haerithereaper
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haerithereaper · 3 months ago
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mesmo  após  mais  de  trezentos  anos,  haeri  ainda  carregava  um  sonho.  não  era  grande,  nem  cheio  de  esperança  como  os  dos  outros  —  era  silencioso,  quase  sem  forma,  e  talvez  por  isso  mesmo  tão  persistente.  ela  não  podia  desejá-lo  abertamente.  o  fato  de  saber  que  provavelmente  nunca  o  alcançaria  era  o  que  o  tornava  mais  doloroso.  as  palavras  dele  —  sobre  andar  entre  pesadelos  —  atravessaram  haeri  como  uma  faca  afiada  demais  para  ser  ignorada.  ela  não  o  encarou  imediatamente.  ❝  você  provavelmente  está  certo  ❞  respondeu  como  se  não  quisesse  que  o  mundo  a  ouvisse  confessar  aquilo.  dormir  havia  se  tornado  um  campo  de  batalha  outra  vez.  sempre  que  fechava  os  olhos,  monstros  que  jamais  haviam  sido  registrados  vinham  dançar  em  sua  mente,  rir  na  sua  cara,  e  arrastar  corpos  dos  semideuses  cuja  almas  ela  recolhera  para  longe.  às  vezes,  ela  acordava  sem  saber  se  realmente  foi  um  sonho  ou  mais  um  dia  de  trabalho.  de  vez  em  quando,  se  perguntava  o  que  tinha  feito  para  merecer  tamanha  desconsideração  do  deus  do  sono.  foi  quando  ele  tirou  a  pena  dos  cabelos  que  ela  o  olhou.  a  surpresa  em  seu  rosto  era  discreta,  sobrancelhas  levemente  erguidas,  lábios  entreabertos.  ❝  pra  mim?  ❞  a  pergunta  escapou  antes  que  ela  pudesse  controlar.  embora  receber  um  presente  de  um  desconhecido  fosse  estranho,  era  rude  recusar,  por  isso  estendeu  a  mão,  pegou  a  pena  com  cuidado  e  a  girou  entre  os  dedos.  ❝  você  acha  que  vai  funcionar  mesmo  com  seu  pai  provavelmente  me  odiando?  ❞  ela  olhou  de  volta  pra  ele,  os  olhos  ainda  marcados  por  uma  curiosidade  inquieta.
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Apesar do jeito habitualmente preguiçoso, a mente daquele semideus era sempre muito ligeira e afiada. Por isso as reações corporais - mesmo que mínimas- da mulher não lhe passaram despercebidas: o tom de voz, a hesitação e o olhar curioso - que Baek lhe devolvia na mesma medida. Sem contar suas palavras, que lhe soavam tristemente sinceras. "É, mas... não seria ruim, disso tenho certeza. Não conheço ninguém que tenha um sonho ruim para si mesmo." Podia só explicar que usaram técnicas para evitar rotas mais complexas, mas conseguia presentir o sentimento negativo dela em relação a tudo aquilo. "Mas ok." Baixou a mão com o tapa olhos. "Acho que não dá mesmo para vender sonhos à alguém que já andou entre pesadelos." Completou, sendo sua vez de baixar a voz, e o olhar logo perdendo o foco novamente... Porém, voltou! Aquela conversa toda parecia uma ervilha se metendo debaixo do seu colchão, pronta para incomodá-lo e impedir seu descanso durante a noite. "Mas você parece que faria bom uso de uma ótima noite de sono. Então..." Os dez dedos foram se enfiar na cabeleira escura, fuçando entre os fios, bagunçando-os, quase como se coçando a cabeça, mas na verdade buscavam por algo. Baek parou de procurar e finalmente tirou uma pequena pena de entre os fios grossos. E foi o que deu a ela desta vez. "É do meu travesseiro." Os olhos se abriram um pouco mais, esperando que ela entendesse sem que ele tivesse que explicar. "Não vou te vender. Vou te dar."
