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iamthereaderproject · 7 years
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 Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu. Editora Agir, 159 páginas ★★★★
Meu contato com Caio Fernando Abreu se resumia a trechos selecionados de suas obras que eram postadas nas redes sociais. Mas, recentemente, li uma crônica dele numa coletânea e foi um dos textos que mais me chamaram a atenção. Foi então que resolvi ler Morangos Mofados, sua obra mais aclamada. E que livro incrível, minha gente.
Morangos Mofados é uma coletânea de contos de Caio Fernando Abreu e o livro se divide em três partes: O Mofo, Os Morangos e Morangos Mofados, conto que dá título ao livro. Escrito no final da década de 70, o livro traz consigo a descrença de uma geração que cresceu em meio aos terrores da ditadura militar no Brasil. Isso fica ainda mais explícito na primeira parte da obra, O Mofo. Os Morangos traz um pouco mais de esperança e Morangos Mofados conclui o livro com uma história dúbia, que começa desesperançosa e que tem uma grande reviravolta no final. 
Caio tem uma escrita extremamente passional. Você sente o que ele sente a cada palavra lida. Cada frase traz uma mensagem profunda. Às vezes, o achei meio prolixo, o que me fazia perder o fio da meada da leitura. Mas no geral, CFA é genial. Ele entende muito de sentimento e do que é ser humano, em todas as suas fraquezas e forças.
Morangos Mofados é considerado um dos livros essenciais da literatura brasileira. E descobri o porquê durante sua leitura. Caio Fernando Abreu é tão fantástico quanto sua obra. Fez total sentido entender o quanto este escritor é compartilhado. E se você quiser ler um grande livro de um escritor que jamais vai morrer por ter deixado obras como esta de legado, Morangos Mofados é uma excelente opção.
Contos que mais gostei: Os sobreviventes. O dia que Urano entrou em Escorpião. Terça-feira gorda. Fotografias. Caixinha de música. Aqueles dois. Morangos mofados.
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iamthereaderproject · 7 years
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Doutor Sono, de Stephen King. Suma de Letras ★★��★
Depois de me viciar na leitura de O Iluminado, não resisti e já li a sua sequência: Doutor Sono. Neste livro, vamos reencontrar Danny Torrance após os terrores vividos naquele inverno no Hotel Overlook. E por mais que a gente não quisesse isso, o garoto segue os passos do pai e está no fundo do poço do alcoolismo. Em um primeiro momento, isso é decepcionante. Mas em Stephen King we trust. E realmente ele entrega uma obra fantástica pros fãs do primeiro livro.
Doutor Sono é extremamente respeitoso a O Iluminado. A história conta o encontro de Danny e Abra, uma menina ainda mais iluminada que ele quando criança. O encontro dos dois é um dos pontos altos da trama. Mas não é só isso: os dois terão que enfrentar um culto chamado Verdadeiro Nó, que se alimenta da iluminação das pessoas quando as matam.
E as reviravoltas desse livro são maravilhosas. Fora o clímax do final, que também é espetacular. Mas espera aí: um livro tão bom assim e você só deu quatro estrelas. Qual a lógica? O negócio é que trata-se de uma sequência da maior obra do autor. E não tem como eu dar a mesma nota pra uma sequência de O Iluminado. Entendam que Doutor Sono é fantástico. Mas não se equipara a O Iluminado por vários fatores que já falei quando comentei o primeiro livro aqui no I Am The Reader.
Isso o faz menor? De forma alguma. Foi incrível reencontrar Danny. Mesmo em estado tão deplorável. Mas com tudo que ele passou na infância, faz sentido revê-lo dessa forma. E mais: quando se está no fundo do poço, o próximo passo é a sair dele. Doutor Sono mostra a saída de Danny desse lugar escuro que o Overlook insiste em colocá-lo.
Excelente leitura.
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iamthereaderproject · 7 years
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Boa Companhia - Crônicas, organização de Humberto Werneck. Companhia das Letras ★★★★★
Antes de ser escritor, temos que ser leitores. E pra um escritor de crônicas, nada mais natural que ler muitas crônicas. Talvez esse seja o quinto livro de crônicas que li em 2016 e mesmo assim não me canso. Mais que isso: quanto mais leio o estilo, mais eu me apaixono e me dá vontade de continuar criando as minhas próprias. Boa Companhia é mais um desses casos. Trata-se de uma coletânea de crônicas organizadas por Humberto Werneck com grandes autores nacionais.
