hipnofobia
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HIPNOFOBIA
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Quando pesadelo não passa de um pleonasmo.
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hipnofobia · 1 month ago
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Clair Obscur é uma obra te faz sentir... Gustave e Sophie me fizeram pensar bastante em coisas que não foram. Apesar das sobrancelhas pesadas de Gustave, acho que me vejo mais em Verso. Verso tem uma cicatriz pelo olho como eu, e é pintor também, Verso é meu retrato --- acho que todo personagem de certa forma é um espelho, onde a gente busca o que pode ver de si mesmo, mesmo que seja só contradição. E apesar de Gustave e Sophie nos acertarem de forma tão rápida, acho que o que o encontro que mais me marcou foi de Verso com Verso. "You are tired of painting, aren't you?" Essa frase ecoou em mim. Curiosamente um dia antes eu tinha dito exatamente que não aguentava mais pintar-- mesmo que o contexto seja totalmente diferente. Vou sentir falta de Esquie e Monoco. Bom já é minha hora, tenho que voltar a pintar, tenho 2 pinturas pra entregar até segunda. "Life Keeps Forcing Cruel Choices."
Dim, dim, dam, dada, dim, dim, da, dada, dim, da, lilam Dim, dim, dam, dada, dim, dim, da, dada, dim, da, lilam
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hipnofobia · 2 months ago
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Pixo
Meu bairro é um dos lugares que mais tem natureza em São Paulo. Sempre que vejo alguém reclamar do cinza da cidade, logo penso que as vezes tem tucanos na minha janela. É como se eu morasse num lugar oculto dentro da cidade, onde o padrão de cimento não existe. Nos dias pares, antes do lixeiro passar, eu varro e limpo uma boa parte da rua, em frente a minha casa é só muro, e o condomínio da rua debaixo não se importa com a rua de cima. Se eu não fizer ninguém vai fazer. Também cuido dos gatos de rua, só na minha rua tem uns 10. Cada um tem seu ponto --- mas dos gatos todo mundo cuida. Nesses dias, dois jovens (marmanjos) estavam pixando o muro em frente a minha casa, abri a porta e como bom maluco fui cobrar. Eles disseram que o muro não é meu, deram as costas e foram embora. Eu não tava num dia bom. Vesti minha bota, porque não se arruma encrenca descalço, acendi meu cigarro e fui dar uma volta. Eu tinha uma ideia da onde eles estariam, na praça aqui de baixo com uma pista de skate. Além dos dois, haviam mais uns 8 --- e enquanto alguns andavam de skate, os dois estavam sentados. Parei, na frente deles. --- Não gostei da pixação que você fez no meu muro. Como fica? --- O muro nem é seu... --- Eu vou levar sua tinta e apagar o que você fez. Ele tentou desconversar, disse que nem tinha mais tinta. Nesses momentos eu tenho ideias estúpidas, o tipo de ideia que um dia vai me matar. Quão sensato é arrumar encrenca sendo que são 8 pessoas e você está sozinho? --- Você tem certeza que você quer arrumar problema comigo? Eu disse com toda calma do mundo. Eu tava com a barba maior que o normal e o cabelo raspado nesse dia, minha cicatriz na cara fecha o conjunto caricato de um personagem maluco. Um dos colegas dele, se intrometeu e disse "dá logo a tinta pra ele, ele tá falando de boa" E ele, relutante como uma criança que perde o pirulito, abri a mochila e me deu a tinta. Um deles até disse que fazia um grafite pra mim. No fim isso me satisfez e eu acabei devolvendo a lata de tinta pro menino, fui embora sem arrumar encrenca. Desescalar as coisas as vezes é a melhor solução, um passo pra trás. No dia seguinte eu peguei um saco de cimento e chapisquei todo muro, cobrindo todo o pixo. Já faz uns 3 meses e o muro continua ali, limpo --- eles não pixaram mais (pelo menos não aqui). Ah, por falar em gatos, esses dias a Jojo me arranhou sem querer, e eu tive que ir tomar vacina anti-rábica. Mas acho que isso já seria outra história.
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hipnofobia · 2 months ago
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Willdebrando.
