Como o Rio Congo: abismo de desejo e profundidade. Só quem ousa mergulhar entende que nem todo mergulho tem volta.
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você está virando minha banca sólida de pernas pro ar. algo em mim não está conseguindo simplesmente bagunçar e sair com os lençóis amassados jogados no chão: quero dobrar os lençóis devagar, como quem não tem mais pressa de ir embora. deixar o acaso tocar meu corpo com o seu já não me faz recuar, deixo a mão de propósito no seu caminho. deixo meu olhar de propósito no caminho do seu. a frase "para de morder seu lábio senão eu mesma vou querer fazer isso" parece estar menos presa e mais engatilhada a sair garganta a fora. sua perna esbarrar na minha pareceu familiar, não coloco mais esses "acasos" na prateleira do "não pode acontecer" dentro da caixa: não gosto de contato físico. você é um deboche do meu próprio discurso. seu toque sutil na minha pele acende labaredas que eu finjo domar, mas elas seguem queimando por dentro. eu sinto o ar ficar denso quando você chega perto, e meu corpo, esse traidor, já sabe que vai entrar em um cabo de guerra entre "segura a onda" e o "você não tem nada a perder" porque eu não sei mais me proteger de você. e, só entre nós duas, acho que já nem quero. mas eu sei de quem é a culpa: essa maldita alteração da química cerebral que você provoca em mim, você chega perto e eu viro outra, meu sangue corre mais rápido. meu cérebro me entrega, dispara dopamina como se você fosse algo inevitável. e você é. você é essa droga que eu nunca usei, mas que o meu corpo inteiro parece implorar. você é o latejar nas pontas dos meus dedos querendo tocar a sua nuca, querendo puxar seu rosto pra perto e perder a razão na sua boca. esse cabo de guerra é quase que uma súplica por mais um toque, mais um esbarrão, mais um acidente de pele, mais um acaso. fica o gosto do não dito, do não feito. e eu aqui, no meio desse maremoto bioquímico, fingindo normalidade enquanto por dentro eu só queria te encostar na parede e ouvir seu corpo dizer o que sua boca ainda segura, seja um "vai embora", seja um "não vai ter volta". há um medo bobo, de te deixar chegar perto demais porque eu sei o que acontecerá quando você me abraçar. sei o que o seu corpo encostado no meu pode provocar. e eu fico nesse cabo de guerra entre o impulso de te puxar para os meus braços e o receio de não saber sair mais de lá, minha mente ensaia mil estratégias para não escorregar no abismo do seu toque. mas no fundo eu quero que você perceba. quero que sinta o cheiro que escapa do meu pescoço e que você, sem aviso, se incline e respire fundo. quero que seu rosto encoste no meu cabelo e que o calor da sua boca confunda o ar entre nós. o perigo mora no seu jeito despretensioso de encostar, no toque quase sem querer da sua mão na minha, no seu joelho que roça o meu e fica ali tempo suficiente pra me fazer perceber que sua perna estava quente. não é só o corpo que responde, é como se meu cérebro perdesse a ordem natural das coisas. meu senso de autopreservação derrete, minhas defesas se calam, e tudo que sobra é essa vontade crua de te puxar de vez, de prender sua nuca na minha mão e encurtar a distância que ainda resta entre a sua boca e a minha. tem horas que penso que, se você ousasse mais um passo, eu não saberia mais recuar. te olharia fundo e deixaria escapar o que ando engolindo: "me pega logo" não com palavras, com o olhar, com a pele, com a urgência de quem não quer mais deixar pra depois. mas eu fico aqui, nesse jogo silencioso entre o querer e o temer, calculando o perigo. eu temo o seu abraço porque sei que, se seus braços me fecharem, eu desabo. eu sei o que um abraço seu pode fazer. eu finjo que não deixo, mas deixo o atalho fácil pro seu toque, um cabo de guerra mudo: eu te desafio a me puxar, e morro de medo de você de fato puxar. você não sabe, ou talvez saiba, o que faz quando chega perto demais. eu sustento o olhar, sustento o sorriso, mas por dentro o corpo inteiro está gritando pelo risco. porque quando você me encurralar de vez não vai haver silêncio, nem resistência, nem cuidado. a verdade é que eu não tenho medo do seu toque. tenho medo de não sobreviver a ele.
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pode até me chamar de "Fernanda" se quiser
Se valoriza, gay!
Mas, e se a Fernanda for um sentimento profundo e sem impulso? E se outra pessoa estiver rondando meus instintos?
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Teu corpo como tela, meus dedos como pincel, a mais bela obra de arte, você. Você, inspiração dos meus poemas. Nessa Cross
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todas as minhas melhores fantasias sexuais vc é personagem principal
Que coisa, hein
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