E quando eu falo grandes, são grandes mesmo. Em caixa alta. Mesmo autores famosos por seus romances e poesias se aventuraram pelas crônicas. E foi maravilhoso me dar com textos de Machado de Assis, Lima Barreto, Olavo Bilac, Drummond, Clarice, Cecília Meireles até escritores mais contemporâneos como Antonio Prata (que aliás, já conhecia sua crônica do Meio Intelectual Meio de Esquerda). Outra coisa maravilhosa que esse livro trouxe foi conhecer mais alguns autores que ainda não tinha tido a oportunidade de ler nada mais aprofundado, como Caio Fernando Abreu.
Boa Companhia é uma excelente companhia literária. Crônicas que você lê numa sentada e quando vê terminou a leitura. Recomendado é pouco pra esse livro. 
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iamthereaderproject · 7 years
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Grande Magia - Vida Criativa Sem Medo, de Elizabeth Gilbert. Editora Objetiva ★★★★
Eu li um livro de auto-ajuda em 2016. Quando você pensa que este ano não tem como ficar mais estranho, isso acontece. Mas vamos aos fatos: pra quem não sabe, este ano criei um outro projeto paralelo além do I Am The Reader. É meu projeto onde escrevo meus textos. Minhas crônicas. Daí veio o Metido a Cronista. Então, tenho focado muito na leitura deste formato. Mas daí um amigo também escritor me falou de Grande Magia e recomendou pelas suas dicas sobre criatividade. 
Quando comprei o livro, me surpreendi que a autora era a mesma de Comer, Rezar, Amar. Não li o bestseller dela, mas fiquei animado com o que tinha nas mãos. E realmente tinha algo incrível nelas. Grande Magia aborda uma visão diferente de criatividade. De como viver uma vida criativa sem medo. Sem se pressionar para ser um sucesso. Para viver da sua arte. E por mais que eu estivesse fazendo isso, ler isso foi como se alguém tivesse me falado em voz alta. E isso me despertou pra uma série de questionamentos acerca desse meu novo projeto como cronista.
Gilbert conta como lida com sua criatividade. Como leva sua vida criativa pelo prazer e não pelo medo. Como ela lida com o sucesso e com o fracasso com a mesma alegria. E que cada trabalho é importante, independente da quantidade de leitores que sua obra teve. Ela fala sobre persistência, fé no que você produz e uma infinidade de temas importantíssimos pra qualquer pessoa que trabalha com criatividade precisa ouvir.
O livro é simples, mas não é simplista. O que o torna um resultado dessa tal grande magia que ela tanto fala em suas páginas. E ao fechar o livro, tive mais certeza que nunca: escrever é o que sempre quis fazer e o que quero continuar fazendo pro resto da vida.
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iamthereaderproject · 7 years
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Bidu | Juntos, de Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho. Panini Comics. ★★★★★
Depois da incrível primeira Graphic MSP do Bidu, o cachorrinho azul ícone da Turma da Mônica está de volta para mais uma história emocionante. Brilhantemente escrita e desenhada por Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, Juntos mostra uma história de união, descoberta e parceria entre um cãozinho e seu dono. Quem já teve um dog em casa com certeza vai se identificar.
Caminhos mostrou o encontro entre Bidu e Franjinha. Em Juntos, vamos descobrir os primeiros dias do relacionamento entre os dois. Em como os dois vão se conhecendo e, principalmente, descobrindo suas fraquezas e limitações. E o mais legal: como aprendem juntos a superar tudo isso. E é isso que acho mágico nas Graphics MSP: essa releitura sempre aprofundada de personagens que cresceram comigo. E mesmo sendo aqui uma criança e um cachorro como protagonistas, é impossível não se identificar.
Mais uma obra de arte criada pelo pessoal do selo Graphic MSP, que está melhor que nunca. É maravilhoso ter nas mãos histórias tão incríveis e com um visual de deixar os olhos marejados. 
Quero mais.
