José Abrão, jornalista e mestre pela UFG. Doutorando em Comunicação pela UFG. [email protected]
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Banda Eskröta retorna aos palcos de Goiânia com novo álbum
Acesse em: https://aredacao.com.br/cultura/233331/banda-eskrota-retorna-aos-palcos-de-goiania-com-novo-album
José Abrão Goiânia – Após se apresentar no Centro Cultural Martim Cererê em setembro do ano passado, a banda de hardcore/thrash metal Eskröta retorna aos palcos goianienses neste domingo (1º/6), desta vez, no De Leon Pub, no Setor Sul. O retorno à capital faz parte da turnê de divulgação do novo álbum do trio, Blasfêmea, lançado em abril de 2025. Goiânia ficou privilegiada na agenda, recebendo o sétimo show da turnê que tem 37 datas até dezembro, incluindo uma passagem pela Europa.
“A gente gosta muito de estrada, né? Eu acho que a ideia de fazer um lançamento é realmente promover. Quando a gente pensou em lançar o álbum já no primeiro trimestre do ano, também já foi pensando na turnê que faria a promoção dele”, conta a vocalista e guitarrista Yasmin Amaral em entrevista exclusiva à reportagem do jornal A Redação. “Tocar ao vivo é realmente a nossa escola, sentindo o que a galera tá achando, é essencial, porque na internet você tem uma visão, mas tocar é completamente diferente de entregar ali a música só virtual”, completa.
A Eskröta foi formada por Tamy Leopoldo e Yasmin Amaral em 2017, na cidade de Rio Claro (SP). De lá pra cá, lançaram os álbuns Cenas Brutais (2020), Atenciosamente, Eskröta (2023) e agora Blasfêmea, além de diversos singles e EPs. Em 2024, a banda teve um ano cheio: tocou no palco Supernova no Rock in Rio, se apresentou no Knotfest no Allianz Parque e ainda fez uma breve turnê pelo Cone Sul, se apresentando no Uruguai, na Argentina e no Chile.
Agora, eles se preparam para embarcar pela primeira vez para a Europa, com 14 datas que passam por Reino Unido, Bélgica, Alemanha, Irlanda e Sérvia. “Como é a primeira vez, a gente não sabe ainda o que esperar do público. Só conhecemos as opiniões de amigos que já foram, pessoas que a gente conhece, que já passaram por essa experiência, que falam que é muito positiva em todos os aspectos”, conta Yasmin. “Era um passo que a gente queria dar na nossa carreira, então foi algo que a gente procurou investir os nossos esforços. Estamos muito ansiosas. A gente sabe que vai ser legal, mas como vai ser de fato eu vou ter que te contar quando voltar”, adiciona. Yasmin lembra que a banda tem algumas músicas em inglês que agora podem ser interessantes para essa aproximação com uma audiência internacional. “Tem uma música aqui e outra ali que foram feitas porque a gente achou que combinava. A gente não sabia se ou quando aconteceria uma turnê internacional, mas já tínhamos deixado algumas coisinhas preparadas”.
A Bruxa e novas parcerias
Entre as músicas inéditas do novo álbum, 'A Bruxa' se tornou um sucesso instantâneo, repercutindo bem nas plataformas de streaming e nas redes sociais. A música, que usa a alegoria da bruxa para abordar o empoderamento feminino, ganhou mais camadas ao ter o videoclipe gravado no Horto Florestal de Rio Claro, que possui sua própria lenda urbana relacionada: a Bruxa do Horto, uma mulher que supostamente viveu na floresta, vexada pela sociedade por lidar com plantas e poções, e cuja alma agora assombraria a mata.
“A gente gravou esses clipes antes do lançamento do álbum, então a gente não sabia se ‘A Bruxa’ ia ser uma música que as pessoas iam gostar ou não. Mas vejo agora que foi uma escolha acertada, porque é uma música bem diferente pra gente, longa, a gente sabe que a tendência da indústria hoje é comprimir cada vez mais as músicas para ficarem mais curtas e acessíveis”, diz Yasmin. “‘A Bruxa’ vai em outro caminho, ela conta uma história em que a gente se inspirou em situações que passamos todos os dias, tendo a bruxa como tema, e na hora de gravar o clipe achamos que seria perfeito se desse certo no Horto”, explica.
A vocalista conta que a floresta trouxe a atmosfera e o cenário ideal para a música: “foi a cereja do bolo”. A música traz ainda a batera de Cláudio Montevérdi, da banda paraibana Korvak. O disco traz outras participações especiais inesperadas, como a da MC Taya e a percussão do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado.
“A gente já tinha tido contato com a MC Taya em outras oportunidades e sabíamos que era uma pessoa super legal. Achamos que seria mais interessante trazer alguém de outra vertente que não fosse ligada ao metal. Ela é um talento”, explica Yasmin. Sobre a participação do Cordel, ela conta que a banda já queria ter uma parceria com eles há bastante tempo. “Temos uma admiração muito grande pelos músicos e, nesse álbum, veio a oportunidade perfeita de fazer esse convite”, relata.
Mesmo com tudo isso acontecendo, a banda ainda permanece com os pés no chão. “Tem quem fale que somos uma banda grande. Acho que já é um pouco demais, sabe? Ainda temos muito espaço a alcançar também e quebrar barreiras que a gente ainda enfrenta, que bandas grandes já não passam mais, sabe? Acho que o Sepultura já passou do ponto de ser limitado por tocar metal: é o Sepultura e pronto”, pondera. “Então, esse passe livre que algumas bandas têm, a gente não tem, mas fico feliz de saber que há pessoas que nos consideram uma banda relevante”, finaliza.
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Bruno Sutter traz Massacration para Goiânia e celebra sucesso da banda
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José Abrão Goiânia – O Deus Metal estará presente em Goiânia neste domingo (6/4): a banda Massacration apresenta a turnê do seu novo disco, Metal is My Life, no palco do Bolshoi Pub, com clássicos e músicas novas no repertório. A banda surgiu ainda no começo dos anos 2000 como esquete humorístico do programa Hermes & Renato da MTV, satirizando os estereótipos das bandas e fãs de Heavy Metal. Duas décadas depois, o grupo está consolidado e com agenda lotada de shows: serão 50 este ano e mais 50 já confirmados no ano que vem.
À frente do grupo está Detonator, autodeclarado o maior vocalista de todos os tempos e filho encarnado do Deus Metal. Por trás da persona histriônica está o muito tranquilo Bruno Sutter, humorista e músico responsável por conduzir este e muitos outros projetos musicais pelo Brasil. A banda havia parado em 2012 para a carreira solo do Detonator, retornou em 2016, lançou algumas músicas até, enfim, gravar o novo disco e sair em turnê.
“A gente já tinha quatro singles e aí resolveu lançar o Metal is My Life no ano passado porque sentiu que era o momento certo”, relata Sutter. Além da agenda cheia, o disco foi escolhido o melhor álbum de metal do ano, e Detonator foi eleito o melhor vocalista de metal do ano pela revista Roadie Crew, uma das mais tradicionais publicações metaleiras do Brasil: “Foi um presente muito legal pra gente”.
O músico conta que o público da banda passou por uma renovação: se antes era composto por fãs de Hermes & Renato, agora há toda uma geração de jovens que conheceram o grupo pela música. “Isso aí é um fenômeno muito legal, é uma coisa muito difícil para um artista conseguir. Acho que talvez pelo fato de ser uma banda humorística, isso abre muitas portas, inclusive para irmão mais velho que mostra para irmão mais novo, pai que mostra para filho, ou simplesmente por memes de internet. Aí o pessoal vai descobrindo Massacration de formas diferentes, mas que vão angariando sempre novos públicos. Isso aí é maravilhoso”, afirma.