Hoje estava vendo umas casas a venda pela internet, junto com minha prima... De repente, vi uma casa do Parque São Domingos e disse... "Eu já fui nessa piscina." A casa a venda era de uma colega da época de escola. Kamila. Mas eu não vim aqui escrever sobre a Kamila, porque apesar da casa ser dela, foi do Willdebrando que eu me lembrei. Willdebrando era um menino forte e grande, lutador de kung fu e jogador de hockey... porém quando a gente pensa no Willdebrando pensa em "Xarope". Não sei se os jovens de hoje em dia entendem o termo Xarope... acho que hoje o termo é "Biruleibe" Certa vez, como toda festa de filme besteirol americano, os pais da Kamila foram viajar, e ela decidiu chamar uma dúzia de adolescentes pra dar uma festa na casa dela sem supervisão de adultos. Alguém passou mal por beber demais nesse festa... Quem? A própria dona da casa. Acontece que enquanto ela vomitava a alma depois de beber meia garrafa de vodka sozinha... alguém disse "pega um balde!" Mas ninguém sabia onde diabos ficavam os baldes daquela casa. Willdebrando voltou com uma panela. A menina vomitou na panela... e Willdebrando levou a panela embora. Mas foi o Willdebrando que levou a panela embora, e esse era o problema. O que você acha que ele fez com a panela cheia de vomito? Jogou na privada e deu descarga? Não, eu te disse, Willdebrando era xarope. Colocou na geladeira? Quem me dera... Willdebrando teve a brilhante ideia de ligar o fogo, pegar uma colher de pau, e remexer aquele vomito como se estivesse no programa da Palmirinha. A casa toda foi tomada por um cheiro de morte que eu nunca mais senti em toda minha vida. Mergulhar no rio tiete deve ser mais agradável. Ninguém conseguia respirar ou existir dentro daquela casa, os adolescentes em panico começaram a usar os sprays "Bom Ar" do banheiro numa tentativa desesperada. Agora o cheiro era de vomito com flores do campo, não melhorou muito. Eu acho que Willdebrando quase me matou duas vezes, uma vez brincando com um revolver e outra quando quis me dar uma carona pra casa (a 140 km/h sem carta de motorista) Tenho saudades da época do colégio, a gente tinha como hobby jogar truco e sermos estúpidos. Acho que vou voltar a escrever por aqui.
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hipnofobia · 1 year ago
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Tumblr media
É isso, eu fiz o tal do Mullet. Eu gosto de cortar meu próprio cabelo, faz eu me sentir funcional. Eu me lembro de 10 anos atrás ter cortado o cabelo sozinho pela primeira vez, porque eu estava triste. Estar triste não me motiva mais a fazer coisas, porque eu não fico mais triste há um bom tempo. É como se o sentimento tristeza não fizesse mais parte de mim. Pra ser sincero as vezes tem uns breves momentos de tristeza, nos momentos de acontecimentos tristes, mas não é a mesma coisa. Mas eu me sinto cansado o tempo todo, talvez eu só esteja cansado demais para ficar triste, não dá tempo. "Finalmente. Ainda bem que você não raspou, já basta ter juntado o dente, entendeu? Meus melhores amigos nunca levam minhas opiniões em consideração e vocês esquecem que eu sou um ícone de tendências! Poxa, brincadeira, eu sei que te incomodava, mas era lindo tá? Só pra você saber, você era assunto no grupo das minhas amigas. " - Iza
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hipnofobia · 1 year ago
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Senha: ab624c91za2dbb8615ae64bd
Hoje eu encontrei uma conversa com Raquel... Eu reclamava sobre minha senha do Wi-Fi: ab624c91za2dbb8615ae64bd As pessoas queriam que eu mudasse pra algo mais fácil, mas eu gostava dessa senha. Era a senha padrão, o código de barras do modem. O problema é.... eu não me lembro quem é Raquel. Por mais que eu busque na minha memória, eu não tenho a menor de ideia de quem essa mulher seja. E a gente tem um histórico de conversas gigante, de meses. Isso me fez pensar que uma certa criatura fantástica de "Dungeons & Dragons" talvez seja real, a Hidra Falsa. Quando ela devora alguém, as pessoas esquecem da Hidra e da pessoa devorada, todas as memórias que existem no mundo sobre essa pessoa são apagadas por magia. Um belo dia seu meu melhor amigo é devorado por uma hidra, e no dia no seguinte você está sozinho se perguntando por que tem uma cadeira extra na varanda. Pais que esquecem filhos, esposas que esquecem maridos, senhoras que acham que jamais tiveram um gato. Será que Raquel foi devorada? De quem mais eu me esqueci? Será que você esqueceu de alguém também?
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hipnofobia · 1 year ago
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Candelabrices
Hoje lembrei de você.
Eu costumava ser uns 5 anos mais velho que você... mas agora, você já é uns 5 anos mais velha que memória que tem de mim.