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iamthereaderproject · 7 years
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Astronaura | Assimetria, de Danilo Beyruth. Panini Comics. ★★★★★
Minha Graphic MSP está viva! É com essa sensação que finalizo a leitura de Assimetria, a incrível terceira incursão do Astronauta nas graphic novels que faz releitura das personagens criadas por Maurício de Sousa. E cá entre nós, estou suspeitando que tenho uma nova favorita.
Assimetria começa com o Astro de volta à Terra, para um merecido descanso depois dos acontecimentos em Singularidade. Mas ao ver os seus fantasmas do passado, ele resolve voltar imediatamente para o espaço e ir ao encontro de sua próxima aventura: uma expedição para Saturno. E o que ele encontra lá é simplesmente fantástico. Uma virada criativa que cria um novo mundo de possibilidades para essa história, que acaba sim em aberto, mas que abre um universo de formas de continuar contando a história do Astronauta.
Dessa vez, vemos temas como ansiedade e escolhas em pauta na trama. E é por isso que gosto tanto das Graphic MSP. Usando personagens que povoaram minha infância, as histórias dizem mais respeito ao momento que vivo agora. Cheio de dúvidas e incertezas, como o Astronauta representado ali naquelas páginas. Se isso não é incrível, não sei mais o que é.
Não sei vocês, mas já estou ansiosíssimo pela sequência. Mais que nunca.
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iamthereaderproject · 7 years
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Bonsai, de Alejandro Zambra. CosacNaify. ★★★
Sempre tive curiosidade para ler Bonsai. Não sei se era a capa que me chamava a atenção ou o curioso nome. Mas aproveitei finalmente uma promoção da Black Friday e comprei o livro por R$ 3. E não sei se foi a expectativa em demasia, mas esperava mais de Bonsai.
A sinopse fala sobre a história de amor entre Emília e Julio, que já na primeira frase do livro já sabemos que é uma história de amor que não vai acabar nada bem. Isso não é spoiler nenhum. Mas vamos acompanhando os acontecimentos entre os dois até chegarmos nesse desfecho. A história é boa sim, mas a sensação que tive ao ler o livro foi: tá, foi só isso? Esperava entender mais esses personagens, sua relação e desconstrução. Mas o final chegou e tudo pareceu meio desordenado quando colocado na perspectiva da construção da trama.
Este é o romance de estreia do autor, que tem fãs espalhados pelo mundo todo. Bonsai, inclusive, virou um filme dado o seu sucesso. Talvez o assista pra tentar aumentar esse número de estrelas ali em cima. Porque, por hora, a classificação que consigo dar também é do tamanho de um Bonsai.
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iamthereaderproject · 7 years
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O Iluminado, de Stephen King. Suma de Letras. ★★★★★
Muitos dizem que O Iluminado é a obra-prima de Stephen King. E logo eu, que sou apaixonado pelo autor, ainda não havia lido o livro que inspirou o famoso filme de Stanley Kubrick. E aqui é o primeiro ponto de atenção entre as duas obras. Porque as duas são bem diferentes uma da outra.
Longe de mim criticar o filme de Kubrick. O filme é maravilhoso. Jack Nicholson está assustador como nunca e a direção é primorosa. Aqueles enquadramentos arrepiantes, aquela trilha sinistra. Como filme, O Iluminado é assustador e brilhantemente construído. Porém, como história, ainda prefiro o livro ao filme. King fez um trabalho de ambientação fantástico com O Iluminado. Até o enlouquecimento de Jack acontece um processo. E no livro mergulhamos na vida dessas personagens. Temos não só a visão do pai, mas também a da mãe e a do filho. Inclusive, a mãe aqui não é apenas uma figura amedrontada como no filme. Wendy luta até às últimas circunstâncias pra se salvar do Overlook Hotel, que no livro é também uma das personagens da trama. No filme, é apenas o cenário. Danny também é melhor explorado nas páginas que na película. Entendemos melhor o que significa ser um iluminado, especialmente pela sua relação com o cozinheiro Halloran, que no filme tem uma função muito determinada pelo roteiro.
Por isso, como história, tendo a preferir o livro. Por todo conhecimento que as páginas trazem pra entendermos melhor esses personagens. Mas o filme é tão incrível quanto. Difícil escolher um entre os dois. Aliás, não precisamos escolher. Podemos escolher os dois, com suas particularidades e diferenças, como melhores de seus próprios jeitos.