No começo, muitos metaleiros não gostavam ou não entendiam o Massacration. Bruno avalia isso como coisa do passado, ainda mais depois de a banda ser contemplada pela 'Roadie Crew' no ano passado. “Quando aparece uma coisa nova, ela impacta, choca ou assusta, e o Massacration fez isso. Era uma ideia muito diferente para o Brasil. Apesar dos Mamonas, o Massacration era uma coisa diretamente com o metal, e isso na época assustou muita gente. Mas depois, com o tempo, o pessoal foi vendo que o nosso background de conhecimento musical é vasto. Hoje em dia, não percebo nenhuma implicância em cima do Massacration, muito pelo contrário”, afirma.
Na nova turnê e no novo disco, o visual da banda remete ao gênero do Power Metal, vulgo “metal espadinha”, um gênero dentro do Heavy Metal que mistura a música pesada com fantasia. “O primeiro disco era aquela coisa de couro, mais tradicional [do metal clássico]. No segundo disco, a gente quis fazer uma brincadeira estética com a coisa do glam metal. E, nesse, a gente queria fazer uma coisa diferente também, para sempre estar renovando a parte visual. É sempre muito importante pra gente trazer coisas novas”, explica, mas afirma que o som da banda, apesar de inventivo, se aproxima mais do estilo tradicional.
Nos últimos anos, e com o sucesso do streaming, outras bandas humorísticas do rock pesado se tornaram mais conhecidas, como Gloryhammer, Steel Panther e Feuerschwanz. Porém, Sutter relata que não conhece nenhuma delas e que a abordagem para o Massacration sempre foi made in Brazil. “Sou meio ignorante no sentido de pesquisar a respeito de bandas humorísticas de Heavy Metal. O Massacration é totalmente abrasileirado, a gente não pega referência nenhuma lá de fora. A gente usa os costumes brasileiros e a cultura brasileira para ser o nosso ponto de referência de homenagem/sátira no Brasil. Falamos muito sobre costumes e comidas daqui. Eu diria que somos uma das bandas que mais usam essa ‘brasilidade’ no sentido literal da palavra”, comenta.
E com outros estilos? Será que, aproveitando as visitas a Goiânia, daria pra misturar Heavy Metal e sertanejo? “O humor é uma tela em branco, né, cara? São infinitas possibilidades. Eu tenho vários projetos em mente para o futuro. Isso aí eu acho que calha mais para a carreira solo do Detonator. Já pensei em fazer um ‘detonejo’, com essa pegada do sertanejo universitário. Isso ficaria muito engraçado, mas não é uma coisa pra agora”, diz. Homem de mil projetos Já o próprio Bruno Sutter pode não ser filho do Deus Metal, mas tem a agenda de um: o músico já visitou Goiânia com o projeto "Bruno Sutter executa 50 anos de Iron Maiden" e já volta à capital no próximo dia 17 com o show "Dream Theater Tribute" ao lado de Marcelo Barbosa e Felipe Andreoli, da banda Angra, também no Bolshoi Pub. Fora isso, ainda tem uma carreira solo, que ele diz não estar podendo se dedicar no momento por uma questão de agenda.
“Eu já tenho bastante material, sempre gostei muito de compor. Tenho por volta de 10 músicas já prontas. O problema é agenda. Além do Massacration, o meu tributo ao Iron Maiden vai ter mais 40 shows e ainda tem os shows do Dream Theater”, comenta. Seu único disco é de 2015, e, de lá pra cá, ele tem lançado alguns singles no streaming, mas ainda nada de um novo álbum. “É muita coisa. Acabo não achando tempo para concluir isso. Mas eu gostaria muito de poder lançar, tipo, até o ano que vem, pra manter o trabalho aceso”, completa. Em relação ao tributo ao Dream Theater, ele se refere ao projeto como “mágico” e conta que esteve à frente de um dos primeiros covers da banda em 1998, ainda em Petrópolis (RJ), sua cidade natal. A agenda ainda é curta devido aos compromissos dele com a Angra, mas ele destaca o quanto os shows têm sido lotados e o primor técnico do grupo: “O time é infalível. Acho engraçado porque, nesses shows, parece que não temos um público, e sim uma banca (risos), pois os fãs do Dream Theater são muito fervorosos. Eles sabem todas as notas, todas as músicas... Você tem que estar com o psicológico preparado”, brinca.
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Diretor goiano Erico Rassi leva ‘Oeste Outra Vez’ para todo o Brasil
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José Abrão Goiânia – O longa goiano Oeste Outra Vez estreia nacionalmente em 50 salas de exibição espalhadas por todo o Brasil nesta quinta-feira (26/3). O filme foi o principal vencedor do Festival de Cinema de Gramado no ano passado, conquistando os prêmios de Melhor Fotografia, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Filme. Ele chegou a Goiás mais cedo: primeiro em uma pré-estreia no dia 23 de fevereiro, durante a mostra O Amor, a Morte e as Paixões, em Goiânia, e depois, a partir do dia 6 de março, quando entrou em cartaz no Cine Cultura, onde ainda continua em exibição, além de outras salas comerciais da capital.
O filme foi inteiramente rodado em São João d’Aliança, na Chapada dos Veadeiros, Goiás, incluindo trechos gravados no Vão do Paranã. A trama acompanha a briga entre Totó (Ângelo Antônio) e Durval (Babu Santana), motivada por uma mulher, Luísa (Carol Tanajura). A situação se agrava quando cada um contrata pistoleiros para eliminar o outro, gerando um rastro de fúria e violência.
Este faroeste moderno bebe da mesma fonte do filme anterior do diretor e roteirista Erico Rassi, Comeback (2017), estrelado por Nelson Xavier no papel do matador Amador. “Oeste é uma espécie de continuação de uma pesquisa que comecei com o nosso filme anterior, que fala um pouquinho desses homens que são violentos, mas, ao mesmo tempo, frágeis, vivendo nessas regiões isoladas. Acho que o disparo inicial do roteiro foi falar um pouquinho desses homens”, relata.
Para se aprofundar na ideia, Rassi fez uma extensa pesquisa, circulando pelos fundões do interior goiano e entrevistando diversos homens. Ao mesmo tempo, também realizou uma pesquisa literária, revisitando grandes autores regionalistas brasileiros que desbravam os sertões em suas páginas.
“Eu comecei com Guimarães Rosa e li Sagarana duas vezes em sequência. Terminei e já comecei de novo. Nele, tem um conto específico, 'O Duelo', que me deu o primeiro fiapo narrativo para a escrita do roteiro. Ele fala de dois homens apaixonados pela mesma mulher, que saem pelo sertão de Minas, um tentando matar o outro. Mas o que ficou foi basicamente isso”, explica.
Nas suas leituras, também revisitou os goianos Hugo de Carvalho Ramos e Bernardo Élis, além dos baianos João Ubaldo Ribeiro e Jorge Amado. “Tudo que trazia essa mistura do sertão, que podia ser goiano, mineiro, baiano, e que trouxesse essas masculinidades ao mesmo tempo. Então, tudo foi ajudando a compor essa narrativa”, pontua.
O diretor viu no faroeste um canal ideal para explorar esses temas. “Acho que o cinema de gênero é muito bom para contrabandear questões. Ele é mais eficiente para trazer um tema e provocar reflexão do que simplesmente esfregar esse tema na cara do espectador”, afirma. “Principalmente o western, que é um gênero muito definido pela ambientação. Quando a narrativa se passa em uma região onde a sensação é de que o poder, a lei e a ordem não estão totalmente constituídos, isso permite que esses homens violentos e frágeis botem em prática suas tendências mais brutais”, completa. Ambientes e elenco
A fotografia premiada em Gramado é um espetáculo à parte, explorando a chapada e o Cerrado goiano, que, segundo Rassi, funcionam como o nosso próprio Monument Valley — locação famosa de dezenas de westerns americanos. “Passamos cerca de um ano fazendo testes de locação. Já conhecíamos a região da chapada e, desde o início, era nossa intenção filmar lá, mas não sabíamos exatamente onde”, explica o diretor. São João acabou sendo escolhida por também atender às cenas urbanas do filme e por uma questão de logística e praticidade para a equipe de filmagem.
