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Desafio de escrita
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historiorizando · 5 years ago
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Fim do mundo, 20 de setembro de 2020
Querido Amor.
Estou escrevendo para explicar algumas coisas que sinto em relação a você. Não te vejo a algum tempo, nem lembro a última vez que pude senti-lo em abundância, não sei se alguma vez o fiz. Acontece que você me abandonou muito cedo e eu nunca soube o porquê. Desde então eu tenho procurado por você em todos os lugares, sem nunca encontrá-lo de fato. Sabe, as vezes eu cheguei a pensar que finalmente tinha te achado, mas era apenas a Ilusão me pregando outra peça, ela gosta de fazer isso.
Eu sei que você não me abandonou por completo, acredite eu sei, ainda sinto você lá quando estou entre amigos e, dependendo de quem for, quando estou em família também. Mas não é um sentimento total, parece que é só pela metade, bom, deve ser porque você não está dentro de mim, porque eu não consigo te sentir por mim mesma. Isso dói as vezes, mas sei que essa falta de você aqui agora aconteceu porque você faltou lá atrás, com aqueles que eu deveria chamar de pais.
Foi o primeiro momento em que percebi que você não seria uma constante em minha vida sabe? Quando meus pais decidiram que seria melhor eu ficar com meus avós, porque eles eram muito ocupados para cuidarem de mim. Foi o primeiro sinal, mas eu era muito nova para notar. Depois eu fui atrás de você em meu pai, mas você faltou nele também. Foi a primeira vez que eu encontrei com a Ilusão, ela estava lá, me falando que ele não ia deixar ela me tratar mal porque ele me amava. Ele deixou, eu vivi meu conto da Cinderela e você, você não estava lá.
Depois foi quando as pessoas começaram a falar mal de como eu me vestia, afinal, se uma pessoa te ama, ela ama como você é, não? Eu me sentia mal com o que eu ouvia, porém eu não revidava, e aquela parte de você que era dedicada a mim foi morrendo aos poucos. Foi quando eu senti que você tinha me abandonado por completo, mesmo sabendo que quando se trata de você relacionado a mim, sou eu mesma que tenho que correr atrás.
E então chegou a adolescência, e eu pensei que iria encontrar um novo você ali e pensei ter encontrado, mas era a Ilusão de novo. Como toda adolescente boba eu pensei que você viria na forma de um príncipe encantado, que me salvaria de meus dragões, eu tinha muitos. Você não veio, de novo, e eu me senti tão só, parecia que eu era a única que não era digna de você. Hoje eu sei que o romance naquela época é mais uma convenção social, não uma regra, e definitivamente não acontece com todos, mas isso não me impediu de me sentir sozinha.
Hoje, depois de tanto tempo indo atrás de você, eu resolvi desistir. Parece precipitado, eu sei, ainda sou tão nova. Contudo eu não tenho mais forças para procurar, talvez porque tenho feito isso desde muito nova, talvez só por estar cansada mesmo, eu não sei. O que eu sei é que você se escondeu de mim, o que talvez signifique que não quer ser achado por mim. Nem todos merecem ou terão você em suas vidas e talvez, eu seja uma dessas pessoas. Eu só queria que você soubesse que enfim eu parei de ir atrás de você.
Atenciosamente,
De alguém que já sofreu muito por você. 
Amorteria.
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historiorizando · 5 years ago
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Ela estava presa
Entre os corredores frios e escuros
No palácio de suas memórias
Sem rumo, perdida, sem saber como voltar.
Mas voltar para onde?
Seu lar? Sua família? Seus amigos?
Ela não tinha nenhum
Ela precisava desesperadamente de um lugar
para o qual ela pudesse ir para descansar
mas ela não tinha nenhum
Tinha apenas a fria e solitária construção
em sua mente
Um grandessíssimo palácio
Vazio
Onde apenas velhos fantasmas vagavam
tentando serem lembrados, ouvidos, amados
mas não tinha ninguém ali
para amá-los
E escondida em um canto sombrio
havia ela.
Só ela.
Amorteria.
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historiorizando · 5 years ago
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Tumblr media
O ano é 3023, há pouquíssimas árvores no mundo, mas o ser humano deu um jeito de continuar respirando. A maioria das cidades são megalópoles, recheadas de enormes arranha-céus, carros voam entre os prédios que estão cheios de propagandas em formas de hologramas com luzes em neon, seria lindo se olhassem só para cima. 
No chão, milhões de homens andando de um lado para o outro, fazendo qualquer tipo de trabalho, vendendo qualquer tipo de coisa, apenas para conseguir sobreviver. Poucas mulheres andavam nas ruas, a maioria trabalhava nelas. Após os colapsos das grandes nações e a volta dos impérios, mulheres voltaram a ser vistas como objetos, sendo, em sua maioria, capturadas e vendidas como escravas, domésticas, sexuais, até soldados, como a sombra encapuzada que andava pelas ruas de Azarian, império de D’Car.
Homens compravam mulheres aos montes e as colocavam para batalhar por suas posses. Um exército, no entanto, se destacava, a conhecida Guarda de Fae, do imperador Faery. Capturadas desde crianças e treinadas desde então, as mulheres desse exército eram conhecidas pela disciplina e pelas habilidades, todos as temiam. Até a guarda ser desmantelada. Algumas lendas dizem que, a preferida do imperador, a capitã da guarda pretoriana, após ser punida por desobediência, decidiu se vingar, matando todo o exército masculino de Faery. 100 homens, mortos por apenas uma mulher.