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haerithereaper · 3 months ago
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quando  a  voz  suave  soou,  ela  levou  um  tempo  para  processar.  suas  palavras  soavam  gentis  demais,  e  aquilo  sempre  a  deixava  desconfiada.  não  por  malícia,  mas  porque  gentileza  era  coisa  rara  entre  os  vivos  que  ela  conheceu  —  e,  às  vezes,  mais  ainda  entre  os  mortos.  a  fala  sobre  gladiadores  antes  do  almoço  a  fez  arquear  uma  sobrancelha.  era  uma  descrição  precisa  demais.  ❝  vocês  se  lembram  de  serem  pessoas…  interessante  ❞  não  havia  ironia.  só  um  certo  distanciamento.  haeri  não  se  lembrava  da  última  vez  em  que  se  sentiu...  gente.  quando  não  era  só  uma  extensão  do  trabalho  que  fazia.  um  braço  da  morte.  uma  sombra  funcional.  ela  desviou  o  olhar,  incerta  se  conseguia  sustentar  o  calor  daquele  sorriso.  então,  tentou  preencher  o  espaço  com  algo  que  não  soasse  tão  estranho  quanto  ela  se  sentia.  ❝  não  entendo  muito  bem  a  magia  disso  ❞  seus  olhos  retornaram  à  garota,  curiosos,  cautelosos.  ❝  mas  acho  que  a  maioria  concorda  com  a  senhorita…  então  acho  que  o  festival  está  cumprindo  seu  papel  ❞
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Bonnie estava agachada cuidadosamente, como uma gata elegante que decidiu brincar sem descer do salto, amarrando o colar de contas que acabara de montar. Algumas miçangas escorregaram dos seus dedos enluvados, e ela soltou um “Oops” baixinho antes de rir. Quando ouviu a voz próxima, levantou os olhos curiosa e encontrou Haeri. A estranheza no rosto da mulher era tão clara que Bonnie quase quis colocar uma flor no cabelo dela só pra ver se suavizava a expressão.
“— Ah, é um festival da união,” respondeu com a voz suave e um sorrisinho caloroso, como se estivesse revelando um pequeno segredo bonito. “— A ideia é fazer a gente lembrar que, apesar das espadas, das visões sombrias e dos treinos de gladiadores antes do almoço, ainda somos pessoas. Pessoas que podem colar miçangas em fio e pintar com os dedos sem motivo aparente.”
Ela se levantou com delicadeza e ajeitou a saia do seu vestido, se aproximando mais um passo, como quem queria convidar sem invadir. “— Pode parecer bobo, eu sei. Eu também achei, no começo. Mas tem algo de mágico em ver gente do acampamento inteiro rindo junto, mesmo que seja de um desastre com tinta neon. E, sinceramente...” Ela piscou seus olhos, com um sorriso divertido estampado no rosto. “— Se tudo isso for só uma desculpa pra comer marshmallow eu acho que é um belo propósito, não?”
