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gpgil-blog · 6 years ago
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O BURRO E A JARARACA
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Desculpem-me os indignados. Quem me conhece sabe que detesto o borra-botas do Eduardo Bolsonaro. De modo que me sinto à vontade para defendê-lo, no caso. Ele, em nada, desrespeitou a triste morte de Arthur, neto de Lula, ao criticar a  permissão dada ao avô para comparecer ao velório do menino, por mais  que tenha, de fato, revelado insensibilidade para com o condenado.  
Questionar o direito do "larápio” foi grosseiro e errado, sim, convenhamos. Não creio, porém, que a Justiça discordaria do juízo, uma vez que condenou o ex-presidente por corrupção. E é fato que Eduardo tropeçou feio ao revelar desconhecimento da lei, mas, até onde sei, isso também não o transforma automaticamente em monstro. Se formos honestos, o substrato do  que o filho de Bolsonaro questionou, na verdade, está em se a lei seria ou não igualmente cumprida, nas mesmas condições, em favor de todos os encarcerados do Brasil. E sabemos que não, não é verdade? Por exemplo: será que se costuma oferecer a todos aeronaves oficiais que os levem aos funerais dos seus, quando realizados longe dos presídios em que estão?
Ora, sabemos que, onde vige liberdade de expressão, perguntar não ofende. E não vi nenhuma palavra de tripúdio ou exaltação à  triste sina do garoto por parte de ninguém: nem de algum familiar do presidente nem, para falar a verdade, de quem quer que importe. Pelo contrário, vi muito mais a conveniente utilização do episódio por parte dos correligionários de Lula, interessados em dar ao ex-presidente um púlpito, mesmo que soturno, de onde cuspir mais proselitismo barato, fora de hora.
De resto, concordo com a decisão da Justiça, até porque só fez cumprir a lei --  e porque levar Lula de  camburão, como preso comum, de um estado a outro, poderia, de fato, dar ensejo a um verdadeiro circo rodoviário. Concordo com a opinião de meu amigo, Marcelo Porto, de que,  sim, o tal do Eduardo  escorregou como um jumento na casca de banana que, oportunisticamente, lhe atiraram. Estupidez inquestionável, é claro. Mas, ao contrário de meu amigo, para o momento, prefiro condenar menos o escorregão do filhote de Bolsonaro do que o oportunismo dos plantadores da armadilha. Afinal, dos burros não espero mais do que burrice, mas, montados neles, desde a eleição, devemos protegê-los das cobras criadas, que, ao menor sinal de presença de casco asinino, saem imediatamente de  seus covis, prontas para envenenar tudo e todos com mentiras e falácias. A fim, é óbvio de criar tumulto e disseminar indignações vazias. Não deveríamos deixá-las vencer.
Digo isso porque, eu mesmo, sem  nutrir simpatia alguma por Lula, 1) senti muito a morte de Arthur (para falar a verdade, até agora, ainda não me conformei com o diagnóstico, em tempos de medicina tão avançada); 2) defendo que a Justiça agiu corretamente ao permitir que Lula fosse ao velório  (pelas razões já mencionadas); 3) acredito no respeito devido, sobretudo, ao aos familiares, em ocasiões dolorosas como essa (porém, espero respeito recíproco deles). Só peço que me permitam duvidar, sim, das indiganações armadas. E que me livrem de ter de mostrar empatia para com um avô que já me deu amplos  motivos para não ser empático nem para com o marido nem para com o irmão, que foi. Mais: permitam-me pensar só no menino. 
E reflitamos: o mais grave que o tal do Eduardo disse, no episódio, foi que a liberação daria ensejo, a Lula, de "bancar o coitadinho". Preocupação mesquinha, é verdade, num  momento como esse, pois que se fixa mais no uso que o avô suspostamente daria à oportunidade do que na morte prematura de uma criança. E foi assim que, enquanto,o “monstro” malhado na mídia petista pensava em vilezas, todos os homens de bem ajoelharam-se e oraram pela alma da criança. Entrementes, o coitadinho, mais uma vez, sacou com o lenço o ignóbil “ego” do bolso, colocou-se no centro do tablado e aproveitou-se da situação para prometer a Arthur (e a uma mídia visivelmente emociionada) que, quando chegar a vez de ele próprio subir ao céu (impensável outro endereço, não é mesmo?), irá encontrar o netinho, portando um “diploma de inocente nas mãos”. E disse isso, altivo e cônscio de sua importância ante o país que depenou, sobre o féretro de um inocente.
Fazer o quê? A vida dói, mas pede jamais baixar os olhos. É o que faço.Dito  isso, calo-me, não antes de, mais uma vez, pedir desculpas a Arthur, e somente a Arthur, por pertubar-lhe o silêncio. Descanse em paz.
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