A maioria da pessoas não acreditavam no que diziam, mas Verena sabia que era verdade claro, foi ela quem os matou. A jovem mulher andava pelo aglomerado mercado clandestino, um lenço cobria-lhe até o nariz, em uma tentativa de esconder a cicatriz que a denunciaria. Usava também uma capa com o capuz levantado, enquanto andava pelas ruas procurando pelo bar para o qual precisava ir. 
Ela avistou a fachada do True Colors brilhando em rosa neon, um pequeno estabelecimento que ficava embaixo de um prédio empresarial e só abria a noite. A maioria das pessoas entravam ali para tentarem esquecer a vil realidade em que viviam, já Verena estava ali por outro motivo. Ficou sabendo por boatos que tinha se tornado um símbolo para o pequeno grupo rebelde que lutava para a volta de um sistema democrático e justo para todas. Ela sinceramente não queria ser o símbolo de ninguém, mas ela também queria acabar com tudo aquilo, então por que não se juntar a eles?
Entrando no bar ela seguiu para os fundos onde havia uma porta para os depósitos. Atrás da porta havia um pequeno corredor, com luzes em vermelho piscando por causa do mal contato. Ela foi até a última porta, como seu contato havia lhe dito, e a abriu. Entrando lá ela mal podia acreditar no que via. O grande magnata da empresa Magnum de autômatos, Owen Trent, estava em pé ao lado do filho do imperador D’Car e de Zora, sua antiga irmã de guerra. Assim que Verena entrou, todos olharam para ela, Owen sorriu e se aproximou, comprimentando-a
-Seja bem-vinda à resistência.
O queixo da jovem ainda estava caído e seus olhos estavam franzidos. Zora lhe sorriu sincera, como fazia antigamente, e Verena entendeu que não era nenhuma armadilha ou pegadinha, eles eram mesmo os líderes dos rebeldes.
Suspirando e rolando os olhos, Verena disse suas primeiras palavras:
- Mas que porcaria é essa?
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historiorizando · 5 years ago
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E então? Como você tá?
Melhor do que eu esperava.
Você superou?
Levou um tempo, mas sim, superei.
Vi ele semana passada, perguntou de você.
Eu imaginei que isso poderia acontecer.
E…?
E que foi ele quem disse adeus. Eu não só superei, eu matei o amor que sentia por ele, antes que ele voltasse pra me matar.
Eu queria pensar como você. Você é tão forte…
Eu não sou forte, eu só tô quebrada o suficiente pra saber que não aguento outro baque. Matar o que eu sentia por ele foi uma necessidade, não um querer.
E se ele vier até você…?
Eu vou mandá-lo embora pela mesma porta que ele entrou, depois vou trancá-la e jogar a chave fora.
E ninguém nunca mais vai entrar?
Não se depender de mim.
Amorteria
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historiorizando · 5 years ago
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"Ela vomitou borboletas mortas"
Seus soluços eram audíveis, ela andava de um lado para o outro em seu quarto, lágrimas grossas desciam por seu rosto, enquanto ela tentava encontrar algo que a distraísse de sua dor, tanto a emocional quando a física, essa última por ter vomitado tudo o que havia no estômago. Ela até conseguia sentir a falta das borboletas no estômago que, mortas pela falta de reciprocidade, tinham saído de True junto com o almoço.
Ela sentou-se no chão, em frente ao espelho, ainda em prantos, rodeando o corpo com seus próprios braços, na vã esperança de se sentir acolhida por alguém. Quando Josh disse que queria conversar, True imaginou várias coisas, menos que ele terminaria com ela para poder viajar com Ashley. Foi um baque e ela o sentia até o presente momento.
Olhando para o espelho enquanto levava seus joelhos até seu peito, ela se perguntou o porquê. Por que ele a deixou por outra pessoa? Por que se deixou levar nessa relação? Por que sentia que uma parte sua tinha se quebrado? Enquanto pensava na resposta ela abraçou os joelhos, ainda chorando.
Seria ela insuficiente? Ele não seria a primeira pessoa a achar isso dela. Seria sem graça? Superficial demais? Profunda demais? Como ela poderia dizer se ela mesma mal se conhecia? Ela era só uma garota, com um passado meio merda que pensou finalmente ter encontrado seu príncipe encantado. Mas eles não existem, não é? É, e ela aprendeu isso do pior jeito.
Pobre True, ela não conseguia ver que a culpa não era dela. Era uma garota reservada, mas inteligente e boa, não era insuficiente, ou superficial, ou sem graça. Era só ela. Ela não entendia que quem fosse amá-la, deveria amar como ela era. Seu coração quebrado não conseguia enxergar que ele era o culpado, tanto por traí-la quanto por tentar mudá-la. Foi por não conseguir que ele foi embora. Ele queria uma bonequinha de porcelana, não uma garota real. Pobre Josh, tão cego para visualizar as coisas boas que tinha. Mas eventualmente ele veria o que tinha perdido.
True pensou nisso, e se ele voltar? Bom, a autoestima dela não era das melhores, mas ela sabia que não voltaria mais para ele, seu amor próprio era o suficiente para entender aquilo. Doeria, mas ela não voltaria, as borboletas já haviam morrido, não tinha como ressuscitá-las, e ela não tentaria. 
Olhando mais uma vez para o espelho, as lágrimas já menos intensas, ela respirou fundo e se levantou, precisava se recompor e continuar em frente, pois era isso que ela fazia.
Amorteria.
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