Don't wanna be here? Send us removal request.
Photo
whatever floats your boat; santa catalina island, california
instagram
7K notes
·
View notes
Text
Simplicidade
Um garoto pergunta ao seu vô:
- Vô, eu quero ser umbandista como o senhor! Quando vou aprender?
O velho puxa um cachimbo, olha para o garoto e ri:
-Mas por que você não é, ao invés de querer ser, fio?
A criança se encolhe e diz com um jeito desajeitado:
-É que eu não sei trabalhar, vô… Eu vejo as pessoas falando que vela se acende de tal forma, que tem jeito certo pra isso, jeito certo pra aquilo, que é errado isso, errado aquilo, e eu não consigo lembrar todos os passos do jeitinho certo pra se trabalhar… Tenho medo de fazer errado vô…
O vô começou a rir e bagunçou o cabelo do garoto. Sem entender o garoto perunta:
-Qual a graça vô? Eu falei algo errado?
Meu fio… Quando você foi sentá aqui do lado do vô, se apoiou em qual pé?
O menino, ainda não entendendo, deu de ombros e falou:
-Não sei vô, não pensei nisso, só sentei aqui e pronto, uai. Só queria conversar com o senhor.
O velhinho olha para os olhos do menino:
-E você conversou?
-É claro vô, eu to aqui conversando com o senhor ué
-É isso fio, você caminho até aqui, sento do meu lado e me pergunto algo. Isso saiu do seu coração, porque você sentia que precisava pergunta algo. Você não se importo com o jeito de sentar, com qual pé começar a andar, nem mesmo se importou com a posição das suas pernas ao sentar… Foi simples, né?
O menino ficou em silêncio e apenas concordou com a cabeça.
-Trabalhar na Umbanda é assim fio, mesmo jeitinho… Você sentiu o que tinha que fazer e simplesmente fez, sem se preocupar com o modo que ia fazer… Em nenhum momento durante o caminho da porta até aqui, nessa mangueira que o vô senta pra fumá, você se perguntou se tava andando certo, ou se precisava sentar com as perna cruzadas em veiz de esticadas. A Umbanda nasceu de um lugarzinho assim fio, com um nêgo veio como eu sentado num toco igualzinho esse, numa casinha humilde, ouvindo os que procurava ele e ajudando a melhorar nem que seja um tiquinho o dia daquelas pessoa. Você não precisa fazer tudo da forma mais complicada pra ser o melhor… Sabe como fio se torna o melhor?
A criança, encantada com as palavras do vô, sorriu:
-Como vô??? Eu quero ser o melhor!!!
-Fio se torna o melhor quando percebe que não é melhor que ninguém.
-Que? Como assim vô?
-Humildade fio, simplicidade, amor… De nada importa esses detalhe que o fio tanto esquenta a cabeça, se fio fizer com amor, com o coração. Isso é trabaiá… Trabaiá nessa religião tão linda é doar ao próximo o amor, a alegria e o carinho que o pai coloco no sopro da vida na gente… Entendeu fio?
-Entendi vô! Pode deixar que eu vou me lembrar disso! Sempre!
O menino, então, agradece ao vô pelas palavras e vai embora da tronqueira.
0 notes
Text
Cansado de me doar demais Cansado de receber de menos Cansado de me preocupar com alguém que não tá nem aí pra mim Cansado da formalidade
Estou cansado
Cansado de mandar mensagens no vazio Cansado de fingir que tá tudo bem entre nós Cansado de me preocupar Cansado de cuidar de você
Não, não é raiva, muito menos rancor Ainda me preocupo e sinto saudade Só estou cansado de demonstrar Cansado de dar tudo e receber nada
0 notes
Text
De que adianta?
De que adianta pedir à Ogum para abrir seus caminhos Se você ao menos está disposto a levantar da cama para trilhá-lo?
De que adianta pedir que Oxossi lhe dê conhecimento Se você nunca ouve o que os outros têm a ensinar?
De que adianta pedir que Oxalá lhe cubra com o manto da paz Se na primeira oportunidade usa sua língua para a guerra?
De que adianta cantar pela justiça de Xangô Se você julga por ele e por todos?
De que adianta pedir a garra de Iansã Se prefere ir sempre pelo caminho mais fácil ao invés do certo?
De que adianta oferecer riquezas à Oxum Se ao encontrar um necessitado na rua finge que não existe?
De que adianta bater no peito e falar que é umbandista Se no dia a dia você caminha no sentido oposto?
De pouco adianta trazermos nossos companheiros pretos velhos, caboclos, boiadeiros, baianos, marinheiros, malandros, ciganos, exus para trabalharem fazendo a caridade no dia de gira, se nos outros seis dias da semana não praticamos essa caridade ensinada por eles, se não nos importamos com o próximo e sequer refletimos sobre nosso papel aqui.