Outro destaque do filme está na performance também premiada de Ródger Rogério, grande nome da música brasileira, no papel de Jerominho, um pretenso capanga que rouba a cena do alto dos seus 81 anos de idade. “Escrevi o personagem pensando no Nelson [Xavier], mas ele faleceu entre um filme e outro. Fiquei muito tempo retido na persona do Nelson, não conseguia enxergar outro ator fazendo o Jerominho. Fizemos vários testes, acho que cogitamos uns 100 atores do Brasil inteiro”, relata o diretor.
O nome de Ródger chegou por meio da diretora de elenco, e o teste foi feito por videochamada, seguido de um teste presencial que conquistou o diretor, inicialmente preocupado com a idade avançada do ator. Porta aberta, o filme traz no elenco outro octogenário de peso: Antônio Pitanga, veteraníssimo ator consagrado pelos diretores do Cinema Novo.
“É uma dessas pessoas que são um sonho para todo mundo, com quem todos querem trabalhar. São lendas. Tive muita sorte de trabalhar com o Nelson, com o Pitanga, que estão associados à minha formação”, celebra.
Por fim, Rassi convida o público a ver o filme na telona, em vez de esperar que ele chegue às plataformas de streaming, e destaca o bom momento do cinema brasileiro: “A gente tá muito otimista. O filme está num momento muito bom, sempre recebendo críticas muito positivas, e acho que o cinema nacional, como um todo, também está num momento muito bom, com o público voltando pro cinema pra consumir conteúdo brasileiro, muito devido ao Ainda Estou Aqui, mas também a outros filmes. Estamos nos beneficiando disso”.
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Virilidade, faroeste e ‘Oeste Outra Vez’
Acesse em: https://aredacao.com.br/colunas/229339/jose-abrao/virilidade-faroeste-e-%E2%80%98oeste-outra-vez
O sertão de Goiás é vasto. Suas planícies infindáveis, suas chapadas monumentais, seus cafundós apartados do mundo. O isolamento é esmagador e reflete a solidão, a vileza e a crueldade auto imposta dos personagens de Oeste Outra Vez, novo filme do goiano Erico Rassi e vencedor de três kikitos no Festival de Cinema de Gramado: Melhor Ator Coadjuvante para Rodger Rogério, Melhor Fotografia e Melhor Filme. Todos os três merecidos. A trama acompanha uma ‘treta’ entre Totó (Ângelo Antônio) e Durval (Babu Santana) em uma cidadezinha sem nome nos fundões de Goiás, um cenário, mundo e personagens que poderiam saltar das páginas regionalistas e góticas de Hugo de Carvalho Ramos e Bernardo Élis. O motivo da briga: uma mulher, Luísa, que só aparece de costas uma vez na primeira cena. Logo um coloca um pistoleiro atrás do outro e as coisas rapidamente saem do controle. Comecei falando da fotografia porque é algo que chama a atenção de cara: monumental e opressiva, distante e solitária, ela dialoga não apenas com os personagens em tela, mas com o gênero western clássico, que nos remete aos filmes de John Ford, em particular Rastros de Ódio (1956). O segundo pensamento é como o faroeste (ou neo-faroeste para quem quer ser mais pedante) serve como uma luva para o cinema goiano e para a trama dessa história. André Bazin escreveu que o faroeste é um gênero americano por excelência e há muito de pertinente em sua análise, Mas chama atenção, também, como o fascínio pela fronteira transcende o imaginário ianque e como ele dialoga profundamente com nossas realidades, anseios e medos. A fronteira se torna metafórica, metafísica, quase um círculo mágico de um imaginário de violência e virilidade deslocado de um tempo-espaço ancestral: está no aqui e agora, no coração dos homens.
Muito tem se falado sobre como o filme é uma fotografia nua e crua da crise profunda de masculinidade contemporânea, tema em alta ainda mais depois do sucesso estrondoso da chocante minissérie Adolescência. Se a série da Netflix joga luz sobre os jovens isolados em seus quartos, Oeste Outra Vez ilumina os adultos, isolados em seus corações, sisudos, grossos, violentos e, mais do que tudo, sozinhos e incapazes de enxergar a própria violência como causa da própria solidão avassaladora. Broncos, eles dominam a tela e os diálogos do filme ao mesmo tempo em que são capengas, comicamente falhos e incompetentes e não conseguem sequer manter uma mísera conversa entre eles, mesmo quando há quatro sujeitos em cena ao mesmo tempo. Dentro do cinema de gênero, o filme assimila o western recaracterizando elementos do imaginário do estilo: os saloons viram bares de beira e estrada; os cavalos viram carros batidos pelas estradas de chão; os caubóis de chapéu viram pistoleiros de boné; o uísque vira a pinga bebida pura. Bazin aponta outras características narrativas elementares do gênero como a violência, ideias próprias de moral e lei, e o embate primordial em que somente os fortes, os rudes e os corajosos têm vez, todas presentes e reapropriadas no filme de Rassi. Caso não tenha ficado claro, Oeste Outra Vez é um filmão: é bom, bonito e te bota pra pensar. Além disso, é prata da casa, deve ser valorizado e não deve passar batido.
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Banda Crypta busca substituta após saída de guitarrista: "Com calma"
Acesso em: https://aredacao.com.br/cultura/228867/banda-crypta-busca-substituta-apos-saida-de-guitarrista-com-calma
José Abrão Goiânia – A banda brasileira de death metal Crypta surpreendeu os fãs no dia 10 de março ao anunciar, por meio das redes sociais, a saída da guitarrista Jéssica di Falchi. Apesar da mudança, as turnês já agendadas para abril e maio não serão afetadas.
Em entrevista exclusiva ao jornal A Redação, a vocalista, baixista e frontwoman da Crypta, Fernanda Lira, afirmou que os compromissos da banda seguem firmes e que não há tempo para pausas. “A gente precisa fazer turnê porque a gente está com um posicionamento bom na cena. Não podemos deixar essa chama morrer.” Portanto, se você é uma talentosa guitarrista de Goiânia — ou de qualquer outro lugar — e sonha em se tornar uma rockstar metaleira no cenário global: a chance é agora. Fernanda Lira revelou que a banda já iniciou audições e está recebendo bastante material. “Estamos abertas a mulheres de qualquer lugar do mundo. Já estamos fazendo algumas audições à distância e temos pessoas engatilhadas para as próximas turnês”, destacou.
A composição do novo disco também não será afetada. Lira explica que Jéssica não participou da elaboração do álbum anterior, portanto, o time de composição permanece o mesmo. “Como já temos essa segurança para fazer a turnê e compor o disco, vamos fazer essa escolha com muita calma. Então é muito provável que as pessoas saibam quem é a nova guitarrista da Crypta no ano que vem”, afirma.
Ela detalha o perfil da nova integrante que a banda busca: “Vamos fazer turnê com diferentes meninas. Não é importante só ter a técnica, queremos uma combinação de fatores. Queremos ver como é o desenho compondo e tocando death metal especificamente, que aguente o tranco e que seja tranquila na convivência. E como a gente consegue analisar isso? Convivendo e trabalhando junto”, explica. “Essa vaga está em aberto, então mandem sim material, por favor”, completa. O contato pode ser feito por meio das redes sociais da banda (@cryptadeath). Lira também reforça a importância de manter a formação 100% feminina da Crypta. “A banda sempre será composta por mulheres. É uma questão ideológica minha mesmo. As mulheres ainda precisam de muitas oportunidades. A nossa cena musical não possui uma equidade. Ter bandas femininas, dando espaço exclusivamente para mulheres, é uma forma de garantir que mais mulheres ocupem espaços que sempre sonharam em ocupar, e isso acaba inspirando outras mulheres”, destaca. Novo disco e turnês
Mesmo assim, Lira afirma que, para 2025, o plano é reduzir o número de shows, já que a banda pretende lançar um novo álbum no ano seguinte. “É muito importante tomar um tempo para descansar e fazer o disco. Então, a gente reduziu o número de turnês este ano. Pegamos alguns meses e falamos: ‘vamos colocar aqui’”, relata. Ainda assim, o grupo passará pela Europa, pelos EUA e pela América Latina, além, é claro, de realizar shows no Brasil.