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haerithereaper · 3 months ago
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haeri  fechou  os  olhos  por  um  segundo.  inspirou  fundo,  tentando  se  ancorar.  quando  os  abriu  novamente,  havia  um  rapaz  ao  seu  lado.  ele  parecia  ter  surgido  do  nada  —  ou  talvez  ela  só  estivesse  distraída  demais  para  notar  sua  aproximação.  o  encarou  em  silêncio  por  alguns  segundos.  ele  tinha  um  sorriso  bonito,  isso  era  um  problema.  pessoas  muito  bonitas  costumavam  morrer  das  piores  formas,  pelo  menos  nas  lembranças  dela.  desviou  o  olhar  para  o  festival,  onde  luzes  dançavam  e  vozes  se  misturavam  como  se  o  mundo  não  estivesse  à  beira  de  colapso.  ela  respondeu  antes  mesmo  de  pensar:  ❝  parece...  bobo  ❞  e  era  o  que  parecia  mesmo.  como  assistir  a  um  filme  antigo  e  mal  dublado,  onde  tudo  era  exagerado,  colorido  e  irreal.  haeri  se  sentia  deslocada,  como  se  estivesse  fora  do  corpo.  mas  havia  algo  na  presença  dele  que  a  deixava  inquieta.  uma  energia  que  fazia  seus  olhos  quererem  voltar  para  ele,  mesmo  que  ela  resistisse.  ❝  como  isso  pode  fazer  bem  pra  alma?  ❞  a  pergunta  escapou  antes  que  pudesse  segurá-la.  e  então  ela  cedeu,  o  encarando  de  verdade.  os  traços  dele  eram  suaves,  mas  havia  algo  mais.  uma  aura  que  chamava  atenção  sem  esforço,  como  se  fosse  filho  de  algum  deus  do  amor.  ela  mordeu  o  interior  da  bochecha,  incerta  se  queria  responder.  ❝  eu  não  sei  o  que  fazer  ❞  disse,  a  voz  saindo  mais  baixa,  mais  honesta  vulnerável  do  que  deveria.  ❝  tem  muita  coisa  acontecendo  e  eu  não  sei  como  deveria  agir  ❞
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Nate ouviu a frase ao passar por perto e, como bom pretor, desviou seu caminho sem pensar duas vezes. Com um meio sorriso no rosto e o tom de voz sereno, mas envolvente, ele parou ao lado dela, os braços cruzados de maneira relaxada. “— Sabe, geralmente quando alguém solta uma dessas em voz alta, é um convite pra conversa.” Disse, com um brilho divertido no olhar. “— E eu sou péssimo em recusar convites. Acho falta de educação.” Ele observou o rosto da mulher por um momento, notando o contraste entre ela e o caos festivo ao redor. Havia algo nela que não se encaixava  e talvez por isso mesmo tivesse chamado sua atenção. “— O propósito? Bom, tecnicamente é integração, celebração, união dos Acampamentos, essas coisas que a gente coloca nos discursos. Mas, se quer a verdade... É só uma desculpa pra fazer bagunça com tinta e espetinhos de carne. Faz bem pra alma.” Ele deu de ombros, ainda com aquele ar encantador. “— E você? Tem algo que quer fazer? Além de descobrir o propósito da vida numa barraca de oficina artesanal?”
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haerithereaper · 3 months ago
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haeri  ainda  estava  se  acostumando  com  a  ideia  de  que  não  era,  de  fato,  um  fantasma.  era  fácil  esquecer  pelo  o  modo  como  sua  presença  passava  despercebida  por  quase  todos  —  a  não  ser,  é  claro,  quando  vinha  buscar  suas  almas.  nesses  momentos,  era  impossível  ignorá-la.  fora  deles,  sentia  como  se  não  estivesse  ali.  então,  quando  percebeu  que  a  garota  estava  falando  com  ela,  levou  um  segundo  a  mais  do  que  o  normal  para  reagir.  ❝  entendo  que  quiseram  unir  os  acampamentos  ❞  disse,  os  olhos  varrendo  os  grupos  espalhados  como  se  procurassem  rachaduras  invisíveis.  ❝  mas  as  pessoas  não  deveriam  se  importar  mais  com  a  morte  iminente  delas?  ❞  não  era  ironia.  havia  só  uma  preocupação  fria,  sincera,  latejando  por  trás  da  pergunta.  observar  toda  aquela  despreocupação  lhe  dava  um  arrepio  —  como  se  algo  estivesse  prestes  a  desabar  e  ninguém  quisesse  ver.  quando  a  outra  garota  mencionou  um  "powerpoint",  haeri  franziu  o  cenho,  sem  nem  tentar  disfarçar  o  estranhamento.  ❝  power...  o  quê?  ❞  era  uma  daquelas  palavras  que  pareciam  tão  absurdas  quanto  tecnológicas  demais.  algo  que  ela  definitivamente  não  havia  aprendido  sendo  uma  ceifadora.  a  garota  parecia  animada,  no  entanto,  determinada  a  mostrar  aquilo  como  se  fosse  importante,  então  haeri  assentiu  devagar.  ❝  tudo  bem,  pode  me  mostrar  ❞
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Sutton ergueu o olhar assim que ouviu a frase solta atravessar o ar,  um som fora do ritmo da empolgação geral, como uma linha errada que estragava todo o código de um programa. Ela ajeitou os ombros, os olhos atentos já buscando a origem da voz. Quando localizou Haerin parada diante da barraca, com expressão tão contida quanto sua postura, Sutton se aproximou com passos calmos, segurando todas as suas anotações sobre as atrações do evento. 
