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Iolanda F. De Albuquerque
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30 yo, neuropsychiatry
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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— Meu avô não mas, nunca diga isso brincando para minha avó. Juro! Uma vez ela foi me levar umas coisas na residência e conheceu um dos meus atendentes que era pouco mais velho só. Eu juro: ela convidou ele para jantar lá em casa para todos poderem se conhecer melhor. — Por sorte, Joaquim era uma pessoa muito tranquila e que perfeitamente levar na esportiva. Além de ter sido uma grande ajuda para a vaga da médica no grey Sloan. — Acho que se você informar três características ela brota um pretendente nas sua porta. — A risada durou por poucos segundos mas, escapou um pouco mais alta do que uma sobrevivente ao dia cansativo poderia ter forcas. — Se serve de algo, talvez ele seja a pessoa mais okay de presenciar a cena… digo, ele pode ter visto sua performance como o pai orgulhoso que ele é! — Brincou. Iolanda já havia cruzado com o atendente mencionado e, por alguma razão, o achava um querido. Qualquer pessoa orgulhosa o suficiente da própria familia como ele era, devia levar algum credito, certo? Embora tivesse duvidas se mostrar imagens de crianças por ai era a coisa mais segura a se fazer. — Imagino que vocês ainda vão ter um trabalhão amanha, ne? — Perguntou, enquanto entrava no veiculo junto a amiga. — Meu grande problema é que amanha preciso passar um caso para o Dr. Sutherland e, juro que não é paranoia, acho que ele nutre um ódio de anos pela minha pessoa.
“se eu começar a discorrer sobre a ‘minha’, o motorista desse vai chorar de pena.” fez aspas com as mãos e checou outra vez onde o carro do uber estava. “caso o seu avô queira bancar o casamenteiro pra você, aproveita e pede com jeitinho pra me colocar na fila. não ando nem muito exigente.” não conteve uma risada com aquela besteirada entre ambas. no entanto, sua vida amorosa estava mesmo empacada. com sorte, mudaria isso ainda naquela década. “o doutor atwood, aquele que tá sempre mostrando foto dos filhos pra todo mundo.” não seria possível isso nunca ter acontecido com a albuquerque, aquele atendente de cardiologia era praticamente recordista olímpico de maior número de fotos apresentadas por minuto. “inventei de fazer o cover acústico mais desafinado da história da minha parte favorita da música, em novembro, e ele escutou tudo. e claramente riu. então, topo irmos de novo, mas exijo que me acerte com um dardo bem grandão se acontecer de novo. prefiro ter um final digno.” dramatizou. “nem me fala… vou dar uma conferida em alguns pacientes amanhã.” ao perceber que o uber estava parando, cutucou a amiga para andarem até ali. após entrar no veículo e colocar o cinto, retomou a conversa: “pegou muitos estressadinhos de plantão hoje?”
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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Poder contar com a ajuda de Benny era um alivio enorme. Além de um médico muito competente, Iolanda tinha a sensação de que os pacientes tinham certo grau de transferência para com ele ao ponto de ficarem instintivamente mais calmos, foi o que aconteceu com o paciente a frente. A agitação de Frank poderia se dar por diversos motivos, dentre eles a própria repercussão do hemotorax. — Se você conseguir, queria o ultrassom. Mas… Não acho que vamos ter tempo de barganhar com o pessoal da torácica. — Odiava ter de fazer aquilo as cegas, não porque era uma pratica incomum nos seus plantões como clinica na época em que morava no Rio. Mas, porque a seguridade de procedimentos guiados lhe acalmava e era muito mais seguro. Com a indisponibilidade dos aparelhos de ultrassom, no entanto, era a opção mais rápida e viável. Assim que o paciente estava bem posicionado em decúbito lateral, encontrou o triangulo de segurança formado pela borda do peitoral maior, porção lateral do grande dorsal, e a base axilar e, puncionou a borda inferior da costela superior do quinto espaço intercostal. O sangue nao demorou a fluir pelo sistema de drenagem, mas, veio em grande quantidade. Indicando que provavelmente se tratava de um hemotorax maciço. — Vamos precisar de reposição e encaminhar ele para o bloco o mais rápido!