Embora ainda não tenha sido oficialmente divulgada, Fernanda confirmou que a turnê brasileira será em julho. “Estamos fechando as últimas datas. Vai ser anunciada nos próximos meses. Mas vamos fazer uma turnê pouco extensa, de um mês, tentando contemplar o máximo de capitais possíveis para o pessoal poder ver a banda”, explica. Outro motivo para isso é que Lira sentiu que, no último ano, a Crypta passou muito tempo fora do Brasil e agora quer valorizar mais a comunidade local, que representa seu maior público.
Sobre o novo disco, ela ressalta que o processo exige tempo e planejamento. “A gente não só precisa de bastante tempo para compor, como toda a produção exige planejamento. Então, o que geralmente fazemos é calcular quando gostaríamos de lançar o disco e trabalhar de forma retroativa. Nosso álbum está previsto para o segundo semestre de 2026. Então, ele ainda vai demorar bastante para vir, exatamente porque queremos fazer com calma, com esmero, e entregar o melhor álbum possível”, garante Lira.
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Fernanda Lira relembra legado e vida de Amy Winehouse com show em Goiânia
Acesso em: https://www.aredacao.com.br/cultura/228940/fernanda-lira-relembra-legado-e-vida-de-amy-winehouse-com-show-em-goiania
José Abrão Goiânia – A cantora britânica Amy Winehouse foi um dos maiores fenômenos musicais dos anos 2000. Seu segundo álbum, Back to Black (2007), marcou época e a consagrou como um dos grandes nomes da música mundial. A artista fez história ao vencer cinco prêmios Grammy, tornando-se, até então, a primeira britânica a conquistar tantos troféus no mesmo ano. No entanto, um terceiro disco nunca veio: vítima do próprio sucesso, fragilizada pela pressão da fama e lutando contra o vício em drogas, Amy morreu em 2011, aos 27 anos.
Seu legado, porém, perdura, e a artista se mantém influente e popular em diversos círculos. De lá para cá, ela vendeu mais de 40 milhões de discos. Quem agora honra essa obra é a cantora paulista Fernanda Lira, que traz ao Centro Cultural Martim Cererê, em Goiânia, o show Remembering Amy – Fernanda Lira Canta e Conta Amy Winehouse. A apresentação reúne os grandes sucessos da britânica e também revisita sua história e trajetória de vida.
“Sempre achei muito injusto como a mídia retratava ela, né? Ela faleceu com a fama de beberrona, de drogada, sendo que era um período em que ela estava tentando se recuperar. Eu pensei: por que não fazer um projeto em que eu possa mesclar a questão do tributo musicalmente falando, mas também contar um pouco sobre a vida dela, prestar um tributo completo, não só à música dela, mas também à história dela, ao legado dela?”, conta Fernanda Lira. “Então, além dessa parte musical, que é legal, também é divertido fazer essa parte da biografia comentada, para a gente abrir esse debate sobre saúde mental, sobre fama e contar um pouco mais de quem era o ser humano por trás da artista”, completa.
A apresentação em Goiânia acontece em uma edição especial do Cidade Rock neste sábado (22/3), com uma programação inteiramente feminina a partir das 19h. A entrada é gratuita até as 20h mediante a doação de 1 kg de alimento. Após esse horário, o valor é de R$ 30, mais a doação de 1 kg de alimento. O que pouca gente sabe é que Fernanda é vocalista, baixista e frontwoman da Crypta, uma das mais consagradas bandas de death metal do Brasil, composta inteiramente por mulheres. A ponte entre gêneros tão distintos pode surpreender algumas pessoas, e isso também ajudou a motivar o projeto. “Geralmente tem essa coisa do estereótipo, né? As pessoas acham que quem escuta metal e toca metal é pouco eclético. Só que quem me segue já sabe que eu tenho esse ecletismo, que tenho essa facilidade em ouvir outras coisas”, comenta. Ela se refere aos seus seguidores no Instagram e foi exatamente por meio da rede social que a ideia do show surgiu. Fernanda ocasionalmente posta vídeos cantando músicas de diferentes estilos, do blues ao pop. “Só que sempre que eu postava Amy Winehouse, as pessoas gostavam muito e falavam: ‘Poxa, você tinha que ter um projeto com esse tipo de voz’. Eu realmente tenho um plano de, daqui a alguns anos, ter um projeto em que eu possa explorar mais esse vocal limpo, né? Porque no death metal eu uso o famoso vocal gutural. É uma ideia a médio prazo, eu não tenho esse tempo agora, mas pensei: ‘Poxa, seria legal fazer algo nesse sentido’.”
Daí o projeto começou a se formar: ambas as artistas são contraltos e então foi feita a busca para montar uma banda de jazz, soul e blues para amparar toda a parte técnica ao redor das músicas da Amy. Foi formada uma equipe de 10 músicos, sendo oito mulheres, e a estreia finalmente ocorreu em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, no Cine Joia, em São Paulo. “Foi incrível, muito melhor do que eu podia esperar. Obviamente, eu tava super nervosa. Eu não tenho medo de palco com a Crypta, eu nunca tive. Mas é um projeto novo, primeira vez fazendo um show inteiro cantando limpo, é um passo diferente na carreira. Eu não sabia a proporção que seria, é uma casa grande, por que a gente não fez isso em um bar?”. O temor se provou infundado: a casa encheu e não só de fãs da Crypta, mas com muita gente que não conhecia Fernanda. “Achei incrível ter essa variedade de público e depois falei com algumas pessoas e o feedback que eu tive foi muito bom. Todo mundo gostou muito da parte musical, da fidelidade que a gente teve no visual, nos arranjos, na própria voz. Eu fiz o máximo que eu pude”, relata. E Goiânia acabou privilegiada nessa equação: o segundo show já será o daqui, nesta semana, logo após a estreia do projeto. “A gente vai levar um formato um pouco reduzido para Brasília e para Goiânia, mas vai ficar muito legal do mesmo jeito. A gente quer levar para máximo as cidades possíveis que tiverem interesse”, pontua.
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Mulheres ocupam cena alternativa de Goiânia com esforço e resistência
Acesse em: https://aredacao.com.br/cultura/227121/mulheres-ocupam-cena-alternativa-de-goiania-com-esforco-e-resistencia
José Abrão Goiânia – A cena musical alternativa e independente de Goiânia sempre se destacou pela efervescência, especialmente entre o final dos anos 1990 e o final dos anos 2010. Embora o rock tenha sido o eixo central desse movimento, a predominância masculina tornou o espaço, por muito tempo, fechado e pouco inclusivo.
No entanto, ao longo dos anos, artistas femininas passaram a ocupar esses palcos, ampliando fronteiras e diversificando estilos. Esse movimento abriu caminhos para outras mulheres e, além disso, impulsionou uma nova geração de músicos, tornando a cena mais plural e representativa.
A cantora Bruna Mendez está na cena há 15 anos, explorando diversos caminhos da MPB. Em sua visão, a cena roqueira da capital sempre teve um forte aspecto de “clube do Bolinha”, o que levou muitas artistas a desbravarem outros gêneros. Mendez já lançou três discos autorais, sendo o mais recente, 'Nem Tudo é Amor', em setembro do ano passado.
“Talvez por Goiânia ter essa cultura de festival de música independente e por essas bandas serem formadas, em sua maioria, por homens, o cenário não era tão voltado para meninas e mulheres. Acho que, por isso, acabamos ocupando outro lugar na música”, diz. “Mas, à medida que o tempo passa, temos mais representatividade, surgem novas figuras que, por sua vez, influenciam outras meninas”, completa.
Mendez destaca, porém, o papel fundamental que o Centro Cultural Martim Cererê teve em sua formação, funcionando como uma verdadeira Meca da música alternativa na capital, aberta a todo tipo de artista. “Cresci no Martim Cererê vendo só um monte de caras tocando (risos). Mas eu queria estar ali, queria ocupar aquele espaço. Talvez, se eu tivesse visto uma mulher com o mesmo destaque que eles, teria tido coragem de entrar na música antes”, comenta. “O Martim teve uma importância gigantesca na minha formação. Saía da escola na sexta-feira, depois da prova, e sempre tinha alguma coisa acontecendo por lá, não importava o quê”, lembra.