De pouco adianta ficarmos descalços, demonstrando a igualdade e humildade no terreiro, se nos outros seis dias da semana nosso nariz mira constantemente o horizonte e nossos olhos não se voltam para baixo.
E, não menos importante, de pouco adianta pedirmos perdão pelos nossos erros, se não aceitamos opiniões externas, se não damos o braço a torcer mesmo sabendo que estamos errados. Um “desculpe, eu estava errado” não te torna inferior, te torna humano.
De que adianta vestir o branco como umbandista Se a essência da umbanda está nos pequenos e simples detalhes?
3 notes
·
View notes
Text
Anesthesia
Você se doa demais Esquece de olhar no espelho da vida Procura seu reflexo nas coisas que não refletem Coisas que possuem pensamentos vagos e rasos
Você ama demais Mas esquece de se amar na mesma proporção Procura bater na mesma tecla e quebrar a cara Todas as vezes
Você cobra demais Quer que o outro lhe responda na hora Para se sentir valorizada e amada Mas deixa os que te dão valor no abismo do esquecimento
Você sente demais Mas não se sente, não procura entender Tenta sentir no outro aquilo que não encontra No seu interior
Você vive demais Mas esquece de viver
0 notes
Text
Um garoto simples, atormentado por um fantasma cujo nome temia pronunciar. Vivia um pesadelo, trancado em seu quarto, chorando, compartilhando com as quatro paredes uma profunda tristeza. A insegurança matava-o, a aceitação sufocava-o, e o seu jeito de ser acabava com todos os pensamentos belos que tinha diante de uma rosa. Para ele tudo era espinho e dor, não gostava de si, não era ninguém. Uma pausa para retomada de fôlego, lágrimas caem do garoto enquanto sua história se desenrola, como um novelo sujo e velho de barbante. Ao som de sua melodia preferida, arrancava sangue de seu peito, prantos de uma mente morta, jogada pelas paredes de um sanatório. Tudo o que queria era se encontrar, se aceitar, aceitar que a valsa mais bela não o admira como o mesmo faz com ela. Tudo o que queria era viver e esquecer desse momento sombrio que cobria a luz de seu quarto impedindo-o de ler um livro de capa vermelha. Mas que diabos! Decidiu várias vezes sumir, mas desistiu, decidiu e desistiu são palavras parecidas mas que mostram caminhos diferentes, decidir o fim e desistir do ato. Arrancando de seu peito uma estaca com o nome do fantasma cravado. Querer não é poder, e poder não lhe cabia naquele momento. Estava sozinho? Não, haviam quatro paredes que ajudavam o garoto a se encontrar, preso em um quarto, chorando, produzindo dor, palavras cheias de um sangue abstrato. Não quer dar um fim pois dói, tem medo do fim, tem medo de tudo. Garoto idiota, mal sabe ele que tudo isso é ridículo aos olhos alheios. Não quer matar o fantasma, pois ele é belo demais, frágil e doce como o mel. Quisera o garoto agradecer inúmeras vezes as abelhas que produziram aquela doçura. Mas aquele fantasma estava matando seu pobre coração, rasgando com uma faca cega pedaço por pedaço de sua pele. Que dor terrível! O garoto suplicava aos deuses para que tudo terminasse logo, o rio de seus olhos secou e, na margem, só restou um desenho com o nome do fantasma no meio. Seus ombros já estavam doloridos de ter que carregar aquele fardo e mesmo assim, seguiu por onde estava o rio. O garoto, por fim, dormiu em um sono profundo, abraçado pelo mundo que curou suas feridas, curou? Não, amenizou! Pois cada dia que passa, o garoto ainda perfura os cortes em seu peito ao olhar para o mais belo fantasma já visto.
0 notes
Text
Essa noite sonhei com você Não foi um daqueles sonhos eróticos Muito menos nossos corpos se tocaram Foi muito mais do que isso
Você estava ali, parada Com um copo na mão, olhando pra mim Seu sorriso iluminava as quatro paredes daquele lugar A música ficou de fundo, esquecida
Ah, como seu sorriso é lindo Aquele brilho no seu olhar vale mais que ouro Vale mais do que qualquer coisa A perfeição encarnada em uma simples ação
Tudo que eu me lembro é de ouvir a sua doce voz “Bom te ver” Mal sabia ela que, para mim, vê-la não era somente bom Era a melhor coisa do mundo
Acordo todo bobo A maior parte do sonho se vai de minhas lembranças Mas seu sorriso permanece, transbordando meu coração Tornando especial um dia de trabalho como outro qualquer
1 note
·
View note