a sensação era que tinha corrido uma maratona, e o dia não parecia estar nem perto de terminar. ainda tremia levemente do procedimento que acabara de realizar com o doutor sutherland e passava meio andando, meio correndo pelos leitos, observando as pulseiras de triagem quando ouviu seu nome ser chamado, fazendo-o virar cento e oitenta graus no próprio eixo a fim de encontrar iolanda. não demorou para se aproximar da neurologista, os olhos escaneando o paciente rapidamente, focando nos números - taquicardia, saturação caindo… hemotórax? “ — hey, frank, certo?” sorriu para o homem, tentando acompanhar a fala sobre a viagem especial que fazia. “ — foca aí, io.” abaixou o tom de voz com o objetivo que apenas iolanda o escutasse, voltando a atenção para o paciente. “ — frank, preciso que me ajude agora, tá? tem que respirar fundo e ficar o mais quieto possível, porque a doutora albuquerque precisa consertar um problema no seu peito. se você se mexer demais, ela não vai conseguir.” falou firme, mas ainda com certa calma enquanto trocava as luvas para auxiliar iolanda na drenagem. “ — vamos lá, só mais um pouco. a gente cuida disso, e você continua sua missão de salvar o mundo depois, combinado? devo preparar o raio x?” voltou a abaixar a voz, aguardando o ok de iolanda. 
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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Iolanda não era de se encostar nos internos ou outros residentes para andar pelo hospital atrás de atendentes. Resgatar exames em laboratório e setor de imagens? Em alguns dias sim. Naquele dia em especifico, no entanto, ela havia ficado atolada num visita interminável com o chefe da neurologia e urgências na ala da psiquiatria, fazendo com que tivesse pedido gentilmente a Anne para enviar uma mensagem a Dra. Grey na oncologia. A principio a mensageira havia ficado deveras animada por pensar que se tratava de Meredith Grey e não de outra fama que precedia o mesmo sobrenome. — Bom dia, Dra. Grey. Antes de tudo, lamento não ter conseguido passar na ala pessoalmente pela manha. — Disse, fechando um dos prontuários que revisava e levantando para cumprimentar a atendente e tornando a sentar, assim que a percebeu fazendo o mesmo. — Eu gostaria da sua ajuda e opinião em um caso. — Bem, o senhor Gordon é um pianista de trinta e cinco anos com diagnostico de Síndrome de Savant. Recentemente começou a errar diversas notas em apresentações, o que não havia acontecido em toda sua vida. Sem outros achados no exame cognitivo. Além, passou a apresentar episódios convulsivos há cerca de duas semanas, apesar do uso otimizado de anticonvulsivantes e do tratamento regular. Eu queria muito uma opinião da senhora sobre o caso porque pensei na possibilidade de um tumor.
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Num passo lento mas decidido, Jacqueline caminhava por um andar que poucas vezes havia ido até lá. Geralmente, é claro, as pessoas que iam até ela, mas como parecia ser uma urgência, Grey decidiu ir por si mesma, torcendo para que a situação não fosse uma tremenda perda de tempo. Faziam uns dois dias desde o acidente, e Jackie tinha uma cirurgia importante que deveria estar se preparando, mas lá estava ela, entrando no consultório de Iolanda. "Bom dia, Albuquerque." Cumprimentou em um tom mínimo e educado, apesar de não ter batido na porta, se auto convidando para se sentar na frente da Neuro, uma sobrancelha levemente arqueada. "Cheguei, querida. O que tem de tão urgente que precisou mandar um dos residentes medrosos me chamar?" Questionou sem qualquer cerimônia, cruzando as pernas enquanto esperava pela resposta da mais nova.