Hoje, ela avalia que a presença feminina na cena está mais forte e inclusiva. “Foi algo que nós mesmas construímos, ocupando um espaço por resistência, por querer estar ali e ser melhores”, diz.
Ela lamenta, porém, que, em sua visão, a cena não seja mais tão efervescente, especialmente ao redor do Martim Cererê, no que diz respeito à formação de novos públicos. “Esse lance do Martim tem muito a ver com construção e formação de audiência. São atrações relativamente baratas, você vai, assiste e, de repente, gosta de uma banda e começa a segui-la depois. É toda uma construção que se perde”, observa. Ocupando o rock
A cantora Salma Jô é a frontwoman da Carne Doce, uma das bandas mais populares de Goiânia no cenário nacional, além de integrar o projeto paralelo Salma & Mac. Com letras que sempre exploraram o sexo e o erotismo, além de uma presença de palco forte e sensual, ela relata já ter sido alvo de machismo, principalmente na internet. “Ser a frontwoman e ter essa exposição proporciona e exige um certo poder. Na realidade, sou muito insegura, mas sinto que isso faz parte do meu jeito de trabalhar como artista. Tem que haver alguma ousadia, senão acho sem graça. Eu acho divertido escrever sobre sexo, é um assunto interessante, inspirador, e gosto de ser sensual no palco”, afirma.
Em sua formação, ela também destaca o papel fundamental do Martim Cererê: “O palco do Martim foi onde vi a criatividade da forma mais crua, amadora e próxima, feita por gente da minha cidade, parecida comigo. A performance do rock, na época, se dividia entre algo explosivo, sensual e visceral, ou algo mais intelectual e introspectivo. Acho que fui influenciada por todo esse contexto e esses estilos. Sem o Martim, talvez eu nunca me imaginasse fazendo algo parecido, sentiria que a música não era para mim”, diz.
Estar à frente de uma banda de rock “trouxe algumas dificuldades, naturalmente, porque o machismo persiste e muitas vezes se impõe. Mas também vivi esse movimento de valorização da identidade e da criação feminina. Já tinha consciência de que seria mais ou menos assim, mas ainda é algo sobre o qual aprendo na prática, no dia a dia”, assegura.
Atualmente, a banda está em São Paulo, e Salma comenta que ainda há uma fronteira muito nítida entre estar e não estar na Pauliceia. “Quem é do interior do Brasil, independentemente do gênero ou estilo, está excluído da cena de música independente, da imprensa cultural, das oportunidades, dos palcos e dos festivais. O que nos falta hoje é uma economia cultural mais descentralizada e sustentável em todo o país, especialmente no interior”, relata.
Em sua visão, ao longo de 10 anos de carreira, a cena mudou drasticamente e está muito mais diversa: “Nós mesmos surgimos em um movimento de diversificação. Suspeito que, antes, estilos diferentes tinham de coexistir no mesmo espaço, e que hoje estamos mais divididos em bolhas que não se comunicam. Quando comecei a frequentar esse cenário, a toxicidade, em vários aspectos, era motivo de orgulho, símbolo de diferenciação e de poder. Acho que esses valores mudaram radicalmente”, pontua.
E a agenda da banda continua agitada: eles vão lançar em vinil seu último disco, 'Cererê', que celebra o espaço cultural da capital, além de realizar shows em São Paulo, Brasília e Goiânia. “Também estamos preparando um show especial para o meio do ano, em que faremos uma retrospectiva da cena indie brasileira dos anos 2010 e dos nossos 10 anos de carreira. Já com o Salma & Mac, estamos planejando alguns shows no exterior”, enumera. Nova geração
A cantora Maduli tem apenas 23 anos e iniciou sua carreira na música há três anos, trazendo uma proposta ainda mais diferente e totalmente única para Goiânia: o pop. Inspirando-se tanto em nomes nacionais quanto em divas como Beyoncé, a artista é a prova de que há espaço para tudo no underground goianiense.
Ela avalia que o cenário está, de fato, mais diverso e inclusivo, com várias mulheres se destacando: “A cena feminina aqui em Goiânia é muito rica. Temos muitas artistas mulheres, amigas, cantoras, artesãs, empreendedoras, enfim.” Mas isso não significa que seja fácil. Para ela, “o que falta mesmo para nós é espaço. Que consigamos ocupar esses espaços, nos apresentar e estar nos grandes festivais.”
As conquistas, no entanto, são sempre celebradas: em março, ela abrirá o show de Maria Gadú no Festival das Minas.
A artista comenta que, por exemplo, não viveu a fase de efervescência do Martim Cererê, lembrando apenas de alguns shows esporádicos. Ela, inclusive, se apresentou na reabertura do espaço após a pandemia, em 2022. Agora, apenas conseguir se apresentar já é um desafio: “Viver de música é um processo de resistência absurdo, principalmente aqui em Goiânia. Sendo mulher, cantora alternativa e independente, é ainda mais difícil. Do final do ano passado até agora, está impossível [fazer show]. Não tem nada”, diz.
Apesar disso, ela não desanima: “É um sonho difícil de sustentar e caro de manter. Sempre que surge um evento, a gente tem que se enfiar, tem que ser carudo, falar, se apresentar, mostrar o trabalho que você vai propor. Tem que insistir e ser chato mesmo”, argumenta.
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DJ goianiense volta à capital após fundar escola feminina de DJs no Marrocos
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José Abrão Goiânia – A publicitária Anna Flávia de Castro é mais conhecida agora por outro nome: Maria Malasangre. A DJ goianiense volta à terrinha para tocar um set nesta sexta-feira (21/2) no Shiva Alt Bar, em Goiânia, após se tornar uma cidadã do mundo. Desde 2011, morou em São Paulo, Buenos Aires e diversos países latino-americanos antes de ir para Barcelona, na Espanha, e, mais recentemente, se instalar no Marrocos, onde fundou a primeira escola feminina de DJs do país. A história começou na época em que ela cursava Design de Moda na Universidade Federal de Goiás (UFG) e decidiu fazer um curso na Argentina enquanto a faculdade estava em greve. “Nunca tinha morado em outra cidade. Nunca tinha morado em outro país. Era realmente muito goiana, tinha 20 anos, era ingênua e sem muito conhecimento do mundo lá fora. Aí vou para Buenos Aires para fazer esse curso, fico lá seis meses, e acabaram se transformando em sete anos”, conta. Por lá, começou a trabalhar em albergues, bares, como fotógrafa em baladas e em tours com turistas enquanto fazia o curso. Ao longo dos anos, morou em 11 casas, sempre dividindo com outras pessoas. “Comecei a ter um contato muito grande com pessoas de outros países da América Latina, coisa que em Goiânia eu não tinha. Pessoas do Equador, do Chile, do México, da República Dominicana, enfim, isso começou a me abrir a cabeça para ritmos musicais, para comidas, coisas que eu não sacava. E agora, quando olho para trás, vejo que isso foi muito importante para o lugar em que me encontrei na música hoje em dia”, avalia. Nesse período na Argentina, Anna Flávia se formou em Publicidade e voltou para o Brasil, para São Paulo, onde começou a atuar na área. Lá, tornou-se amiga próxima de uma chilena e de uma argentina. “Nos reuníamos sempre e, numa dessas reuniões na casa de uma delas para tomar cerveja e tal, conversando, a gente falou: nossa, eu queria muito ir para uma festa de reggaeton, né? Não tinha festa de reggaeton em São Paulo, em 2018. E aí eu falei: cara, vou fazer uma festa de reggaeton.” E quem seria a DJ? Ela mesma. Na mesma época, viu um estudo que dizia que apenas 4% dos brasileiros se consideravam latinos. Por meio da música, encontrou uma forma de misturar todas as sonoridades que havia conhecido até então: “provar que o Brasil é parte da América Latina é reforçar a latinidade brasileira”.