“— Desculpe a intromissão.” Começou, com sua entonação sempre precisa e educada, mas havia uma ponta genuína de curiosidade em seu olhar, um brilho leve nos olhos cinzentos da filha de Atena. "— Eu ouvi o que disse, e fiquei intrigada. Quando diz que não entendeu o propósito, está se referindo ao festival em si? Ou a alguma das atividades específicas?”  Inclinou sua cabeça de leve, replicando involuntariamente o gesto que Haerin havia feito segundos antes. “— Posso oferecer contexto logístico, histórico ou até simbólico, se preferir. Fizemos uma apresentação para isso, e se quiser, posso pegar meu laptop para mostrar o PowerPoint.” se referiu ao objeto tecnologico que ela mesma havia construído.
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haerithereaper · 3 months ago
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assim  que  viu  matt,  sentiu  os  ombros  relaxarem,  mesmo  que  só  um  pouco.  havia  algo  reconfortante  naquela  presença.  não  porque  a  meia-irmã  era  leve  ou  alegre,  mas  porque  era  constante.  as  palavras  de  matt  a  fizeram  erguer  uma  sobrancelha,  quase  sorrindo  —  quase.  ❝  parece  que  estamos  engordando  carne  de  semideus  para  entregá-la  aos  monstros  depois  ❞  esse  era  tipo  de  humor  que  haeri  entendia.  direto,  um  pouco  ácido  e  realista.  ❝  mas  com  certeza  a  sua  perspectiva  é  melhor  ❞  respondeu,  sem  esconder  o  cansaço  na  voz,  como  se  o  esforço  de  estar  ali,  entre  todos  aqueles  sorrisos  e  luzes,  estivesse  cobrando  seu  preço.  seus  olhos  voltaram  a  varrer  o  ambiente  por  um  instante,  indecisos.  a  proposta  de  tentar  aproveitar  a  fazia  hesitar.  não  só porque  não  quisesse,  mas  também  porque  não  sabia  muito  bem  como.  ❝  não  sei…  ❞  começou,  franzindo  levemente  o  cenho.  ❝  estou  aqui  faz  menos  de  dez  minutos  e  já  pensei  em  ir  embora  umas  três  vezes  ❞  mas  havia  um  tipo  de  lógica  na  ideia  de  matt.  juntas  talvez  fosse  diferente.  talvez  não  parecesse  tão  ridículo  tentar  fingir  que  pertenciam  àquilo  ou  só  fosse  menos  cansativo  suportar.  ❝  mas…  pode  ser  ❞  pausou,  olhando  de  novo  para  a  multidão,  como  se  calculasse  os  riscos  ❝  eu  nunca  estive  em  nenhum  dos  acampamento  antes,  então  você  pode  escolher  ❞
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durante o festival, matt estava tentando se enturmar, mas, de um jeito ou de outro, acabava se sentindo deslocada. infelizmente, ou felizmente dependendo do ponto de vista, depois de se juntar aos ceifadores ela havia se tornado uma workaholic crônica — não sabia fazer mais nada além de seu trabalho. além do mais, a filha de plutão estava efetivamente evitando os semideuses romanos, principalmente os da primeira coorte. ainda era... difícil ficar perto deles. por isso, quando encontrou haeri, a garota soltou um ar que não sabia que estava segurando até agora, aliviada por ver um rosto conhecido e amigável. — se gregos e romanos vão trabalhar juntos eles precisam estar motivados, e ver que tem coisas em comum, apesar de tudo... — matt respondeu o comentário despretensioso da meia-irmã ao se aproximar, soltando uma risadinha curta. — basicamente, querem ter certeza de que ninguém vai se matar antes de os monstros aparecerem. mas, já que estamos aqui, devíamos tentar aproveitar, não? eu não tive muita sorte sozinha, mas talvez juntas a gente consiga. você... quer ir a alguma atração específica, haeri?