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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O mundo, de fato, parecia esta ficando cada vez mais complexo, corrido e certamente isso interferia no humor das pessoas, como devia ser o caso do motorista de aplicativo na noite que agora citavam. — Teoria: Ele teve um dia difícil e simplesmente fomos o desconte que ele encontrou porque realmente, não havia nada demais. Inclusive eu nem sei a sua mas, atualmente minha vida amorosa nem existe, acho que se eu quiser casar meu avô vai ter de dar um jeito de me conseguir um casamento arranjado. — A frase vinha em um tom divertido mas, em algum momento talvez devesse dar alguma importância a sua vida amorosa. — Certo, quem foi o staff e quando isso aconteceu? Eu amo a cerveja dali, e os dardos realmente são muito bons. Eu definitivamente acho que valeria a pena arriscar. — Apesar das chances de acabarem ao lado de um mesa de atendentes. — Não me orgulho, juro. Mas, você bem sabe como o dia ficou corrido após o acidente. Eu estou grata que acabou que conseguimos estabilizar uma boa quantidade dos acidentados.
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“pois é! pelo amor de deus, a gente tava comemorando o primeiro na semana inteira que deu pra voltar na hora certa dos turnos, não discorrendo em alto e bom som os detalhes sórdidos das nossas vidas amorosas.” não que a sua andasse com muito movimento ultimamente, porém não vinha ao caso. o motorista continuava sendo absurdamente exagerado em dar uma nota um para a corrida. “o único problema do joe’s é que uma hora a gente tá lá, com um espresso martini e um cosmo e, no outro, tá o seu chefe entrando e te vendo fazendo um cover acústico, desafinado e semi bêbado de uma música da taylor swift.” um comentário extremamente específico? sim, contudo, a lembrança de quando isso acontecera consigo ainda a fazia sentir um calafrio percorrer o seu corpo em pavor. estava certa de que aquele atendente de cardiologia em específico deveria ter passado o restante do mês rindo de sua cara. “mas, por outro lado, eu adoro os dardos dali e os preços são ok… complicado. o pior que pode acontecer é gastarmos demais em outro, ou irmos ali e os atendentes escolherem sentar de novo na mesa do lado.” o que era constrangimento na certa para os residentes, que gostavam de usar o momento de descontração também para reclamar do trabalho. “querendo roubar comida de criança, iolanda?! que feio. vou já pedindo nossa pizza daqui, vá que demore muito e você ataque o algodão doce do filho do vizinho.” zoou com a amiga.
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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foi impossível evitar a gargalhada pela concordância. Iolanda definitivamente se arriscaria em dormir num uber ou lift se isso a fizesse chegar até o seu colchão o mais breve possivel. Porém, o cenário parecia menos catastrófico agora que tinha um rosto conhecido para compartilhar a viagem. — nossa, eu nem lembrava disso de tão absurdo que foi. E o pior: estávamos falando apenas de voltar para casa. Não era como se discorrêssemos sobre as maiores atrocidades já cometidas. — a lembrança a fez balançar a cabeça negativamente, gostava de pensar que menos úberes se incomodariam com aquilo no Brasil, já que eles tinham de lidar com outros problemas embora, duvidasse muito que fosse verdade. — um expresso martini seria absolutamente tudo. quando é a sua próxima folga? Podíamos combinar de ir tomar um em algum lugar novo ou, no lugar de sempre. Se bem que a depende de quem encontrarmos no Joe`s, eu me sinto subjugada com um expresso martini na mão. — Confessou. Sentia-se facilmente julgada, na realidade, mas aquilo se devia a autocobrança e não exatamente ao ambiente frequentado por residentes e atendentes. — Olha, eu não vou recusar comida de jeito nenhum, hoje fui avaliar um garotinho da pediatria e quase babei em cima do jantar dele, algo que, não me deixa nem um pouco orgulhosa.
Plot Drop 01: Leaving the Hospital w/ @chloehuangs
Um turno hospitalar é sempre cheio de surpresas e, em dias de catástrofe como aquele, o cansaço deixa uma marca em particular. Iolanda havia beliscado algo na cafeteria a poucos minutos mas, não sabia dizer se havia sido o suficiente, apesar do estômago constantemente embrulhado desde o fim do expediente.
