em socorro da Igreja. As suas necessidades tornaram-se extremas. A Igreja é atacada e caluniada. Rezemos por todos os irmãos de exílio, pelo ministro do Senhor, por todo o povo de Deus. Rezemos e ofereçamos os nossos sofrimentos."
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gospepio · 7 years
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#PP63 – Últimos momentos do Padre Pio
Os últimos anos de vida do Padre Pio passaram numa calma relativa. Oficialmente, tudo regressara à tranquilidade. Contudo, nunca ninguém se retratou das horríveis acusações que tinham sido feitas, pelo que o Padre continuou sempre a carregar com a «Suspeita» de que era um impostor vulgar e corrupto. Além disso, o Santo Ofício nunca chegou a revogar as condenações pronunciadas contra o Padre Pio. A saúde deste ia piorando. Custava-lhe muito andar e respirar. No entanto, levanta-se todas as manhãs às quatro horas, para estar pronto a celebrar Missa na igreja às cinco. A 20 de Setembro de 1968 ocorria o quinquagésimo aniversário da impressão dos estigmas «Visíveis». Tinham sido marcadas para essa data grandes manifestações em San Giovanni Rotondo. Chegaram devotos de todas as partes do mundo. As hospedarias da zona estavam cheias e muitas pessoas pernoitavam nos automóveis. Na manhã do dia 20 de Setembro, o Padre celebrou Missa às 5, como sempre. À tarde houve uma grande procissão em sua honra, em que ele não participou. A noite retirou-se para a sua cela antes da hora habitual, porque não se sentia bem; contudo, não conseguiu descansar. Depois de uma noite agitada, de manhã, quando tentou levantar-se, foi tomado por uma crise de asma violentíssima. Chamaram o médico. Parecia que o Padre tinha chegado ao fim, mas acabou por recuperar. No entanto, não conseguiu celebrar Missa. O dia 22 de Setembro era Domingo. De todos os quadrantes do mundo tinham chegado delegados dos setecentos e quarenta «Grupos de Oração» então existentes. O Padre Pio sentia-se bastante bem. Às 4h30m da manhã desceu à sacristia, a de se preparar para celebrar, corno habitualmente, a Missa das 5. Como era um dia de grande festa, o Padre Superior ordenara que a Missa fosse solene, ou seja, cantada. Isso implicava um grande esforço para o celebrante. O Padre Pio não estava capaz de o suportar. Queixou-se desse facto, mas, por qualquer razão desconhecida, não foi escutado. Foi a sua última Missa. Chegou até nós uma gravação sonora daquela cerimónia, e numerosas fotografias. Na gravação ouve-se a voz do Padre Pio, esforçada e trémula; nas fotografias, vê-se o seu rosto transtornado. No Prefácio, o Padre sentia-se tão extenuado, que não conseguiu cantá-lo; recitou-o. Pouco depois, acabou por perder o domínio de si próprio, e enganou-se: em vez do Pai Nosso, entoou o Prefácio. No fim da Missa, teve um colapso, caindo sobre o altar. Estava tão fraco, que foi necessário utilizar urna cadeira de rodas para o levar até à sacristia. Depois de lhe despirem os paramentos sagrados, foi conduzido para a cela e metido na cama, onde descansou durante cerca de duas horas. Depois quis levantar-se. As 10h30rn assomou à janela do coro, para abençoar a multidão. Às 18 desceu à igreja e, do lugar reservado às mulheres, assistiu à Missa vespertina. No fim, tentou levantar-se, para abençoar os circunstantes, mas não conseguiu. Ficou dobrado em dois, incapaz de se mover. Foi levantado em peso pelos seus confrades, instalado na cadeira de rodas e reconduzido à sua cela. Estava muito mal. Meteram-no na cama. Pediu que chamassem para junto de si o Padre Pellegrino de Sant'Elia, que já há tempos o assistia e que também esteve a seu lado nessa sua última noite. Estive com o Padre Pellegrino em San Giovanni Rotondo, em Setembro de 1969, um ano depois da morte do Padre Pio. Nessa altura não se falava tanto no Padre corno hoje. A causa da beatificação ainda vinha longe. Quem o tinha conhecido, porém, «sabia» que ele era santo. Também o Padre Pehegrino o sabia. De pé, na cela em que morrera o Padre Pio, no silêncio que envolvia o convento, contou-me, com simplicidade, mas comovido, como se dera a passagem do Padre da terra para o céu. Desejo terminar este meu relato da vida do Padre Pio com aquilo que me disse então o Padre PeUegrino, com as mesmas palavras, tal como as transcrevi da gravação que então fiz. Constituem um documento importante, porque foram pronunciadas quando a recordação da morte do Padre ainda estava muito viva na memória do seu confrade, e quando ainda não tinha começado a causa da beatificação. O Padre Pellegrino, que entretanto fora nomeado Guardião do Convento de Santa Maria das Graças, acompanhou-me na visita ao quarto onde o Padre tinha morrido. Era ao fundo do longo corredor do convento, e mantinha-se tal como o Padre o tinha deixado. Encostada à parede, uma tarimba simples e pobre. Ao lado, um genuflexório, acima do qual se encontrava um despertador, um relógio e o crucifixo. Na parede em frente, aos pés da cama, uma grande pintura de Nossa Senhora. Havia ainda uma mesinha, sobre a qual o Padre Pio guardava os seus objectos pessoais: uma escova, um par de limas para as unhas, uma faca de papel, um despertador, dois relógios, um breviário, fotografias do Papa, de parentes, de alguns amigos, e mais algumas coisinhas. Defronte da mesa, encostada à parede oposta, a polfrona em que o Padre Pio costumava descansar e na qual viria a morrer. «Despertadores e relógios», disse-me Padre Pellegrino, «era essa, até certo ponto, a sua mania. Tinha sempre medo de chegar atrasado. Consultava-os continuamente, e serviam para programar, com a mínima precisão, as ocupações do seu dia. Todas as noites eu ficava no quarto contíguo, ligado ao seu por um telefone interno, que ficava sempre aberto, e através do qual me podia aperceber de todos os movimentos do Padre Pio. Naquela noite, cheguei ao quarto do Padre por volta das vinte e uma horas. O Padre já estava na cama. Na cela estavam outras pessoas, que saíram, à minha chegada. Das vinte e uma à meia-noite, o Padre Pio chamou-me cinco ou seis vezes. Perguntava-me as horas. Não dava sinais de ter chegado ao fim da vida. Pelo contrário, parecia mais sereno do que nas outras noites. Estava mais recolhido. Tinha os olhos a lacrimejar, mas isso acontecia com frequência. Rezava continuamente. À meia-noite pediu-me muito agitado, quase como se receasse a minha resposta negativa: "Podes ficar comigo, meu filho?" Respondi-lhe que sim. De um modo geral, sentava-me na poltrona, mas, naquela noite, o Padre quis que eu pegasse na cadeira e me sentasse ao lado da sua cama. Tomou a minha mão entre as suas e apertou-ma com força: tremia, como uma criança cheia de febre. Da meia-noite à uma, perguntava-me as horas a intervalos de dois ou três minutos. Parecia que tinha um encontro marcado, e que estava impaciente pela chegada desse momento. Os seus olhos choravam, mas com serenidade, e eu limpava-lhos. Por volta da uma, perguntou-me: "Ouve lá, já disseste a Missa?" "Padre, ainda é cedo para a Missa", respondi. Ele acrescentou: "Esta manhã rezá-la-ás por mim." Pouco depois quis confessar-se. Eu não era o seu confessor habitual, mas já o tinha confessado várias vezes. No fim pediu-me que lhe renovasse o acto da profissão religiosa. Este pedido fez-me imediatamente estremecer, porque é nosso costume fazê-lo sobre o leito de morte. Satisfiz o seu desejo e depois o Padre disse-me: "Meu filho, se o Senhor me chamar hoje, pede perdão por mim aos confrades, por todos os incómodos que lhes causei: pede-lhes também uma oração pela minha alma." Eu repliquei: "Estou certo, Padre, que o Senhor vos fará viver ainda muito tempo. Mas, se estiver certo o que dizeis, peço-vos uma última bênção para os vossos confrades, filhos espirituais e doentes." "Sim - disse ele - abençoo-os a todos. Pede ao superior que seja ele a dar por mim essa bênção." Passava pouco da uma, quando o Padre Pio me disse: "Não estou a respirar bem na cama, ajuda-me a levantar-me." Insisti para que ficasse estendido, mas depois satisfiz a sua vontade. Ajudei-o a vestir-se, foi até ao lavatório e molhou o rosto com água fria; alisou a barba e sentou-se na polfrona. Finalmente, disse-me: "Olha só para o céu; está cheio de estrelas." "Pois está", respondi. "Então vamos sair", sugeriu. Levantou-se sozinho da poltrona. Endireitou-se completamente, coisa que não fazia há anos. Aproximei-me para o amparar, mas apercebi-me, com grande surpresa, que ele não precisava. Caminhava direito e ágil como um jovem. Nunca na vida o tinha visto tão belo e ligeiro. Saiu para o corredor, aproximou-se da porta da varanda e acendeu a luz com as suas próprias mãos, coisa que nunca fazia. Quando já estávamos sob o céu estrelado, olhou à sua volta absorto, quase luminoso. Esteve alguns minutos em contemplação silenciosa, depois sentou-se na poltrona. Geralmente, das outras vezes, quando estava na varanda, mantinha-se em oração. Naquela noite, fixava um ponto preciso da varanda, aquele em que, mais tarde, depois da sua morte, seria colocado o seu corpo. Passados cerca de dez minutos, começou a empalidecer. Aproximei-me para o ajudar a levantar-se, e apercebi-me que se tinha tornado muito pesado. Já não tinha energia para se aguentar de pé, e eu não conseguia ampará-lo. Corri a buscar a cadeira de rodas. Chegados ao quarto, consegui sentá-lo na poltrona, com esforço. Até àquele momento, não me passara pela cabeça que o Padre Pio tinha chegado ao fim dos seus dias, mas, já na poltrona, notei como empalidecia ainda mais, enquanto os seus lábios se tornavam azulados. Assustei-me. Ele repetia: "Jesus, Maria", com uma voz cada vez mais débil. Lembro-me de um pormenor que nunca contei a ninguém, a não ser aos meus confrades, porque é muito delicado. Na parede defronte da poltrona, o Padre Pio tinha um retrato de sua mãe. Fixando o retrato, perguntou-me: "Quem está ali, naquele retrato?" "E a vossa mãe", repliquei. "Eu estou a ver duas mães", retorquiu ele. Pensei que a visão lhe estivesse a falhar. Aproximei-me do quadro e disse ao Padre Pio: "Vede, Padre, isto é o quadrinho com o retrato de vossa mãe. Estas aqui são outras fotografias." O Padre Pio fixou-me no rosto e retorquiu: "Não te preocupes, eu vejo muito bem, e estou a ver duas mães." Compreendi então que a outra mãe era Nossa Senhora. Insisti para que ele ma descrevesse, de forma mais detalhada, mas o Padre Pio recusou-se a responder. E opinião muito corrente que o Padre Pio via Nossa Senhora com frequência. Eu só posso testemunhar que a sua forma de rezar, quando se encontrava sozinho, e não se sentia observado, era muito estranha. Falava com uma pessoa que tinha à sua frente. Observei-o às escondidas algumas vezes, e de cada uma delas escutei conversas maravilhosas entre o Padre e a Virgem Santa. Quando percebi que as forças estavam prestes a abandonar o Padre Pio, fiquei preocupado e aproximei-me da porta para ir chamar alguém, mas ele disse: "Não, não incomodes ninguém." Fiquei ainda alguns minutos, mas depois decidi sair. Chamei Frei Guglielmo, telefonei ao doutor Sala, seu médico assistente, e aos dois médicos que estavam de serviço na Casa Alívio do Sofrimento. Chamei o Padre Superior e acordámos também os outros confrades. Os médicos, que tinham acorrido imediatamente, tentaram administrar oxigénio ao Padre, para lhe conservar a vida. Deram-lhe algumas injecções, mas todos os esforços foram inúteis. O Padre Pio morreu às 2h30m, sem um sobressalto, sem a mínima respiração arquejante. Apercebi-me que tinha falecido por ter reclinado a cabeça sobre o ombro e ficara imóvel.» A notícia da sua morte espalhou-se algumas horas mais tarde. Através da rádio e dos jornais foi difundida para todas as partes do mundo e, como que por encanto, o mundo ficou a saber como o Padre Pio era amado e popular. Todos choravam o desaparecimento do «frade com estigmas», e todos diziam que tinha morrido um «grande santo». O corpo foi exposto na igreja de San Giovanni Rotondo, às 8h30m daquela manhã e, durante quatro dias, houve uma procissão contínua de devotos e admiradores, que queriam prestar homenagem ao Padre. Passavam diante da urna, depositavam uma flor, choravam, saudavam, beijavam. Só po diam deter-se alguns segundos, porque o afluxo de gente era ininterrupto. Na quinta-feira, 26 de Setembro, às 15h30m, saiu o cortejo fúnebre, que viu desfilar pelas ruas de San Giovanni Rotondo mais de cem mil pessoas. Do céu, helicópteros da Polícia e da Aviação lançavam flores. Era o triunfo daquele humilde frade que, durante toda a vida, fora alvo de tanta polémica e de tantas humilhações. À noite, o corpo foi sepultado na cripta da Igreja de Santa Maria das Graças, onde ainda se encontra. Desde então, ainda hoje é visitada diariamente por milhares de peregrinos e devotos, que assim querem testemunhar o grande amor por este frade simples, que tanto fez pelo bem das almas e por todos aqueles que nele procuravam um pouco de consolação para a sua dor e uma palavra de paz. Para compreender melhor Já tentámos reconstruir a vida do Padre Pio, olhando do novo ângulo fornecido pela última sentença da Igreja, que agora reconhece oficialmente a sua santidade. Para o fazer, fomos obrigados a pôr em destaque como foram diferentes os juízos por parte de altíssimas autoridades eclesiásticas, durante a vida do padre. E foram precisamente esses juízos negativos, seguidos de perseguições e intervenções disciplinares dolorosas e humilhantes, que provocaram os maiores sofrimentos e dores ao Padre. A interrogação brota espontânea: como é possível que isso tenha acontecido? Na nossa opinião, como já repetimos por várias vezes, a explicação pode ser encontrada fazendo uma interpretação teológica da história. O Padre Pio estava destinado a uma enorme missão. Devia ser, através do sofrimento, um «segundo Cristo», para colaborar na Redenção do mundo. Satanás, inimigo de Deus e do homem, tentou por todas as formas fazer naufragar esta missão. Com esse objectivo, tentou «utilizar» as pessoas que mais poderiam fazer desacreditar o Padre e impedir a sua obra. Algumas - voluntariamente, ou não - caíram na sua armadilha. Ao expor estes factos, fomos obrigados a referir ocorrências muitas vezes ignoradas, porque envolvem personalidades eclesiásticas. No entanto, a verdadeira história foi esta. Calar não ajuda a esclarecer. A verdade é sempre pura. Não foi a Igreja que se enganou. Foram alguns homens da Igreja. Isso pode sempre acontecer. Ao comemorar o Padre Pio a 8 de Dezembro de 1968, portanto, cerca de três meses após a sua morte, o cardeal Gia- como Lercaro foi o primeiro a apresentar, claramente, toda a realidade. «A configuração do Padre Pio com Cristo torna-se luminosa, sobretudo no sofrimento», afirmou ele. «A sua vida é uma Paixão, e as semelhanças com o sofrimento do Salvador também são demasiado evidentes. Começam, precisamente, pela incredulidade e pelas perseguições daqueles que deveriam ser os primeiros a poder e dever compreender, enquanto que até as multidões humildes e sinceras assediavam a Igreja das Graças e o confessionário do Padre, provenientes "de toda a Judeia, de Jerusalém, e da costa de Tiro e de Sídon", para utilizar as palavras de São Lucas. Em suma, vinham de todas as partes do mundo, para escutar o Padre e para que ele as curasse das suas doenças, e todos procuravam tocar-lhe, pois dele saía uma força que a todos curava... Contudo, para o magoar no profundo de si mesmo, fazendo-o agonizar como o Salvador no horto das oliveiras, contribuiu o facto de não ser tanto "pela" Igreja que ele sofria, mas de os seus sofrimentos lhe serem infligidos "pela" Igreja: pelos homens da Igreja, que descarregam sobre a comunidade - animada pelo espírito de Cristo, que a torna admirável sacramento de salvação - o peso das suas misérias, cobiça, ambições, mesquinhez e desvios.» Em 1972, o cardeal Giuseppe Siri fez-se eco destas palavras, afirmando: «Os primeiros que deveriam ter reconhecido Jesus Cristo foram aqueles que o enviaram à cruz. Também ao Padre Pio sucedeu o mesmo... Ele foi reduzido a um ser rejeitado, prisioneiro e segregado; chegaram ao ponto de o impedir de comunicar com o povo.» No decreto de reconhecimento da heroicidade da sua virtude, emanado em Dezembro de 1997, como conclusão do processo de beatificação, é afirmado oficialmente, embora de forma discreta, que o Padre teve de sofrer muito, precisamente por causa da Igreja. «Experimentou durante muitos anos os sofrimentos da alma. Durante anos, suportou as dores das suas chagas com fortaleza admirável. Aceitou em silêncio e na oração as numerosas intervenções da autoridade eclesiástica e da sua Ordem. Calou-se sempre frente às calúnias ... Foi obediente a todas as ordens dos seus superiores, mesmo quando estas eram vexatórias.» Corno já vimos, durante toda a vida, o Padre Pio não foi querido pelas autoridades eclesiásticas. Contudo, nunca, em ocasião alguma, lhe foi ouvida urna única palavra contra a Igreja ou contra as autoridades em questão. Escreveu ainda o cardeal Lercaro: «No Padre Pio, talvez não haja nada de mais impressionante do que o seu silencioso, persistente e quase obstinado, embora muito humilde, amor à Igreja, a sua fidelidade à Igreja.» Mais do que os milagres, carismas, visões, bilocações e conversões clamorosas, foi certamente esse amor que transformou o Padre Pio num grande santo, tão parecido com Cristo e tão útil para a salvação do mundo. O que ele disse Disse-lhe urna sua filha espiritual: «Padre, vós sois todo de todos.» Ele, porém, corrigiu-a: «Não, eu sou todo de cada um.» «Padre, faz-me esta graça?», implora um homem. O frade que acompanha o Padre Pio, sussurra-lhe: «é um austríaco.» O Padre Pio replica: «E então? No paraíso não existem nacionalidades.» Carlo Campauini, actor, contou o seguinte: «Certo dia, eu acompanhava o Padre Pio até ao convento. Ia à sua frente, para lhe abrir passagem por entre a multidão. Ouviam-se gritos: "Faz-me ver, faz-me andar, o meu filho está a morrer, ajuda-me!" A cada invocação, o Padre erguia os olhos ao céu e depois baixava a cabeça, dando um profundo suspiro. Quando já estávamos no interior do convento, sozinhos, o Padre comentou, com o rosto amargurado: "Estás a ver? Vêm todos aqui para que lhes seja tirada a cruz. Nenhum pede ajuda para levá-la."» O que disseram acerca dele Wanda Poltawska, médico polaco: «Julgo que hoje, mais do que nunca, esta humanidade desorientada, incapaz de encontrar o caminho para o céu, tem necessidade do exemplo e do amor de um santo como o Padre Pio.» Giacomo Lercaro, cardeal: «A sua última palavra, quando já nenhum véu lhe ocultava que estava próxima a passagem do atormentado e crucificado exílio para a pátria, foi uma carta de leal, filial e afectuosa devoção para com a Sé Apostóhca. Depois partiu em silêncio, como sempre vivera.» Enrico Medi, cientista: «Quem era o Padre Pio? Uma criatura sobre a qual o Espírito Santo derramou uma abundância de graça que, a meu ver, é raro encontrar ao longo da história da Igreja. A sua união a Jesus, em particular a Jesus crucificado, era perfeita. Ao vê-lo, ao escutá-lo, ao segui-lo, sentia-se e via-se o Senhor. Tudo isto sem fanatismos, segundo a natureza do sobrenatural.» from Grupo de Oração São PADRE PIO http://ift.tt/2yzkmqy via IFTTT
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gospepio · 7 years
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#PP62 – O grande calvário de Padre Pio
Para lá do horizonte
(1959-1968)
Sob a protecção de Pio XII, o Padre Pio viveu um período relativamente sereno e cheio de iniciativas. O Papa Pacelli conhecia toda a história do Padre Pio e era continuamente informado sobre as hostilidades que o religioso sofria. Através das suas intervenções, porém, dava a entender que estimava aquele religioso e que aprovava a sua atividade. Sempre que encontrava algum prelado vindo da Puglia, informava-se sobre o Padre. Em 1947, recebeu em audiência monsenhor Andrea Cesarano, arcebispo da Manfredónia e perguntou-lhe imediatamente: «Que faz o Padre Pio?» «Tira os pecados do mundo, Santidade», respondeu o arcebispo. A 5 de Maio de 1956, aquando da inauguração da Casa Alívio do Sofrimento, enviou um telegrama definindo o hospital como «obra sugerida por elevado sentido evangélico de caridade». Três dias mais tarde, recebeu em audiência um grupo de cardiologistas, alguns dos quais também tinham estado com o Padre Pio, em San Giovanni Rotondo, para assistir à inauguração da Casa Alívio do Sofrimento, e aproveitou para falar da obra do frade de Pietrelcina com expressões de uma estima extraordinária. Apontou o significado da Casa Alívio do Sofrimento, «chamada a introduzir no tratamento dos doentes uma concepção mais profundamente humana e, ao mesmo tempo, mais sobrenatural». E definiu-a assim: «E fruto de uma das mais elevadas intuições, de um ideal longamente amadurecido e aperfeiçoado, em contacto com os mais variados e cruéis aspectos do sofrimento moral e físico da humanidade.» Expressões de total comparticipação, que eram, ao mesmo tempo, advertências, indicações e sugestões para quantos, pelo contrário, continuavam a olhar para o Padre Pio com suspeita e desconfiança. Em Abril de 1957, como à volta da Casa Alívio do Sofrimento se levantavam conflitos de interesse econômico e problemas de gestão e de jurisdição, o Papa chegou ao ponto de dispensar o Padre Pio do voto de pobreza, para que também pudesse chamar a si a gestão econômica da sua obra. Nomeou-o diretor vitalício da Fraternidade Terciária (entidade laica que geria a obra) e declarou-o diretor-guia-responsável da Casa Alívio do Sofrimento. A Obra passou a ter, assim, a sua autonomia e a sua própria organização jurídica. Em Outubro de 1958, porém, também o Papa Pacelli viria a faltar. Os inimigos do Padre Pio levantaram de novo a cabeça e retomaram as hostilidades, dando início a um novo período de perseguições, que continuou até à morte do Padre. Foi o último, mas sem dúvida o mais duro e mais vergonhoso, porque infligiu humilhações e suspeitas a um pobre velho, como se fez durante esses anos ao Padre Pio, é uma atitude que não pode ter justificação.