Independente de qual seja seu favorito, O Iluminado é uma história que merece ser lida e assistida. Um suspense entrou para o cânone do terror por um motivo. E com razão. 
Desses livros que a gente só larga quando passa a última página.
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iamthereaderproject · 8 years
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Caviar é uma ova, de Gregório Duvivier. Companhia das Letras, 186 páginas ★★★★★
Todo mundo sabe como idolatro Gregório Duvivier. Se hoje sou cronista, muito se deve aos textos semanais desse cara na Folha de São Paulo. Criativo e combativo, admiro a coragem dele a cada texto escrito. A cada texto publicado. Caviar é uma ova é uma nova coletânea do autor, que reúne textos polêmicos, que falam de política, drogas, amor e relacionamentos.
Eu adorei o livro. Mas eu tenho posições políticas bem próximas às de Gregório. E talvez isso interfira na sua apreciação do livro. Eu concordo com quase tudo que ele fala do cenário político que vivemos, especialmente em tempos pós-golpe. E como isso é o principal tema levantado pelo autor, se você pensar diferente, talvez não goste do livro. Ou simplesmente Caviar é uma ova não seja pra você.
Se você conseguir passar por isso, vai ter diante de si um livro super inteligente, irônico e bem escrito. Gregório é um ás das palavras e que sabe muito bem usá-las pra passar sua mensagem. Você pode concordar ou discordar delas. Mas é impossível não concordar que ele sabe o que está fazendo. 
E cá entre nós, esse aqui é um livro que jamais vai estar entre os mais vendidos da Veja por mais que venda igual água. E só isso já é um motivo pra você lê-lo.
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iamthereaderproject · 8 years
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A Desumanização, de Valter Hugo Mãe. Cosacnaify, 144 páginas ★★★★★ Depois de me apaixonar por Valter Hugo Mãe em O Filho de Mil Homens, saí desesperado comprando os outros livros do autor. E ao contrário do primeiro, que tem uma mensagem poética e de esperança, encontrei no também incrível A Desumanização uma história triste, densa e muito mais pesada, mas ao mesmo tempo encontrei um livro lindo. Parece incoerente, mas Valter Hugo Mãe tem o dom de escrever sobre o que for com muita poesia e maestria.
O principal tema de A Desumanização é a morte. Na trama, conhecemos Halla, uma garota finlandesa que acabou de perder sua irmã gêmea. A história gira em torno do seu luto e seu processo de entendimento da vida agora que ele não tem aquela outra metade "igual" a si ao seu lado. O autor explora em sua narrativa diversas formas de lidar com o luto e com a perda. Enquanto o pai da menina lida com isso de uma forma mais artística, escrevendo poemas, a mãe já assume uma posição mais violenta e agressiva. A escrita de VHM é tão poética na história em si, como na descrição de personagens e ambientes. A Islândia, local onde se passa a história, é descrita de uma forma extremamente minuciosa e detalhada, criando imagens mentais muito bem definidas e bonitas do que o autor gostaria de passar.
Mas o que realmente salta aos olhos neste livro são as relações entre as personagens. A irmã que morre, Sigridur, parece ser a favorita dos pais. A irmã que sobra, acaba de sentindo assim: como uma sobra. E como ela não pode ser feliz. Com isso, Halla começa a questionar toda sua existência, sua necessidade de continuar viva e sua missão de preservar a imagem da irmã. De tão rejeitada, ela busca abrigo em personagens que, inicialmente, era rechaçado pelas duas irmãs, como o Einar. 
A Desumanização é um livro que dói, que te faz refletir sobre a vida e que incomoda pela forma e como ele trata dos assuntos abordados. Cuidado com o momento de vida que você estiver antes de ler um livro como este. Mas independente disso, A Desumanização consegue ser um belíssimo livro, mesmo com assuntos tão pesados. Só mesmo um autor hábil como Valter Hugo Mãe para ser capaz de um feito desses.
Oops, he did it again.
"Quem não sabe perdoar, só sabe coisas pequenas."