O que isso quer dizer? Nada, apenas uma candelabrice da vida.
Enquanto escrevo, escuto uma coruja do lado de fora da minha janela. Uma pequena parte de mim deseja secretamente que ela tenha uma carta, atrasada, me convidando para o mundo dos bruxos.
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hipnofobia · 4 years ago
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“But Coraline doesn’t want to eat, no... yes, Coraline would like to disappear. And Coraline cries Coraline is anxious Coraline wants the sea but she’s afraid of the water And maybe sea is inside her”
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hipnofobia · 4 years ago
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Cheiro de Solda
São 6 da tarde e o céu tem o tom mais bonito do dia, na prisão da pandemia pelo menos tenho 2 metros de janela, com uma vista do 11º andar. Definitivamente um privilégio, eu gosto da vista de São Paulo. Gosto da discreta subida da Avenida Pompeia, oculta pelas arvores e prédios. Gosto dos prédios da Lapa que se fecham ao horizonte. Na tela do computador, um velho indiano, de barba e cabelos brancos. Ele faz um fogão artesanal. Eu posso quase sentir os cheiros, apenas vendo as imagens. O cheiro de ferro, o cheiro de ferrugem, o cheiro da solda - esse tóxico porém um tanto quanto saboroso. Me dá saudade andar por toda rua Tito (sem máscara) e ajudar a abrir a oficina, carregando nos ombros os pesados portões e grades para exposição na calçada, que mais tarde seriam recolhidos também nos ombros, no mesmo ritual diário. Na Netflix, Virgin River. Hope é definitivamente minha personagem favorita, ela tem 70 anos eu gosto do jeito que ela se move, não que isso faça muito sentido. A série é um tanto quanto genérica e clichê, luto e romance. Tudo que eu quero, para me distrair das pinturas que tenho que terminar. O cliente quis trocar o toque delicado da flautista, que segura uma lanterna, por um punho que segure essa como uma “katana”. Ele está pagando, então não questiono seus desejos. Eu sinto falta de um romance, mas talvez eu tenha estragado relacionamentos demais, como se eu tivesse gastado todas as minhas fichas ou toda a minha sorte.
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hipnofobia · 5 years ago
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hipnofobia · 5 years ago
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Aniversário de morte
Hoje faz um ano que você morreu. O tempo passa rápido... Ultimamente eu sinto raiva o tempo todo. Eu não sei bem do que. Apesar disso acho que está tudo bem. Eu cortei o cabelo ontem, a maquina que você arrumou ainda funciona, acho engraçado como os objetos as vezes duram mais do que a gente. Será que amanha vai chover?
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hipnofobia · 5 years ago
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Espaço-tempo
2008, saindo da casa do meu melhor amigo, passamos em frente a casa de número 498, caminhamos para festa de outro colega, na rua de trás, durante a caminhada falamos sobre os vestibulares. A casa de número 498 não tem significado para mim naquele momento. 2015, no inicio da madrugada me encontro no interior da casa 498 limpando o chão coberto de sangue de meu pai.
1998, eu cruzo a rua da casa da minha tia atrás de um balão que havia caído, meu pai acha graça e conta como perseguia balões com os amigos em outra época, onde balões eram mais comuns no mês de junho, cruzo pela casa 119. A casa não tem significado para mim. 2019, na garagem da casa 119 me deparo com minha avó caída, chamando por meu nome e o chão repleto de sangue. -- Me sinto cansado de sangue, me sinto cansado de perder pessoas --
2002, deitado na minha cama jogo videogame, meu pai tenta tirar fotos de mim porém escondo o rosto, não gosto de aparecer em fotos. Na cabeceira da cama um adesivo com os dizeres “O tempo voa” -- Meu pai sempre repetia essa frase nas férias de Janeiro. 2015, ainda de corpos nus eu e minha namorada deitamos na cama em silêncio. O adesivo não existe mais. 2016, deitado na minha cama com uma garota, outra garota, curiosamente com o mesmo nome da minha ex-namorada.
2014, padaria Armazém dos pães, enquanto comemos pizza tomo uma cerveja com meu pai. Ele pede também uma dose de Steinhaeger. Eu desaprovo pois ele não deveria estar bebendo, mas minha reclamação é inútil. 2015, padaria Armazém dos pães, um dia antes do meu aniversário minha namorada me chama para tomar um café pela manhã, ela diz que quer terminar.