Os factos
Os membros do Santo Ofício e os eclesiásticos que não acreditavam na santidade do Padre Pio nunca deixaram de exprimir as suas opiniões negativas e de fazer sentir a sua hostilidade, nem sequer quando o Padre era abertamente protegido pelo Papa Pacelli. A estima que o Papa demonstrava, respondiam levantando questões disciplinares e pondo em destaque comportamentos anômalos. Não conseguiam infligir «condenações públicas», como tinha acontecido nos anos Vinte, no tempo de Pio XI, mas exprimiam de igual modo o seu pensamento e as suas opiniões que, sendo altamente autorizadas, tinham sempre o seu peso. Por isso o Padre Pio, durante os anos em que era protegido pelo Papa Pacelli, embora pudesse agir com uma certa liberdade, também teve de suportar muitas ofensas injustas. De vez em quando, chegavam a San Giovanni Rotondo inspetores eclesiásticos, que queriam saber, interrogavam e apresentavam queixas. Chegavam cartas, enviadas pelo Geral e pelo Provincial, contendo intimações e queixas, que recordavam ao Padre Pio como ele continuava a ser considerado, pelos seus superiores, um indivíduo suspeito, incômodo, que só sabia arranjar problemas e aborrecimentos. O Padre suportava tudo, mas sofria... e muito. A 11 de Março de 1952, o Santo Ofício apresentou ao Geral dos Capuchinhos uma série de inconvenientes detectados em San Giovanni Rotondo. Como é natural, o Geral lançou a sua própria amargura sobre o Provincial, este sobre o Guardião de San Giovanni Rotondo, e o Guardião sobre o Padre Pio. Era a cadeia inexorável de acusações, que se sucedia a um ritmo quase regular, a juntar às preocupações do Padre, já cheio de problemas relativos à construção da Casa Alívio do Sofrimento. Preocupações muito amargas, porque as críticas provinham de Roma, do Santo Ofício, ou seja, da Igreja, e passavam pelo seu Superior Geral. Do ponto de vista psicológico, o Padre sentia-se «rejeitado», ou, pelo menos, «bastante criticado», pelas duas entidades às quais consagrara a própria existência: a Igreja e a Ordem dos Frades Capuchinhos. A 8 de Abril, do mesmo ano de 1952, o Santo Ofício voltou a contactar o Geral, ainda por causa dos problemas de San Giovanni Rotondo, reforçando a afirmação de que a situação estava muito mal e incomodava o poderoso dicastério eclesiástico. Mais uma vez, todos os maus humores recaíram sobre a cabeça do pobre Padre Pio, passando primeiro pelos vários superiores, e semeando o descontentamento um pouco por toda a parte. A 3 de Maio de 1952, o Padre Geral, provavelmente para calar as queixas do Santo Ofício, interveio pessoalmente com uma carta dirigida aos religiosos de San Giovanni Rotondo e da província de Foggia, recomendando-lhes que não favorecessem as peregrinações de pessoas a San Giovanni, nem difundissem escritos e imagens do Padre Pio. Dois meses mais tarde, a 8 de Julho, pressionado pelo Santo Ofício, o Geral fez uma viagem inesperada a San Giovanni Rotondo, a fim de insistir pessoalmente sobre aquelas questões. É evidente que o Padre Pio se sentiu tremendamente humilhado. Se o Padre Geral, responsável por todos os problemas da Ordem dos Capuchinhos e, portanto, muitas vezes em viagem pelo mundo, atinha deixado Roma para se dirigir pessoalmente a San Giovanni Rotondo, a fim de o censurar precisamente a ele, dizendo-lhe que o Santo Ofício, ou seja, o Tribunal eclesiástico máximo, tinha contestado certos factos, isso queria dizer que aquele superior não estava contente consigo, o que tornava a situação bastante grave. Mais tarde, a 30 de Julho, o Santo Ofício aproveitou para fazer ouvir diretamente a própria voz. Como tinham saído livros sobre o Padre Pio que não tinham o imprimátur (aprovação eclesiástica, como então era exigido pelo Direito Canônico), emitiu um decreto que proibia tais publicações. Como vemos, era um massacrar contínuo, fazendo sentir a própria desaprovação. Para o Padre Pio, tão sensível e desejoso de servir a causa de Deus, tais intervenções constituíam verdadeiras aguilhoadas no coração. Aguilhoadas que nunca mais pararam, que, pelo contrário, aumentavam, com a continuação. Podemos dizer que eram fruto de uma fria intransigência burocrática. Na realidade, para quem quiser olhar mais a fundo, eram sinal daquela luta misteriosa que não provinha tanto dos homens, de eclesiásticos perplexos, mas do «inimigo número um», de Satanás. Compreendera-o bem o Padre Agostino de San Marco in Lamis, confessor do Padre Pio, tendo-o anotado no seu Diário. Com efeito, escreveu ele com data de 3 de Setembro de 1952: «A guerra exterior de pessoas associadas a Satanás prossegue, mas o Padre segue em frente apoiado no nome de Deus, como se nada lhe dissesse respeito, embora a sua alma esteja amargurada.» Voltou a repeti-lo alguns anos mais tarde, escrevendo, a 28 de Novembro de 1956: «A luta satânica contra a grande obra da clínica continua, enquanto o Padre sofre e reza.» Nos anos de 1955-1958, com o agravamento da situação, deu-se o famoso «caso Giuffrè», que se abateu sobre a Ordem dos Capuchinhos como um terramoto, atingindo o próprio Padre Pio, embora este nada tivesse a ver com ele. É uma história horrível, já antiga e distante, acerca do qual se levantou muita polêmica. E desagradável folhear de novo páginas dolorosas. No entanto, estas não podem ser completamente ignoradas porque, naquela época, para atenuar as responsabilidades de muitos eclesiásticos caídos em tal desastre, tentou-se envolver também o Padre Pio, que era totalmente alheio à situação. A Segunda Guerra Mundial semeara a destruição em toda a Itália. Os bombardeamentos tinham derrubado casas, igrejas e também muitos conventos. Terminado o conflito, a Itália fora tomada pelo frenesim da reconstrução. Surgiam por toda a parte estaleiros destinados à reedificação dos edifícios devastados e à construção de outros novos. Também os Frades Capuchinhos se esforçavam muito para restaurar os seus conventos. O fervor levou-os a implementar grandes iniciativas. Contudo, para realizá-las, eram necessárias somas muito avultadas. A necessidade convenceu muitos deles a dar crédito a uma armadilha financeira que, nos anos cinquenta, deu muito que falar em Itália. Um certo Giambattista Giuffrè, ex-funcionário do Credito Romagnolo de Imola, dava juros antecipados, que podiam ir de trinta a cem por cento, a quem lhe emprestasse dinheiro. Era um homem estimado, que se dizia católico fervoroso. Por isso, tanto bispos como párocos e superiores de conventos confiaram nele. Ainda mais, entusiasmados com as aparentes vantagens econômicas que dele recebiam, chamavam-lhe «O homem da Providência» e «O banqueiro de Deus». A dado momento, porém, o jogo de Giuftrè foi pelos ares. Em 1958, «O banqueiro de Deus» declarou falência, e todos aqueles que lhe tinham emprestado dinheiro ficaram de mãos vazias, ou antes, viram-se envolvidos num turbilhão de dívidas. A Santa Sé interveio, impondo aos bispos, párocos, ordens religiosas e congregações que restituíssem todo o dinheiro proveniente da burla. O Papa criou uma comissão cardinalícia para se ocupar da situação, a de tentar mitigar o escândalo. Os Frades Capuchinhos foram dos mais atingidos. Perderam um verdadeiro patrimônio. O Geral da Ordem, em relatório reservadíssimo, escreveu o seguinte: «Fomos obrigados a pagar uma soma enorme, ficando reduzidos quase à ruína, à beira do desastre econômico.» Para pagar as suas dívidas, os Capuchinhos pensaram em recorrer ao dinheiro enviado de todo o mundo para San Giovanni Rotondo, ao cuidado do Padre Pio. Pediram para ser ajudados, mas o Padre respondeu: «Esse Unheiro não é meu. Foi-me entregue com um objectivo preciso, para que eu faça obras destinadas aos pobres e doentes, e não para pagar as dívidas dos frades. Eu seria um mau administrador, se o utilizasse sem respeitar a vontade explícita dos benfeitores.» O Padre tinha toda a razão, do ponto de vista da honestidade, mas os seus confrades, exasperados pela situação desastrosa em que se encontravam, não conseguiam entender a sua atitude. Alguns ficaram ofendidos, e uniram-se àqueles que sempre tinham sido inimigos do Padre Pio, dando o seu triste contributo para os sofrimentos do confrade. Entretanto, em Outubro de 1958, morre Pio XII. Em seu lugar, é eleito Angelo Roncalli, com o nome de João XXIII. Roncalli provinha de Veneza, onde era Patriarca desde 1953. Tinha começado a ouvir falar do Padre Pio imediatamente após a guerra, quando era Núncio Apostólico em Paris. Tendo de tratar de um assunto também relacionado com o Padre Pio, pedira informações ao arcebispo da Manfredónia e recebera, como resposta, uma longa carta transbordante de estima e de admiração. Como Patriarca de Veneza, ao receber um filho espiritual do Padre Pio, tinha-lhe dito: «Se escrever ao Padre, diga-lhe que o abençoo e que me recomendo às suas orações.» Mal foi eleito Papa, João XXIII enviou uma bênção especial ao Padre Pio, através do arcebispo da Manfredónia, monsenhor Cesarano. Em Janeiro de 1959, o secretário de Estado, monsenhor Domenico Tardini, enviou ao Padre Pio, em nome do Papa, naturalmente, uma carta de louvor pela Casa Alívio do Sofrimento. Em Julho, do mesmo ano de 1959, o Papa mandou uma bênção pessoal ao Padre Pio, através do cardeal Federico Tedeschini, que ia a San Giovanni Rotondo para a inauguração da nova igreja de Santa Maria das Graças. Até àquela data, portanto, o Papa João demonstrava partilhar plenamente a estima que Pio XII nutrira pelo Padre Pio. Depois a situação mudou de repente, e de forma drástica. Vários conselheiros do Papa tinham-se esforçado por insinuar nele dúvidas e suspeitas. Como se tratava de pessoas que o Santo Padre conhecia e estimava muito, não podia ignorar o que diziam. Foi assim que se começou a formar a nova tempestade. Corno noutras ocasiões, o Padre Pio, com a sua misteriosa sensibilidade, estava em condições de «prever» os acontecimentos que lhe diziam respeito e que ainda estavam para acontecer. Quando estes eram duros, sofria antecipadamente com o que estava para vir. Na realidade, ele sabia que essas experiências dolorosas eram provocadas pelo seu inimigo de sempre, Satanás, e sofri-as na carne, enquanto o Espírito do Mal as ia preparando. Tratava-se quase de urna luta «particular», entre ele e o mal, que se desenvolvia em «antestreia», isto é, quando os acontecimentos destinados a destruir a sua pessoa e a sua obra ainda não tinham começado. Isso já atinha ocorrido, corno referimos no capítulo 14, antes da primeira condenação do Santo Ofício, em 1923. Enquanto em Roma os juízes do Santo Ofício discutiam o «caso», o Padre Pio, em San Giovanni Rotondo, agonizava por entre dores de todo o tipo. O mesmo aconteceu em 1959. Em Roma, conselheiros malévolos esforçavam-se por convencer o Papa João XXIII de que o Padre Pio era um religioso indigno, e propunham soluções drásticas para «redimensionar» a autonomia conferida por Pio XII; entretanto, o Padre Pio, em San Giovanni Rotondo, «somatizava» as consequências de tais intervenções, ainda antes de entrarem em vigor. Com efeito, a 25 de Abril desse ano, caiu de carna. Acorreram os médicos, que ficaram perplexos e assustados, frente ao seu estado de saúde. Foram consultados três especialistas muito célebres, os professores Valdoni, Mazzoni e Gasbarrini, que diagnosticaram um tumor maligno no pulmão. O Padre tinha poucos meses de vida. O seu estado agravou-se. O Padre não podia levantar-se da carna, nem sequer para celebrar Missa. Ficou quatro meses naquela situação. Mais tarde, em Agosto, deu-se algo extraordinário. Chegou a San Giovanni Rotondo a imagem de Nossa Senhora de Fátima, que nessa altura percorria a Itália, fazendo escala nas várias cidades. Chegou a San Giovanni na noite de 5 de Agosto. Durante toda a noite, as pessoas acorreram, em grande número, para rezar pela cura do Padre Pio. Por volta do meio- -dia, quando na igreja havia pouca gente, o Padre foi levado numa padiola até à presença da imagem. Aí permaneceu, em oração, e depois foi levado de volta para a sua cela. As duas da tarde, a imagem partiu, de helicóptero. Da sua cama, o Padre Pio rezava: «Minha Santa Mãe, quando chegaste à Itália, fizeste-me cair de cama, com esta doença; agora, que te vais embora, ainda me deixas assim?» Mai tinha acabado de pronunciar estas palavras, todo o seu corpo foi sacudido por um tremor. Os religiosos que lhe faziam companhia assustaram-se e temeram que estivesse prestes a morrer. Mas aquele estranho fenômeno durou poucos segundos, e depois o Padre Pio sentiu-se inesperadamente bem. O seu rosto, antes muito pálido, tinha agora um tom róseo, e a respiração estava regular. Disse que já não sentia dores, que tinha recuperado as forças e que queria levantar-se da cama. Foram convocados os médicos, que examinaram o Padre Pio. Do seu mal já não restavam vestígios. Dois dias mais tarde recomeçou a celebrar Missa, a confessar e a receber os fiéis. Aquele sofrimento teria servido, provavelmente, para o ajudar a superar, incólume, o Calvário que o esperava. Depois da morte de Pio XII, as cartas anônimas, que continham calúnias contra o Padre, tornaram-se mais numerosas. Sobre a secretária do Papa João, o «dossier Padre Pio» ia-se tornando cada vez mais volumoso, reunindo acusações gravíssimas. Entre outras coisas, nele estava escrito que o Padre tinha relações sexuais com mulheres duas vezes por semana. As acusações também eram acompanhadas por documentos fotográficos, que mais tarde se descobriu serem fruto de uma vil e grosseira montagem. Havia ainda fitas magnéticas, com conversas furtivas e indecifráveis, também essas falseadas, mas divulgadas como «provas» de culpa. Os microfones para apanhar o Padre em flagrante até no confessionário tinham sido instalados. O Papa João estava preocupado. Convocou Monsenhor Cesarano, arcebispo da Manfredónia. Mostrou-lhe o «dossier». Cesarano, com lágrimas nos olhos, garantiu que se tratava apenas de calúnias. Por essa altura, o cardeal Siri também tomou a defesa do Padre Pio. Contou-me ele, passados vários anos: «Durante meses defendi o Padre Pio junto do Papa João. Falávamos dele em todos os nossos encontros. Nessa época, eu ocupava muitos cargos, sendo por isso recebido com frequência pelo Pontífice. A conversa acabava sempre no Padre Pio. O Papa, homem muito bondoso, um verdadeiro santo, estava preocupado por tudo o que lhe tinham contado.» João XXII entregou o «dossier» ao Santo Ofício. Os membros deste dicastério reuniram-se para discutir o caso e, na reunião de 15 de Junho de 1960, decidiram anunciar uma visita apostólica a San Giovanni Rotondo. Monsenhor Cario Maccari, secretário do Vicariato de Roma, foi incumbido da mesma. Chegou a San Giovanni a 29 de Julho. Mostrou imediatamente ter preconceitos contra o Padre. Já estavam em curso os preparativos para a festa dos cinquenta anos de sacerdócio que o Padre celebraria a 10 de Agosto, e Monsenhor Maccari, como primeira disposição, ordenou o cancelamento de todos os festejos. Não se devia fazer nada, como se o Padre Pio fosse um sacerdote indigno, que, em vez de servir a Igreja, estivesse manchado com culpas horríveis. Contudo, a máquina organizativa já começara a funcionar há algum tempo. Por esses dias, chegaram a San Giovanni milhares de pessoas, e o Padre viu-se obrigado a celebrar Missa para elas. Assim, acabou por haver festa, mas sem qualquer participação por parte das autoridades eclesiásticas, e o próprio «visitante», para não assistir à festa, partiu para Roma. Regressou no dia seguinte, 11 de Agosto, e passou dois meses seguidos a interrogar religiosos e leigos. Interrogou também o Padre Pio por várias vezes. De um relatório que Maccari fez, em 1990, ao cardeal Ratzinger, secretário do Santo Ofício, veio-se a saber que um dos assuntos sobre os quais Maccari «apertou» o Padre Pio, foram as «piedosas mulheres», aquelas filhas espirituais que, desde finais dos anos vinte, vivi^ em San Giovanni Rotondo. Eram pessoas dignas de muita estima, que se dedicavam à vida de perfeição, mas que os inimigos do Padre apontavam como harpias corruptas e fino- rais. Como é evidente, o «visitante» atinha abraçado aquela tese. A visita apostólica terminou em desfavor do Padre. Monsenhor Maccari ficou convencido que, em San Giovanni Rotondo, se cometiam muitas infracções graves contra a Regra franciscana e contra as disposições do Direito Canónico. Propôs uma série de intervenções, todas elas bem aceites pelo Santo Ofício e comunicadas ao Padre Pio, e aos seus superiores, através de dois documentos severos: uma carta do cardeal Ottaviani, secretário do Santo Ofício, com data de 31 de Janeiro de 1961, e uma carta de monsenhor Parente, então adjunto de Ottaviani, com data de 24 de Abril de 1961. Nestes documentos, foi estabelecida a necessidade de: - Reconduzir o Padre Pio à regular observância conventual. - Proibir sacerdotes e bispos de ajudarem o Padre à Missa. - Variar diariamente o horário da Missa do Padre. - Respeitar a distância entre o confessionário do padre e os fiéis. - Evitar a afluência excessiva de devotos do lugar, sobretudo de devotas, ao confessionário do Padre. - Proibir o Padre de receber mulheres sozinho no parla- tório do convento, ou em qualquer outro lugar. - Convidar o Padre a celebrar a Missa dentro dos limites normais de tempo, ou seja, em trinta ou quarenta minutos, no máximo. - Impedir atos que assumam as características de culto directo à pessoa do Padre. Além disso, o Padre Pio foi proibido de celebrar casamentos e baptizados, de contactar livremente com os fiéis e de confessar certas pessoas. Não podia gastar mais de meia hora a celebrar Missa, nem podia reter os penitentes no confessionário durante mais de três minutos. O Convento de San Giovanni Rotondo, onde o Padre Pio residia, passou para a dependência direta do Santo Ofício, e alguns religiosos, amigos do Padre, foram afastados. Ao Padre Pio foi retirada a gestão da Casa Alívio do Sofrimento, sendo aquele obrigado a passar em branco as ações da Casa, que foram depositadas no banco vaticano do IOR. O documento do Santo Ofício, que continha as novas restrições, terminava com um tom duro e ameaçador, como habitualmente se utiliza com pessoas réprobas e rebeldes: «Que o Padre Pio seja convidado a respeitar estas regras, em virtude da obediência religiosa e, no caso de uma condenável inobservância, não se exclua o recurso às penas canônicas.» À luz daquilo que hoje sabemos, ou seja, que o Padre Pio era um santo, absolutamente inocente, torna-se inútil qualquer comentário àquelas enésimas disposições disciplinares contra ele. Como sempre, o Padre aceitou a nova prova com espírito de obediência, oferecendo os seus sofrimentos a Deus. Tratava-se, porém, de sofrimentos terríveis. Com efeito, ele disse ao seu Guardião: «Que posso fazer? Peço a Deus que me chame depressa e me liberte destas aflições.» O indomável guerreiro, que tinha lutado durante toda a vida, sentia-se amargurado a ponto de invocar a morte. Pesava-lhe, sobretudo, o facto de ter de dizer Missa a olhar para o relógio. A Missa era o seu «encontro» com Deus, um encontro em que ele acreditava com todo o seu ser e que «vivia» todas as manhãs como se fosse único, o primeiro e o último da sua vida. Aquela sua Missa «sem tempo» tinha encantado milhões de pessoas, tinha convertido milhares de ateus, tinha transformado inúmeras almas, despertando nelas o significado de um mistério indizível. E a Igreja, a sua Mãe Igreja, pedia-lhe que a apressasse, que a reduzisse a uma prática rotineira, controlando os tempos da sua devoção, do seu encontro com Deus. «Bem sabe o Senhor como eu gostaria de fazer como todos os outros», disse ele ao seu Padre Superior. «Mas não consigo. Em certos momentos, não sou capaz de avançar um passo. Sinto-me cair e tenho de parar.» Ao fim de mais de cinquenta anos de sacerdócio, ainda não se tinha «habituado» a celebrar sem lágrimas o mistério de um Deus que morre por amor dos homens. Em 1960, o Padre Pio tinha setenta e três anos. Estava velho. A sua saúde, enferma desde o tempo em que ingressara no convento, tornava ainda mais evidente e duro o peso dos anos. Um velho, ainda por cima doente, deveria precisar de atenções e afeto. O Padre Pio, pelo contrário, era cumulado de dúvidas, suspeitas e frieza, e das acusações mais infamantes. Começava para o «frade estigmatizado» o último suplício angustiante: a agonia no horto das oliveiras, e a viagem até ao Calvário. Depois de o Santo Ofício ter emitido as novas disposições, foi enviado para San Giovanni Rotondo um novo Guardião, incumbido de manter «a mais rigorosa disciplina». Este mandou afixar na igreja e no claustro do convento cartazes em que se proibia as pessoas de se aproximarem do Padre Pio, à sua passagem. Retirou também, ao velho frade, o acompanhante que o assistia há vários anos. Proibiu todos os religiosos de qualquer manifestação de reverência frente ao Padre, proibiu que lhe beijassem a mão estigmatizada, como sempre tinham feito, ou que o ajudassem a subir as escadas. Proibiu o Padre de chorar durante a celebração da Missa e de ir visitar os doentes na Casa Alívio do Sofrimento. As cerimônias religiosas do Natal e da Páscoa tinham sido sempre celebradas pelo Padre Pio na igreja de San Giovanni Rotondo onde, nessas ocasiões, acorria uma grande multidão de fiéis, alguns até vindos do estrangeiro. Contudo, o novo superior quebrou esta tradição, impedindo o Padre de celebrar a Missa solene nesses dias. A 5 de Maio de 1963, dia do onomástico do Padre Pio, afluiu, como sempre, a San Giovanni Rotondo, uma multidão de amigos do Padre, chefiada pelo Presidente da Câmara, e pelos conselheiros municipais da vila, para lhe dar os parabéns. O Padre Pio encontrava-se ao fundo do corredor do convento, e as pessoas avançaram na sua direção. Interveio, porém, o Padre Superior, aos gritos, dizendo que não gostava daquela confusão, e tentando expulsar toda a gente dali. Contudo, como as pessoas continuavam a avançar para o Padre Pio, o superior empurrou bruscamente o velho frade para dentro do convento, e fechou-o à chave numa cela. Os habitantes de San Giovanni, que tinham assistido àquela cena vergonhosa, ferviam de indignação. A tarde desceram à praça com cartazes e dísticos, para protestar contra os religiosos que assim tratavam o Padre Pio. A manifestação chamou a atenção da imprensa, e os jornais de todo o mundo começaram a falar daquela nova onda de perseguições contra o frade estigmatizado. Como sempre, os acessos de ira nunca são benéficos, e o Padre Pio acabaria também por ser inculpado das reações populares. Os amigos leigos do Padre reuniram-se e decidiram empreender uma ação de defesa até ao ^n. Foi chamado a Itália Emanuelle Brunatto, aquele que já tinha conseguido vergar os inimigos do Padre em 1933, há trinta anos atrás. Este fundou a AID, Associação Internacional para defesa do Padre Pio, com sede em Genebra. Deitou mãos ao trabalho e, em pouco tempo, recompilou um «dossier» em que denunciava cruamente as manobras, mesmo ilícitas, dos inimigos do Padre Pio, destinadas a desacreditá-lo. O livro devia ser apresentado à imprensa internacional a 25 de Março de 1964. Tinham sido enviados quinhentos convites aos representantes das Nações Unidas e da imprensa, e às autoridades eclesiásticas. A conferência seria realizada no Salão Grande do Hotel Richemond, em Genebra. Fora enviada uma cópia do livro a todos os bispos e cardeais que participavam, em Roma, no Concílio Vaticano II. Como já acontecera nos anos trinta, o livro era destrutivo. Seria capaz de provocar um escândalo, e nada mais. Tinha por objectivo a chantagem, completamente alheia ao espírito do Padre Pio. Disso se aperceberam os próprios promotores da iniciativa e, no fim, não o puseram em circulação. Entretanto, a 21 de Junho de 1963, o cardeal Giovanni Battista Montini, arcebispo de Milão, fora feito Papa. Era amigo do Padre Pio. Montini fora Secretário de Estado do Papa Pacelli e, com Pio XII, aprendera a estimar o «frade com estigmas». Tinha sempre manifestado a sua própria devoção, até mesmo com cartas autografadas, nos momentos difíceis da vida do religioso. Em 1959, o Padre Pio, saudando o comendador Alberto Galletti, de Milão, diocese dirigida por Montini, tinha-lhe dito: «Mando, não uma, mas uma grande quantidade de bênçãos para o cardeal Montini. Acrescento ainda a minha indigna oração. Diz ainda ao arcebispo que, depois deste, será ele o Papa. Que se prepare. Percebeste o que deves dizer-lhe?» Montini, quando recebeu, através do comendador Galletti, a mensagem que o Padre Pio lhe enviara, comentou: «Oh, que ideias tão estranhas têm os santos!» Em Janeiro de 1964, Paulo VI ordenou ao cardeal Alfredo Ottaviani, secretário do Santo Ofício: «0 Padre Pio deve exercer o seu ministério em plena liberdade.» Um ano mais tarde, ordenou de novo ao cardeal Ottaviani que se «comportasse com o Padre Pio como se ele não estivesse obrigado ao voto de obediência». Assim punha termo, com autoridade, a todas as restrições, coações e limitações, dando a entender que queria proteger o Padre.