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iamthereaderproject · 8 years
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Depois a Louca Sou Eu, de Tati Bernardi. Companhia das Letras, 140 páginas ★★★★★
Prepare-se para rir muito. E o pior: da desgraça alheia. E o pior ainda: sem sentir a menor culpa por isso. Depois a Louca Sou Eu trazem as crônicas autobiográficas da autora, Tati Bernardi. E aqui o tema é medo e ansiedade. O que tinha tudo pra ser pesado, é leve e divertido graças à habilidade primorosa da autora em contar sua própria história.
O livro nasce depois de uma crise de ansiedade que Tati tem durante um voo. O pânico ali no avião foi tamanho que ela prometeu, caso sobrevivesse, que iria escrever um livro sobre o medo. E em todos os suas crônicas, ela descreve sua vida como ansiosa e quase dependente de medicamentos ansiolíticos. 
Por também ser um ansioso (claro que não nos níveis que ela descreve no livro), me identifiquei muito com a autora. Sua escrita é uma delícia e a gente devora as poucas páginas desse livro rapidamente. Me deu vontade de comprar a Folha de São Paulo toda sexta-feira, só pra ler a coluna semanal da autora no jornal.
Ela tem umas sacadas muito geniais (minha favorita: "Não era amor. Era Rivotril"). E descreve suas desventuras ao ter que viajar semanalmente de avião, nos seus relacionamentos até chegar na liberdade dos medicamentos. E tudo isso de um jeito muito divertido. Ela poderia ter dado uma outra cara pra história. Mas acertou em cheio no tom.
Depois a Louca Sou Eu é um livro perfeito pra quem quer começar a ler crônicas. A autora é afiada e beira o genial. Literatura contemporânea de qualidade, feita por uma mulher que venceu a ansiedade. Agora quem está ansioso pelo próximo da autora sou eu.
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iamthereaderproject · 8 years
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Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Globo de Bolso, 256 páginas ★★★★★
Imagine uma sociedade futura integralmente manipulada pelos meios de comunicação e em que os livros são proibidos, e por isso, devem ser queimados. Mais que isso: o pensar é proibido e combatido. A alienação social é tamanha que as pessoas só interagem com as programações de uma espécie de TV interativa, chamada de família. Ray Bradbury imaginou isso e criou Fahrenheit 451, uma distopia com uma crítica social extremamente pertinente ao que vivemos hoje. O livro é uma das três grandes distopias clássicas americanas, juntamente com 1984 e Admirável Mundo Novo.
Na trama, os bombeiros são os responsáveis por queimar os livros. E é essa a profissão do protagonista, Guy Montag. Quando recebem denúncias, os bombeiros vão até onde estão os livros e colocam fogo no lugar. Numa dessas missões, Montag acaba por roubar um livro acidentalmente e o leva pra casa. E antes disso, ele conhece Clarisse, uma menina que o desperta do estupor que vivia. Quando ele começa a pensar, o protagonista percebe os absurdos de viver numa sociedade tão manipulada, que vive uma guerra e que a população sequer se importa com isso. Bradbury sabe conduzir o ritmo da sua escrita, nos envolvendo a cada palavra. Quando você começa a ler Fahrenheit 451, não quer mais parar. É incrível acompanhar a jornada de Montag em busca de levar os livros e, mais importante, seu conteúdo para tirar as pessoas daquele estado de alienação. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
Fahrenheit 451 é uma leitura fácil, mas profunda. Perfeita pra quem deseja ler uma distopia de qualidade e não os Divergentes que somos obrigados a aturar hoje em dia. Difícil encontrar uma crítica tão contundente com tanta ação em suas páginas. Vai nesse que não tem erro.
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iamthereaderproject · 8 years
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Mônica | Força, de Bianca Pinheiro Panini Comics, 82 páginas ★★★★
Estava preocupado com o destino das Graphic MSP. Quem conhece o I Am The Reader, sabe como sou apaixonado pelas releituras de personagens do grande Maurício de Sousa. Cresci em meio ao Bairro do Limoeiro e era quase o quinto integrante da Turma da Mônica. Hoje, se leio o quanto eu leio, é graças aos gibis que chegavam quinzenalmente na minha casa. Mas, esse projeto que começou incrível, deu uma degringolada em suas últimas edições. Talvez até pelo sucesso mesmo. Com mais pressão pra sair novas graphic novels, a qualidade das histórias começou a deixar a desejar.