Cruzar com o rosto familiar de Chloe próximo a saída do hospital foi o segundo alivio do dia, o primeiro se deu ao fim do turno e a realização de que aquele dia, enfim, havia acabado.
— Quais as chances da gente dormir no uber e sermos sequestradas para um bunker em Utah? Porque juro, estou tão cansada que não sei dizer se eu teria forças de lutar pela minha vida agora. — Apesar do tom descontraído, o semblante de Iolanda ainda carregava o peso das longas horas, assim como talvez o da amiga. — Honestamente não sei se preciso de outro café, uma bebida ou cinco dias seguidos de sono. E você, comeu algo? Conseguiu parar em algum momento desse dia?
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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Plot Drop 01: Leaving the Hospital w/ @chloehuangs
Um turno hospitalar é sempre cheio de surpresas e, em dias de catástrofe como aquele, o cansaço deixa uma marca em particular. Iolanda havia beliscado algo na cafeteria a poucos minutos mas, não sabia dizer se havia sido o suficiente, apesar do estômago constantemente embrulhado desde o fim do expediente.
Cruzar com o rosto familiar de Chloe próximo a saída do hospital foi o segundo alivio do dia, o primeiro se deu ao fim do turno e a realização de que aquele dia, enfim, havia acabado.
— Quais as chances da gente dormir no uber e sermos sequestradas para um bunker em Utah? Porque juro, estou tão cansada que não sei dizer se eu teria forças de lutar pela minha vida agora. — Apesar do tom descontraído, o semblante de Iolanda ainda carregava o peso das longas horas, assim como talvez o da amiga. — Honestamente não sei se preciso de outro café, uma bebida ou cinco dias seguidos de sono. E você, comeu algo? Conseguiu parar em algum momento desse dia?
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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Plot Drop 01: Cafeteria w/ @doctorm0del
Foi impossível não soltar um suspiro de alivio ao perceber que o turno havia acabado, mesmo que isso só tivesse ocorrido cerca de uma hora demais do esperado. Foi um alivio também ver os ânimos na emergência se acalmarem ao passo que os pacientes foram sendo estabilizados. Porém salvamentos a parte. Um dia catastrófico como aquele também era rodeado de mortes, o que fazia o coração da brasileira de despedaçar enquanto movia o sanduíche de um lado para o outro, como se após as longas horas de trabalho, tivesse esquecido como comer. — Eu fico me perguntando em como a senhora Gibson teria sobrevivido se tivesse seguido para tomografia antes. Será que em dias como esses… não estamos dando autonomia demais aos internos? — Ela nem estava no cenário inicialmente. Mas, pesava como se estivesse. Laura Gibson tinha quarenta e cinco anos e havia chegado a emergência falando e andando. Talvez por isso inicialmente os dois internos da ortopedia não tenham se alarmado. Ainda assim, para qualquer estudante de ultimo ano que se presasse, precisava ter chamado a atenção quando a sonolência a atingiu. Foi encontrada com rebaixamento de nível de consciência três horas depois e precisou de uma craniotomia descompressiva de urgência, não sobrevivendo ao procedimento. — Eu fui com o marido dar a noticia aos filhos deles… Liv, eu juro… foi horrível. Horrível. E bem, ainda acho que gritei mais do que devia com um dos internos. Além de tudo, agora eu devo parecer uma carrasca!
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ialbuquerquemd · 4 months ago
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Plot drop 01: Emergency w/ @bennysantiago
Emergência do Grey Sloan Memorial;
Paciente: FJS, sexo masculino, 36 anos, esquizofrenia;
HDA: vitima de colisão carro moto, passageiro do banco de trás. Paciente vigil, desorientado, apresentando clavícula esquerda deformada, turgência jugular, MV ausentes ausentes em tórax esquerdo, com percussão maciça, sinal do cinto de segurança. PA: 100x60; FC: 110; SatO2: 90%;
As sirenes das ambulâncias que se aproximavam do Grey Sloan soavam continuadamente em alto e bom som. Parecia que os feridos simplesmente não paravam de chegar. Estava escalada na emergência aquele dia, o que em uma tragedia, significava que aquela altura, havia perdido as contas que quantos atendimentos já havia realizado. Ela estava exausta.