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gospepio · 7 years
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#PP61 – Conhecimento além do normal
A faculdade de ler o pensamento e de conhecer o íntimo de quem dele se aproximava era uma das características mais notórias do Padre Pio. Parecia que, para ele, o espírito humano não tinha barreiras. O Padre falava das suas experiências pessoais e dos segredos de quem tinha à sua frente, como se estivesse a ler num livro. As suas afirmações eram precisas, exactas, mesmo que o tempo tivesse ofuscado a recordação de tais experiências na mente do interlocutor. Nada escapava à sua intuição misteriosa. Muitos grandes santos eram dotados desta prerrogativa, sobretudo aqueles que desempenharam o papel de «guias espirituais». No Padre Pio, essa faculdade traduzia-se por vezes na percepção precisa, quase material, do pensamento de quem estava a seu lado. Certo dia, Cario Campanini, o actor e grande filho espiritual do Padre Pio, tinha acompanhado a San Giovanni Rotondo um seu colega, que sentia curiosidade mas também cepticismo. Quis que ele assistisse à Missa. A igreja estava apinhada. Enquanto se aproximavam do altar, o colega de Campanini, olhando à sua volta, comentou: «Quantos imbecis vêm aqui prestar honras a este bufão, que se arma em santo.» Nesse instante, o Padre Pio, voltou-se do altar para o povo e, fitando aquele senhor, disse com voz forte: «Orai, irmãos, não por mim, mas por aquele pobre filhinho que, neste momento, está a dizer que eu sou um bufão.» Um médico de San Marco in Lamis tinha proibido as duas filhas de beijar a mão ao Padre Pio. Julgava ele que aquelas chagas eram consequência de uma grave doença e receava o contágio. Certo dia, as duas raparigas foram visitar o convento, acompanhadas por outras amigas. Vendo que todas as suas companheiras beijavam a mão ao Padre, para não lhes ficar atrás, aproximaram-se para fazer o mesmo. O Padre, porém, pondo as mãos atrás das costas, ordenou: «Não, obedecei ao vosso pai.» Contou-me o cardeal Giuseppe Siri, arcebispo de Génova: «Durante muito tempo hesitei sobre uma grave decisão que devia tomar a respeito de uma importante questão, na minha diocese de Génova. As soluções possíveis eram duas, mas eu não sabia qual delas era a melhor. A dado momento, vendo-me obrigado a agir, decidi por uma delas. Ora, no dia seguinte, recebi um telegrama do Padre Pio em que ele me dizia que a decisão tomada fora acertada, exortando-me a prosseguir no mesmo caminho. Eu tinha passado por aquele período de incertezas sem nunca dizer nada a ninguém.» Além disso, o Padre Pio também via o futuro. «Lembra-te que eu vejo tudo em Deus», disse ele certo dia a Angelo Battisti, seu colaborador na administração da Casa Alívio do Sofrimento. Tinha um conhecimento da realidade que ultrapassava os limites do espaço e do tempo, ou seja, podia «Ver» acontecimentos que nesse momento estavam a acontecer fora do alcance do seu olhar, e também acontecimentos que ainda não tinham ocorrido, e que, portanto, só viriam a realizar-se no futuro. A esta faculdade chamam os estudiosos «precognição». É uma faculdade extraordinária, mais incompreensível, do ponto de vista racional, do que todas as outras faculdades misteriosas que já vimos no Padre Pio. Com efeito, envolve o futuro, uma realidade ainda inexistente e cuja realização depende do concurso de inúmeros factores, que escapam ao controlo humano, como o livre-arbítrio, por exemplo. A precognição poderia ser admissível, até certo ponto, para aqueles que professam filosofias deterministas, doutrinas segundo as quais todos os acontecimentos da vida humana, e até o destino eterno do homem, seriam antecipadamente determinados pela vontade divina ou por qualquer outro princípio universal. Estas teorias fatalistas encontram-se nas crenças dos antigos gregos e romanos, nas filosofias indianas, na antiga filosofia chinesa; eram professadas pelos estóicos e são admitidas pelos maometanos e por algumas ramificações protestantes do cristianismo, como o luteranismo e o calvinismo. Contudo, não fazem parte da Doutrina católica. Para o cristão católico, existe o «livre-arbítrio», a «liberdade absoluta» da pessoa, que determina o próprio comportamento. Segundo esta perspectiva, a precognição torna-se racionalmente inconcebível. Só pode ser «justificada» como carisma místico excepcional: o Dom, que Deus concede gratuitamente, em certos casos particulares, a grandes almas, de poder «ver», «nele», o resultado, a conclusão de «livres escolhas» das pessoas. Talvez por isso o Padre Pio dissesse: «Vejo tudo em Deus.» Já tivemos a oportunidade de citar vários episódios. As suas previsões sobre a conclusão da guerra e sobre o futuro da Casa Alívio do Sofrimento. Em Abril de 1961, o Padre Agostino de Campolieto teve de ir à Argélia, para fazer uma pregação, e foi despedir-se do Padre Pio; este disse-lhe: «Não partas, vais ao encontro de um perigo.» Embora conhecesse a faculdade precognitiva do Padre Pio, o Padre Agostino não pôde adiar a viagem, que já tinha sido organizada com todos os pormenores. Contudo, viria a aperceber-se que o Padre Pio tinha tido uma antevisão certa. Na Argélia havia uma grande agitação contra os franceses, e o Padre Agostino, que falava bem francês, foi considerado suspeito, pela polícia. A 24 de Julho, às 23h30m, foi preso e levado para a esquadra. Aí permaneceu até às 17 horas do dia seguinte, depois de ter sido submetido a um interrogatório duro e ininterrupto. Por fim, o equívoco foi esclarecido, mas o Padre Agostino ficou com muito medo, lembrando-se de quanto lhe fora predito pelo Padre Pio. De regresso a Itália, foi a San Giovanni Rotondo, a fim de agradecer ao Padre. «Cá vem o mártir», exclamou o Padre Pio, sorrindo. O Padre Agostino viria mais tarde a saber que, desde o dia 23, até às 17 horas do dia 24 de Julho, ou seja, durante todo o período em que ele estava a ser submetido àquele terrível interrogatório, na Argélia, o Padre Pio, em San Giovanni Rotondo, tivera uma crise, sofrendo com dores fortíssimas. Contou-me Giovanni Gigliozzi, o famoso jornalista da Rai: «Certo dia, estava eu em San Giovanni Rotondo, com o doutor Mario Cinelli, cronista-chefe do "L'Osservatore Romano". Estávamos no corredor do convento. O Padre saiu do coro e tomou o caminho da sua cela. A meio do corredor, sobre uma mesa de verga, havia alguns jornais. O "Avvenire d'Italia", diário católico de então, trazia na primeira página uma grande fotografia de Aldo Moro, que era Presidente do Conselho. Ao passar, o Padre parou, fitou aquela imagem durante alguns instantes e depois, cobrindo o rosto com as mãos, exclamou: "Meu Deus, quanto sangue, quanto sangue!" Nem eu nem Cinelli entendemos nessa altura o significado daquela frase. Mas agora, à luz de tudo o que viria a acontecer, passados muitos anos, podemos considerar que se tratou de uma dramática precognição.» Na época das grandes multidões que acorriam à presença do Padre Pio, eram enviados para o convento dois agentes de polícia, que se mantinham sempre a seu lado, para o proteger. Certo dia, na sacristia, enquanto despia os paramentos sagrados, depois da celebração da Missa, o Padre voltou-se, sorridente, para um dos polícias: «Quando eu estiver despachado, depois da ação de graças, vem à minha cela, pois preciso de falar contigo.» O polícia, muito contente, esperou que o Padre Pio terminasse e depois dirigiu-se à cela do religioso. «Ouve - disse-lhe o Padre; - dentro de oito dias, no máximo, vais morrer. E preferível que vás para casa, ter com os teus.» «Mas, Padre, eu estou muito bem de saúde», retorquiu o polícia. «Não te preocupes - acrescentou o Padre -, estarás melhor daqui a oito dias. Que é esta vida? Uma peregrinação: viajamos de comboio, meu filho. Pede licença e vai pôr tudo em ordem, em tua casa.» O polícia, perturbado com tais palavras, perguntou: «Padre, posso contar a alguém aquilo que me disse?» «Por ora, não - respondeu o frade; - contá-lo-ás apenas quando estiveres em casa.» O jovem regressou ao quartel e pediu uma autorização para ir a casa. Não queriam conceder-lha, pois não havia motivo que justificasse tal licença. O Padre Pio, que conhecia o marechal, interveio: «Deixa-o ir alguns dias a casa, para estar com a mãe, pobre filhinho, deixa-o ir.» O marechal assinou-lhe a licença. Chegado a casa, o polícia disse aos pais. «O Padre Pio disse-me que eu vou morrer; vim para me despedir.» Passados oito dias, o jovem polícia morreu.
Para compreender melhor
Perfumes, bilocações, leitura do pensamento, precognições ... Ao que parece, para o Padre Pio não havia fronteiras nem barreiras de espaço e de tempo. Ele estava fora e acima da realidade, era uma testemunha sem tempo. Mas como é possível que tudo isto tenha acontecido? Já referi que semelhantes fenômenos não fazem parte da santidade de uma pessoa. Por isso a Igreja, nos seus processos de beatificação, só os toma em conta de forma relativa. De qualquer modo, chegaram até nós alguns factos concretos, claramente documentados por testemunhos dos quais não há razões para duvidar. Em certa ocasião pedi uma explicação para estes factos a um grande estudioso de fenômenos situados «nos limites da racionalidade», o professor Emilio Servadio. Era um estudioso de grande envergadura e de mentalidade aberta, que passara vários anos na Índia, onde também ensinara numa universidade. Ele disse-me que também encontrara a maior parte destes fenômenos nos grandes gurus indianos. Além disso explicou-me que, na sua opinião, eram a consequência espontânea de uma intensa vida ascética. «A ascese - explicou-me ele -, é como uma pirâmide. Quanto mais o indivíduo sobe para o alto, mais se manifestam nele, de forma espontânea, fenômenos paranormais, como, precisamente, a possibilidade de ler o pensamento, viagens fora do corpo, precognições, etc...» A santidade encontra-se no vértice da pirâmide de que me falava o professor Servadio. Por isso, nos santos, estão quase sempre presentes os vários fenômenos extraordinários que são observados nos médiuns, nos carismáticos, nos gurus e nos homens iluminados, com a diferença de que, nos santos, estes fenômenos são mais frequentes, mais intensos; o «maravilhoso», neles, é bastante mais benéfico e reconfortante.
O que ele disse
Durante um temporal, um frade está com o Padre Pio no corredor do convento. Assustado com os relâmpagos, fixando o olhar na cabina eléctrica próxima, o frade diz ao Padre: «Pai espiritual, afastemo-nos da cabina. Ontem morreram dez pessoas com um raio.» Ao que o Padre retorquiu: «Nós não corremos esse perigo; somos só dois.» Repetia com frequência: «Quando eu morrer, farei mais alarido do que enquanto estou vivo.» «Deixa que uma sombra de cipreste caia sobre a minha sepultura, e verás quantas maravilhas de Deus serão reveladas.» A quem lhe perguntava: «Padre, quando morrerdes, como viveremos sem a vossa presença?», ele respondia: «Colocai-vos diante do sacrário: em Jesus, encontrar-me-eis também a mim.»
O que disseram acerca dele
Enrico Medi, cientista: «Quando nos confessamos ao Padre Pio, fica claramente comprovado que ele nos conhece. Parecemos estar a falar com alguém que vê diretamente o nosso interior, melhor do que nós próprios somos capazes de o ver. Também não é exato dizer "parece", porque a realidade é essa. Faz-se silêncio e ele fala. Cada palavra tem peso, penetra no coração, como se o esculpisse, traça as linhas da nova vida, pode cortar como a ponta afiada do cirurgião, pode acariciar, como a mão de uma mãe. E inútil pedir. Resta-nos apenas esperar com afetuosa humildade. Jesus está ali próximo, com os braços abertos: o crucifixo. Como é difícil não chorar! Tínhamo-nos preparado para dizer isto ou aquilo, para falar de modo a encobrirmo-nos ou a pôrmo-nos um pouco a salvo. No entanto, sentimo-nos cair de um avião sem pára-quedas: mas caímos nos braços de Deus.» João Paulo II: «A Missa era para ele "a fonte e o cume", o eixo e o centro de toda a sua vida e da sua obra. Esta íntima e amorosa participação no sacrifício de Cristo foi, para o Padre Pio, a origem da dedicação e da disponibilidade frente às almas, sobretudo frente àquelas que estão presas nos laços do pecado e nas angústias da miséria humana.» from Grupo de Oração São PADRE PIO http://ift.tt/2jLw65L via IFTTT
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gospepio · 7 years
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#PP60 – Outros fenômenos inexplicáveis
Mas não se tratava apenas de bilocações; também a leitura do pensamento, a precognição e muitos outros fenômenos inexplicáveis se davam nele, a ponto de o fazer parecer, por vezes, um ser não sujeito às leis físicas e às contingências da existência humana. O doutor Kiswarday, colaborador do Padre Pio, contou o seguinte: «Recebi uma carta da América, com o pedido de a entregar ao Padre Pio. Impossibilitado de ir ter com ele, meti-a na gaveta e esqueci-me dela. Em seguida recebi outra carta da mesma pessoa, em que me agradecia porque o Padre Pio tinha respondido a todas as suas perguntas. Apercebi-me então que a carta ainda se encontrava na minha gaveta.» Corradina Trapani, de Noto: «Em 1967, fui a San Giovanni. Assisti à Missa e queria confessar-me, mas não tenha feito marcação. Além disso, uma senhora advertiu-me que o meu sobretudo era demasiado curto e que, assim, não podia ter acesso à confissão do Padre Pio. Invoquei então o meu Anjo da Guarda, pedindo-lhe para dar a conhecer ao Padre que eu estava para partir e queria falar-lhe. Passados poucos minutos, aproximou-se de mim uma senhora de Loreto, que me disse: "Venha comigo. Foi o Padre Pio que me mandou vir ter consigo, pedindo-me que lhe emprestasse o meu sobretudo." Foi urna confissão inesquecível. Quando me preparava para sair, o Padre lembrou-me que havia qualquer coisa para ele na minha bolsa. Com efeito, eu esquecera-me de lhe entregar algumas cartas que me tinham sido confiadas por outras suas filhas espirituais.» Umberto Musorella, de Giardini Naxos (Messina): «Em 1952, sendo eu militar em Marina, o meu navio estacionou na Manfredonia, e aproveitei para fazer uma visita ao Padre Pio. A minha mãe estava muito doente, com urna grave crise de asma brônquica, por isso escrevi urna carta que deveria entregar pessoalmente ao Padre Pio, pedindo a sua cura. Parti acompanhado por mais uma dezena de outros marinheiros. Ao chegar, esperamos um pouco na sacristia, até que o Padre Pio entrou. Fomos tornados por forte emoção, e eu esqueci-me da carta que levava no bolso. O Padre passou, abençoando a todos, e depois voltou para trás de repente, aproximou-se de mim, pousou-me a mão no ombro e perguntou: "Que tens para me dar?" Fiquei estonteado e comovido, entreguei-lhe a carta e ele deu-me o assentimento com a cabeça, sem a ler. Passados poucos dias, a minha mãe começou a melhorar.» A senhora Antima Cosima MatarrelH contou que o seu marido era muito tímido. Durante urna das suas viagens a San Giovanni Rotondo, não se atrevia a tomar lugar para se confessar. «Eu incitava-o a aproximar-se do confessionário do Padre Pio, mas, como ele era tímido, não conseguia intrometer-se no meio daquela multidão de homens. Enquanto passeava lá fora, esperando o momento oportuno para entrar, ouviu de repente uma voz atrás de si: "Bom homem, há três dias que tentas entrar e não tens coragem. Vem confessar-te." O meu marido começou a tremer e, com os olhos cheios de lágrimas e de assombro, não pôde deixar de se ajoelhar aos pés do Padre Pio. Quando, finalmente, teve coragem para o olhar, o Padre sorria-lhe.» Maria Immacolata Sainato, de Locri, contou o seguinte: «Em 1959, um dos meus filhos adoeceu. Tinha febre altíssima que, apesar dos antibióticos, subira a 41,6. No hospital, os médicos não acreditavam naquela febre e, após várias medições, constataram que a temperatura da criança chegara, efectivamente, aos 41,7 graus. Havia poucas esperanças de vida para o meu filho. Enviei um telegrama ao Padre Pio, pedindo a sua ajuda. No dia seguinte, recebi a resposta: "O Padre Pio reza e abençoa o doentinho e o seu pai." Cobrei ânimo, mas interrogava-me por que razão o Padre também tinha abençoado o pai. Tive a explicação alguns dias mais tarde, quando soube que o meu marido, que viajava de moto, tinha ido parar à beira de uma ponte, devido a uma avaria imprevista no veículo, ficando a poucos centímetros do precipício, salvando-se por milagre. Entretanto, a febre da criança tinha baixado.» Maria Celeste Starrabba, de Palermo: «Em 1945, fui a San Giovanni, para conhecer o Padre Pio. Tomei lugar na fila, para me confessar. Enquanto esperava pela minha vez, pensei em tudo o que devia dizer-lhe, mas, ao chegar à sua presença, fiquei bloqueada. O Padre apercebeu-se da minha timidez e interpelou-me, com um sorriso: "Queres que seja eu a falar por ti?" Anuí e, passados alguns instantes, fiquei estupefata: o Padre Pio disse-me, palavra por palavra, tudo aquilo que deveria ter sido eu a dizer-lhe.» Irma Fierro Mazzei, de Montella (Avellino). «Em Setembro de 1958, o nosso bispo diocesano organizou uma peregrinação a San Giovanni Rotondo. Inscrevi-me imediatamente, porque queria conhecer o Padre Pio. Partimos muito cedo, em dois autocarros, pois devíamos chegar antes das sete, hora a que o Padre assomava à janela, para abençoar a multidão. Passados cerca de dez quilômetros, porém, o condutor do nosso autocarro fez uma travagem brusca, e o outro autocarro, que nos seguia, chocou connosco. Não houve feridos, mas tivemos de ficar parados, cerca de uma hora, em Sant'Angelo dos Lombardos. Já nos tínhamos resignado, pensando que íamos perder a bênção do Padre. Quando chegamos a San Giovanni, o adro estava apinhado de gente, que falava com ar preocupado e agitado. Nesse momento, o Padre apareceu à janela e abençoou-nos. Viemos depois a saber que o Padre tinha atrasado uma hora, de forma inexplicável, o encontro marcado com os fiéis; daí toda aquela preocupação. Depois da Missa, o nosso bispo foi saudar o Padre. Contou-nos depois que o Padre Pio, dando-lhe uma palmadinha no ombro, lhe dissera: "Viste que não aconteceu nada? Eu fiquei à vossa espera, para vos abençoar".» Mannina Zappia, de Praia a Mare (Cosenza): «Em 1960, participei numa viagem com destino a San Giovanni Roton- do, para conhecer o Padre Pio. No autocarro, um senhor disse em voz alta, referindo-se ao Padre Pio: "Sou obrigado a acompanhar a minha mulher para ver esse impostor." Uma vez chegados a San Giovanni Rotondo, dirigimo-nos à igreja, para assistir à Missa. No fim, o Padre Pio passou por entre os peregrinos. Parou junto ao nosso grupo, em frente do tal senhor, e disse-lhe: "Venha cá, venha ter com este impostor." O homem empalideceu, ajoelhou-se e suplicou: "Perdoai-me, Padre." O Padre Pio pousou-lhe a mão na cabeça e ordenou: "Levanta-te, eu perdoo-te." Esse senhor converteu-se.» Ezio Romagnoli, de Ravarino (Modena): «Em 1943, quando eu tinha vinte e cinco anos, encontrava-me na Jugoslávia, no território ocupado pelas Forças italianas. Fui enviado em missão à Sérvia e à Croácia e, a dado momento, vi-me cercado por partidários de Tito; passado o dia 8 de Setembro, fui feito prisioneiro pelos alemães. As esperanças de salvação eram quase nulas. Eu trazia ao pescoço uma medalhinha de Nossa Senhora, única recordação de minha mãe. Invoquei-a com desespero. Nesse momento, apareceu a meu lado um frade que eu não conhecia, ao qual prometi: "Se me salvar, vou ter contigo." Em 1945 fui repatriado. Contudo, não conseguia encontrar vestígios do Padre. Em Novembro de 1947, fui com a minha irmã a San Giovanni Rotondo, para conhecer o Padre Pio. Deparei com uma multidão imensa, e pus-me na fila, ao lado dos outros. Quando o Padre Pio passou perto de mim, parou de repente e disse: "Foi preciso tempo, hã, filhinho?" Era o frade que eu tinha visto, quando estava prisioneiro dos alemães.» Raffaele De Maria, de Bari, recordou recentemente um episódio dos anos cinquenta: «Em 1948, a minha mulher foi operada a uma mastoidite do ouvido esquerdo. Depois não foi submetida a nenhum controlo médico e assim, em 1955, a minha mulher começou a acusar fortes dores e intensas vertigens, que a impediam de caminhar e de se aguentar em pé; às vezes perturbavam-na tanto, que tinha de se deitar. A causa de tal situação era um tampão de colesteatoma que comprimia a parte interna do ouvido. Foi vista por muitos especialistas, alguns deles ilustres, mas nenhum conseguiu remover o tampão. Decidi por isso dirigir-me pessoalmente ao Padre Pio. Sabendo que era extremamente difícil falar com ele, devido à multidão de fiéis que o aguardava depois da Missa, esperei pelo Padre Pio já à entrada da clausura. Quando ele chegou, invoquei o seu nome, mais com o coração do que com os lábios, estendendo o bilhetinho na sua direção. Voltou-se lentamente para mim, pegou no pedacinho de papel e esfregou-o alguns instantes por entre os dedos, sem o ler. Depois prosseguiu caminho, sem me fazer qualquer sinal. Regressei a Bari, desconsolado e entristecido. Encontrei imediatamente o meu pai, que me perguntou: "Conseguiste encontrar o Padre Pio?" "Consegui", respondi eu. E ele: "A que horas?" "Não sei", retorqui. "Então digo-te eu que estiveste com ele às nove horas e dois minutos." Ao dizer isto, estendeu a mão direita e acrescentou: “Aqui está o tampão de colesteatoma espontaneamente expelido precisamente a essa hora." Corri ao quarto da minha mulher, que estava tranquila- mente sentada em frente do espelho. Inclinei-me para beijá-la nos cabelos, e fui invadido por um perfume intensíssimo. Eu conhecia o perfume do Padre Pio, mas, aturdido como estava, perguntei à minha mulher se por acaso tinha derramado um frasco de perfume na cabeça. Ela replicou: "Não, há meses que não uso perfume." Decidimos ir a San Giovanni Rotondo para agradecer ao Padre Pio. A minha mulher foi confessar-se. O Padre inclinou-se para ela e acariciou-lhe a orelha com a mão.» Giovanni Castellana, de Belmonte Mezzagno, na província de Palermo: «Em 1953, fui afetado por uma artrose muito grave. Certa manhã, em que as dores eram particularmente fortes, pedi à minha mulher para me preparar a mala: "Vou ter com o Padre Pio - disse eu - ele há-de curar-me." Chegado a San Giovanni Rotondo, esperei a minha vez para me confessar. Passados alguns dias, ajoelhei-me finalmente frente ao Padre, que me disse, de repente: "Vai-te embora; de quem tu precisas é do bispo." Pensei que a forma como tinha votado, por ocasião das últimas eleições, e que o Padre Pio teria misteriosamente descoberto, era um pecado tão grave, que exigia a absolvição por parte de um bispo. Sem perder tempo, parti para Manfredónia. Fui recebido pelo bispo que, mal soube que eu queria confessar-me, compreendeu que eu estivera com o Padre Pio. Confessou-me e deu-me a bênção. Regressei a San Giovanni Rotondo e esperei que o Padre Pio acabasse de confessar. As dores iam-me destruindo aos poucos. O Padre Pio viu-me ao longe, e exclamou em voz alta: "E inútil ficares à espera; já te confessaste." Eu gostaria de lhe ter dito que tinha ido ali para que ele me curasse, mas, enquanto refletia sobre isto, as dores desapareceram de repente. Quando regressei a casa, a artrose tinha-me abandonado.» Anna Strocchia Catanese contou o seguinte: «Em 1953, o meu filho Mario, ainda criança, começou a chorar e a gritar sem razão aparente. Sentia dores fortíssimas no peito e no estômago. Chamamos vários médicos, mas nenhum compreendia o que se passava. Mario foi internado, fizeram-lhe os exames necessários e descobriram um bloqueio nos intestinos, uma invaginação intestinal, que também poderia ser um tumor. Era preciso operar. 'tratava-se de uma operação perigosa. Com efeito, seria necessário cortar uma certa porção de intestino. Mario foi entregue aos cuidados do professor Fasiani, médico-chefe do Hospital Infantil da Rua da Commenda, em Milão. Sofria muitíssimo e não poderia ser operado se o seu estado não melhorasse. Nessa altura eu tinha uma criada chamada Delia, originária de San Giovanni Rotondo, que me falava constantemente do Padre Pio, contando-me que ele fazia muitos milagres. Desesperada, mas muito confiante, escrevi um telegrama ao Padre, explicando-lhe a situação. O telegrama foi enviado segunda-feira, estando a operação marcada para o sábado seguinte. Em pouquíssimo tempo recebi a resposta, que dizia: "O Padre Pio reza e abençoa." Coloquei logo o telegrama por baixo da almofada do Mario, e imediatamente cessaram todos os gritos e dores. O meu filho adormeceu às duas da tarde, hora em que expedi o telegrama, e dormiu até às seis, sem uma queixa. Os médicos, as irmãs e os enfermeiros entreolhavam-se, estupefactos. Mario ia melhorando de dia para dia. Sábado de manhã, o dia marcado para a intervenção cirúrgica, o radiologista chamou-me e disse-me, com as radiografias na mão: "Isto é um milagre." Mario estava curado.» Rosaria Bencardino, de Agropoli: «Em 1954, o meu pai, então ferroviário, adoeceu com uma enfermidade estranha, que lhe imobilizou os membros inferiores. A situação ia piorando, e então decidiu ir a San Giovanni Rotondo, onde chegou com grandes dificuldades, acompanhado e amparado pelo meu tio. Na igreja encontrou o Padre Pio que, ao ver como ele se arrastava por entre a multidão, exclamou em voz alta: "Abri caminho para esse ferroviário passar." Contudo, não conhecia o meu pai nem podia saber qual era a sua profissão. Em seguida pousou-lhe a mão no ombro, reconfortou-o com um sorriso e dirigiu-lhe palavras de ânimo. O meu pai afastou-se dele, caminhando perfeitamente. Atrás dele, seguia o meu tio, levando consigo as bengalas, que já não eram precisas.»