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haerithereaper · 3 months ago
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seus  olhos  encontraram  o  rapaz,  e  por  um  instante  ela  ficou  imóvel,  observando.  havia  algo  de  estranho  nele,  uma  tranquilidade  quase  desconectada  da  realidade.  ela  estreitou  os  olhos  quando  ele  falou  dos  tapa  olhos.  o  modo  como  explicava  as  coisas  parecia  leve  demais,  quase  irresponsável.  como  se  o  ato  de  sonhar  fosse  simples.  inofensivo.o  estômago  dela  revirou  com  a  ideia.  haeri  não  sonhava  com  flores  ou  campos  serenos.  os  poucos  sonhos  que  conseguia  lembrar  eram  cortados  por  gritos,  lembranças  turvas  e  sensações  sufocantes.  ela  havia  aprendido  a  temê-los.  preferia  o  silêncio  do  sono  raso,  sem  imagens,  sem  retornos.ela  baixou  o  olhar  para  o  item  que  ele  oferecia,  mas  não  se  aproximou.  ❝  eu  prefiro  não  ver  o  que  tem  lá  dentro  ❞  respondeu,  a  voz  mais  baixa  que  antes,  mas  firme.  os  olhos  voltaram  ao  rosto  dele,  estudando-o  como  se  tentassem  entender  por  que  alguém  desejaria  mergulhar  na  própria  mente  daquela  forma.  ❝  se  for  ruim…  é  sempre  horrível.  se  for  bom…  você  acorda  com  a  sensação  que  perdeu  algo…  não  faz  sentido…  ❞
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Depois de ser facilmente enganado e obrigado a ficar na barraca do chalé 15 por algum tempo, Baekhyun já tinha a mente vagando por outro universo, perdido em devaneios. Só retornou ao presente quando ouviu a voz de alguém, como se viesse de longe e o puxasse de volta. "Eh?" Os olhos encontraram o foco nas feições da mulher e Baek perdeu um tempo consideravel analisando ela antes de lembrar que deveria responder. "Ah isso aqui? São tapa olhos. Se você usar quando for dormir, vai ter um sono pesado e conseguir ver o sonho mais profundo da sua alma." Os movimentos eram lentos, quase sonolentos, quando ele ofereceu um dos itens para a mulher. "O propósito... Bom, para algo acontecer de verdade, você precisa sonhar com isso primeiro. Quer tentar? Garanto que não vai ser ruim."
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haerithereaper · 3 months ago
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starter  aberto  no  festival  da  união  dos  acampamentos  .  .  .
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haeri  não  era  tão  jovem  quanto  os  outros  campistas  reunidos  ali.   carregava  no  corpo  e  no  olhar  um  tempo  diferente,  distante  demais  daquele  lugar.  sentia-se  fora  de  lugar,  como  alguém  convidado  para  uma  conversa  cujo  idioma  desconhecia.  ainda  assim,  havia  um  motivo  para  estar  ali  —  e  ela  não  costumava  fugir  do  que  precisava  ser  feito.  aproximou-se  da  primeira  barraca  com  passos  contidos.  parou  diante  dela,  observando.  os  risos  lhe  pareciam  longínquos,  e  as  cores  vivas  demais.  inclinou  levemente  a  cabeça,  os  olhos  semicerrados  em  concentração.  ❝  hm,  eu  ainda  não  entendi  o  propósito  disso  ❞  murmurou,  sem  notar  que  sua  voz  se  ergueu  mais  do  que  pretendia.