E agora me deparo com a Graphic MSP de ninguém menos que a dona da rua: Mônica Sousa. Minha reação inicial foi medo. Pensei o que poderiam fazer com essa minha personagem tão querida. Não sei se pela baixa expectativa, terminei a leitura de Força com a sensação de que valeu a pena. Já tiveram Graphics MSP melhores? Sim, já. Mas essa cumpre seu papel com um tema extremamente particular à Mônica.
A história mostra a relação entre a força e a vulnerabilidade da personagem, diante de uma situação onde bater em alguém não vai resolver a situação. Não quero dar spoilers aqui, mas a história é tocante, especialmente no momento que vivo. Acabo de passar por um momento de reconhecer minhas vulnerabilidades. E vi na Mônica muito de mim nessa leitura.
Visualmente, a releitura ficou maravilhosa. Como sempre. Graficamente, as Graphic MSP sempre foram um show à parte. E está cada vez mais incrível. Os quadrinhos são de encher os olhos mesmo.
Não é minha graphic MSP favorita, mas pelo menos é uma esperança de que esta coleção está voltando a me emocionar. É isso o que espero dela, aliás. Que eu sempre possa revisitar personagens tão queridos da minha infância e voltar de lá com algo novo.
Voltei.
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iamthereaderproject · 8 years
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O Filho de Mil Homens, de Valter Hugo Mãe. Biblioteca Azul, 220 páginas ★★★★★
Vários amigos já haviam me indicado Valter Hugo Mãe. Mas parece que este autor entrou no momento que eu mais precisava dele. E com o livro certo. O Filho de Mil Homens é um livro maravilhoso, poético em todas as suas frases e com uma trama encantadora, que traz uma série de reflexões acerca da nossa própria vida.
O começo é bastante melancólico. De cara, já conhecemos Crisóstomo, nosso protagonista. Um pescador solitário de 40 anos muito infeliz e incompleto por não ter um filho. Mas ao longo da narrativa, ele vai encontrando uma série de desajustados para compor essa sua família: Camilo, o órfão de uma anã, Isaura, a menina sem virgindade, Antonino, o maricas, entre muitos outros. Todas as personagens são incríveis e agregam toda a filosofia poética que o autor deseja passar com essa narrativa.
Este livro me tocou em diversos momentos. Frases que se encaixavam no exato momento da minha vida, como:
“Quem tem menos medo de sofrer, tem maiores possibilidades de ser feliz.”
"O amor era uma atitude. Uma predisposição natural para se ser a favor de outrem. É isso o amor. Uma predisposição natural para se favorecer alguém. Ser, sem sequer se pensar, por outra pessoa.”
Valter Hugo Mãe explora o sentimento humano com maestria e poesia. Toda sua construção textual é lindamente bem pensada. O título faz uma referência a como somos todos filhos de todas as relações que temos na vida. Não só do nosso pai e da nossa mãe. Mas somos também filhos de todas as pessoas que passam pelas nossas vidas, seja para agregar ou para destruir. Não nascemos prontos. Estamos em constante construção.
Há uma passagem nesse livro que me tocou profundamente: quando Antonino, o personagem gay do livro, conta como queria se curar daquela doença. Para dar paz à mãe e ser o que se esperava que ele fosse. Qualquer um que já passou por isso, vai se identificar.
O Filho de Mil Homens é obrigatório. Da melancolia à esperança, Valter Hugo Mãe entrega um livro que traz uma leveza quando você encerra a leitura da última página.
Está esperando o quê pra ler?
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iamthereaderproject · 8 years
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As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides. Companhia das Letras, 231 páginas ★★★★★
Diferente. Talvez seja o melhor adjetivo pra começar a falar de As Virgens Suicidas. Este que é um novo cult da literatura americana é um livro cheio de simbolismo e que conta essa história de um jeito muito lírica, numa aura de mistério e numa quase obsessão dos narradores.
A trama mostra os suicídios das cinco meninas Lisbon numa cidade americana nos anos 70. Elas são filhas de duas pessoas super rigorosas, sendo que a mãe ainda é uma fanática religiosa. Vivendo em um ambiente de muita repressão, as meninas começam a se matar. Uma a uma. E isso não é nenhum spoiler. O que me fez pensar sobre esse tipo de literatura.