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gospepio · 7 years
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#PP59 – O mistério das bilocações
Outro fenômeno desconcertante no Padre Pio eram as bilocações. O Padre dizia, por vezes, aos confrades que o acompanhavam à noite até ao quarto, antes do repouso noturno: «Agora começa um novo dia para mim.» Poucos compreendiam o sentido daquela frase, mas, quem o conhecia, sabia bem que aquelas palavras ocultavam um facto misterioso dos mais perturbadores: as bilocações. Entende-se, através deste termo, que uma pessoa se encontra ao mesmo tempo em dois lugares diferentes, ou seja, dá-se nela uma espécie de desdobramento psicofísico. Embora permanecendo onde habitualmente vive, a pessoa mostra-se e actua noutro lugar, que pode estar situado a milhares de quilómetros de distância. Trata-se de um fenômeno absolutamente inadmissível, do ponto de vista racional, mas tem sido por várias vezes comprovado, na vida dos grandes santos. «E um dos fenômenos mais surpreendentes da mística - escreveu o teólogo Royo Marin -, um dos mais difíceis de explicar, a menos que se admita o milagre.» Tornaram-se famosas as bilocações de Santo António de Pádua. Certo dia, enquanto pregava numa igreja, em Espanha, de repente parou, caindo numa espécie de transe. Voltou a si ao de uma hora e explicou aos fiéis que tinha tido necessidade de ir a Lisboa, a de testemunhar em tribunal a favor de seu pai, que fora processado por uma acusação grave. Veio a apurar-se que, efetivamente, naquele dia, e àquela hora, António também estivera no tribunal, em Lisboa. A vida do Padre Pio estava cheia destas aventuras fantásticas. Parecia que, para ele, não existiam barreiras espaciais. Deslocava-se de um lado para o outro do mundo com a ligeireza da fantasia. Certo dia, os cardeais Pietro Gasparri e Augusto Sili encontravam-se em Roma, em casa da condessa Virgínia Salviucci, viúva Sili, para inaugurar a capela da família. Apresentou-se-lhes uma irmã, que trazia nas mãos uma relíquia da Santa Cruz, dentro de uma caixa. Essa irmã contou que, durante a noite, o Padre Pio, em carne e osso, entrara na sua cela e lhe entregara aquela caixa, ordenando-lhe que a levasse, no dia seguinte, até casa da condessa Sili Salviucci. A presença da caixa convenceu os dois cardeais de que não se tratava de uma invenção. Alguns dias mais tarde, a condessa dirigiu-se a San Giovanni Rotondo, a fim de pedir esclarecimentos sobre aquele episódio, e o Padre Pio confirmou-lhe que a relíquia tinha sido entregue por ele, em pessoa, àquela irmã de Roma. Durante a Segunda Guerra Mundial, vários pilotos da aviação anglo-americana, de várias nacionalidades (ingleses, americanos, polacos e palestinianos), e de várias confissões religiosas (católicos, ortodoxos, muçulmanos, protestantes e judeus), que se encontravam na zona de Bari, para cumprir missões em território italiano, foram testemunhas de um facto muito impressionante, que se repetiu com frequência e que já referimos no capítulo 19. De cada vez que, durante o desempenho das suas missões militares, se aproximavam da região do Gargano, nas proximidades de San Giovanni Rotondo, viam aparecer no céu um frade que, estendendo as mãos feridas, os proibia de lançar bombas. Foggía e quase todos os centros da Puglia sofreram repetidos bombardeamentos, mas, sobre San Giovanni Rotondo, não caiu uma única bomba. Deste episódio, mais que inaudito, foi testemunha direta o general da Aviação italiana Bernardo Rosini que, nessa época, fazia parte do «Comando de unidade aérea», que operava em Bari, ao lado das forças aéreas aliadas. «De cada vez que os pilotos regressavam das suas missões - contou-me o general Rosini - falavam deste frade, que aparecia no céu e dirigia os seus aviões, obrigando-os a voltar para trás. Todos riam, incrédulos, ao escutar tais relatos. Porém, corno o episódio se repetia, e sempre com pilotos diferentes, o general comandante decidiu intervir pessoalmente. Assumiu o comando de urna esquadrilha de bombardeiros, com a intenção de ir destruir um depósito de material bélico alemão, localizado precisamente em San Giovanni Rotondo. Até esse momento, nunca ninguém conseguira aproximar-se dele, devido à presença, no céu, daquele fantasma misterioso, que derrotava as aeronaves. Depois do que estava a acontecer há algum tempo, em terra sentia-se urna grande tensão. Todos sentiam curiosidade em conhecer o resultado daquela operação. Quando a esquadrilha regressou, fornos pedir informações. O general americano estava completamente perturbado. Contou que, mal chegara perto do objectivo, ele e os seus pilotos tinham visto erguer-se no céu a figura de um frade com as mãos levantadas. As bombas tinham-se libertado sozinhas, caindo nos bosques, e os aviões tinham feito inversão de rota, sem a mínima intervenção por parte dos pilotos. Todos se interrogavam sobre a identidade daquele fantasma, a quem os aviões tinham misteriosamente obedecido. Alguém disse que em San Giovanni Rotondo vivia um frade com estigmas, considerado santo, e que talvez fosse ele próprio que desviava as naves. O general sentia-se incrédulo, mas garantiu que, mal tivesse possibilidade, iria verificar o que se passava. Depois da guerra, o general, acompanhado por alguns pilotos, dirigiu-se ao convento dos Capuchinhos. Mal atravessou o limiar da sacristia, deparou com vários frades, entre os quais reconheceu imediatamente aquele que detivera os seus aviões. O Padre Pio foi ter com ele e, pousando-lhe urna mão no ombro, disse-lhe: "Com que então eras tu que querias fazer-nos ir a todos pelos ares?!" «Fulminado por aquele olhar e pelas palavras do frade, o general ajoelhou-se à sua frente. O Padre Pio tinha falado, como de costume, em dialecto de Benevento, mas o general e os outros pilotos americanos compreenderam todas as palavras, e estavam convencidos de que ele falara inglês.» Monsenhor Alfredo Viola de Salto, Uruguai, deixou o seguinte testemunho escrito: «Em 1937, Monsenhor Ferdinando Damiani, então vigário-geral da diocese de Salto, doente do coração, foi para San Giovanni Rotondo, na intenção de morrer perto do Padre Pio. O Padre recomendou-lhe que regressasse à sua diocese e continuasse a trabalhar, porque ele próprio se encarregaria de o assistir, quando chegasse a hora da sua morte. Em 1941, organizei na minha diocese um congresso, em que participavam monsenhor Alberto Levame, Núncio do Papa, monsenhor Antonio Maria Barbieri, arcebispo de Montevideu, e monsenhor Michele Paternain, bispo da Flórida. Durante a noite, monsenhor Barbieri ouviu bater à porta do seu quarto, e viu um Capuchinho que lhe disse para ir até junto do leito de monsenhor Damiani, que estava às portas da morte. Monsenhor Barbieri assim fez. O bispo fora atingido por uma crise de angina de peito. Plenamente consciente, recebeu o viático e a extrema-unção, e depois morreu. Monsenhor Barbieri, de visita a San Giovanni Rotondo, a 13 de Abril de 1949, reconheceu no Padre Pio o Capuchinho que tinha batido à sua porta, convidando-o a correr em auxílio de Monsenhor Damiani.» Em 1949, o cardeal Jozsef Mindszenty, primaz da Hungria, foi feito prisioneiro pelo regime comunista do seu país e condenado a prisão perpétua, devido à sua fidelidade ao Vaticano. Foi um acontecimento que, durante muito tempo, interessou a opinião pública ocidental. Houve intervenções políticas de vários governos, destinadas a libertar o ilustre purpurado, mas sem resultados. Na prisão, o cardeal pediu se lhe forneciam os meios necessários para celebrar Missa, mas foram-lhe recusados. Eis então que, no dia seguinte, de manhãzinha cedo, se apresentou na cela de Mindszenty um frade capuchinho com tudo o que era necessário para a celebração da Missa. Esse frade foi visto não só pelo cardeal, mas também pelos outros presos, que com ele viviam. Ajudou o purpurado a vestir os paramentos sagrados, ajudou-o à Missa e depois partiu, levando tudo consigo. Este episódio repetiu-se por várias vezes e não pôde ser mantido em segredo. Era extremamente clamoroso e, por isso, depois da libertação do cardeal, em 1958, alguns sacerdotes húngaros, que o tinham ouvido contar por testemunhas oculares, quiseram verificar o ocorrido através de alguém autorizado. Dirigiram-se a um amigo e colaborador do Padre Pio, o comendador Angelo Battisti, então administrador da Casa Alívio do Sofrimento. Contaram-lhe o facto e encarregaram-no de perguntar diretamente ao Padre Pio se os relatos correspondiam à verdade. Battisti fez o que lhe pediam e o Padre Pio confirmou as suas visitas à prisão de Budapeste. Angelo Battisti contou-me toda esta experiência incrível e, quando estava prestes a morrer, quis confirmá-la por escrito. Ainda hoje conservo as páginas que ele escreveu, com a sua mão já trémula: «O Padre Pio confirmou a visita ao cardeal Mindszenty na prisão», escreveu Battisti. «Ingenuamente, perguntei-lhe se o tinha conhecido e se lhe tinha falado. Ele respondeu-me: "Vimo-nos, falamos, e queres que não nos tenhamos conhecido? O diabo é feio, mas os seus perseguidores, com as suas horríveis torturas, tinham-no deixado mais feio do que o próprio diabo".» O Padre Alberto d'Appolito contou-me o seguinte: «Em 1970, fui a Collevalenza, na província de Perugia, onde conheci Madre Speranza, a famosa irmã, de origem espanhola, também ela estigmatizada, que morreu com fama de santidade, em 1983. Eu estava acompanhado pelo advogado Guglielmo Giordanelli e pelo Padre Gino, superior do Instituto da Madre Speranza. Entre mim e a irmã estabeleceu-se um diálogo que deveria ser definido como alucinante, se eu não estivesse convencido de que a Madre Speranza era uma santa. "Madre, sou um capuchinho de San Giovanni Rotondo", apresentei-me eu, saudando-a. "Não quero fazê-la perder tempo, peço-lhe apenas que reze por e pela beatificação do Padre Pio." A Madre Speranza, erguendo os olhos e fixando-os em ^mim, respondeu: "Eu tenho sempre rezado pelo Padre Pio." "Conheceu-o?" "Conheci, já o vi muitas vezes." "Onde? Em San Giovanni Rotondo?" "Não, nunca fui a San Giovanni Rotondo." "Então onde?" "Em Roma." "Madre, isso não é possível! O Padre Pio só foi uma vez a Roma, em 1917, para acompanhar a sua irmã até ao convento de Santa Brígida. Nessa altura a madre encontrava-se em Espanha. Certamente enganou-se, tomando qualquer outro frade capuchinho pelo Padre Pio." "Não, não me enganei", retorquiu a Madre Speranza. "Era mesmo o Padre Pio." "Em que zona de Roma o viu?" "No Santo Ofício, todos os dias, durante um ano inteiro. Usava luvas sem dedos, para ocultar as suas chagas. Eu saudava-o, beijava-lhe a mão e, por vezes, dirigia-lhe a palavra; ele, por sua vez, respondia-me. Isto aconteceu entre 1937 e 1939, quando eu estava ao serviço do Santo Ofício." "Madre, não se ofenda se eu lhe disser que não posso acreditar nas suas palavras." A Madre Speranza respondeu-me com grande doçura: "Você é livre de pensar como quiser. Repito que vi o Padre Pio todos os dias, durante um ano, em Roma. Sempre rezei por ele, e agora rezo pela sua glorificação".» O Padre Constantino Capobianco, confrade do Padre Pio, contou o seguinte: «Eu estava à mesa, em San Giovanni Rotondo, com os meus outros confrades. Era o dia em que se festejava a Madonna della Libera, em Pietrelcina, padroeira da terra. O Padre Pio levantou-se para sair. O Padre Bernardo de Pietrelcina pediu-lhe que ficasse mais um pouco. O Padre Pio: "Esqueceste-te que hoje é festa na nossa terra? Tenho de ir à procissão." Esta frase poderia parecer uma piada, mas muitas pessoas afirmariam que, nessa tarde, tinham visto o Padre Pio na procissão.» Em 1944, o Padre Pio estava a conversar com alguns confrades. Falavam das bilocações de Santo António. Um deles perguntou: «Eu gostaria de saber corno se dá, concretamente, a bilocação, se o santo sabe o que quer, para onde vai e corno se desloca.» O Padre Pio respondeu: «Sabe o que quer e para onde vai, mas não sabe se vai apenas em espírito, ou em corpo e espírito.» Em 1917, o Padre acompanhou a Roma sua irmã, Graziella, que estava prestes a entrar para um instituto, a fim de abraçar a vida religiosa. Ao regressar, falando com o seu confessor, Padre Agostino, descreveu as igrejas que visitara na Cidade Eterna, e a Basílica de São Pedro. Era a primeira vez que ia a Roma, mas acrescentou, com simplicidade: «Contudo, já tinha visto todos aqueles lugares.» Certo dia, contou ao Padre Rosario d'Alirninusa, que, em jovem, tinha desejado muito ir ao Santuário de Lourdes. Disse que o vira em sonhos, com todos os seus pormenores, e que, a ' partir de então, nunca mais sentira o desejo de o visitar. O Padre Rosario perguntou-lhe se o tinha visto em sonhos, enquanto dormia, mas ele replicou: «Não, não estava a dormir, estava acordado.» Em Julho de 1968, o Padre Onorato de San Giovanni Rotondo disse ao Padre Pio que estava prestes a partir, com destino a Lourdes. Convidou-o a acompanhá-lo. O Padre Pio respondeu: «Ah, em Lourdes já eu estive muitas vezes.» O Padre Onorato comentou que nunca o tinha visto sair do convento, ao que ele retorquiu: «Bem, a Lourdes não se vai apenas de comboio ou de automóvel; pode-se ir de muitas outras maneiras.» A 14 de Outubro de 1966, o Padre Pio disse à sobrinha, Pia Forgione: «Daqui por dois anos já cá não estarei.» E repetiu: «Dentro de dois anos já cá não estarei, pois já terei morrido.» O Padre Teofilo Dal Pozzo dirigiu-se a San Giovanni, depois de ter regressado da missão que a província de Florença tinha na Índia. Descrevia com entusiasmo a velocidade da motonave que, em apenas sete dias, o tinha levado de Génova a Bombaim. O Padre Pio replicou: «Ah, eu cá faço tudo isso num minuto.» Noutra ocasião, estava ele a falar com os confrades sobre o facto de a viagem de avião, Roma-Nova Iorque, sem escala, durar seis horas. «Quantas horas?», perguntou o Padre que, até àquele momento, tinha seguido a conversa em silêncio. «Seis horas», repetiu um seu confrade. E ele: «Seis, horas. Nossa Senhora, tanto tempo! Quando vou a Nova Iorque, ponho-me lá num instante.» O filhinho de Antonio Massa, de San Giovanni Rotondo estava gravemente doente, quase a morrer. A mãe vigiava-o dia e noite. Uma noite saiu do quarto a chorar. Os seus familiares perguntaram-lhe: «Já morreu?» Ela replicou: «Não, pelo contrário, o menino começou a rir. Aproximei-me dele e perguntei-lhe: "que se passa, sentes-te mal?", e ele respondeu: "Mamã, Pa'Pp' m'ha tticà i pi? ..." (o Padre Pio fez-me cócegas nos pés).» Contou o Padre Carmelo Durante: «Certa noite, o Padre Pio disse-me: "Esta noite tenho pressa, pois devo fazer uma longa viagem." "Onde tens de ir?", inquiri. Ele replicou: "Tenho de fazer uma longa viagem." Em seguida acrescentou, com um sorrisinho: "E, para fazer essa viagem, não preciso da autorização do superior".» Em 1918, enquanto estava na hospedaria com um grupo de filhas espirituais, adormeceu. As filhas espirituais, um pouco amedrontadas, tentaram despertá-lo, chamando-o e abanando-o. Mas não havia nada a fazer. Ao fim de uma hora, voltou a si, mortificado pelo ocorrido. No dia seguinte, uma sua filha espiritual perguntou-lhe. «Padre, onde esteve ontem?» «Estive na América», respondeu.