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haerithereaper · 3 months ago
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THE LOVE WITCH (2016) dir. Anna Biller
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haerithereaper · 3 months ago
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Os   deuses   esquecidos   parecem   ter   um   interesse   especial   em   AHN   HAE-RI,   de   309   anos.   Desde   o   início,   os   campistas   ficaram   divididos   sobre   ela   —   talvez   por   ser   FECHADA,   mas   logo   foram   conquistados   por   ser   tão   DILIGENTE.   Filha   de   HADES,   pertencente   ao   CHALÉ   13,   ela   já   sobreviveu   a   desafios   que   teriam   derrubado   semideuses   mais   experientes,   por   isso   se   tornou   CEIFADORA   DE   TÂNATOS.   Os   mortais   dizem   que   se   parece   com   KIM   JIWON,   mas   deve   ser   apenas   a   Névoa   os   enganando.   A   grande   pergunta   do   Oráculo   é   se,   agora,   com   a   unificação   dos   acampamentos,   será   que   ela   finalmente   conquistará   uma   glória   que   nenhum   outro   semideus   jamais   alcançou?
ato i
hae-ri nasceu no exato momento em que o coração da mãe parou. um segundo antes, não existia. no seguinte, estava completamente sozinha no mundo. levaram-na para um orfanato, onde logo descobriram que bebês podiam ser assustadores. na maior parte do tempo, era adorável, daquelas crianças de comercial de fraldas – bochechas fofas, risadas contagiantes. mas quando chorava... ninguém gostava de falar sobre isso. algo naquele som não era certo, um arrepio gelado subia pela espinha de qualquer um que estivesse por perto. as freiras tentavam ignorar, mas ficavam nervosas demais para segurá-la por muito tempo.  
conforme crescia, as coisas só pioravam. as outras crianças se afastavam, os casais interessados passavam reto. havia apenas uma única pessoa que sempre esteve lá – conversando, brincando, a única que não fugia do olhar triste da garota. até que, quando hae-ri tinha sete anos, a mulher se ajoelhou diante dela e disse que precisava ir. prometeu que estaria de longe, pensando nela, pedindo que seu pai a protegesse e que um dia voltariam a se ver. então, simplesmente desapareceu. como névoa ao vento.
foi ali que haeri percebeu o motivo dos olhares estranhos. para os outros, sempre estivera falando sozinha. brincando com amigos imaginários ou, como alguns sussurravam nos corredores, com fantasmas.  
ato ii
depois que a mulher sumiu, hae-ri achou que ficaria em paz. mas, é claro, não foi assim. outros fantasmas apareceram. ela tentava ignorá-los, passava reto, fingia que não via nada. alguns eram discretos, apenas caminhavam ao seu lado em silêncio; outros falavam como se ainda estivessem vivos, narrando suas histórias sem perceber que já tinham acabado. e havia aqueles que ficavam irritados – não com ela, mas com quem a tratava mal. esses eram os piores, nada mais assustador do que um fantasma furioso pregando peças nas crianças do orfanato. mas haeri nunca falava com eles na frente dos outros, já era esquisita o suficiente sem precisar reforçar o rótulo de garota que vê fantasmas.  
o problema é que as visões pioraram. agora, não eram só fantasmas, eram pesadelos. sonhos sobre o fim do mundo, o fim de tudo que conhecia. até que, uma noite, acordou e encontrou fantasmas ao pé da cama. eles estavam agitados, sussurrando que ela precisava sair dali. agora. ainda meio dormindo, sem entender nada, ouviu os gritos.  
ela tinha onze anos quando tudo foi arrancado dela. as outras crianças estavam caídas de formas erradas, como bonecos quebrados. as freiras rezavam, tentando salvar quem podiam. uma delas chamou os sobreviventes para um abrigo. hae-ri correu até lá, mas quando chegou à porta, a freira a encarou com puro terror nos olhos e então, a porta se fechou, deixando haeri sozinha com as criaturas.  