2015, algum apartamento da Av. Angélica, uma amiga prepara uma festa pro meu aniversário de última hora. Ela me dá uma turmalina negra de presente, diz que meu nome significa Pedra Negra, então fazia sentido. 2016, apartamento da Av. Angélica, eu chuto a porta trancada até forçar minha entrada. Ela tomou todos os rémedios de todas as cartelas. Saio do quarto com ela carregada em meus braços. No hospital, o carvão ativado administrado por tubos pelo nariz cortam o efeito da overdose de medicamentos. 2019, uma amiga me conta os planos para a nova faculdade, me alegra que a 3 anos atrás você sobreviveu -- guardo esse pensamento pra mim, sem te evocar memórias desagradáveis. “For all I know... the best is over and the worst is yet to come.”
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hipnofobia · 5 years ago
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Feel like I'm almost dead But I'm not
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hipnofobia · 6 years ago
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Cecília Martins Petri
“Era um casarão antigo e totalmente ocupado. Servia de abrigo para várias famílias e também para dois pais ganharem o pão de cada dia. Um deles era o meu, herdeiro de uma serralheria artística. Na parte de cima do casarão - nível da rua - uma loja onde ficavam expostos os trabalhos dos 2 irmãos serralheiros. No final dela, adentrava-se aos lares. Três, na verdade. Um quarto para cada família: pai, mãe e filhos, que a cada ano iam ficando mais apertados com a chegada de um novo membro. No nosso, éramos eu, minha mãe, meu pai e dois irmãos gêmeos que ocupavam a maior parte do tempo da minha mãe. O bom é que ali também moravam minha avó paterna e uma tia solteira que cuidava das refeições de todos. Elas eram como que a 2º família da casa. A terceira, os tios habitantes de outro dormitório com os respectivos filhos. A sala, cozinha, banheiro e lavanderia compartilhavam as 3 famílias. Na parte de baixo do casarão existiam quartos alugados e a oficina de serralheria. Os quartos eram distribuídos ao longo de um corredor tendo no final uma pequena lavanderia, com dois tanques e um banheiro, tudo para uso comunitário. Ai nesses quartos também habitavam famílias e em especial, para mim, um casal de recém casados, descendentes de espanhóis. Dona Belina era o nome dela. O dele não me lembro, mas até hoje tenho convicção de ter sido o homem mais bonito que vi na vida. E era nesse pequeno cômodo que eu passava algumas horas, de alguns dias, depois do jantar, já de pijama pronta para dormir, ouvindo histórias que eles me contavam, sentada sobre uma mesinha com eles sentados e olhando para mim, só para mim.” --Maria C. Martins Petri
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hipnofobia · 6 years ago
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Devaneios sobre sorrisos
Eu sempre tive facilidade em sacar as pessoas, imitar os trejeitos e aquelas micro-expressões faciais que fazem cada um “único”. Essa “habilidade” me ajudou muito no teatro quando eu era adolescente, e com o passar do tempo eu me tornei um emaranhado de tudo aquilo que eu escolhi, todos aqueles micro detalhes que eu gostava e assimilava. Se você me ver segurar um pedaço pequeno de algo de comer, como um brigadeiro, você vai notar que eu vou segurar apenas com o indicador e o polegar, enquanto os três dedos ficam esticados, abertos e inflexíveis. Eu peguei esse jeito de um amigo, eu sempre gostei do jeito que ele se movia (isso não faz muito sentido, faz?) -- que não era único -- conheci uma dúzia de pessoas com os mesmos padrões de movimento, e todas eram elegantes. Eu costumo girar o celular na mão como esse mesmo amigo fazia... mas eu seguro o celular de um jeito diferente, muito parecido como minha ex-namorada fazia. Como pode alguém “segurar um celular” de um forma tão bonita eu não sei, talvez eu seja maluco, mas ela lá: alta, em pé, parada segurando o celular... é uma das coisas mais bonitas que eu já vi. Meu jeito de fumar eu não sei bem da onde veio, por algum motivo as pessoas gostam do jeito que eu seguro o cigarro e solto a fumaça. Uma amiga jura que eu sou uma pessoa completamente diferente quando to com um cigarro na mão. Sorrir foi difícil, eu nunca sorri “bem”. Eu sempre gostei muito do sorriso da Karen, aliás eu sempre gostei muito da Karen (paixões não superadas).... Mas o sorriso maravilhoso dela não cabe no meu rosto, eu costumo ficar com o sorriso torto parecido com o da Lali (essa... paixão superada). Mas sempre tem um pouco do sorriso da Karen no meu, porque ela sabia sorrir com o corpo todo, e eu acho isso bonito. Um dia talvez eu diga pra Karen que, de uma forma bem esquisita, ela me ensinou a sorrir.