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gospepio · 7 years
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#PP58 – O misterioso perfume do Padre Pio
«Sou um mistério»
Ao longo deste livro tenho citado com frequência episódios surpreendentes e inexplicáveis, que aconteciam muitas vezes à volta do Padre Pio. Tenho referido testemunhos de pessoas que passaram, ao lado do Padre, por experiências perturbadoras, dado o seu carácter insólito e inadmissível, do ponto de vista racional. «O Padre Pio era um grande santo», é a frase que brota, espontânea. Mas talvez não seja essa a expressão justa para explicar tais factos. Para a Igreja, a santidade consiste em «praticar de forma heróica as virtudes evangélicas». O processo de beatificação tenta provar isto mesmo. Tendo chegado a uma conclusão positiva, o Papa emana o decreto de venerabilidade. Através deste estabelece que os homens chamados a julgar, após pesquisas e apreciações, concluíram que a pessoa em questão levou uma vida santa. Foi precisamente com essas palavras que João Paulo II, a 18 de Dezembro de 1997, proclamou solenemente a heroicidade das virtudes do Padre Pio: «Consta que o Servo de Deus, Pio de Pietrelcina, no século Francesco Forgione, sacerdote professo da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, praticou, de forma heróica, as virtudes teologais da fé, esperança e caridade, tanto para com Deus, como para com o próximo, bem como as virtudes cardeais da prudência, justiça e temperança, e outras associadas, para os fins e bens em questão.» Nenhuma referência aos numerosos fenômenos inexplicáveis de que está cheia a vida do Padre. Para o processo de beatificação, os chamados «milagres» ou curas prodigiosas, ocorridos por intercessão do candidato à santidade, ainda em vida, não têm qualquer valor. São naturalmente examinados e analisados corno expressão de um comportamento, corno elementos de crônica, mas nunca considerados «prova» de santidade. O mesmo se aplica aos estigmas. Este «sinal», esta «marca física», de origem mística, que lembra de forma violenta a Paixão de Cristo, não constitui, para a Igreja, prova de santidade. Com efeito, na história das canonizações, os candidatos à santidade estigmatizados foram numerosos. Cerca de setenta passaram no exame e os seus nomes constam do «martirológio». Contudo, em caso algum os estigmas desempenharam um papel comprovativo. Parece que só no caso de São Francisco de Assis foi dada uma importância relevante ao fenômeno, até ao ponto de ter sido considerado de origem sobrenatural. Para todos os outros, o juízo manteve-se inconclusivo. O processo de beatificação, para ser concluído, requer também um milagre, mas este deve acontecer depois da morte do candidato à santidade. Tal milagre é exigido como «aprovação», como «confirmação», por parte de Deus, do juízo já expresso pelos homens. Toda a fenomenologia clamorosa, estrondosa e inexplicável presente durante a vida, ou seja, quando o candidato ainda estava vivo, não pesa no julgamento. Então, corno são julgados aqueles factos? Que valor se lhes deve atribuir? São «sinais» do «maravilhoso», «sinais» de urna realidade que, por enquanto, nos escapa, mas que deveria fazer parte daquele mundo fantástico a que somos chamados, no «Reino dos Céus». Se alguém agradecia ao Padre Pio por ter sido curado de alguma doença grave, ele replicava: «Não me agradeças a mim, agradece ao Patrão», ou seja, reconhecia que tinha havido urna intervenção direta de Deus. Contudo, para designar muitas outras experiências maravilhosas e inexplicáveis que ocorriam à sua volta, recorria à palavra «mistério». Dizia ele: «eu sou um mistério frente a mim próprio.» Ficava estupefacto com aquilo que fazia e que lhe acontecia, mas não considerava tais coisas «milagres», mas sim expressões e consequências do estado de quem vive em contacto com o sobrenatural. Tais experiências, presentes de forma tão abundante na vida do Padre Pio, corno, aliás, na vida de todos os outros santos, não são «provas de santidade», mas «antecipações» estupendas de como será a existência na outra dimensão, e «recordações maravilhosas» de como era a vida do homem no Eden, antes do pecado.
Os factos
O Padre Pio é chamado muitas vezes «O frade com estigmas». Mas também o designam por «O religioso de cuja pessoa emanavam perfumes suavíssimos, que podiam ser sentidos a milhares de quilômetros»; o religioso que «realizava "viagens" assombrosas fora do corpo, em bilocação»; o religioso que «tinha a capacidade de ler no pensamento, de conhecer a vida privada das pessoas, sem nunca as ter visto antes»; o religioso que «falava com os mortos, que recebia visitas de entidades espirituais que lhe revelavam segredos e acontecimentos que ainda estavam para ocorrer»; o religioso que «operava curas fantásticas e conversões imprevistas», e que «empreendia lutas furiosas contra as forças obscuras do Mal». Todas estas frases descrevem fenômenos portentosos e inexplicáveis, continuamente presentes na vida do Padre. Já nos referimos de outras vezes aos estigmas, às lutas com Satanás, às curas milagrosas e às visões de entidades espirituais. Contudo, vale a pena dedicar um pouco de espaço a outros «factos inexplicáveis». Um dos fenômenos mais curiosos era constituído pelos perfumes. Com efeito, da pessoa do Padre Pio emanava um perfume suavíssimo, a que muitos chamavam «perfume do paraíso». Foi constatado milhares de vezes, não só por devotos e admiradores, mas também por muitos inimigos declarados do Padre. Os estudiosos de hagiografia chamam a este perfume «odor de santidade». Manifesta-se, de um modo geral, depois da morte da pessoa em causa. O cadáver do «santo» emana um eflúvio delicioso, quase como sinal de que as consequências nocivas da decomposição são interrompidas naquele corpo privilegiado. Foi o que aconteceu a Santa Umiliana, a São Domingos, fundador da Ordem dos Dominicanos, a São Pascal, a Santa Rosa de Viterbo, a Santo Afonso de Liguori, a Santa Maria de Pazzi e a muitos outros. Constatou-se ainda que o cadáver de São Casimiro, protetor da Polônia, emitia perfumes intensos, mesmo passados cento e vinte anos sobre a sua morte. Contudo, também houve alguns santos que emanavam perfumes durante a vida. Santa Teresa do Menino Jesus emitia odores suavíssimos das suas vestes e da boca. O mesmo acontecia a São José de Copertino, a Santa Rita de Cássia, a São João da Cruz e a São Francisco de Paula. No Padre Pio, o perfume manifestava-se de repente, sem justificação precisa. Durava alguns instantes, ou então várias horas. Podia ser sentido por multidões inteiras. Era intenso e penetrante, ou passageiro e difuso. Não era captado por todos ao mesmo tempo e na mesma medida: podia acontecer que uma pessoa o sentisse, mas quem estivesse a seu lado não. Af- guns sentiam perfume de rosa, outros de violeta, outros de jasmim, outros ainda de incenso, de lírio, de alfazema, etc ... Em todos eles, esse perfume provocava uma sensação de grande serenidade e alegria interior. O cheiro era detectado na pessoa do Padre, nos objecto por ele tocados, nas vestes que ele usava e nos locais por onde tinha passado. Também se podia sentir à distância, quando se pensava no Padre Pio ou se falava dele. O professor Luigi Romanelli, um dos primeiros médicos incumbidos de analisar os estigmas do Padre Pio, sentia esse perfume desde o primeiro encontro. Mais tarde, quando outros estudiosos tentaram explicar o fenômeno como fruto da sugestão, o professor fez por escrito, a seguinte declaração, extremamente interessante: «De cada vez que ouço falar do perfume do Padre Pio, lembro-me bem que também eu o senti. Em Junho de 1919, quando visitei pela primeira vez San Giovanni Rotondo, mal fui apresentado ao Padre notei que, do seu corpo, provinha um certo odor. Disse ao Padre superior, que estava connosco: "Não me parece bem que um frade tão considerado use perfumes." Nos dias seguintes, em que permaneci em San Giovanni Rotondo, não notei mais nenhum odor, embora entrasse na cela e estivesse sempre acompanhado pelo Padre Pio. Antes de partir, precisamente durante a tarde, ao subir as escadas, senti de repente o mesmo perfume do primeiro dia. Não era sugestão minha. Primeiro, nunca ninguém me tinha falado de tal fenômeno; segundo, se tivesse sido sugestionado, deveria sentir aquele odor continuamente, e não com um intervalo tão longo. Quis fazer esta declaração por estar muito difundido o hábito de atribuir a sugestão àqueles fenômenos, que não se podem ou não se sabem explicar.» O doutor Giorgio Festa, o outro médico que, nos anos vinte, estudou os estigmas do Padre, referiu, no seu relatório, um episódio muito significativo. «Durante a minha primeira visita ao Padre Pio - escreveu ele - retirei da ferida do seu lado um pano embebido em sangue, que levei comigo para análise microscópica. Pessoalmente, não senti nenhuma emanação especial. Contudo, um distinto oficial e outras pessoas, que ao regressarmos de San Giovanni Rotondo se encontravam no automóvel comigo, embora não soubessem que, fechado num estojo, eu tinha guardado aquele pano, e apesar da intensa ventilação provocada pela grande velocidade do veículo, sentiram muito bem a sua fragrância, e garantiram-me que correspondia precisamente ao perfume que emanava com frequência da pessoa do Padre Pio. Tendo chegado a Roma, nos dias seguintes e durante um longo período de tempo, o mesmo pano, conservado num móvel do meu consultório, perfumou tão bem o ambiente, que muitas das pessoas que vinham consultar-me me perguntavam qual a origem e a razão de tal fragrância.» O professor Romanelli estava certo de que a fonte daquele perfume eram os estigmas. «Estou convicto - escreveu ele - que, mais do que da pessoa do Padre, o perfume emana do sangue que jorra das suas chagas.» Esta convicção aumentava o seu assombro. «Aqueles que se ocupam da conservação de carnes de animais, sabem que, para alcançarem o seu objectivo, é necessário sangrá-los bem, sendo precisamente o sangue, dentre todos os tecidos orgânicos, aquele que mais rapidamente entra em decomposição. O próprio sangue acabado de brotar das veias de um organismo vivo, não emana perfumes nada agradáveis. Longe de estimular a mucosa olfactiva com qualquer sensação boa, os panos ensopados com o sangue que brota das feridas do Padre Pio, deveriam ser fonte de repulsa, e não certamente de perfume, até mesmo pelo facto de que, por vezes, ele os usar durante bastante tempo. Este fenômeno, na sua simplicidade e na elevada eloquência com que se apresenta ao nosso estudo, é, portanto, contrário a toda a lei natural científica, ultrapassa toda a discussão lógica e, para sermos honestos, só podemos constatar a sua realidade.» Eram inúmeras as pessoas que, quando se aproximavam do Padre Pio, se apercebiam deste fenômeno. Muitas quiseram deixar um testemunho escrito. O Padre Rosario de Alaminusa, durante três anos superior do Convento dos Capuchinhos, em San Giovanni Rotondo e, portanto, superior do próprio Padre Pio, escreveu: «Eu sentia aquele perfume todos os dias, à hora de Vésperas, durante cerca de três meses seguidos, nos primeiros tempos após a minha chegada a San Giovanni Rotondo. Ao sair da ^minha cela, contígua à do Padre Pio, sentia provir desta um odor agradável e forte, cujas características não sou capaz de precisar. Por vezes o perfume emanava da cadeira utilizada pelo Padre Pio durante a confissão dos homens, outras vezes, das suas mãos.» Anita Righini, de Reggio Emilia, seguia viagem com destino a San Giovanni Rotondo. Levava consigo uma fotografia da sua filhinha doente, para pedir ao Padre que a abençoasse. No direto Nápoles-Foggia, começou a conversar com outras cinco pessoas, entre as quais um coronel de Messina. Falaram do Padre Pio e, nesse momento, «fui envolvida por uma vaga de perfume. Perguntei aos outros cinco se o sentiam, e todos me responderam que não. Pouco depois, todos o sentiriam, mas, embora eles o tenham sentido apenas por pouco tempo, eu continuei a senti-lo até depois de Benevento». A irmã Caterina Cuzzaniti era superiora do Colégio Santa Maria de Bagheria (Palermo). Na noite de 18 de Novembro de 1948, depois de ter falado com as outras religiosas das conversões operadas pelo Padre Pio, retirou-se para o seu quarto e, «mal apagou a luz e deitou a cabeça na almofada, foi invadida por um estranho e doce perfume. Cheirava a incenso, mas com mais qualquer coisa à mistura, impossível de descrever». A 15 de Fevereiro de 1950, o professor Amanzio Duodo, de Biella, conversava com amigos e colegas médicos sobre a humildade do Padre Pio e, «de repente, de forma inesperada, um intenso perfume de violeta invadiu todos os circunstantes durante cerca de meia hora, embora todas as portas e janelas tivessem sido abertas de par em par.» O doutor Edoardo Bianco, médico cirurgião de Vallemosso conta: «Em muitas ocasiões fui obrigado a abandonar a minha desconfiança, porque o meu olfacto sentiu repetidas vezes perfumes de rosas, violetas e cravos, cuja fonte, indubitavelmente, não tinha nada de artificial.» Giuseppe Onufrio, conservador das Hipotecas de Palermo: Durante a confissão, o Padre Pio manteve a sua mão direita apertada entre as dele: «Chegado a Foggia, apercebi-me que a minha mão direita tinha um perfume que a esquerda não tinha, o mesmo perfume que eu sentira junto ao Padre. O perfume durou alguns dias, embora eu, como era meu hábito, tivesse continuado a lavar as mãos várias vezes por dia.» O Padre Pio tinha dado ao senhor Onufrio uma penitência com a duração de dois meses. «Durante todo esse período, um perfume idêntico subia-me do peito ao nariz: era tão suave, que me sentia inebriado. Por vezes desaparecia e então eu tentava sugestionar-me para voltar a senti-lo, mas nada. Quando menos o esperava, eis que ele se manifestava de novo. Terminada a penitência, o perfume desapareceu.» Lucia Brunetti, de Manduria (Taranto): «Em 1950 caí, parti a articulação do braço direito e tive de andar engessada durante vários anos. Ao fim de cinco anos, ainda não estava curada. A 20 de Julho de 1955, fui em peregrinação a San Giovanni. Aproximei-me do Padre Pio, beijei-lhe a mão e ele abençoou-me. Fui envolvida por um forte perfume de jasmim. Regressei a casa já a noite ia avançada. Na manhã seguinte, comecei a mover o braço.» O Padre Alberto d'Appolito, confrade e amigo do Padre Pio, foi testemunha de muitos episódios associados ao misterioso perfume. «Através daquele perfume, o Padre Pio fazia-me sentir a sua presença, mesmo quando estava muito afastado dele - contou-me. - Certo dia, em Setembro de 1955, quando era pároco em San Severo, decidi acompanhar cerca de cinquenta dos meus paroquianos, em peregrinação, ao Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas, em Siracusa. Antes da partida, fui cumprimentar o Padre Pio: "Venha connosco", pedi-lhe. "Ide, que eu vos seguirei", respondeu ele. Aquela frase fez-me compreender que nos protegeria durante a viagem. Paramos e foi uma viagem dramática. Aconteceu de tudo. Os peregrinos foram atingidos por dores abdominais, por terem comido com gula excessiva melões aquecidos pelo sol. No caminho entre Caltanissetta e Palermo, em pleno campo, durante a noite, o autocarro foi obrigado a parar, porque a estrada estava obstruída por pedras e troncos. Frente a cada perigo, invocávamos o Padre Pio, e o autocarro era inundado por um perfume maravilhoso, graças ao qual percebíamos como ele nos estava a proteger. Tendo regressado a casa, dirigimo-nos a San Giovanni Rotondo, a fim de agradecer ao Padre e este, ainda antes de lhe termos contado o que tinha acontecido, disse-nos, a rir: Fizestes uma bela figura com aqueles melões e depois, que medo, aquela noite na estrada de Palermo!...» Também Giovanni Gigliozzi, célebre jornalista da Rádio Italiana, escritor e comediógrafo, no início dos seus encontros com o Padre Pio, fez a experiência do misterioso perfume. «Ouvi falar do Padre pela primeira vez, imediatamente depois da guerra, por um amigo, Cario Trabucco, que era jornalista como eu. Falava com tal entusiasmo, que até me parecia excessivo. A minha reação então era de indiferença e de incredulidade, sobretudo quando o meu amigo referia certos fenômenos, como os perfumes do Padre Pio, que muitos diziam sentir até em lugares bastante afastados do religioso. A dado momento, porém, também eu comecei a ser atingido por esses factos estranhos. De repente, sentia um intenso perfume de violetas, em lugares insólitos, onde seria impossível senti-los. O meu pensamento ia logo para o Padre Pio, mas eu revoltava-me, dizendo a mim próprio que estava a ser vítima de sugestões. Certo dia, o fenômeno verificou-se também enquanto eu estava de férias com a minha mulher, em Francavilla a Mare, Abruzzo. Tinha ido à estação para enviar uma carta por correio expresso e, naquele lugar, que geralmente é tudo menos perfumado, senti um inconfundível cheiro a violetas. Enquanto refletia sobre tal facto, a minha mulher perguntou-me: "Mas de onde vem este perfume?" "Também tu o sentes?", perguntei, assombrado, e falei-lhe do Padre, das discussões com Trabucco e daquele perfume que já há tempos me perseguia. "Se eu fosse a ti - retorquiu a minha mulher - partiria imediatamente para San Giovanni Rotondo." No dia seguinte empreendemos a viagem. Quando cheguei à sua presença, o Padre disse-me: '1\h, cá está o nosso herói: o que não foi preciso para o trazer até cá!" Nesse mesmo dia, tive a possibilidade de falar com ele e, a partir de então, a minha vida sofreu uma grande transformação.»
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gospepio · 7 years
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#PP57 – Outras histórias e anedotas
O Padre gostava muito de gracejar sobre o facto de ser meridional, mas defendia a gente do Sul. Dizia que os rapazinhos napolitanos eram particularmente espertos. «Certo dia - contava ele - dois senhores de Milão chegaram de comboio a Nápoles. Apresentou-se-lhes imediatamente um rapazinho, para saber se tinham necessidade de informações. Um dos senhores disse, em voz baixa, ao seu companheiro de viagem: "Queres ver como é fácil fazer pouco de um gaiato?" Em seguida, dirigindo-se ao miúdo, sem especificar a localidade para onde se dirigiam, perguntou: "Sabes dizer-me se o lugar para onde temos de ir ainda fica muito longe?" O gaiato perscrutou-o, por um instante e depois, com muita calma, respondeu: Se os tolos sois vós, então já chegastes. Mas se julgais tomar-me por tolo, que grande distância ainda tendes de percorrer!» A propósito de gente do Norte e do Sul, Giovanni Scar- parro contou-me o seguinte: «Quando conheci o Padre Pio, ele perguntou-me: "De onde és?" "De Pádua", respondi. "Fica aqui todo o tempo que puderes", disse o Padre. Senti-me imediatamente bem acolhido, o que me deu prazer e me permitiu tomar uma certa confiança. Com efeito, na noite seguinte, encontrando de novo o Padre Pio, comentei que gostava de estar perto dele, ou seja, de um frade "terro- ne" (Nota da tradutora: Alcunha dada aos habitantes do sul da Itália). Eu tinha usado aquele termo para demonstrar simpatia, mas talvez o Padre não tivesse gostado. De qualquer forma, fingiu não ter ouvido. Numa das noites seguintes, estava eu com o Padre Pio, no terraço contíguo à sua cela. O Padre tinha mandado vir mais uma cadeira para mim, e pedira-me que lhe fizesse companhia. Interpelou-me: "Sabes aquela do paduano e do napolitano?" "Não, Padre", retorqui. O Padre Pio começou a contar: "Certo dia, um napolitano e um paduano encontram-se, travam amizade e vão juntos ao restaurante. O napolitano manda vir esparguete e o paduano polenta. Começam a conversar e, a dado momento, o paduano - que, como todos os vénetos, quando fala, nunca dobra as consoantes, deturpando assim o sentido das palavras - pergunta ao amigo: "Quantos ânus tens?" O napolitano fica estupefacto com a pergunta e pensa: "Mas que pergunta me está a fazer este porcalhão?" Depois responde: "Um! Porquê, tu quantos tens?" "Quarenta e sete!", retorquiu o paduano. E o napolitano: Na rede do coador, com certeza!» Outra historieta falava de um «alfaiate blasfemador». «Certo dia, um alfaiate que costumava blasfemar, morre e apresenta-se a São Pedro. O santo vê no registo e, não encontrando o seu nome, tenta mandá-lo embora. O alfaiate, porém, quer convencer São Pedro a deixá-lo ficar, a arranjar-lhe um lugarzinho. Começam a discutir e a gritar. Acorre São José, que ia a passar por ali, e pergunta: "Que está a acontecer?" O alfaiate, ao ver São José, lança-se-lhe aos pése suplica-lhe: "Lembra-te que eu te fazia sempre orações. E verdade que eu fui um porco, mas todos os dias pensava em ti, pois eras um santo da minha simpatia." São José enternece-se e pede a São Pedro que o deixe passar, mas São Pedro não quer saber de nada. São José fica descontente. Insiste, mas não há nada a fazer. Então afasta-se, dirige-se a Nossa Senhora e diz-lhe: "Ouve, Maria, eu aqui já não conto nada; peço um favor ao Pedro, e ele não me deixa entrar uma pessoa. Como as minhas recomendações não servem de nada, vou-me embora. E como a mulher deve seguir o marido, tu vens comigo, por favor." Maria responde: "Não só vou contigo, como não podemos deixar aqui Jesus, o nosso filho. Também ele nos acompanhará; vamos buscá-lo e depois veremos como se arranjará Pedro sem nós." Pedro, que tinha ouvido aquela conversa, deu-se conta que o paraíso, sem Jesus, Nossa Senhora e São José deixaria de o ser, e então abriu a porta e deixou entrar o alfaiate blasfemador.» O mesmo fundo moral e educativo, que nunca faltava nas histórias do Padre Pio, como o leitor já se terá apercebido, encontra-se também nesta, que se segue: «Certo dia, Jesus, ao passear pelo paraíso, viu passar muitas carrancas medonhas. Chama São Pedro e pergunta-lhe: "Que está a acontecer? Parece que transferimos o estabelecimento prisional para o paraíso." Pedro explica: "Senhor, não sei que faça, entram, e ninguém sabe por onde." Jesus ordena-lhe que aperte mais a vigilância. Passados alguns dias, Jesus vê que as carrancas medonhas aumentaram de número. Chama de novo Pedro, e diz-lhe: "Dá-me as chaves, pois já não sabes desempenhar bem o teu trabalho." Pedro replica: "Senhor, a culpa não é minha. Eu fecho a porta na cara daqueles monstros horrendos, mas vossa Mãe abre as janelas e deixa entrar toda a gente.» Alguém perguntou ao Padre Pio: «Padre, já fez algum milagre?» O Padre respondeu, com um sorriso: «Já, uma vez, e quase por brincadeira.» E começou a contar: «Havia uma doente a quem eu visitava de vez em quando. A pobrezinha agradecia-me, mas, de cada vez que me despedia, ela pedia-me que, da vez seguinte, levasse qualquer coisa de comer da minha mesa. Certo dia, depois do almoço, enquanto guardava o guardanapo na gaveta, reparei que no fundo da mesma jazia um biscoito duríssimo, que devia ah estar há muito tempo. Meti-o no bolso e fui visitar a doente. Chegado a casa dela, antes de lhe dar tempo para responder à minha saudação, disse-lhe. "Te', ros'ch' (Toma, isto é para ti, minha roedora)." Acreditaríeis? Quando voltei, na vez seguinte, encontrei-a de pé, à minha espera; agradeceu-me, pois tinha ficado curada depois de ter comido o biscoito duro... Senti-me logrado!»