Na maca a sua frente, Franklin Jr, sabia dizer seu nome, idade, mas falava sobre viagens espaciais e como ele tinha descoberto ser um enviado céus para ajudar a humanidade, havia sido fisicamente contido, caso contrário acabaria saltando dali e se machucando ou agravando a situação de algum paciente. Iolanda tentou explicar com paciente como estava ali para ajudá-lo e, mesmo relutante, o homem acabou sedento. Respirou fundo realizando a analgesia com morfina para realização do procedimento inicial necessário mas, ficava difícil se concentrar em uma drenagem de tórax enquanto a atenção verbal por parte do paciente era constantemente exigida e ele ainda movimentava o tronco. Foi quando viu a silhueta a sua frente. — Benny! Graças a Deus! Preciso da sua ajuda! — Retrucou. — “Viu, doutora, eu disse que estava aqui para salvar… mas meu nome é frank. Eu posso ajudar mais, se você me soltar” — dizia o homem.
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ialbuquerquemd · 5 months ago
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Tragedy 01 - Starter call
Escolha um numero + nome do seu personagem para um starter!
Digite 1 para fazer a iolanda entrar com você na ambulância até a cena do acidente ou estar atendendo um paciente junto com você na emergencia (1/3)
Digite 2 para ficar preso no elevador com a iolanda e um paciente que está sendo transferido para a CTI (1/1)
Digite 3 para encontrar com a iolanda no repouso no final do expediente ou algum plot pós expediente (2/2)
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ialbuquerquemd · 5 months ago
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Tag drop
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ialbuquerquemd · 5 months ago
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Quem é aquela MÉDICA NEUROLOGISTA correndo por ali? Para estar com pressa assim, tenho certeza de que é FELLOW DE NEUROPSIQUIATRIA no GREY-SLOAN MEMORIAL. Olhando assim, bem que parece YOLANDA FRADE DE ALBUQUERQUE sabe quem é? Dizem que é bastante DEDICADA e EMPÁTICA, mas as más línguas dos corredores adoram dizer que é METICULOSA e INTROVERTIDA. Enfim, pode ser só fofoca, não é? Igual aquela que contavam sobre se parecer muito com CAMILA QUEIROZ. Seja como for, espero que tenha um ótimo plantão!
[TW. Suicidio]
O mal do ser humano é falar do que não sabe. Não digo isso em relação a teorias, claro. Sim a veracidade e crença cega com que encaram o desconhecido sem preocupar-se com o que passam a frente, seja para suas gerações futuras ou para as ao seu lado.
Iolanda pouco lembra de seu pai. Na realidade, sempre teve dúvidas se as memórias que tinham eram de fato suas ou inseridas pelas histórias contadas por terceiros. Arthur Frade foi encontrado morto por sua esposa, no quarto de casal da chácara em que passavam as férias, quando a jovem tinha sete anos. Ao seu lado, um bilhete que tentava justificar o motivo da partida precoce. Alice de Albuquerque compartilhou o bilhete apenas com a família mais próxima e por muito tempo, não disse nada sobre a causa a sua filha. Naquela época, o que a criança sabia era que ele havia ido morar no céu, pois Deus queria ele por perto, de tão bom homem que era. E Iolanda sorria, porque naquela época lembrava como aquilo era verdade e se perguntava quando poderiam ir visitar o homem lá no céu. Era uma boa história a ser contada, claro, o problema é que a língua das pessoas no interior mineiro em que viviam não fosse tão grande assim. Passou a ouvir histórias estranhas, de que seu pai havia cometido um pecado horrível, que ele era um fraco, que era um homem triste. Iolanda chegou a brigar fisicamente com uma garota na escola porque ela disse que seu pai estava condenado ao inferno. A adaptação foi ficando cada vez mais difícil, não apenas para ela mas, para Alice, que apesar de conseguir sustentar as pontas com seu salário de enfermeira e a pensão pela aeronáutica, se segurava na corda bamba de um estresse pós traumático.