ela gritou. pediu ajuda. rezou. mas nada aconteceu. até que três figuras gigantes surgiram do nada e despedaçaram os monstros. haeri não viu muito – estava encolhida, chorando –, mas quando levantou a cabeça, percebeu que três cães estavam ali, parados, olhando para ela. dois se viraram e desapareceram na noite. o terceiro caminhou até ela e... lambeu seu rosto. mais longe, encoberto por névoa, alguém os esperava. um homem de terno preto. hae-ri tentou correr até ele, mas antes que pudesse alcançá-lo, ele se dissolveu nas sombras.  
e, mais uma vez, ela estava sozinha.
ato iii
quando os policiais a encontraram, disseram que ela era a única sobrevivente. como se ela não soubesse. as imagens daquela noite jamais a deixariam. o sangue, os corpos torcidos, a freira trancando a porta em sua cara apenas para também não sobreviver. no fundo, haeri sabia que era sua culpa. 
mas ainda era menor de idade, então a solução foi empurrá-la para outro orfanato. nova cidade, novas freiras, novas crianças. mas os rumores chegaram antes dela. ninguém sobrevive a um massacre assim sem estar envolvido, era o que falavam. o bullying virou parte da sua rotina, e seu sono nunca mais foi o mesmo. acordava gritando, chorando, e isso só alimentava sua fama de estranha. as freiras decidiram que ela precisava de ajuda profissional e foi assim que haeri foi parar em uma clínica psiquiátrica. hoje chamariam de transtorno de estresse pós-traumático e depressão severa, mas eles não estavam muito interessados em entender o que se passava com a garota. o tratamento que deram eram sedativos, muitos sedativos.  
haeri passou os três anos seguintes dopada, tão fora de si que mal percebia o tempo passar. mas os sonhos… os sonhos se recusavam a desaparecer. e os remédios? não faziam mais efeito. ela acordava gritando, implorando para que parassem. então decidiram que a melhor solução era isolamento, amarrada para evitar que se machucasse. por um tempo, alguém ainda entrava para vê-la. depois, nem isso. talvez tivessem esquecido dela, talvez estivessem esperando que morresse para facilitar o trabalho.  
três dias.  ela ficou três dias sozinha naquela cela antes que, finalmente, a porta se abrisse. mas não era uma enfermeira. nem um médico. era um rapaz que ela nunca tinha visto antes. ele sorriu, como se aquilo tudo fosse normal, e disse que era filho da deusa de três faces e que ela era como ele: uma semideusa.  
ato iv
haeri não queria acreditar, porque, se acreditasse, significava que tudo o que passou fazia sentido e nada daquilo deveria fazer sentido. mas, conforme o garoto explicava – sobre os deuses, as guerras, os artefatos mágicos –, as peças começaram a se encaixar. ele a salvou e cuidou dela. pela primeira vez, haeri sentiu que estava formando um laço com alguém que vivia. às vezes, cutucava o braço dele e pedia para provar que era real. só para garantir que ele não era mais um fantasma ou fruto da sua imaginação. 
o nome do rapaz era mike. ele era um caçador de recompensas que sentiu algo poderoso na clínica e encontrou... ela. o filho de hecate a ensinou a lutar, a rastrear artefatos, a vender no mercado certo, foi assim que haeri virou sua fiel escudeira, acompanhando-o em suas aventuras. ele desconfiava que ela fosse filha de hades – fazia sentido, com aqueles poderes estranhos, a forma como os monstros lidavam com ela e o fato que, às vezes, eles viam um cão infernal os acompanhando de longe, mas sem nunca interagir contra eles. mike até sugeriu levá-la ao acampamento meio-sangue, seria mais seguro para ela, mas haeri recusou. pela primeira vez, ela se sentia viva e queria se agarrar àquele sentimento. também se apegou a mike. um erro. inocente, mas ainda assim, um erro.  