Para compreender melhor
O bom-humor, a vontade de brincar e o estado de alegria têm um grande significado na vida espiritual. São sinal de consciência tranquila e de boas relações com o resto do mundo, bem como de inteligência e humildade. No entanto, são, sobretudo, consequência das virtudes teo- logais da fé e da esperança. A fé recorda ao cristão que ele é «filho de Deus», destinado ao «Reino celeste» e à «vida eterna» em corpo e alma. A esperança impele-o a desfrutar já, nesta vida, daquilo que terá na outra. Quem detém semelhante «certeza», e de vez em quando pensa nela, nunca pode estar triste, melancólico, deprimido ou desanimado. Isso pode acontecer-lhe por alguns instantes, mas logo a se^fil, mal pensa no próprio destino e nas promessas de Deus, volta a alegrar-se. «Alegres na esperança, fortes na fé», exortava São Paulo. Por isso, os santos sempre foram optimistas, sempre tiveram um fundo de alegria contagiante. As biografias que os descrevem como macambúzios, carrancudos e introvertidos, não são dignas de crédito. Um santo triste seria uma contradição. Só nos momentos em que medita sobre as próprias deficiências, sobre as próprias faltas, experimenta dor e amargura. A certeza, porém, do amor de Deus, que é seu «pai», inflama-lhe o coração e introdu-lo de novo na alegria. São Francisco, como refere Tomás de Celano, seu biógrafo, recomendava aos seus discípulos: «Cuidem os irmãos de nunca se mostrarem tristes e sombrios, como os hipócritas, mas alegres no Senhor, risonhos e amáveis, dentro dos limites da conveniência.» O coração do Padre Pio transbordava de fé e de esperança. Mesmo no meio dos maiores sofrimentos físicos e morais, a imensa alegria, proveniente da consciência de ser «filho de Deus, herdeiro do Reino dos céus», nunca o abandonava. Sentia-se forte, leve, sereno e seguro. Então, quando estava com os seus confrades e amigos, a sua graça irrompia em piadas e riso, tornando-se a expressão objectiva do seu estado de alma. Ria muito, e com satisfação.
O que ele disse
No adro da igreja, um rapaz vendia fotografias do Padre Pio: «Quem quer comprar o Padre Pio? São duas liras.» Ouvindo a voz do rapaz, o Padre Pio olhou, sorridente, para um confrade que estava a seu lado e depois, voltando-se para o crucifixo, suplicou, em tom de desculpa confiante: «Perdoa, Jesus! Que diferença há entre mim e Ti: Tu foste vendido, eu sou comprado!» «Padre, um meu familiar há dois anos que não anda bem. Espera a vossa resposta; que devo dizer-lhe?» - Diz-lhe que eu há setenta anos que não ando bem. «Se quiserdes manter-vos bons, não rondeis as sacristias: ou dentro, ou fora...» A uma mulher que lhe perguntara o que havia de dizer em seu nome à sua irmã, chamada Rosa, respondeu: «Diz-lhe que se transforme em cravo.» Muitas vezes os peregrinos perguntavam-ine com insistência sobre o paradeiro de algum parente defunto, o Padre respondia: «Ah, sim, acabei precisamente de estar com ele.»
O que disseram acerca dele
Lorenzo Bedeschi, escritor, após uma visita em 1954: «O Padre Pio é um conversador formidável. Vivo e irónico, brilhante e dialéctico. Possui e recorre a todas as astúcias psicológicas para cativar a assistência. Aproveitando-se de alguma frase incauta e genérica do interlocutor, consegue pôr a descoberto o seu verdadeiro pensamento, apanha-o habilmente, com alguma pergunta, talvez lançada com ar negligente, enreda-o quando ele menos espera e põe-no a nu, recorrendo, ora ao raciocínio ora ao sarcasmo e, com frequência, à sua superioridade temperamental. Só dificilmente se consegue deixar o Padre Pio embaraçado no diálogo directo, mesmo que se procure discutir com ele problemas científicos, que não lhe sejam familiares. Quando se vê em dificuldades, é capaz de recorrer a uma tirada de indubitável efeito demagógico, para sair vitorioso. Como se isto não bastasse, deixa o ousado interlocutor desconcertado, com saídas aparentemente bizarras e frases irónicas, que o impedem de tirar conclusões. Além disso, recorre ainda à mímica, levanta-se da cadeira, põe o indivíduo a ridículo, agarra-o com toda a força por onde ele menos espera, e muda o tom de voz, passando repentinamente do tom patético ao brincalhão, ou vice-versa; possui indiscutíveis dotes naturais de actor, que um ouvinte inteligente, mesmo depois de desmascarado, não pode deixar de admirar. No entanto, é sobretudo o seu grande sentido de humor que não escapa a ninguém.» Alessandro Pronzato, sacerdote e escritor: «Também eu sou um "convertido" do Padre Pio. Não no sentido tradicional do termo, mas porque consegui libertar-me dos julgamentos de desprezo, dos lugares-comuns, das cautelas disparatadas, da desconfiança, do cepticismo e, sobretudo, de uma certa atitude de suposição e altivez, pelos quais, até há pouco tempo, o Padre Pio era para mim um frade "suspeito", que emergira da escuridão da Idade Média, e nem sequer muito simpático. No entanto, descobri um Padre Pio que, embora projectado a alturas místicas estonteantes, conserva uma surpreendente e comovente humanidade, é capaz de rir e de fazer rir, diverte-se a contar anedotas e a dizer graças, gosta de piadas e de se meter com personagens ilustres, possui e reparte uma sabedoria marcada por uma objectividade assombrosa.» from Grupo de Oração São PADRE PIO http://ift.tt/2xckWvt via IFTTT
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gospepio · 7 years
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#PP56 – O bom humor do Padre Pio
Todas as pessoas que viveram perto do Padre Pio e que com ele privaram, dizem que era um homem jovial e brincalhão. Todas referem, sobretudo, que, nos momentos de des- contracção, gostava de entreter os amigos, contando-lhes episódios divertidos e anedotas. «Tinha um apurado sentido de observação, uma forte capacidade de percepção do lado cómico das pessoas e de o pôr em destaque, embora de forma benévola, sem ofender ninguém. E isto notava-se desde a sua juventude», escreveu um seu confrade. No seu epistolário, encontram-se, de vez em quando, passagens inspiradas por uma serena auto-ironia. Escreveu certo dia a uma sua filha espiritual: «Rio-me das tuas penas, como tu tantas vezes te rias das minhas. Assim, cada um chora e ri, verificando-se também, neste caso, as palavras do sábio: "O riso mistura-se com a dor." Se te for possível, ri comigo, de ti, e reza para que também eu possa rir de mim, contigo.» Cario Campanini, o grande cómico que tão bem entendia da arte de fazer rir, referiu-me por várias vezes, deslumbrado e surpreendido, que o Padre Pio conhecia perfeitamente os segredos da narrativa de anedotas. Era sobretudo perito nos ritmos, nas pausas, nas suspensões destinadas a criar expecta- tiva, e nas piadas conclusivas, de carácter fulminante. «Se tivesse sido actor, o Padre Pio ter-se-ia saído melhor do que eu na arte da comédia», afirmava ele. As piadas ou as anedotas que o Padre Pio contava, pelo menos aquelas que conseguimos recuperar, não «transbordam» de humorismo irresistível. No entanto, é provável que, com a sua mímica e a sua natural veia cómica, ele soubesse contá-las de maneira a torná-las irresistíveis. Assim, contadas por ele, faziam rir; contadas por outros, não surtem, de modo algum, o mesmo efeito. Os testemunhos do humorismo constante e da alegria con- tagiante do Padre Pio são unânimes por parte de todos aqueles que o conheceram bem. No entanto, não se sabe porquê, a imagem dele difundida junto do grande público era, sobretudo, a de um religioso macilento e triste, irritado e melancólico, irado e descontente: precisamente o contrário da sua verdadeira personalidade. Os factos A categoria de pessoas que o Padre gostava de atingir com as suas piadas eram, sobretudo, os médicos e os advogados. Com os médicos, tinha urna relação maravilhosa. Era amigo de muitos, alguns famosíssimos, corno os professores Val- doni, Rairnondo, Cassano, Gasbarrini, Bacialli, Puddu, Olive crona e Lian, que foram seus colaboradores nas várias iniciativas por ele realizadas em favor dos doentes. O Padre Pio tinha grande confiança nos médicos. «O Senhor quer que, no campo da saúde, nós sigamos, na medida do possível, o conselho dos médicos», dizia ele. «Segui-o, e podeis estar certos de que não vos enganareis. Aliás, a Sagrada Escritura diz: Devemos honrar o médico, por amor de Deus.» Repetia com frequência aos doentes: «Deixai-vos operar, que eu rezarei.» As pessoas com sofrimentos que a ele recorriam, recomendava, antes de mais, que procurassem um bom médico. Contudo, não renunciava a criticar, à sua maneira, certas pretensões da ciência médica, certa segurança soberba e insolente. Estava ele certo dia a conversar com um grupinho de médicos, quando lhes disse: «Não vos esqueçais das palavras da Escola de Salerno: Está mais seguro um rato entre dois gatos, do que um doente entre dois médicos.» Noutra ocasião, perguntou às pessoas que o rodeavam: «Sabem dizer-me por que razão os médicos nunca fazem greve?» Ninguém respondeu: E ele prosseguiu: «Nunca fazem greve, porque se aperceberam que os doentes, mesmo sem os seus serviços, se curam igualmente, e ainda mais depressa.» Depois acrescentou: «Honora medicum propter necessitatem» (Honra o médico, porque ele é indispensável). Exortado por um confrade a deixar-se internar na Casa Alívio do Sofrimento, para fazer alguns exames, objectou: «Mas que queres tu que os médicos saibam?» «No entanto, o Padre fundou um hospital», replicou o confrade. «Sim - respondeu o Padre Pio -, mas para os doentes, não para os médicos.» Uma jovem de Ancona, afectada por uma doença grave, foi vista por um célebre especialista de Roma, que a aconselhou a meter-se na cama e a pensar nas últimas disposições a dar à sua vida. Em vez de o fazer, ela dirigiu-se a San Gio- vanni Rotondo, para se recomendar ao Padre Pio. Da primeira vez que percorreu o caminho da hospedaria ao convento, chegou quase sem fôlego. Nos dias seguintes, começou a sentir-se cada vez menos cansada e, por fim, já andava com agilidade, sem sentir qualquer mal-estar. Antes de regressar a Roma, disse ao Padre Pio que voltaria ao consultório daquele célebre professor, para o informar que se tinha enganado no diagnóstico. O Padre Pio respondeu-lhe: «Não vás, olha que ele poderia pôr-te doente outra vez.» A uma senhora recém-curada, recomendou: «Não digas nada ao teu médico, ele poderia arranjar-te uma recaída.» Chamava aos advogados, sempre em tom de brincadeira: «Aldrabões de marca.» Certa noite, na horta do convento, estando rodeados pelos amigos do costume, entre os quais se contavam alguns advogados vindos de Roma, contou o seguinte: «Em tempos, depois de todas as categorias profissionais já terem eleito o seu próprio santo protector, também os advogados decidiram escolher o padroeiro da sua classe. No entanto, como discordavam quanto à escolha, convocaram uma assembleia geral. Reuniram-se numa grande sala e encostaram à parede as imagens dos vários santos candidatos ao título de "protector dos advogados". Discutiram longamente mas, não chegando a consenso, decidiram confiar a escolha à sorte. Proclamariam padroeiro da sua categoria o santo cuja imagem fosse tocada em primeiro lugar por deles, de olhos previamente vendados. Escolheram o seu representante. Puseram-lhe uma grossa venda nos olhos, conduziram-no até ao centro da sala, fizeram-no dar várias voltas sobre si próprio, de maneira a ficar desorientado e a não se lembrar da disposição das imagens. O eleito teve dificuldade em encontrar a direcção certa, mas, por fim, ficou diante das imagens alinhadas, e abraçou uma delas com toda a força. Na sala, fez-se um grande silêncio: o advogado vendado tinha abraçado a figura de Satanás, que o Arcanjo São Miguel calcava aos pés.» Outra historieta, associada aos advogados, que o Padre Pio gostava de contar, era a seguinte: «Santo Ivo, que sobre a terra tinha exercido a advocacia, chegara havia pouco ao paraíso, mas ainda não tinha levantado nenhuma questão de direito ou de facto. Certo dia, observando São Pedro a trabalhar como porteiro, começou a interrogar-se por que razão tinha de ser precisamente ele o detentor das santas chaves. Comentava para consigo: "Pedro não é virgem, não é doutor, não é jurista, nem sequer é o mais simpático dos apóstolos, visto que traiu o mestre." Santo Ivo começou a tecer tais considerações em voz alta. À sua volta começaram a formar-se grupos, em animada discussão, e muitos acharam as suas ideias interessantes. Continuava o Santo a dizer: "Eu compreenderia que São João ocupasse aquele lugar; ele é virgem, e foi o predilecto de Jesus. Mas São Pedro... nenhuma base jurídica justifica o cargo que ele ocupa." Entretanto, São Pedro começou a sentir uma certa desconfiança à sua volta. Apercebeu-se de que os habitantes do paraíso, até então tão amáveis, agora lhe lançavam olhares estranhos e malévolos. "Que terá acontecido?", interrogava-se ele, preocupado. Finalmente, alguém lhe referiu as críticas de Santo Ivo, o que o deixou impressionado, causando-lhe sofrimento. O caso chegou aos ouvidos do Pai Eterno, que mandou chamar o advogado e a sua vítima. Santo Ivo começou a fazer a sua alegação. Enumerou os méritos que faltavam a Pedro, apontou-lhe os defeitos, e demonstrou como, sob o ponto de vista jurídico, ele não tinha direito às chaves, ao passo que São João as merecia. O Pai Eterno seguira com grande interesse a intervenção de Santo Ivo; de vez em quando, aprovava com a cabeça e Pedro, ao ver aqueles sinais de consenso, sentiu-se perdido. Vencido pelo mal-estar, deixara cair as chaves das mãos. Terminado o discurso, Deus disse: "Ivo, não tens mais nada a acrescentar?" "Ó Altíssimo, parece-me ter demonstrado..." Mas Deus interrompeu-o: "Sim, meu caro Ivo, tu demonstraste... e tudo o que disseste parece justo, mas Eu considero que aquilo que o meu Filho fez, em tempos, está bem feito, e por isso não vou alterar nada." Assim terminou a sessão. São Pedro, radiante, apanhou novamente as chaves e, aproximando-se de Ivo, disse-lhe: Ouve, como já cá entraste, deixo-te ficar; mas garanto-te que és o primeiro e o último advogado que põe os pés no paraíso. O Padre Pio sabia utilizar todos os pedacinhos de tempo para se descontrair a si e aos outros. Por vezes concedia a si próprio um momento de distracção, até mesmo no confessionário. «Corria o ano de 1949- contou Ida Lori. - Eu tinha de me ir confessar ao Padre Pio. Perguntei ao douto Sanguinetti se o Padre sabia que eu pertencia ao grupo de oração "Casa Alívio" da rua Kramer. O doutor respondeu: "A senhora diga ao Padre Pio: Eu sou um dos canhões da rua Kramer." Com efeito, era assim que o querido Padre nos chamava. No fim da confissão, enchi-me de coragem e disse: "O doutor Sanguinetti sugeriu-me que lhe dissesse que eu sou um dos canhões da rua Kramer." O Padre Pio, habitualmente sempre sério no confessionário, desatou a rir à gargalhada e com gosto. Comentou: "Alí, és um canhão ... Se és um canhão, não dispares contra mim, não me metas medo." Não parava de rir, nem de repetir esta frase. As pessoas que estavam na igreja, entreolhavam-se, assombradas. Antes de deixar o confessionário, ajoelhei-me para receber a bênção do Padre e ele, pousando a mão na minha cabeça, repetia a rir: Se és um canhão, não dispares contra mim, não me metas medo.» Luigi Tricarico, que foi engenheiro-chefe da província de Foggia, encontrou-se por várias vezes com o Padre Pio, durante os trabalhos de construção da Clínica Casa Alívio do Sofrimento, para discutir projectos relativos aos edifícios e aos caminhos circundantes. O engenheiro lembra-se que, muitas vezes, o Padre o apostrofava, gracejando: «Delinquente, és só um pouco menos do que Kruscev, mas, mesmo assim, és delinquente.» O Padre Constantino era um pouco surdo e usava um aparelho acústico. O Padre Pio perguntou-lhe: «Agora ouves melhor? Onde está o aparelho?» «Está aqui», respondeu o Padre Constantino, mostrando-lho. «E se o tirares?», perguntou o Padre Pio. «Então, deixo de ouvir», replicou o seu confrade. «Tira-o um pouco, para nós o vermos», pediu o Padre Pio. O Padre Constantino tirou o aparelho e mostrou-o ao Padre. Este, dirigindo-se aos circunstantes, comentou: «Força, aproveitem enquanto é tempo: digam mal do Padre Constantino, que ele agora não ouve.» Agide Finardi, o empresário de Bolzano e amigo do Padre Pio, contou-me uma pequena história que o Padre gostava de contar muitas vezes. «Havia um camponês que todos os dias via passar o comboio, e todos os dias se interrogava sobre qual seria o seu destino. Certo dia, passou por ali um caçador, e os dois entabularam conversa. Nesse momento, passou também o comboio, e o camponês perguntou ao caçador se sabia para onde ele se dirigia. "O comboio vai para a cidade", respondeu o caçador. "Que é a cidade?", perguntou o camponês. "A cidade é uma massa de casas e de outras coisas que não há no campo", retorquiu o caçador. "E como se pode ir até à cidade?" "Vai-se até à estação, compra-se o bilhete e apanha-se o comboio." Então o camponês, às escondidas da mulher, vendeu o burro e a carroça e dirigiu-se à estação, levando consigo o di- nheiro obtido. Apresentou-se ao cobrador de bilhetes, que lhe perguntou: "Para onde quer ir?" "Para a cidade." "Qual cidade?" "Para a cidade. Se eu não disse nada à minha mulher, imagine se lho vou dizer a você." "O cobrador decidiu enviá-lo até à cidade mais próxima. Perguntou-lhe: "Quer um bilhete só de ida, ou de ida-e-volta? Se quiser o de ida-e-volta, poupa o incómodo de ter de comprar segundo bilhete." O camponês, pensando que os dois bilhetes eram ao mesmo preço, optou pelo de ida-e-volta. Entrou na estação. De repente, assustou-se com o barulho do comboio a chegar. Em seguida, cheio de medo, não sabia por onde havia de entrar. Foi empurrado à força para uma carruagem, pelo chefe da estação. Na carruagem, encontrou um senhor que lhe meteu respeito e, por isso, recuou para um canto. A dado momento, o comboio entrou num túnel, e ficou tudo às escuras. O camponês, aterrorizado, desatou a gritar. De cada vez que o comboio entrava num túnel, repetia-se a mesma cena. O senhor que estava sentado ao seu lado, exasperado com aquela gritaria, disse-lhe em tom severo: "Vá para o inferno, você e o seu medo." "Para o inferno irá o senhor," respondeu o camponês. "Eu cá tenho bilhete de ida-e-volta e, por isso, voltarei para casa".» (...) from Grupo de Oração São PADRE PIO http://ift.tt/2wxaP0N via IFTTT
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gospepio · 7 years
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#PP55 – Vários fatos curiosos e engraçados