Veio a pandemia, e ela se mudou para o litoral paulista, trabalhando à distância. Então veio o clique: se estou trabalhando remotamente agora, por que não trabalhar remotamente de qualquer lugar? Mudou-se, então, para o México, efetivamente começando sua vida nômade e sendo gradualmente inserida em outras culturas. No México, começou a tocar e produzir músicas com artistas locais, além de colaborar com músicos da Colômbia, Guatemala e Marrocos, estudando trap, cumbia e outros estilos.
Em pouco tempo, circulou por outros países da América Central, voltando a se estabelecer por um período no Panamá. Para produzir suas músicas durante as curtas estadias nos países, ela se embrenhava nos rolês da cidade, perguntando e conhecendo produtores e artistas locais.
No Panamá, começou a dar aulas de DJ para mulheres, principalmente iniciantes. “Comecei a desenvolver esse método para ensinar do básico, de forma muito simples e intuitiva. Eu não uso termos técnicos, queria algo que você conseguisse entender”. Teve oito alunas lá. Outras meninas se interessaram e foram atrás querendo aprender. Rumo ao Marrocos
Nesse momento, conseguiu uma bolsa de pós-graduação em Barcelona. Durante três meses antes do início das aulas, viajou pela França, Espanha, Croácia e Marrocos. No Marrocos, postou em um grupo para ver se alguém tinha interesse em fazer aulas de DJ de graça: “E apareceram 22 meninas em uma vila de 5 mil habitantes”. Foram cinco encontros. “Passei mais tempo no Marrocos do que em Barcelona durante a pós”, pontua.
Ela está morando lá desde abril de 2023, após várias visitas em 2022. “Foi essa janela de oportunidade que eu encontrei, de ensinar essas mulheres”, afirma. Da primeira vez, disse que foi toda coberta, com medo, lembrando que a imagem que o brasileiro tem do país é a que ficou eternizada na novela O Clone, e que não condiz em nada com a realidade. “O Marrocos é um dos países mais abertos do mundo árabe, é a portinha do mundo árabe. Existem pessoas de outras religiões, tem igreja católica, é bem aberto a outras religiões, tem uma comunidade judaica muito grande. Pela sua localização geográfica, também é um país acostumado com gente do mundo inteiro", relata.
Sobre a escola de DJs, ela afirma que não é uma ideia nova e que não criou nada do zero: “A única coisa que eu fiz foi ter a visão de fazer isso em um país onde não estava sendo feito. E aí eu entrei em contato com vários outros coletivos do mundo para tentar não replicar um modelo já existente em outros lugares, mas encontrar o que cada modelo podia me oferecer para criar um [mais a ver com o Marrocos]”.
Cenas diferentes
Outra questão de estar pelo mundo foi participar de diversas cenas alternativas ao redor do globo. “A diferença que eu posso sentir de uma cena para outra é que, claramente, o que é mainstream em um lugar pode ser alternativo em outro. A linha do tempo não é igual em todos os lugares. O que era mainstream na Europa em 2015 só chegou em 2017 na Argentina e está chegando agora ao Brasil, essa parte do reggaeton. Então, cada cena se move de uma maneira diferente, de forma independente”, comenta.
No mundo árabe, ela enxerga que os desafios para a inclusão das mulheres, ao menos no Marrocos, são muito semelhantes aos enfrentados no Brasil e em toda a América Latina, onde muitos produtores são homens que não contratam mulheres tão facilmente. “Eles falam: ‘Ah, porque eu não conheço nenhuma’. Mano, primeiro que, se você não conhece, você é muito preguiçoso, saca? E esse papo é o mesmíssimo que acontece no Brasil, que acontece em todo lugar. Então, o mundo árabe é realmente tão diferente?”, questiona.
Por fim, a DJ destaca a importância da cena independente para a criação artística, lembrando que frequentou o Centro Cultural Martim Cererê quando era adolescente, algo que a influenciou como artista tantos anos depois. “Eu acho que a cena underground é muito importante, porque a gente não tem acesso a muitas coisas. A cena alternativa é essencial para a cultura artística, para criar esse movimento, para que a coisa não morra. Seguir mantendo, seguir gerando gente nova”, garante.
Ela destaca que a comunidade de DJs mulheres em Goiânia é muito unida, algo incomum no mundo e que ela sempre tenta levar adiante. “Talvez essa seja a minha raiz com Goiânia: a mentalidade de fazer as coisas juntas, lutar pelos nossos direitos de artistas. Provavelmente, isso vem da minha criação em Goiânia”, finaliza.
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Papangu: som experimental e folclore nordestino conquistam os palcos
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José Abrão Goiânia – No dia 8 de fevereiro, Goiânia será palco de um show imperdível da Papangu, uma das bandas mais inovadoras do rock nacional. Nomeada em homenagem às figuras mascaradas do carnaval de Bezerros (PE), a banda de João Pessoa (PB) mistura rock pesado com elementos do misticismo e da cultura popular nordestina, criando um som único e 100% brasileiro.
Formada em 2012, a Papangu ganhou destaque no cenário nacional e internacional com seu disco de estreia, Holoceno (2021), que foi amplamente elogiado pela mídia especializada europeia. O sucesso se consolidou com o lançamento do Lampião Rei (2024), um álbum mais maduro e poderoso, que mergulha no realismo mágico e na narrativa rica do cangaceiro Lampião.
Com uma sonoridade que vai de Sepultura a Hermeto Pascoal, a banda se apresentou no Knotfest Brasil em 2024 e já está se preparando para uma turnê europeia. Em uma entrevista exclusiva ao jornal A Redação, a Papangu falou sobre o seu som e os próximos passos na carreira.
O show em Goiânia será realizado na Casamarela, na Rua 91, no Setor Sul. Os valores dos ingressos ainda não foram divulgados. A mídia geralmente se refere à banda com sendo de rock progressivo, mas como vocês tentariam definir ou explicar o som de vocês?
Marco Mayer (baixista e membro fundador): Rock experimental é, talvez, o jeito mais fácil de descrever o som da Papangu. Mesclamos várias vertentes do rock e do heavy metal com ritmos e harmonia típicos do Nordeste, como o maracatu e o baião, e essa mistura é apresentada com a energia improvisadora do jazz fusion. Termos como rock progressivo e "prog metal" podem levar algumas pessoas a nos associar a artistas que ficam em espectros opostos da intenção artística e do som propriamente dito — por exemplo, nós soamos bem diferente de grupos como Dream Theater — mas sentimos que adotamos parte da estética e da missão que grupos mais aventurosos como King Crimson assumiram. Tem um pessoal que até nos chama de "hermetocore", em homenagem a Hermeto Pascoal, que muito nos influenciou. O ‘Lampião Rei’ está sendo muito bem recebido, foi por meio dele que fiquei conhecendo a banda. Me chamou a atenção ele ser tão diferente do primeiro disco. O que influenciou essa transformação?
Marco: De fato, Lampião Rei não é um disco tão pesado quanto o Holoceno, nosso álbum de estreia, e se aventura muito mais pelo jazz e pela música nordestina. Isso se deve bastante ao perfil dos três novos integrantes: Vitor Alves (baterista que vem da cena do power metal e toca triângulo em trios de forró pé-de-serra), Rodolfo Salgueiro (tecladista veterano do blues, rock, e forró de João Pessoa), e Pedro Francisco (um camaleão musical com profundo conhecimento de jazz e de música brasileira). A bagagem musical desses caras também trouxe uma paleta de cores maior, que foi bem utilizada para contar a primeira metade da biografia de Lampião. Imagino que, como eu, a maior parte dos fãs ouve vocês pelas plataformas de streaming. Qual é a importância dessas plataformas para artistas independentes? Elas pagam extremamente mal, mas o alcance, de alguma forma, compensa? A renda tem vindo mais de merchã?
