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"Não é um relato sobre os "dias de crise". É mais um diário sobre como um jovem lida com suas tempestades emocionais." Sarah Naranjo
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icaroilms · 5 years ago
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Pré histeria.
De início eu também achei que era histeria. Era a semana da minha formatura. Mal sabia eu que seria a última semana de muitas que conviveria com as pessoas que amo com tanta facilidade.
Minha irmã Isadora (Dora) vinha do Canadá com a família de seu namorado Gabriel (Gabe), leia com sotaque de gringo. Na sexta-feira, dia 13 de março de 2020, era, além do meu baile de gala, aniversário dele. Ela preparou uma surpresa, os sogros dela combinaram de vir ao Brasil para o aniversário dele. 
Fomos almoçar no South Place Steakhouse, uma churrascaria gostosa seguindo a Av. Roque Petroni Júnior, sentido Shopping Morumbi aqui em São Paulo. Aliás, eu conheci o Gabe nesse dia. Lembro de estar tão ansioso no dia 12 que não conseguia dormir. Não era por causa da festa de formatura, era por pensar que talvez eu não conseguiria conversar com meu hóspede. Mas no fim deu tudo certo, o coração humano fala todos os idiomas.
Mas como eu estava dizendo, o Gabe não sabia da “festinha”… os pais apareceriam no restaurante. Chegando lá, olhei para ele e improvisei um “wash hands, bro, come on!” bem mequetrefe. Voltando do banheiro ele foi surpreendido pelos pais. Foi muito bom conhecê-los.
A família dele é italiana. Eu achei engraçado… sempre ouço que os brasileiros são muito calorosos, acho que herdamos isso dos imigrantes da Itália. O Andrea e a Antoinette, os pais do Gabe, são maravilhosos. O pai dele contou que não comia coração de galinha há mais de 20 anos, e a mãe complementou contando que a avó fazia uma sopa dos miúdos de galinha.
Cantamos parabéns para o Gabe, ele achou a versão tupiniquim da música muito extensa. Eu ri muito da cara dele de “Oh my god, this will never end!”. Minha irmã encomendou 2 bolos, um de morango, doce de leite e caramelo, chamado Jolie (maravilhoso, acho que o nome já deixa claro que é uma delícia) e um de nutella com leite ninho, chamado Nutella (bom, nome pouco criativo e não chegava aos pés do primeiro… aliás, poucos bolos que já comi tinham chance de competir). Para acompanhar os bolinhos pedimos café… bom, pelo menos eu esperei o café para continuar comendo, porque desde o natal venho fazendo reeducação alimentar, então comer doce é raro e aproveito para fazê-lo do jeito que mais gosto, com um cafézinho.
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Fomos embora, com a chegada da Dora e do Gabe, cedi meu quarto e fiquei no escritório, tentei dormir para aguentar bem a festa à noite, no entanto, o café não deixava. A ansiedade pela formatura começou a surgir somente no pós almoço, somando-se à cafeína, dá para imaginar o como não consegui descansar.
Algumas pessoas me perguntaram se o baile seria adiado por causa do novo coronavírus, perguntei para a comissão de formatura Habeas Lata e falaram que aconteceria, mentalmente eu cantei “o baile não vai morrer!” (procura essa música, é do Forfun, amo!). Fiquei aliviado com a notícia… ignorância minha no momento.
Passei o dia falando com alguns amigos pelo celular, principalmente a Michaela e a Bárbara e o Alex, mas ele demorava para responder porque estava trabalhando. Falei para ele que sairíamos às 22h30 de casa, ele me disse que chegaria do trabalho somente às 22h. Minha família se programou para sair 22h. Eu sou um pouco chato com horários, não gosto de descumprir o que combino.
Comecei me arrumar às 21h para dar uma enrolada mesmo, meu amigo Valter quis me dar de presente a carona de ida e volta da festa, no carro dele iriam comigo o Alex e a Michaela, então todo mundo tinha que ficar pronto mais ou menos junto.
Infelizmente não consegui dar convite para todo mundo, uma das pessoas que eu queria que fosse é o Valter, ele é muito meu parceiro, aquele amigo ponta firme.
Tomei aquele banho, me ensaboei e enxaguei umas 4 vezes. Aqueles banhos que a gente lava muito bem até as canelas (risos). Saí do chuveiro, peguei o smoking e os sapatos e fui para o meu quarto (que emprestei para minha irmã e namorado, ela foi se arrumar no hotel com a Antoinette). Parecia que a 4ª Guerra Shinobi tinha ocorrido no cômodo, mas tudo bem, todo mundo tava correndo para dar tempo. Passei hidratante Malbec no corpo, havia lido num jornal do bairro enquanto caminhava outro dia que o perfume fixa melhor na pele com hidratada. Deixei secar e passei perfume no corpo todo, “sabe como é, né?!”.
O perfume da noite foi o Natura Homem Especiarias, amo o cheiro dele. Pode notar que eu sou alguém multimarcas, hidratante o Boticário e perfume Natura (recebidos do natal, beninxs).
Me vesti e fui falar com minha madrasta, a Raque. Ela estava bem bonita, pronta para a noite. Ela dançaria a valsa comigo, no papel de mãe.
Perguntei se eu estava bem arrumado, ela disse que sim, mas observou que a gravata borboleta que aluguei estampava uma etiqueta do lado de fora. Cortamos a etiqueta.
Eu fiquei tenso pensando que o pessoal do atelier repararia no “ajuste” e me cobraria multa. Acho que a moça me entregou uma gravata que servia para camisas sociais comuns, não para as de smoking. Enfim… se reclamassem eu já tinha respostas na cabeça: “nem reparei, tinha um etiqueta aí?!” ou um belo “vá pra puta que pariu, não vou pagar multa porra nenhuma!!”. Provavelmente eu falaria a primeira e pensaria a segunda. Eu sou um gentleman.
Ajuste feito, me olhei mais uma vez no espelho… e não é por nada, não, mas sempre que me vejo de social ou de traje de gala eu percebo o quão bonito eu sou. Puta que pariu!
Enfim, tenho um problema de ego, desculpe. 
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