(...) Também há outros relatos que nos apresentam um Padre Pio bastante comum, muito próximo do nosso dia-a-dia. O Padre costumava cheirar rapé, desde a sua juventude. No princípio do século, era um hábito bastante difundido. Poucos fumavam, mas havia muitos que cheiravam rapé. O mesmo acontecia nos conventos. Na realidade, tratava-se de um pequeno vício, de uma mania, condenada por muitos. Não se percebe como, mas o Padre Pio também a tinha. Para transportar o rapé, usava uma latinha de metal, daquelas que serviam, em tempos, para guardar Magnésio San Pellegrino, e que tinham na tampa a figura de um monge. «Antes de passar a usar a lata de Magnésio San Pellegrino - escreveu Gherardo Leone, que, sendo de San Giovanni Rotondo, teve a dita de conviver com o Padre Pio desde rapazinho - o Padre costumava guardar o rapé dentro de folhas finíssimas de papel colorido, que arrancava do interior dos envelopes das cartas. Eram doses pequenas, que depois metia no bolso do peito. Quando queria utilizá-las, seguia um procedimento muito típico. Desenrolava lenta e calmamente o pequeno invólucro, tacteando, com os seus dedos afilados, que as meias luvas deixavam a descoberto, na tentativa de encontrar a margem. Depois de pegar na pitada habitual, se estivesse a conversar, não a levava imediatamente ao nariz, mas continuava a falar, mantendo o polegar e o indicador unidos. Por fim levava o rapé ao nariz, primeiro a uma narina, depois a outra, e aspirava com força. Aos que lhe pediam uma pitada, às escondidas, e a aspiravam, aquele rapé exercia um efeito explosivo de espirros. No entanto, o Padre Pio nunca espirrava. Muitas vezes aquelas pitadas, obtidas pelos mais audazes, acabavam por ser guardadas como relíquia, ou quase. Certa noite, enquanto o Padre levava às narinas a sua pitada de rapé, o doutor Mario Sanvico, seu colaborador na Casa Alívio do Sofrimento, comentou: "Um santo não pôde ser elevado aos altares, porque aspirava rapé." O Padre ficou com os dedos imobilizados, no ar, e, passados alguns instantes, respondeu com um sorrisinho irônico: "Eu não quero incomodar ninguém." Em seguida levou a pitada ao nariz.» Os amigos do Padre Pio sempre afirmaram que o seu «aspirar de rapé» não era um mau hábito nem um vício, mas que lhe servia para aliviar o nariz, muitas vezes obstruído, devido ao seu catarro quase crônico. Mas quem forneceria o rapé ao Padre Pio? Onde iria ele comprá-lo? Angelo Vannoni, num seu testemunho, revelou que quem fornecia rapé ao Padre Pio era um sacerdote. «Sei exatamente - contou ele - que monsenhor Angelo Fantoni, então simples sacerdote, lho enviava aos quilos. O rapé era feito com sete tipos de tabaco diferentes, a que se acrescentava determinada essência. Certo dia, no início dos anos cinquenta, Armando Stroppa levou ao Padre Pio, por conta de um senhor de Florência, uma tabaqueira de osso, com acabamentos de prata, e um pacotinho de cem gramas de rapé, da marca Sant'Antonino. O padre não queria a tabaqueira, e perguntou: "Que faço com isto?" Armando, porém, respondeu: "Deram-ma para que vo-la trouxesse; eu não fico com ela." Do pacotinho de tabaco, uma parte foi deitada na tabaqueira e a outra foi levada por Armando, depois de ter pedido ao Padre que a abençoasse. Durante anos, o Padre continuou a usar rapé SantAntonino.» Salvatore Nofri, escritor toscano e filho espiritual do Padre Pio, contou que o rapé do Padre era desejado por todos. «Consideravam-no uma relíquia. O Padre sabia e, por isso, muitas vezes, ao passar da sala São Francisco para a sacristia, mostrava ostensivamente a tabaqueira. Era um convite mudo a que lhe pedissem uma pitada de rapé. As vezes até permitia o self-service, deixando que os requerentes metessem o dedo no relicário e se servissem. Certo dia - conta Nofri - no fim da minha confissão, o Padre Pio meteu a mão no bolso do peito. Convidando-me a dizer o ato de contrição, extraiu do bolso a tabaqueira. O meu pensamento foi o seguinte: "Que sorte, agora vou-lhe pedir que me dê uma pitada de rapé." O Padre Pio voltou a meter bruscamente a tabaqueira no bolso, gritando: "Já disse que tens de recitar o ato de contrição!" Tinha razão; como sempre, o Padre lera o meu pensamento.» Monsenhor Domenico De Simio recordava que, quando era criança, em 1923, passou alguns dias em San Giovanni Rotondo, no convento dos Capuchinhos, de onde partiria, mais tarde, para frequentar o liceu em Sant'Elia a Pianisi. Adoeceu, com uma intoxicação alimentar. Foi retirado do dormitório comum e instalado num pequeno quarto, ao lado da cela do Padre Pio. «Eu era tratado com generosidade, pelos Padres Capuchinhos, os quais, diariamente, depois do almoço e do jantar, vinham passar algum tempo no meu quartinho - contou-me ele, mais tarde. - Entre eles contava-se também o Padre Pio. Era muito alegre, contava piadas divertidas para me distrair e me aliviar do peso da doença. Uma noite, antes de se retirar, aproximou-se da minha cama, segurando um pouco de rapé entre os dedos. Acariciou-me e deu-me o rapé a cheirar. Atirei-me espontaneamente para trás e ele, sorrindo, retirou-se. Naquela noite dormi profundamente. Não espirrei, a febre passou-me e no dia seguinte pedi para me levantar. Satisfizeram o meu desejo e, passados dois dias, já estava em condições de partir para Sant'Elia.» O Padre sofria muitíssimo com o calor. Para ele, o Verão era um tormento. Procurava lugares à sombra, tentando encontrar um pouco de refrigério. Foi pela primeira vez a San Giovanni Rotondo, precisamente para fugir ao calor que imperava em Foggia, onde então se encontrava. O fresco de San Giovanni Rotondo levou-o a pedir aos superiores para ser definitivamente transferido para aquele convento. Para suportar o calor, no Verão gostava muito de beber alguns copos de cerveja. Um seu filho espiritual tinha-lhe oferecido um aparelho de ar condicionado. Enquanto estava a confessar, os seus confrades instalaram-lho no quarto. Quando chegou e o viu, o Padre Pio perguntou que era aquilo e quanto tinha custado. Responderam-lhe que custara meio milhão, soma bastante avultada para a época. Ficou muito perturbado. Interrogava-se: «Que dirá o Seráfico Padre? E uma ofensa à pobreza!» Os confrades procuraram convencê- lo: «Mas o Padre Pio não tem nada a ver com isso, não foi o senhor que o pediu.» Ao que ele replicou: «Confundis as pessoas, recorrendo a tais teorias. E, de facto, uma ofensa à pobreza.» Nunca se serviu do aparelho. Utilizava-o como prateleira, para guardar os livros. A relação do Padre Pio com os alimentos, com as bebidas e com o sono nunca foi feliz. No seu Diario, o Padre Agostino, seu confessor, escreveu: «O Padre Pio vive mesmo por milagre, porque come pouquíssimo, só ao meio-dia, não dorme quase nada e trabalha bastante no confessionário.» O Padre Pio, ainda jovem, escreveu o seguinte ao Padre Benedetto, seu diretor espiritual: «Muitas vezes custa-me muito satisfazer as necessidades da vida, ou seja, comer, beber e dormir. Sujeito-me a elas como um condenado, só porque Deus assim quer.» Noutra carta: «O comer e o beber são para mim um tal peso, que nunca conseguirei encontrar comparação possível a não ser com as penas que deviam experimentar os nossos mártires, no ato da prova suprema.» Como já vimos nos primeiros capítulos deste livro, o Padre, quando era jovem, estava sempre doente e vomitava quase logo tudo quanto comia. E provável que sofresse de anorexia, doença bastante rara na época. Já muito se tem escrito sobre a alimentação do Padre Pio. Muitos têm falado dos seus bolos e doces preferidos. Trata-se apenas de fantasias. Foi realizado um estudo sério sobre a alimentação do Padre, pelo professor Matteo Merla, que arranjou maneira de consultar o arquivo de San Giovanni Rotondo, onde estão conservados milhares de documentos relativos à vida do religioso. Também segundo o professor Merla, para o Padre Pio, era um verdadeiro suplício sentar-se à mesa. No seu estudo, refere que o Padre, de manhã, depois de ter celebrado Missa e de ter feito a ação de graças, ao passar pela cozinha, bebia um gole de café. No dia de Natal, bebia um pouco mais, para festejar o nascimento do Menino Jesus. Em 1951, começou a sofrer de cólicas renais. Como tratamento, bebia todas as manhãs um copo de infusão de centinódia (ou corrijola, planta com propriedades diuréticas). Seguindo esse tratamento, conseguia sempre eliminar os cálculos, depois das cólicas dolorosas. Ao meio-dia descia ao refeitório. Nunca comeu pão nem carne. Comia apenas uma pequena porção do primeiro prato, que podia ser verdura cozida (rama de nabo, chicória, repolho ou espinafres), ou massa condimentada com molho de tomate. Do segundo prato, também comia muito pouco: atum ou enguia, ou ainda, de Inverno, fígado de porco, no forno, com folhas de louro. As vezes, provava alcachofras fritas, polvilhadas de queijo mozzarella, outra vezes choquinhos fritos, ou flores de abóbora, panadas com ovo. Quando os havia, servia-se de uma garfada de espargos cozidos, temperados com azeite e ovo, e de pouquíssimas rodelas de batata, cozidas nas cinzas da lareira, e temperadas com azeite e salsa. Nada de fruta. Bastavam-lhe duas pequenas porções do primeiro e segundo pratos para ficar saciado. No fim, bebia meio copo de vinho doce. A noite, nunca descia ao refeitório. Para ele, o jantar não existia. Enquanto os seus confrades comiam, ele deleitava-se com a visão de um quadro lindíssimo do século XVIII, representando a adoração dos Magos. Um dos seus confrades referiu que, quando o Padre passava várias semanas sem comer, chegava até a aumentar de peso. O Padre Pio também se interessava pela política. Giovanni Brusa, um dos seus admiradores, contou o seguinte: «Depois da guerra, tinham-se formado vários partidos em Itália. A confusão era muita, e eu perguntei ao Padre Pio: "Em que partido devo votar? No DC, ou..." Ele não me deixou prosseguir. Compreendi o sinal. As pessoas da terra, sabendo que eu tinha umas ideias e um partido diferentes dos dele, olhavam-me com maus olhos e ameaçavam-me, dizendo que eu havia de acabar mal. Quando estive de novo com o Padre Pio, contei-lhe o que se passava, e ele retorquiu: Quando falares com essa gente, mantém-te calmo, porque cão que ladra, não morde.» Giovanni Scarparo, filho espiritual do Padre Pio, desde os anos cinquenta, que conseguiu viver muito próximo dele, contou-me o seguinte: «O Padre Pio estava muito ressentido com os democratas-cristãos de esquerda. Certa vez, disse claramente, referindo-se a eles: "Traidores desgraçados! Tínheis a Itália na mão e deixaste-a escapar, só por causa de personalismos. "traidores! Sois mesmo traidores!" Um dia, um honrado democrata-cristão tentou deter o Padre Pio, que passava por entre duas alas de pessoas. O Padre fingiu que não o via. Então o secretário aproximou-se dele e disse-lhe que aquele honrado senhor desejava falar-lhe. "Que pensa você, que todos nós somos ladrões?" - perguntou o político, magoado, ao Padre Pio. Este respondeu secamente: Não penso, digo!» Conta Francesco Ugliano: «Sempre que eu estava para partir de San Giovanni Rotondo, o Padre Pio dava-me a sua bênção e também duas palmadinhas na cabeça, quais carícias paternais. Certa manhã, estávamos muitos na sacristia. O Padre Vincenzo, confrade do Padre Pio, não parava de repetir: "Não empurreis, recuai um pouco." Vendo toda aquela gente, eu dizia para comigo, desanimado: "Desta vez vou ter de partir sem as palmadinhas na cabeça." Rezei então ao Anjo da Guarda, pedindo-lhe que fizesse de mensageiro e repetisse ao Padre Pio estas palavras: "Padre, eu vou partir e queria a vossa bênção e as duas palmadinhas na cabeça, como de costume." O Padre Vincenzo continuava a repetir: "Afastai-vos, afastai-vos", enquanto o Padre Pio se dirigia para a sua cela. Eu olhava-o, cheio de tristeza. Eis senão quando ele aproxima-se de mim, sorri e dá-me as duas palmadinhas na cabeça, dizendo-me: "Hei-de dar-te tantas palmadas, tantas, tantas..."» Um jovem correu até junto do Padre Pio que, amparado por dois confrades, se dirigia para a cela, e disse-lhe: «Padre, estou noivo de... e quero tomá-la por esposa.» «Toma-a», respondeu o Padre Pio. «Mas os pais dela não me a querem dar», retorquiu o jovem. «Então deixa-a», acrescentou o Padre. «Mas eu gosto dela, não quero deixá-la.» «Então toma-a.» «Mas a mãe e o pai dela nem querem ouvir falar nisso.» «Então deixa-a.» «Padre, não é possível, gostamos demais um do outro.» «Então toma-a.» «Mas os pais dela mostram-se inamovíveis.» «Então deixa-a.» Entretanto, o Padre tinha chegado à porta da sua cela, e preparava-se para entrar. O jovem, em tom desesperado, insistiu mais uma vez. «Então, Padre, que hei-de fazer?» Então, o Padre Pio, fingindo-se irritado, e reprimindo a custo uma grande gargalhada, gritou: «Olha lá, para que achas tu que servem os alcoviteiros?» Contou-me Cario Campanini: «Um meu amigo, de Prato, andava a ser tratado pelo famoso professor Lunedei de Florença e, certo dia, disse-lhe: "Amanhã não venho para o tratamento do costume, pois tenho de ir visitar o Padre Pio." O professor retorquiu: "Como é possível? Vais visitar aquele histérico? A ciência explica assim os fenômenos que o caracterizam: à custa de pensar fanaticamente em Cristo crucificado, apareceram-lhe os estigmas"! Aquele meu amigo, ao ver o Padre Pio, contou-lhe o comentário do professor. O Padre Pio respondeu-lhe: Quando estiveres com o professor Lunedei, diz-lhe que tente pensar intensamente que é um boi, e veremos se lhe nascem cornos.» O Padre Bernardo perguntou ao Padre Pio, mostrando-lhe uma carta: «Sabes que me fizeram cardeal?» O Padre fitou-o, entre surpreendido e céptico, pensando: «Quem sabe aonde quererá ele chegar, desta vez.» «Sim - prosseguiu o Padre Bernardo -, recebi esta carta com o seguinte endereço: "A sua Eminência, o Padre Bernardo Masone." Como vês, sou mais importante do que tu.» «Está mas é calado - respondeu-lhe o Padre Pio. - Sabes que me escreveram a mim? Ao Santo Padre Pio, de Pietrelcina. Como vês, continuo a ser superior a ti. Tu és apenas cardeal, eu cá sou Papa.» Durante um período de recreio com um grupo de amigos, na horta do convento, o Padre contou o seguinte: «Era o dia 8 de Setembro, e muitos dos meus conterrâneos de Pietrelcina dirigiam-se ao Santuário de Nossa Senhora de Montevergine. Subiam a cantar "Sim arrivat a lu Spidalett e la Madonna ci stace rimpett" (Ao chegar ao Ospedaletto, Nossa Senhora está à nossa frente). Porém, ao chegar, precisamente, ao Ospedaletto, uma mulher separou-se do grupo, para ir satisfazer uma necessidade natural. Ao regressar, tinha ficado no fim da procissão, e o marido atrás dela, pois estava à sua espera. O bom homem notou que a mulher tinha a orla da saia comprida levantada atrás, deixando à mostra os calções, usados na época pelas senhoras. O marido não disse nada, limitando-se a abanar a cabeça. Chegados ao santuário, quando estavam para entrar na igreja, o marido não se conteve mais, e perguntou à mulher: "Então, Mari, vais finalmente baixar essa saia?" A mulher olhou para trás, e viu que tinha a saia levantada. Baixou-a imediatamente e, muito corada, lançou um olhar severo ao marido, exclamando: "Que pateta me saíste! Não me o podias ter dito antes?" Ao que o marido replicou: "Como podia eu saber que raça de promessas vocês fazem?" O pobre homem - concluía o Padre Pio -, pensava, nada menos, que a sua mulher tinha ido de saia levantada até ao santuário, para cumprir uma promessa feita a Nossa Senhora.» No dia em que foi anunciada ao Padre Pio a proibição de comunicar com os fiéis, um seu jovem filho espiritual foi ter com ele, para lhe pedir que abençoasse alguns objetos sagrados. Não estava a par das novas disposições. Encontrou o Padre Pio na biblioteca. Estava sozinho. Estendeu-lhe os objetos para serem abençoados. «Quer dizer que ainda não sabes nada?», perguntou o Padre. «Que havia eu de saber?», admirou-se o jovem. «Não posso abençoá-los, fui proibido», retorquiu o Padre Pio. Ao ver a desolação incrédula no rosto do seu filhinho, acrescentou: «Eles sabem porque me proíbem, e eu devo e quero obedecer. Não importa que isso me magoe. Vai, filhinho, não te preocupes comigo. Que o Senhor, que sabe o que faz, te acompanhe». Porém, enquanto o jovem se afastava, o Padre chamou-o e disse: «Não os posso abençoar, mas tocar-lhes posso, isso não me proibiram de fazer», e pousou a mão sobre o pequeno invólucro de medalhas e crucifixos. Bondoso, brincalhão, compreensivo, paciente, solícito, meigo, bom companheiro, tornava-se intransigente e quase mau no confessionário. Muitos, mesmo dentre aqueles que o estimavam e lhe queriam bem, ficavam mortificados e interditos, frente a certos acessos de ira, que ele tinha com os penitentes. Perdia literalmente as estribeiras. Pelo menos, assim o dava a entender, através do seu comportamento. Conheci muita gente que se tinha confessado ao Padre Pio; quase todos me contaram que, no primeiro encontro, eram habitualmente expulsos do confessionário. Não eram «convidados» com gentileza a preparar-se melhor, a fazer um exame de consciência mais atento, a procurar concentrar-se sobre o significado do sacramento da penitência, de modo a sentir dor pelas faltas cometidas. Nada disso. Eram «expulsos» com maus modos, com frases terríveis, pronunciadas em voz alta, tais como: «Vai-te embora, celerado!», «Não vês como estás negro?», «Vendeste a alma ao diabo», «Vai para o inferno». Se o penitente apresentava alguma objecção, o Padre levantava ainda mais a voz. Por fim, o pobre penitente saía, corado de vergonha, e muitas vezes a chorar de raiva e dor. Era uma cena inédita, no sentido de que não tem precedentes na história dos confessores. Por quanto nos é dado saber através das biografias dos santos sacerdotes, estes, quando confessavam, acolhiam os penitentes com extrema bondade, com compreensão e gentileza, solícitos, no desejo de desempenhar o papel de Jesus misericordioso, que acolhe de braços abertos o filho pródigo. O Padre Pio, pelo contrário, tinha um estilo completamente diferente do tradicional, que também contrastava com o seu próprio temperamento meridional, que fazia dele um indivíduo sanguíneo e impulsivo, é verdade, mas sentimental e transbordante de afeto. Como confessor, o Padre era intransigente, austero e irado, pelo menos no primeiro encontro. Mais tarde, porém, quando já tinha suscitado no espírito do penitente sentimentos adequados ao sacramento da reconciliação com Deus, tornava-se dulcíssimo, compreensivo e paternal. A confissão atingia então o objectivo que o Padre desejava: mudava profundamente o penitente. Quem se ia confessar ao Padre Pio, «revolucionava» a própria vida. Nunca acontecia que ficasse como antes. Caso contrário, teria de ouvir os gritos do Padre. Escreveu o cardeal Giacomo Lercaro: «O pecado pesava sobre o Padre Pio. O pecado que ele escutava, constatava e censurava, mas para implorar sobre o mesmo a misericórdia de Deus; o pecado, que ele perdoava em nome de Deus, era uma ferida para a sua alma. Era um sofrimento interior que, às vezes, se tornava tão profundo, que não conseguia aguentar mais, traduzindo-se também em sofrimento exterior. Além disso, ele unia o seu sofrimento ao de Cristo, para que fossem perdoadas as culpas dos irmãos.» O Padre Peilegrino, de Sant'Elia a Pianisi, escreveu: «O Padre Pio não tolerava o pecado. Muitíssimas pessoas foram humilhadas pelas suas censuras, veementes e por vezes desconcertantes. O que ele fazia, porém, era insurgir-se contra aqueles que, armados de lanças, feriam ao acaso o lado de Cristo; e tinha o direito de o fazer, quer pelo imenso amor que o ligava a Jesus, quer porque, com as suas chibatadas, esperava redimir os infelizes pecadores.» O cardeal Ursi afirmou: «Ele era detentor de um carisma especial para desempenhar este ministério, graças ao qual penetrava mais facilmente nas consciências, a fim de as estimular e ajudar a reagir, a soerguer-se, a exprimir-se na humildade da acusação, na sinceridade do arrependimento, na esperança da libertação. Muitas vezes com modos bruscos, e recusando-lhes a absolvição, conseguia comover os corações, até os mais endurecidos, fazendo-os morrer, ressuscitar, mudar de vida.» Certo dia, enquanto confessava, viram-no chorar e perguntaram-lhe porquê. Respondeu: «É pela ingratidão dos homens para com o sumo benfeitor. Que mais poderia fazer Jesus, este pobre Jesus, que não tenha feito?» A um seu confrade sacerdote, confiou: «Se soubesse como é tremendo estar sentado no tribunal da confissão. Nós administramos o sangue de Cristo. Cuidado, para não o derramarmos de forma fácil e leviana.» Dizia com frequência: «Sinto-me devorado pelo amor.» Certo dia, tratou mal um penitente. Um seu confrade censurou-o: «Então, Padre, matastes aquela alma.» E ele retorquiu: «Não, estreitei-a contra o coração.» A outro confrade, explicou: «Se soubesses como sofro por ter de recusar a absolvição... Mas é melhor ser censurado por um homem, aqui na terra, do que por Deus, na outra vida.» A um sacerdote que o imitava, recusando a absolvição aos penitentes, disse: «É um luxo ao qual tu não te podes dar.» As suas censuras eram ditadas por um método pedagógico que visava a conversão. «Não vou dar um doce, a quem precisa de purgante», repetia ele. Mas o penitente, fosse ele quem fosse, fosse qual fosse o pecado cometido, era sempre, para o Padre, um filho amado com uma ternura imensa, que devia ser salvo a todo o custo. Passado o momento das censuras, começava, espontaneamente, a fazer confidências, e confessava ao penitente: «Como me fizeste penar, como me fizeste correr, quanto me custou a tua alma! Comprei-te a preço do meu próprio sangue.» As pessoas «compreendiam» que as censuras do Padre Pio eram ditadas apenas pelo seu grande amor e acorriam, arrastando com grandes sacrifícios, para poderem confessar-se a ele. Em certos períodos, sobretudo nos anos cinquenta, chegavam a ter de esperar quinze, vinte dias, para conseguirem confessar-se. «Os homens - escreveu o Padre Paolino de Casa- calenda - dormiam na terra nua, nos campos à volta do convento, enquanto esperavam a sua vez.»
Para compreender melhor
Estes testemunhos e estes episódios falam por si. Poderíamos continuar a contá-los até ao infinito, porque a vida quotidiana do Padre Pio estava cheia deles. São episódios simples, dos quais emana, porém, a sua grande humanidade e o seu amor pelas pessoas, e que demonstram como a santidade é feita de coisas humildes. O santo é um de nós, que vive no meio de nós, mas sempre com o coração puro, procurando a harmonia e o bem dos irmãos. O santo não deve ser posto num pedestal. Não critica nem se revolta contra quem lhe faz mal. Vive na harmonia, enfrentando as próprias adversidades com calma e confiança. É verdade que um personagem carismático como o Padre Pio não se podia libertar dos dons recebidos. Por isso, muitos acorriam a ele, convencidos de que bastava tocar-lhe para ser agraciado. Ele, pelo seu lado, ficava contente quando podia «dar» aos outros alguma alegria, algum benefício.
O que ele disse
Certo dia, a uma fiel que lhe confiava: «Padre, eu quero ser santa», respondeu, sorrindo: «Está bem, minha filha, mas olha que vais ter uma vida de cão.» «Padre - disse-lhe certo homem - se morrer antes de mim, arrasta-me até ao paraíso pelos cabelos?» Resposta do Padre Pio: «OS teus cabelos parecem-me bastante escassos. Receio ter de te puxar pelo pescoço.» A 22 de Novembro de 1959, Antonio Segni foi visitar o Padre Pio, acompanhado por uma delegação de políticos, e começou a apresentá-los. O primeiro foi o ilustre representante da Rússia. O Padre Pio inquiriu: «Excelência, porque me trouxe apenas um russo? Traga-me muitos.» O Padre estava a celebrar um casamento. No momento culminante da função, o esposo, dominado pela emoção, não conseguia dizer o «sim» do rito. O Padre Pio espera um pouco, procura ajudá-lo com um sorriso, mas depois, vendo que todas as tentativas eram inúteis, explode: «Em suma, queres dizer esse "sim", ou tenho eu de me casar com ela?»