eles estavam em busca da lanterna de diógenes – um artefato capaz de revelar a verdade. mas o que encontraram foi uma quimera. haeri era boa com a espada que mike lhe dera, mas não boa o suficiente. o ataque veio rápido. o veneno já estava a caminho quando mike pulou na frente, sendo atingido bem no peito. eles conseguiram fugir, mas haeri não encontrou um antídoto a tempo. mike morreu em seus braços. 
foi a primeira vez que ela rezou para hades: se ele fosse mesmo seu pai, se tivesse algum pingo de piedade, que não a deixasse sozinha novamente. mas não houve resposta. nenhuma voz, nenhuma sombra. apenas o silêncio cruel dos mortos. então haeri fez o que tinha que fazer e enterrou seu único amigo.
ato v
haeri vagou sozinha. matou alguns monstros, não porque queria, mas porque eles estavam lá. ela própria agora parecia um fantasma – apenas um eco. não lembrava como chegou ao topo daquele prédio abandonado, só sabia que, quando olhou para baixo, não sentiu medo. a morte já fazia parte dela, então, se o ciclo precisava acabar, que fosse agora.
ela deu um passo à frente e, no mesmo instante, uma dor lancinante atravessou seu peito.  algo a arremessou para trás, seu corpo colidiu com força contra a parede. haeri piscou, atordoada, e então o viu. não era um querubim fofinho, nem um daqueles anjos de vitral de igreja. era um homem alto, de pele escura como a noite, olhos impassíveis e asas dobradas às costas. aquele era tânatos. o deus da morte.  
ele disse que a morte era injusta e que ela vinha para todos, sem exceção. ela ouviu que aquelas pessoas estavam fadadas a morrer, com ou sem ela, mas não acreditou. haeri sabia a verdade. sabia que era culpada. por isso, suplicou. pediu que ele tivesse piedade e a deixasse seguir sua mãe e mike para o submundo. tânatos a observou por um longo tempo antes de falar: sim, ele faria isso, mas com uma condição. haeri trabalharia para ele até o dia em que não temesse mais a morte, até o dia em que não a desejasse. então – e só então – ele permitiria que cruzasse para o outro lado.
haeri aceitou e assim, tornou-se uma ceifadora de tânatos.  
ato vi
como ceifadora, haeri vestiu o manto negro. recebeu a foice da morte. tornou-se imortal enquanto servisse a tânatos. podia se transformar em fantasma, como aqueles que via desde pequena. ela aprendeu que, diferente dos semideuses comuns, os ceifadores não pertenciam a nenhum acampamento, não juravam lealdade a um panteão, pertenciam apenas à morte, e haeri se sentia bem assim. era melhor não se apegar, não se aproximar de quem poderia morrer. então, ao invés de semideuses, ficava apenas entre os ceifadores e almas que já desencarnaram.  
em seus anos de vida, viu antigos ceifadores entregarem seus mantos e viu novos se juntarem ao grupo. cumpriu cada missão com diligência, rápida e eficiente, mas nunca deixou de temer a morte, e nunca, nunca deixou de ansiar por sua vez. queria ver sua mãe. queria abraçar mike. queria pedir perdão para cada uma daquelas pessoas que viu morrer por sua causa. então, continuou trabalhando.  
ela não lutou guerras. mas coletou as almas que foram perdidas. no começo, fazia no automático. guiava as almas sem se importar muito com o que tinham a falar. não queria saber de suas vidas – isso a deixava ainda mais triste. contudo, os séculos passaram e seu coração começou a se suavizar. haeri passou a ser mais gentil com as almas. começou a ouvir suas histórias, a acalmar as mais agitadas, a consolar as desesperadas, a entender aqueles que se arrependiam, mas seu coração nunca esteve realmente em paz.  
quando tânatos disse que seriam obrigados a viver nos acampamentos dessa vez, ela odiou a ideia. não queria estar perto de semideuses. ela os veria cheios de vida, veria suas motivações, seus desejos, para depois ter que recolher suas almas. embora não quisesse, jamais se rebelaria contra tânatos. ela era sua seguidora fiel até o dia em que ele quisesse acabar com sua miséria. 
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