Marco: As empresas de streaming pagam muitíssimo mal e duvidamos muito que o alcance compense. A Papangu só passou a chamar atenção na cena brasileira após o nosso disco de estreia atrair a comunidade independente estrangeira do RateYourMusic.com e, assim, surgir em sites de crítica musical estrangeira. Com isso, conseguimos vender muitas cópias digitais do disco na plataforma Bandcamp — uma loja on-line independente de música, em que artistas podem vender o material e ainda reter mais de 85% do faturamento, coisa que nunca aconteceria no streaming — e conseguir lançar a versão física por uma gravadora inglesa. Hoje a nossa renda primária vem de vendas de discos no Brasil e no exterior, e da venda de merchandising no Brasil. Sem merchã, nenhuma banda brasileira consegue sobreviver. Como foi a experiência de tocar no Knotfest? Deu um frio na barriga de tocar para um público grande, em que muita gente não conhecia a banda?
Marco: Foi absolutamente incrível e surreal, uma oportunidade fantástica pela qual somos imensamente gratos. Sinceramente, metade de nós não sentiu nervosismo, porque não só temos experiência de palco como também tínhamos grandes amigos na equipe técnica, o que nos tranquilizou bastante. E a recepção da galera nos trouxe bastante instiga para entregar um show enérgico e se arriscar no palco. Mal vemos a hora de tocar no próximo festival! Acho que é sempre importante ressaltar a escolha por cantar em português e fazer música inspirada na cultura brasileira. Essa escolha foi feita desde o início? Muitas bandas brasileiras de rock optam pelo inglês para viabilizar um ano todo de turnê no circuito de festivais da Europa. A pegada brasileira fechou essa porta ou existe um atrativo pelo fator ‘made in Brazil’?
Marco: Foi uma decisão feita desde a gênese da banda. Como a gente sempre quis cantar sobre o folclore e a cultura do Nordeste, não fazia sentido algum para nós cantar em inglês; pareceria artisticamente desonesto, sabe? E mesmo cantando em língua portuguesa, atraímos a atenção de uma agência de booking europeia e temos uma turnê marcada na Europa em agosto, com passagem confirmada por dois dos festivais mais tradicionais de rock experimental da Europa (ArcTanGent, na Inglaterra, e o festival holandês Complexity Fest), então isso não foi obstáculo algum para nós. Mais importante do que a escolha da língua é unir muito esforço a um nível obsessivo de esmero com o trabalho da banda, para que ela se destoe do resto. Ano passado vocês sofreram um revés grande que foi o assalto no Rio de Janeiro [criminosos entraram na van da banda e levaram mais de R$ 50 mil em equipamentos]. Vocês conseguiram se recuperar de lá pra cá? A mobilização dos fãs conseguiu cobrir o prejuízo?
Marco: Graças ao apoio de muitos fãs generosos, conseguimos repor mais de oitenta por cento dos custos que sofremos com o assalto (sinistro do seguro do carro, custo de fabricação do merchã e dos discos, etc.), mas ainda não conseguimos recuperar o valor de tudo, tampouco conseguimos recuperar os instrumentos perdidos. Daí a necessidade de entrar novamente em turnê e trabalhar ainda mais para repor nosso caixa e viabilizar nossos planos. Goiânia tem uma cena underground de rock forte, mas que já foi muito efervescente no passado recente. Vocês chegaram a ter contato com alguma galera daqui, curtem algum artista de Goiás?
Marco: Temos contato com o grande Augusto "Chita", que tocava na excelente banda goiana Frieza, de sludge metal. Também adoramos o Trio Cerrado, grupo de jazz do baixista Marcelo Maia, e o chorista Rogério Caetano, lenda do violão de sete cordas. Por fim, para além desta turnê, quais são os planos e projetos para 2025?
Marco: Faremos outra turnê no Nordeste, ainda no primeiro semestre, e tocaremos nossos primeiros shows fora do Brasil em agosto, na Europa! Também planejamos lançar um split com o Test, grupo lendário de grindcore e grandes amigos nossos, e um EP da Papangu com alguns convidados especiais. Vai ser um ano de muito trabalho e som maluco!
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Filme ‘Goiânia Rock City’ mergulha na efervescente cena musical da capital
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José Abrão Goiânia – Estreia na próxima sexta-feira (24/1), no Cine Ritz, no Centro de Goiânia, o documentário Goiânia Rock City. Dirigido por Theo Farah, o filme mergulha na efervescente cena musical independente da capital, desde o início dos anos 2000 até os dias atuais, destacando as bandas e artistas que marcaram a cidade. A entrada da exibição é gratuita e a retirada de ingressos começou on-line no dia 17/1.
A ideia do documentário nasceu a partir de um texto escrito por Farah, em que revisitou suas memórias do primeiro contato com a cena musical, por volta de 2003. “Lembro que entrei naquele ambiente e a atmosfera já me contagiou. Foi a primeira vez que fui ao Martim Cererê. Senti a necessidade de escrever para não esquecer aquele momento”, recorda o diretor. “Isso me marcou muito. Quando saí de lá, pensei: ‘Quero isso para minha vida, quero voltar aqui direto’.”
Nos anos seguintes, Farah se tornou parte ativa da cena independente de Goiânia, acompanhando e testemunhando de perto uma explosão de criatividade. Ele se envolveu de várias formas: participou de bandas, trabalhou como produtor cultural e atuou como roadie. “Nunca levei isso para o lado profissional, mas sempre estive envolvido pela paixão que sentia”, revela. O projeto ficou engavetado por alguns anos, até que recentemente Farah decidiu retomá-lo. “Revisitei o texto, li novamente e pensei: ‘Cara, eu tenho que tirar isso do papel. A memória da cena rock de Goiânia está se perdendo, e algo precisa ser feito sobre isso’”, conta.
A ideia de transformar memórias em um documentário foi ganhando forma gradualmente. Ao lado de Bruno Fiorese, produtor e amigo de longa data, Theo Farah iniciou o projeto com a primeira entrevista, realizada com a banda Hellbenders. O que começou pequeno acabou se expandindo para um total de 27 entrevistas e mais de 50 horas de gravação, que, com muito esforço, resultaram em um corte final de 1h42.
O recorte histórico do documentário surgiu da vivência de Farah, com foco no auge da cena, entre 2006 e 2009. No entanto, o diretor optou por uma abordagem mais ampla, explorando as origens do movimento e como ele se transformou, influenciando o cenário independente nos anos seguintes e na atualidade.
“No final dos anos 1990, já havia bandas relevantes. A Mechanics, por exemplo, já existia e abriu as portas para muitas outras. Depois vieram Hang the Superstars, Violins, e o cenário foi se diversificando”, explica Farah. “Essa diversidade de sons é uma das coisas mais importantes do recorte, porque havia bandas de todas as vertentes do rock naquela época”, completa.
Segundo Farah, essa efervescência inicial abriu espaço para gerações posteriores. “Chegamos nos ‘filhos dos filhos’ dessa geração, como o Black Drawing Chalks, que se tornou um dos maiores representantes da cena. Mas não quis parar por aí. Ainda temos uma geração muito forte depois deles, como o Hellbenders, que é praticamente uma cria do Black Drawing Chalks. Então a gente pega esse ciclo e encerra por volta de 2016”, resume. Tudo isso, na visão de Farah, viabilizou ainda uma nova geração de bandas que estouraram e que vivem em turnê fora da capital, como os Boogarins e a Carne Doce, se consolidando, de fato, no cenário musical profissional e nacional independente. “Essas duas bandas representam um capítulo fortíssimo e importante em termos de alcance de público, porque elas transcenderam as fronteiras do Brasil e levaram a música independente de Goiânia para o mundo”, comenta. Vivendo a cena Hoje mais conhecido por sua arte como tatuador, Victor Rocha foi, nos anos 2000, um dos nomes mais emblemáticos do rock independente de Goiânia. À frente da guitarra e dos vocais da Black Drawing Chalks, uma das bandas mais influentes da cena, Rocha conquistou o Brasil e o mundo. Entre 2007 e 2011, o grupo marcou presença em grandes festivais, como o SWU, o Lollapalooza e o Primavera Sound, em Barcelona, além de realizar turnês que cruzaram o país, literalmente de Norte a Sul: de Rio Branco a Porto Alegre.