A melhor solução encontrada foi retornar a casa dos pais na cidade natal, buscar ajuda, pois alguns dias mal conseguia entrar em casa sem cair num choro e sentir como se coração fosse sair do peito. Precisava de auxilio para se reerguer e cuidar da filha, ao menos enquanto cuidava de si. De fato, foi a melhor solução. Seu Tide e dona Hilda tinham uma casa tão grande quanto seu corações, e acolheram as duas com todo amor do mundo. Aristides vinha de uma família de comerciantes e havia herdado uma grande loja de tecidos em São Paulo, passou a vida cuidando e se dedicando ao comércio com o mesmo zelo que se dedicava a família, talvez por isso seus funcionários o passaram a tratá-lo como tal. Mesmo com o crescimento da manufatura e, consequente aumento de concorrência, optou por manter um negocio menor/familiar, afim de manter a qualidade dos atendimentos e a proximidade com os funcionários. Sempre teve a convicção de que as pessoas compram bem como fazem as coisas com mais gosto quando tem uma ligação pessoal e foi com essa ideologia que a figura “paterna” com que Iolanda cresceu a criou.
Embora a casa dos Albuquerque fosse cercada de netos, era a queridinha do avô. Ioiô, como carinhosamente foi apelidada, alem de filha de sua caçula tinha um sorriso largo e um jeito gentil que derretiam e remontavam o coração do velho. Cresceu cheia de mimos, mesmo que não fossem cheios de dinhero, tinham uma boa condição e uma boa vontade maior ainda. Se queria ir a um passeio, o velho avô aos cuidados e ia. Se tinha apresentação na escola, ele, a mãe e a vó estavam lá na primeira fila, algo que nem sempre acontecia com os primos, acabando por gerar uma certa rivalidade entre os mesmos. Iolanda odiava, no entanto, ouvir que só ganhava as coisas por ser a queridinha, fosse em casa ou na escola, era como se houvesse algo de errado em ser simpática o suficiente para ter o afeto dos avós e dos professores. Não tinha. Ela sabia que não tinha mas, algo a fazia questionar se, não fosse isso, se seria alguém. O sentimento, ao longo dos anos, foi gerando uma certa necessidade de se provar, bem como uma ansiedade intensa nas falhas. O que lhe fez tomar um baque no começo da faculdade de medicina, já que tinha de lidar com pessoas tão dedicadas quanto ela, em ser a melhor da turma. Era uma das melhores faculdades do Brasil, afinal.
O esforço ao longos dos anos foi valendo a pena, claro que era difícil manter relacionamentos quando estava tão focada em se aperfeiçoar no que fazia, os casos passageiros eram o que lhe restava, já que não tinha fôlego, nem quando realmente se interessava em alguém, de insistir. O comportamento inclusive lhe rendeu a fama de “quem faz doce” por um tempo, como se a indisponibilidade não passasse de charme, o que se fosse pensar melhor, não era o caso, visto que quando se interessava e acreditava na recíproca, tomava iniciativa, claro…não quando realmente se interessava. Nesse caso era um Deus dará, ficava numa timidez sem fim, crente que não teria uma chance. Foi numa dessas que perdeu seu primeiro “amor a primeira vista”, de tão enrolada, acabou deixando todas as oportunidades de um romance passarem, perdendo o rapaz para uma moça que conseguiu ser mais rápida que ela, sua prima Silvia. Se culpa internamente por isso ate hoje, mas, deixou seguir. A vida seguiu. E com ela, veio o diploma e a pressão da independência financeira.