Este é um livro que, no título, você já sabe o final. Você já sabe o que vai acontecer. O que te faz ler um livro assim, então? E a resposta é o contexto. Qual o motivo daquilo ter acontecido. E o contexto deste livro é o que o torna tão bom e instigante. Porque você fica instigado o tempo todo a descobrir e entender junto com os garotos narradores da história os motivos que levaram as meninas Lisbon a se matarem. No final, nada fica claro. Mas o contexto mostra porque esse universo de adoração das meninas Lisbon fez tanto sentido pra aquelas pessoas.
Mas pra mim o que mais se destaca no livro é o simbolismo da deterioração. Com as mortes das meninas, a casa onde a família vive vai ficando cada vez menos bem cuidada. A grama deixa de ser aparada. O jornal deixa de ser recolhido. E isso mostra como as relações são deterioráveis num ambiente de tamanha opressão. O resultado é o escape. No caso das meninas, o escape foi o suicídio. Muito atual para os tempos que vivemos.
Cheio de epifanias, As Virgens Suicidas parece um livro pequeno. Mas a psicologia das suas personagens o faz grande. Memorável.
Um dos melhores de 2016.
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iamthereaderproject · 8 years
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Trinta e Poucos, de Antonio Prata. Companhia das Letras, 226 páginas ★★★★★
In Antonio Prata we trust. E sim, ele fez de novo: criou uma nova coletânea de crônicas tão incríveis, mas tão incríveis que não tem outra solução a não ser amar esse livro. Trinta e Poucos reúne textos publicados originalmente na Folha de São Paulo. E os temas são os mais variados, mas todos com um ponto de contato comum: a idade de 30 anos.
Pra quem não sabe, acabei de completar 30. Talvez por isso tenha me identificado tanto com suas agruras narradas página a página. Uma pena que são poucas. Porque quanto mais o autor te dá, mais você quer dele. Terminar de ler Trinta e Poucos dá uma vontade de ir direto pra banca e comprar a Folha de domingo só pra ter mais algumas palavras vindas dessa mente brilhante.
E claro, ri alto com suas crônicas. A do abraço na árvore, então, nem se fala. Passei vergonha em público mais uma vez graças a Antonio Prata. Mas quer saber: sem arrependimentos. O livro ainda conta com momentos maravilhosos como sua visão sobre a Copa de 2014 e o nascimento de seus dois filhos. É um texto melhor que o outro, vai por mim.
É tão bom encontrar livros assim no seu caminho. E Trinta e Poucos acaba de consagrar Antonio Prata como meu cronista favorito da atualidade.
Manda mais que tá pouco, Antonio.
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iamthereaderproject · 8 years
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O Adulto, de Gillian Flynn Editora Intrínseca, 61 páginas ★★★★
Gillian Flynn se tornou uma das minhas autoras favoritas depois do incrível Garota Exemplar. E sempre que tem livro novo da autora, saio correndo pra adquirir o meu volume e poder ler mais uma genialidade da autora. E desta vez, me deparei com um conto que ela escreveu pra ninguém mais ninguém menos que George R. R. Martin, o autor de Game of Thrones.
O Adulto é um conto de terror que nos apresenta uma personagem sem nome cuja profissão é aplicar pequenos golpes. Desde pequena, pedindo esmola com a mãe até se tornar adulta e ser contratada para ser vidente num lugar que servia de fachada também para uma espécie de bordel de masturbação. Até que Susan Burke a contrata para investigar o que está acontecendo de errado em sua casa.
Com a maestria de sempre, Gillian Flynn é capaz de criar páginas sensoriais no leitor. A gente sente o medo e o asco que a personagem sente. E as personagens são muito bem construídos, mesmo se tratando de um conto tão curtinho. E claro, se não tivesse uma reviravolta mirabolante não seria um livro de Gillian Flynn.
A única coisa que deixa a desejar é o final. Nisso de fazer tantas reviravoltas, o final fica mais confuso que acertado e deixa uma sensação de expectativa não atendida 100%. Independente disso, O Adulto vale a pena sim ser lido.
Como tudo que Gillian Flynn faz.
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