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hipnofobia · 6 years ago
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"You cannot paint fairies without entering their world and believing in them." - Yoshitaka Amano
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hipnofobia · 6 years ago
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Egito
Faz algum tempo que eu não escrevo nada. Dá última vez que escrevi, falei sobre você e a vez que fomos no “Casarão da Anastácio”. Numa dessas coincidências do destino, você me mandou uma mensagem na mesma semana, disse que queria vir me ver. Te ver sempre me deixa feliz, mas eu me sinto meio culpado, acho que era eu quem deveria estar te mandado uma mensagem e não o contrário. Eu não tenho sido o amigo mais presente, não é? Mas você veio, e foi bom te ver. Quando eu penso que a gente se conhece a quase 25 anos... eu me sinto velho. Eu lembro de quando éramos crianças e meus pais levaram a gente no “Hopi Hari”... era meu aniversário, como agora. Mas eu devia estar fazendo10 anos, agora já estou com 28. Nos ficamos quase uma hora na fila de um dos brinquedos e você acabou desmaiando, tivemos que sair da fila -- e toda a espera foi a toa -- Esses pequenos fragmentos de memória são o que temos de mais valioso... ou talvez não, isso soa estúpido e clichê. Agora você quer viajar, quer me levar pro Egito ano que vem... Que diabos eu vou fazer no Egito? Mas é como você disse, talvez essa seja nossa última chance de viajar juntos. Lembro como a gente costumava sentar no muro entre nossas casas e ficar vendo as luzes da cidade no horizonte por de trás das caixas d’água. Eu guardei uma foto dessa vista e ainda uso como capa de perfil do facebook. É... meu pai sempre me dizia que “O tempo voa”. Ainda assim, é bom ter algumas amizades que resistem ao tempo.
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hipnofobia · 6 years ago
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Casarão do Anastácio
Aos arredores da vila do Anastácio existe um casarão, bem às margens do rio Tietê. Desse casarão abandonado, e aos pedaços, se vê a rodovia Anhanguera e a ponte que cruza o rio. São trajetos movimentados, travados pelo engarrafamento de carros de São Paulo todas as manhãs. Das dezenas de milhares de pessoas que passam por lá todos os dias, poucas notam ou tem ciência do casarão elevado. Em outros tempos essa foi morada da Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro I. Uma construção luxosa hoje em destroços. Cerca de 10 anos atrás eu e você visitamos o casarão. Invadimos o local em plena luz do dia, e ao pular as cercas e demos de cara com um caseiro, na época pago com um salário mínimo pelo governo para vigiar o local. Ele nos contou toda a história do castelo e sobre a marquesa, Domitila de Castro. Também nos contou sobre como jovens costumavam invadir o local durante a madrugada para usar drogas e transar. Tenho que admitir que apesar de destruído, era um lugar charmoso. Eu ainda não havia provado de droga alguma nessa época, e se me dissesse que um dia eu seria um desses jovens, eu provavelmente duvidaria... e você também. Com um pouco de insistência, eu acabei convencendo o senhor a nos deixar entrar na construção. Descemos uma escada de madeira, improvisada com tábuas desgastadas e de sustentação extremamente duvidosa. O senhor pediu para tomarmos cuidado com os pregos de uma viga caída no caminho para o porão. O teto do porão, que também formava o chão do salão principal no andar de cima, havia desabado, esse vazio estendia o pé direito da construção até o telhado, criando a impressão de um salão tão alto quanto o de uma catedral modesta. A lareira é minha maior lembrança desse local, ela era grande e bonita, mas sem o chão do salão, parecia flutuar a 3 ou 4 metros da nossa cabeça, imponente porém fora de lugar. A visita toda deve ter demorado cerca de 15 minutos, mas ainda marca minha memória, uma das incontáveis tardes que passamos juntos. Pegamos o ônibus Parque Imperial e fomos embora, um ônibus azul que segue até o município de Osasco. Apesar de ter pego esse ônibus dezenas de vezes com você, não faço ideia de onde fique de fato o tal Parque Imperial. 10 anos... já faz tanto tempo. Eu tenho tantas memórias com você, é nostálgico. Na última vez que nos encontramos, cerca de um ano atrás, trocamos segredos e falamos sobre todas as merdas que aconteceram, tanto cá quanto aí, a vida é foda. Tem tantas coisas que eu queria escrever aqui, mas não posso, então apenas escrevo sobre o casarão. Você é uma das poucas pessoas que me conheceu de verdade.
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