O que disseram acerca dele
Piero Bargellini, escritor: «Padre Pio, frade isento de poses ascéticas, sacerdote isento de atitudes místicas, confessor isento de requintes espirituais, pelo menos comigo, a quem talvez tivesse agradado ter sido tratado como um penitente de excepção, ou, pelo menos, de respeito. "Que me dizes?", perguntava-me o meu amigo, à partida de San Giovanni Roton- do. "Que me dizes do Padre Pio?" Aquilo que então não disse, vou dizê-lo agora: o Padre Pio é o Padre Pio. À parte a santidade, que não nos cabe a nós proclamar, é um homem capaz de ultrapassar todas as previsões, de alterar todos os planos, de deitar a baixo todos os preconceitos. O seu carácter autêntico, original e genuíno está fora de questão. Acima de toda a suspeita, está a sinceridade da sua alma e o poder do seu espírito.» Giovan Battista Angioletti, escritor: «Não é humilde para com os homens, porque o é para com Deus. Os homens não lhe metem medo: conhece-os; uma capacidade assombrosa de penetração permite-lhe avaliar imediatamente as suas virtudes e debilidades... Não precisa dos homens, nem que sejam os mais poderosos da terra; por isso pode ser ardente e inflexível, ao querer que também os poderosos sigam os caminhos da justiça, e que o povo respeite as leis antigas, sem nunca se abandonarem aos vis instintos.» from Grupo de Oração São PADRE PIO http://ift.tt/2eZEpWA via IFTTT
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gospepio · 7 years
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#PP54 – Testemunhos de Giovanni Baldazzi e Mario Spallone
Giovanni Baldazzi deixou este mundo em Dezembro de 1997. Tinha oitenta e nove anos. Todos o conheciam por «Giovanni da Prato». Tinha conhecido o Padre Pio em 1950, e tinha-se tornado seu amigo fidelíssimo. Desde então, passou a viver para o Padre Pio. Levou milhares de pessoas a San Giovanni Rotondo. Nos últimos tempos visitei-o várias vezes. Era ele que me chamava. Queria confiar-me as suas recordações do Padre Pio. A sua saúde, porém, não permitiu que levássemos o pro- jecto até ao fim. Contudo, as coisas que me disse nos nossos encontros foram importantes. Apresentam facetas inéditas do Padre. «Quando conheci o Padre Pio - contou-me Giovanni Baldazzi - eu tinha um armazém de tecidos em Romagna e pertencia à "oposição". A minha mulher rezava, mas eu não. Blasfemava, calcava Jesus aos pés. Não acreditava em nada, queria partir para a Rússia de Estaline. Ele transformou-me, transmitiu-me a fé. Disse-me que, de outro modo, perderia a alma. O meu primeiro encontro com ele correu mal. Com efeito, o Padre Pio expulsou-me da sua presença. Eu tinha ido ter com ele para concretizar um sonho. Era o dia 14 de Abril de 1950. Durante um ano, o Padre continuou sempre a mandar-me embora. Certo dia eu disse-lhe: "Padre, tendes-me mandado embora ao longo de um ano, por causa de umas quantas "putas" e de outras tantas blasfêmias. Se vierdes a saber que sou comunista, matais-me." Ele abraçou-me com força, e disse-me: "Não é a cor que nos divide; o que tu tens é a alma suja. E eu, para o inferno, por tua causa, não vou. Vai-te confessar a outro e depois comunga." Mais tarde tornamo-nos amigos. Eu passava vinte dias por mês em San Giovanni Rotondo. Quando o Padre terminava as suas funções, juntávamo-nos sempre. Ele chamava-me. Lembro-me que os meus amigos se metiam comigo, por eu estar sempre a visitá-lo. No entanto, não havia nada a fazer. Se eu não fosse, ele chamava-me. Apetecia-me recusar, mas era impossível. Não sei o que via ele em mim, já que era um ateu. Durante um ano mandava-me sempre embora. Em 1953, levei-o a votar no meu automóvel. Eu tinha um Lancia B14 Aurelia. Só havia sete exemplares em toda a Itália. Para o comprar, foi um verdadeiro sacrifício. O Padre Pio disse-me: "Anda cá. Senta-te. Diz lá, quanto custa o teu carro?" "Um milhão e oito", respondi. "Já o pagaste?" "Não." "E corno conseguiste que to dessem?" "Com as letras." "E quanto lhes deste?" "Duzentas mil liras, e depois uma letra enorme, a cobrar de seis em seis meses." "E como a amortizas?" "Com aquilo que tenho, Padre." Eu costumava utilizar o automóvel para levar pessoas a San Giovanni Rotondo. Por isso, ele perguntou-me: "Quanto levas por pessoa?" "Dez mil liras." "E quanto custa o comboio?" "Quinze mil liras." "Devias levar o mesmo que o comboio. Porque hás-de levar menos?" "Se levar tanto como o comboio, tenho medo que depois as pessoas deixem de vir. E eu gosto de vir até cá." Certo dia, o Padre perguntou-me: "Que me contas?" "Padre, tenho muitas cartas, mas não sei qual é a mais urgente." "É esta!", exclamou ele, e retirou-ma das mãos. Era de urna senhora, que tinha de ser operada a um cancro. Tratava-se da senhora Messi, mulher do fabricante de óleo. Depois tudo correu bem. Ela tinha quarenta e oito anos, e só morreu aos oitenta. O meu pai foi visitar o Padre Pio quando tinha setenta e oito anos; davam-lhe apenas vinte dias de vida, pois tinha um cancro no estômago. O Padre deu-lhe um murro no estômago, em seguida abraçou-o e disse-lhe: "Vai e não te preocupes.'' O meu pai desatou a chorar. Então o Padre Pio gracejou: "Es um choramingas e, para a próxima, não te abraço, porque assim faço má figura. Nós somos da classe de ferro." Eram ambos da mesma classe. Lembro-me que, antes daquela viagem, o meu pai e eu estávamos juntos em Rimini. Na hospedaria Vecchia Rimini, havia um grande espelho na sala de jantar. Tínhamos de passar diante dele, quando íamos comer. O meu pai parou diante do espelho, e disse-me: "Tu andas a transportar um morto pelo mundo. A tua mãe pensa que me engana, mas eu tenho menos de um mês de vida." Depois fornos visitar o Padre Pio e eu disse-lhe: "Trouxe-vos o meu paizinho." "Onde está ele?" "Está no corredor. Talvez depois o saúde." "Traz-mo cá! Mas corno se chama ele?" "Cario." Então o Padre Pio grita: "Onde está, Cario?" "Estou aqui, Padre." "Anda cá", e abraçou-o. Mais tarde, o meu pai disse-me: "Sabes, Giovanni, aquele homem é urna coisa extraordinária. Quando me abraçou, senti-me invadir por um grande bem-estar. Há três meses que não posso comer carne, nem pão, nem posso fumar. Contudo, se aqui tivesse meio charuto, fumava-o." Dirigi-me ao povoado e comprei um maço de vinte charutos. Acendi um e o meu pai fumou-o todo. Em seguida fornos comer. Eu queria armar-me em valentão. "Pai, eu escolho a ementa, e depois você faz o mesmo. Eu quero massa, frango assado, acompanhamento, salada, doce, café, um quarto de vinho e água ^mineral." Ele retorquiu: "Eu quero o mesmo que tu escolheste." A partir de então, nunca mais deixou de comer. Morreu dez anos mais tarde, de pneumonia. Tive o privilégio de estar muitas vezes a sós com o Padre. Acompanhava-o todas as noites desde o coro até à sua cela. Por vezes até o metia na cama. Estava presente quando ele falava com "pessoas" que eu não conseguia ver, como quando falava com o Anjo da Guarda. Nas traseiras de sua casa, Giovanni construiu uma grande igreja, que é muito frequentada. Ele disse-me: «Eu não queria fazer aquela igreja naquele local. Queria antes montar uma quinta. Então o Padre perguntou-me: "E o que fazes depois?" "Compro um trator e retiro-me para a vida privada." "Ah, que vida tão cômoda! Meu filho, a sorte ajudou-te. Tu não tinhas confiança, e eu disse-te que o Senhor só fecha uma porta para abrir outra maior. Em dois anos ganhaste vinte e dois milhões." Nos anos cinquenta, era uma quantia muito avultada. Eu fabricava óleo para a indústria têxtil. E assim, em vez de continuar a pensar na quinta, construí a igreja. Certo dia, estávamos no coro completamente sozinhos. Eu estava muito cansado. Levantara-me cedo e, durante todo o dia, tinha apresentado gente ao Padre Pio. Havia muita gente que não se queria ir deitar sem ter sido apresentada ao Padre Pio e, com ele, não se podia brincar. Olhava-nos de uma maneira que nos pregava à parede e, se a parede ficasse mole, afundávamo-nos lá dentro. Eu estava por detrás do Padre Pio. Ele continuava a rezar e eu encostei-me ao banco, apoiando a cabeça nas mãos. De repente adormeci. As mãos escaparam-me e, bum, dei uma cabeçada no banco. Ele voltou-se e disse: "Julgas que estás num dormitório?" "Não, Padre." "Então vai para a cama." "Não posso." "E quem to impede?" "O senhor." "Eu? Que tenho eu a ver com isso?" "As pessoas que lhe trago pagam-me. Eu tenho de viver com este trabalho. O Padre fez-me desistir de ser comerciante de tecidos e disse-me que o Senhor nunca fecha uma porta sem abrir outra maior. Se a porta maior é esta, devo fazer este trabalho." "Se tu estás contente, todos estamos contentes. Mas como é que eu te impeço de ir dormir?" "Porque as pessoas querem ser apresentadas, querem que eu sirva de intermediário entre o Padre e elas." "E então? Será que eu meto medo?" "Na verdade...! Em toscano diz-se que, quando eu venho ter consigo, "pelo traseiro, nem uma agulha passa!" (N. da Tradutora: Isto para dizer, que o Padre não deixava passar nada.) O Padre Pio deu uma grande gargalhada. Depois, com voz doce, perguntou-me: "Será que não podes mesmo ir descansar?" "De que maneira?" "Ora, só é preciso usar de esperteza." Não percebi o que ele queria dizer com aquela frase, por isso continuei a dar voltas à cabeça. Tinha de ter cuidado com o meu comportamento, pois, se cometesse um erro, arriscar-me-ia a deixar de poder entrar no convento. Certo dia, porém, pensando na frase do Padre Pio, "é preciso usar de esperteza", tentei organizar-me. No meu automóvel, levava sempre oito pessoas de cada vez a San Giovanni, entre as quais se contavam algumas senhoras. Todas elas queriam ser apresentadas ao Padre Pio. Se lhas apresentasse uma a uma, esperando a ocasião propícia, tinha de ficar no convento durante horas e horas, e não podia dormir. Assim sendo, tentei engendrar um plano. Nessa ocasião tinha trazido duas senhoras, e pu-las lá em baixo, no corredor, de modo que pudessem ver o Padre quando ele passasse. Aos seis homens, levei-os até lá acima comigo, ficando no corredor do convento, que o Padre Pio teria de percorrer ao dirigir-se para a cela. Coloquei dois perto da porta do coro, por onde ele sairia; outros dois mais à frente, e os dois últimos perto da sua cela. Expliquei-lhes como deviam comportar-se e mantive-me escondido, para ver se o plano funcionava, mesmo sem a minha presença. Se tudo corresse bem, nas viagens seguintes, depois de dispostas as pessoas, poderia ir descansar e ficar fresco para a viagem de regresso. O Padre Pio chega à primeira passagem e encontra duas pessoas. Volta-se, e depara com outras duas. Em seguida repara nas duas últimas. Então grita: "Já percebemos tudo. Vá lá, sai daí." Sorriu e tudo correu às mil maravilhas. A partir de então, fiz sempre assim. Aconteceu um facto que nunca consegui explicar. O Padre Pio disse-me, e repetiu-me várias frases misteriosas, para as quais nunca cheguei a encontrar uma interpretação precisa, como habitualmente ocorria. De vez em quando penso nelas, mas não as entendo. No entanto, tenho a certeza que querem dizer qualquer coisa. Fui a San Giovanni, levando comigo um certo Milton Rosa, ferroviário de Velletri. Estávamos no corredor do convento, entre o coro e a cela do Padre. Milton Rosa estava um pouco afastado, não se via. O Padre, voltando-se para mim, perguntou: "Bem, então que dizes?" "Nada, Padre." "Bem-aventurado sejas!" "Padre, tenho uma coisa a pedir-lhe", disse Milton Rosa, avançando um pouco. "Gostaria de morrer antes de si, e gostaria que fosse o senhor a acompanhar-me até ao além." "E assim será", replicou o Padre. Nessa altura, também falei: "Padre, eu gostaria de morrer quando o senhor morrer, e ficaria contente se me levasse para o mesmo sítio que o senhor for." "E assim será", retorquiu o Padre. "Mas quanto tempo vamos viver?", acrescentei. E ele: "Eu, três vezes trinta e três! Depois, viveremos juntos." Isto aconteceu em Fevereiro de 1961. Chegados a Setembro, quando eu ia a entrar no convento, o Padre Vincenzo perguntou-me: "Sabes da notícia?" "Que notícia?" "Morreu Milton Rosa." "Não!", exclamei eu. "Deixa-me passar. Tenho de falar com o Padre Pio, antes de ele entrar na igreja." Ao chegar ao corredor, estava ele a fechar a cela. Havia três pessoas à sua espera. Eu detive-me no caminho, ficando a uma certa distância. Ele viu-me e disse às outras pessoas: "Dais-me um instante? Tenho de cumprimentar aquele senhor." Chega ao pé de mim, e interroga-me: «Tenho-te feito refletir, não é verdade?" "Sim, é verdade", retorqui. Depois voltei a perguntar. "Mas quanto tempo vamos viver?" "Já to disse: eu, trinta vezes trinta e três, e depois viveremos juntos." Que significaria aquela frase? Nunca o entendi. Noutra ocasião, o Padre disse-me que ele próprio havia de viver noventa e oito anos. Encontrava-me muitas vezes com o Padre na varanda. Por vezes, ouvia-o falar, e então perguntava-lhe: "Padre, que foi que disse?" "Alguém te perguntou alguma coisa?" "É que o senhor estava a falar. .." "Mas não contigo! Mete-te na tua vida!"» Certo dia, lembrando-se que eu, na juventude, era um comunista anticlerical, o Padre disse-me: "Tu querias deitar a Igreja a baixo. Ora, se nós, que estamos cá dentro, não somos capazes de o fazer, julgavas tu que ias conseguir?"» As relações do Padre Pio com as pessoas sempre tiveram características surpreendentes. Por vezes, certos indivíduos bons, exemplares, representantes de organizações católicas, suscitavam nele acessos de cólera e antipatia. Também acontecia, pelo contrário, que alguns desgraçados, pecadores errantes, eram acolhidos de braços abertos. A aparência exterior não tinha qualquer significado para ele. Imediatamente após a guerra, Mario Spallone era um jovem médico que tentava ganhar a vida aceitando trabalhos bastantes difíceis, como assistências noturnas aos doentes, que outros médicos recusavam. É provável que o fizesse com sincera generosidade, com autêntico espírito altruísta, e talvez tenha sido por isso que chamou a atenção do Padre Pio. Falo de Mario Spallone, o célebre professor e proprietário, com os seus quatro filhos, também eles médicos, de algumas importantes clínicas de Roma. E uma figura histórica do comunismo italiano, que foi médico pessoal de Palmiro Togliatti, e de todos os líderes históricos da esquerda. Ora, nos anos quarenta, quando o comunismo era considerado o inimigo número um da religião, e, portanto, da Igreja, o professor Spalíone tornou-se filho espiritual do Padre Pio. «Visitei-o pela primeira vez em 1944 - contou-me o professor Spalíone. - Acolheu-me com afeto, e abraçou-me. Desde então, tenho sentido sempre a sua presença ao meu lado, e sei que tudo o que realizei o devo a ele. O Padre tem-me protegido e guiado sempre.» Encontrei o professor Spallone no seu consultório. As paredes estão cobertas de fotografias das pessoas que lhe são queridas: os seus pais, a sua mulher, Luana, o seu mestre, professor Frugoni, Togliatti e Nilde Iotti. Todas as fotografias têm dedicatória. Em cima da mesa, pelo contrário, precisamente diante dos seus olhos, vêem-se quatro fotografias do Padre Pio. Há ainda outra, grande, sobre a mesinha do telefone. O mesmo acontece na clínica. As fotografias do padre Pio estão presentes em toda a parte, não de forma ostensiva, mas discreta, «presidindo» às diversas atividades. Conheço há vários anos a história do professor Spallone e do seu incrível relacionamento com o Padre Pio. Contou-ma Carlo Campanini, que era seu amigo. Spallone sempre foi muito discreto em relação a esta sua experiência. «Nunca me senti obrigado a ocultar as minhas convicções - confessou-me ele -, no entanto, tratando-se de um assunto tão delicado, em que estão em jogo os mais altos valores, não queria que fosse alvo de mexericos fúteis. Dada a minha posição política e a minha atividade como médico dos dirigentes comunistas, se tivesse falado desta faceta pessoal da minha vida, não faria mais do que dar azo a uma curiosidade mórbida.» O professor Spallone é um homem com uma grande capacidade de comunicação. Tem uma presença majestosa. O rosto, fortemente expressivo, a voz profunda, os gestos largos e harmoniosos, fazem-no assemelhar-se a um ator. Está seguro de si. As suas frases são secas e cortantes, de líder, de pessoa muito dinâmica. Contudo, mal aborda o tema do Padre Pio, torna-se doce, humilde, e a sua voz embarga-se, com sincera e incontida comoção. «Comecei a ouvir falar do Padre Pio em 1941 - conta-me ele. - Era ainda estudante de Medicina, na Universidade de Roma. Para pagar os estudos, trabalhava como agente de seguros. Frequentava sobretudo o mundo artístico: atores e cantores líricos, pois estes tinham dinheiro, e faziam seguros com relativa facilidade. Entre outros, conheci Cario Campanini, e foi ele que começou a falar-me daquele religioso. Porém, falava-me dele com tanta insistência, que acabei por odiá-lo. Já nem sequer podia ouvir citar o seu nome, sem sentir uma repulsa instintiva. Eu era militante do Partido Comunista desde os meus tempos de liceu. Tinha estado na prisão. Tinha servido na Resistência. As minhas ideias políticas eram marxistas, por isso, dentro de mim havia um certo conflito com a religião oficial. Contudo, nunca fui ateu. Pelo contrário, simpatizava com o Evangelho, em cujas páginas encontrava muitos ideais sobre os quais queria inspirar a minha vida. Já então sentia em mim um profundo sentido altruísta, um grande desejo de me tornar útil aos outros, sobretudo às pessoas mais humildes e mais simples. Por isso militava no Partido Comunista, que apoiava os operários, e pela mesma razão tinha escolhido a profissão de médico. Uma noite, porém, fui testemunha de um acontecimento verdadeiramente inacreditável. Tinha-me licenciado havia pouco e estava casado de fresco. Andava a tirar uma especialidade na clínica médica dirigida pelo professor Frugoni, mas, para ganhar mais alguma coisa, prestava assistência noturna a doentes. Tinha-me associado a uma farmácia, que me passava as chamadas. Era duro levantar-me a meio da noite e, por isso, habitualmente fazia-me acompanhar pela minha mulher, Luana, ou pelo nosso cão, arraçado de lobo. Uma noite, fui chamado pela farmácia, para acudir a um doente residente na Appia Nuova. Estava muito mau tempo, e decidi ir sozinho. Nem sequer levei o cão comigo. Eu tinha um automóvel velho. Ao fim de alguns quilômetros, apercebi-me que, no assento ao lado do meu, estava um frade de barbas. Fixei-o com atenção. Era idêntico ao das fotografias do Padre Pio, que Campanini me tinha mostrado. Fiquei atônito, mas não perdi a calma. Estava bem desperto e plenamente consciente. Esfreguei os olhos e voltei a olhar. O religioso continuava ali, tranquilo, como que absorto em oração. Esperei mais alguns segundos, que me pareceram eternos, e depois fixei-o de novo. Estendi a mão, para lhe tocar, mas a mão entrou no corpo dele, como se este fosse feito de luz. Não conseguia tocar naquele indivíduo, mas via-o distintamente. A dado momento, tive a impressão de que ele estava a falar comigo. Não sei se ouvi as suas palavras, ou se a comunicação se deu de outro modo. O frade fez-me o diagnóstico do doente que eu ia ver, e depois desapareceu. Cheguei ao destino em estado de grande tensão. Encontrei um velhinho magro, com uma hemorragia cerebral. Estava muito mal. A sua mulher estava desesperada. Pensei fazer-lhe uma sangria. Naquela época, era a solução para tais emergências. Mas depois parecia que me lembrava de o frade, que vira no carro, me ter dito, precisamente, para não recorrer à sangria. Segui essa inspiração e foi a opção certa. Administrei-lhe medicamentos que trazia comigo, e o velhinho recuperou. Fiquei com ele algumas horas. Quando a manhã despontava, enquanto lavava as mãos, antes de partir, ouvi a senhora dizer ao marido: "Olha, este jovem médico é precisamente o mesmo que o Padre Pio me descreveu em sonhos." Ouvindo aquele nome, e pensando em quanto me tinha acontecido durante a viagem, saí da casa de banho e pedi explicações. A senhora contou-me que, na noite anterior, tinha sonhado com o Padre Pio. O frade tinha-lhe dito que o seu marido ia ficar muito mal, mas que não se devia assustar, porque ele lhe enviaria um jovem médico, seu amigo, que trataria muito bem do doente. Saí daquela casa mais transtornado do que nunca. Nos dias seguintes continuei a pensar no que tinha visto no carro, e no sonho daquela senhora. Uma noite, disse à minha mulher que queria levá-la a jantar fora. Partimos de automóvel e dirigi-me imediatamente a casa de Campanmi. Arranjei uma desculpa para o obrigar a sair e convenci-o a acompanhar-nos. Dirigi-me para a periferia e, quando já estávamos fora da cidade, disse que queria ir ver o Padre Pio, pois tinha alguns problemas e precisava de falar com ele. Chegamos a San Givoanni Rotondo às quatro da manhã. Já havia gente à espera para a Missa. Campanini era conhecido. A minha mulher ficou no carro, e nós os dois entramos no convento. Campanini bateu à porta do frade, que se estava a preparar para a Missa. O Padre Pio saiu e, ao ver-me, fixando em mim um olhar ardente, disse-me: "Meu malandro, finalmente decidiste vir ter comigo." Depois, mudando de tom, acrescentou: "Ouve lá, Mario, eu não acredito que tu sejas um bom médico. Só és bom porque eu vou às tuas cavalitas e te guio." Ouvindo que ele me chamava pelo nome e vendo naquelas palavras uma referência claríssima ao facto que me ocorrera em Roma, com aquele velhinho, fui invadido por uma emoção profundíssima, caí de joelhos e desatei a chorar. O Padre Pio pousou a mão sobre a minha cabeça, e esse gesto ligou-me a ele para sempre. A partir daquele momento, a minha vida mudou completamente. Tive uma espécie de crise interior. Estava profundamente convencido das minhas ideias políticas. Com a ajuda do Padre Pio, porém, tentei ligar o meu empenhamento social, inspirado na filosofia marxista, a uma forma de cristianismo puro, extraído do Evangelho. Julgo ter conseguido. Desde então toda a minha vida foi passada na prática de um altruísmo vivo, dedicando-me com generosidade aos problemas das pessoas, escutando quem precisava de mim, eliminando da minha mente o ódio e a indiferença, e empenhando-me também no campo político, ao serviço da comunidade. O Padre Pio passou a ser sempre o meu guia.» Os relatos destas pessoas mostram-nos várias facetas diferentes do Padre Pio, mas todos eles evidenciam a sua grande compreensão. Mostrava-se aberto e bom para com todos aqueles que o procuravam de coração sincero.
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