Iolanda sempre foi esforçada, logo não foi surpresa o primeiro lugar de neurologia na USP. Mas, o esforço necessário estava apenas começando. A residência é um período infernal, especialmente num país onde as horas cobradas são muitas vezes absurdas e a bolsa irrisória, e, se você for empático o suficiente, é impossível não se desgastar com a situação do sistema publico de saúde de um país subdesenvolvido. O burnout quase lhe pegou no final do segundo ano, mas o observership em um dos mais renomados hospitais de Seattle veio em boa hora. Foi quando percebeu que queria mais qualidade de vida do que poderia lhe ser ofertado em seu país. O observership lhe abriu as portas para um novo mundo e para novas oportunidades.
No terceiro ano mais uma oportunidade, por mais que Iolanda ficasse com o coração na mão de deixar seus familiares ela sentia que um caminho se formava na sua frente. O rodízio eletivo no final do terceiro ano veio, o Grey Sloan parecia uma decisão precisa para o futuro mas, algo dentro dela ainda hesitava. Como poderia ser egoísta ao ponto de deixar sua familia e simplesmente cruzar continente acima? Como poderia fazer isso com seus avós, com sua mãe que já havia perdido tanto, com sua familia.
O fellow em doenças neuromusculares foi desgastante, ela não sabia se queria aquela realidade. A beira de um novo burnout uma conversa franca lhe salvou. Seu Aristides lhe salvou pela milésima vez. Ele lhe disse que jamais ficariam chateados se ela fosse, que se esse era o sonho, ela precisava ir atrás e foi assim, que a cerca de seis meses Iolanda começou seu fellow em neuropsiquiatria no Grey Sloan Memorial. Dividindo rondas entre a enfermaria de neurologia, an ala psiquiátrica e a emergência, uma nova realidade se apresenta para ela, a qual ela agradece pela oportunidade diariamente.
Iolanda é um doce de pessoa, como qualquer um poderia lhe dizer. Não por isso deixa de ser encrenqueira quando necessário. Bem como seu Tide, sabe bem as brigas que tem de comprar, embora as compre em menor intensidade que o homem. Não é de ficar calada na hora de defender ou proteger as pessoas com quem se importa, mesmo não sabendo fazer isso por si muitas vezes. Faz de tudo para não entrar numa discussão mas, quando entra arruma argumento ate encher o saco do ouvinte. Metódica que só ela, morre de angustia só de pensar em uma coisa sair diferente do planejado, ou seja, vive meio angustiada já que a vida não se planeja. Apesar de matura, tem dificuldade para resolver alguns problemas de adulto, mas tem aprendido a se virar, apesar dos perrengues de quem vive em outro pais. Por ter crescido entre diversos primos e gerações de sua família, consegue se enturmar entre muitas pessoas, embora nem sempre sinta-se muito confortável. É capaz de rir da mesma piada 10 vezes se achar engraçado, de tão boba. No entanto, se comete um pecado, é julgar. Falar não fala mas pensa que é uma beleza. Meu Deus, como pensa. A cabeça as vezes parece que vai fritar de tanto arborizar ideia e pensamento, ou seja, pode ser um tanto histérica e nervosa, por trás da carapuça de calmaria e tranquilidade.
HCs
Como salário de estudante não dá em árvore, divide um apartamento proximo ao hospital com outras 2 pessoas
Iolanda fala com seus familiares por vídeo chamada todos os dias, nem que sejam por três minutos em algum intervalo para dar “oi” e checar como estão as coisas
Apesar de ser uma pessoa que parece extrovertida por ser simpática sempre, precisa de pelo menos de uma hora sozinha com frequência para conseguir organizar os pensamentos no lugar
Por ter muita dificuldade em dizer não, às vezes acaba se encarregando de mais coisas do que deveria
Ela tem de explicar com frequência como já terminou uma residência e está no segundo fellow mesmo com 29 anos, dinâmica que parece impossível nos EUA a menos que você seja um gênio porém, diferente dos EUA o Brasil tem acesso direto da faculdade de medicina a residência
Adora flores e frequentemente acaba voltando com um buquê para decorar a casa
Um dos hobbies que guarda nas horas livres é a pintura
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