A Black Drawing Chalks nasceu como tantas outras bandas da época: no Centro Cultural Martim Cererê, um reduto que inspirou gerações de músicos. “A gente foi muito sortudo, né? Nasceu na geração certa, frequentou o rolê certo, tomou as decisões certas e agradou as pessoas certas. Foi uma união de coisas que nos permitiu viver o auge dessa cena. Outras bandas também viveram isso, mas a gente fez parte dessa história”, reflete Rocha.
Segundo ele, a demanda por bandas de rock não era apenas de Goiânia, mas de todo o Brasil, o que beneficiou grupos como o Black Drawing Chalks, que tinham “fome de palco”. “A única banda independente que eu conhecia que tocava mais que a gente no Brasil era o Macaco Bong. A gente tocava muito, topava tudo, queria ser visto. Nosso objetivo era fazer o melhor show possível para, quem sabe, sermos contratados de novo. E isso deu certo: quase todos os lugares em que tocamos nos receberam de volta pelo menos uma vez”, recorda Rocha.
Márcio Jr., um dos fundadores da Monstro Discos e frontman da pioneira Mechanics, teve papel central na consolidação da cena rock independente de Goiânia. Ele relembra os desafios e conquistas dos anos 1990, quando a Mechanics ainda dava seus primeiros passos. “Tudo o que eu queria naquela época era tocar, gravar discos e viajar. Mas, para isso acontecer, foi preciso construir, primeiro, movimentos coletivos. A Monstro surgiu exatamente com esse propósito: profissionalizar e trazer maior qualidade técnica e artística para a cena”, recorda. “Ainda hoje me sinto assim: continuo tentando fazer coisas para vê-las acontecerem.”
Márcio destaca o papel singular do público nos primeiros anos do século XXI. “O público daquela época era curioso, interessado e se sentia parte de todo o processo. Organizávamos festivais com 40, 50 bandas independentes num único fim de semana, e o público comparecia em peso. Era uma maratona de 10 a 16 shows por noite, e tinha gente que ficava até o fim”, relembra, com entusiasmo.
Essa conexão genuína com os espectadores impulsionava as bandas a se superarem. Para ele, essa gana do público turbinava as bandas “A vontade do público motivava as bandas a melhorar e a apresentar seus melhores trabalhos. Isso fortalecia os intercâmbios entre músicos, as redes econômicas que sustentavam os festivais e as gravadoras. Toda a cena se tornava mais sólida e ficava mais forte”, explica.
Cultura digital No entanto, Márcio reconhece as mudanças impostas pelo avanço das redes sociais e da cultura digital. “Naquela época, vivíamos um início de conexão digital, mas em uma medida muito diferente da atual. Não dá para comparar como era a vida conectada em 2000 ou 2003 com o que é em 2025”, pondera. “Hoje, a forma como as pessoas vivem, muitas vezes mediada pelas redes, gera um impacto que dificulta o respaldo de público e a interação física, real, nos palcos, nos shows e nos espaços culturais, como acontecia naqueles tempos”, conclui.
Victor Rocha avalia que parte dessa efervescência foi possível pela internet já ter avançado, mas nem tanto as redes sociais: só havia o Orkut e suas comunidades. O pessoal da cena se conhecia, e bandas, discos e gravações se propagavam diretamente, no boca a boca. Agora, ele descreve o meio independente como uma gota d’água em um oceano. “As pessoas são bombardeadas com informações diversas. Ontem mesmo ouvi o dado de quantas músicas são colocadas no Spotify por dia, e fiquei de cara: mais de 100 mil! Como alguém vai descobrir sua banda em meio a tantas?”, reflete.
Curiosamente, o nome do documentário "Goiânia Rock City" surgiu exatamente da comunidade do Orkut onde a cena se reunia, trocava ideias, compartilhava contatos e divulgava músicas, consolidando a conexão entre artistas e público. Memória registrada
Agora, essa história está eternizada no documentário, cuja principal missão é despertar o interesse das novas gerações pelo rock, segundo o diretor Farah. “Um dos grandes objetivos do filme é tentar trazer essa molecada, que não viveu isso, se interesse pelo rock. Mostrar como era a cena, como Goiânia vivia um momento incrível, com coisas legais acontecendo o tempo todo”, explica Farah.
Márcio Jr. destaca a relevância de preservar essa memória. "É fundamental. E esse movimento do rock alternativo goiano, que ganhou o país, que virou uma referência nacional, em alguns momentos até internacional, ele continua vivo. Continua vivo, mas já é antigo suficiente para merecer um registro dos seus, digamos assim, tempos áureos, tempos de maior popularidade”, acrescenta. “E a cena existe. Eu acho que ela ainda é vibrante. Eu acho que hoje ela está mais viva do que há cinco anos, no período anterior à pandemia, então as coisas possuem um caráter muito dinâmico”, finaliza.
Após a estreia em Goiânia, o documentário deve percorrer festivais pelo Brasil. Em seguida, segundo Farah, serão avaliadas formas de disponibilizar o longa on-line, garantindo que essa memória permaneça acessível e preservada para o grande público.
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Cinco obras imperdíveis para conhecer David Lynch
Acesso em https://aredacao.com.br/cultura/224953/cinco-obras-imperdiveis-para-conhecer-david-lynch
José Abrão
Goiânia – O cineasta americano David Lynch morreu na quinta-feira (16/1), aos 78 anos, deixando um legado indiscutível e singular no cinema da segunda metade do século XX. Sua obra, marcada por uma linguagem autoral inconfundível, explorava o universo dos sonhos, do mal e uma melancolia nostálgica e profunda. Com uma carreira tão impactante, foi difícil escolher, mas separamos quatro filmes e uma série essenciais para quem deseja conhecer e se encantar com a arte de David Lynch. Veludo Azul (1986) Um dos filmes mais intensos, abrasivos e crus do diretor, Veludo Azul é movido por um elenco de peso, com Isabella Rossellini, Kyle MacLachlan e um Dennis Hopper totalmente sem coleira. A premissa, à primeira vista simples, acompanha um jovem que encontra uma orelha decepada no quintal de sua casa e decide investigar o que aconteceu por conta própria. O filme apresenta, de forma notável, os temas que se tornariam recorrentes na obra de Lynch, como o surreal, o onírico e o neo-noir, além das texturas visuais e sonoras que se tornaram suas marcas registradas: o jazz, as cores vibrantes e os enquadramentos nostálgicos e melancólicos. Mais do que isso, Lynch mergulha nas dualidades da vida: a luz na escuridão, a inocência redimida em meio à vilania, o inominável disfarçado por baixo do idílico.
Duna (1984) Ao longo da sua carreira, Lynch tentou fazer um filme de estúdio de grande orçamento exatamente uma vez (pra nunca mais). Esse filme foi a primeira e problemática adaptação de Duna, baseada no romance de Frank Herbert. O filme foi um fracasso de bilheteria, tendo custado cerca de US$ 45 milhões e arrecadado apenas US$ 30 milhões. Os bastidores foram notoriamente tumultuosos, com Lynch batendo cabeça com os executivos permanentemente. Por outro lado, o filme havia de ser redimido como um sucesso cult com o passar dos anos, revisitado e valorizado pela visão profundamente imaginativa do diretor ao adaptar um dos romances mais “inadaptáveis” da ficção-científica, vindo a influenciar, inclusive, Denis Villeneuve, diretor responsável pela aclamadíssima nova adaptação estrelada por Timothée Chalamet e Zendaya.
O Homem Elefante (1980) Talvez o filme mais 'pá-pum' do diretor, O Homem Elefante é uma reinterpretação sensível sobre a vida real de John Merrick. E talvez por ser um dos filmes mais “normais” de Lynch, também foi seu maior sucesso comercial, lotando salas e rendendo oito indicações ao Oscar, incluindo de Melhor Filme e Melhor Diretor. A trama reconta a vida de Merrick, vivido magistralmente por John Hurt, um homem vitoriano severamente deformado por uma condição rara. O filme é baseado na peça teatral de mesmo nome (em que Merrick foi vivido por David Bowie no passado e por Bradley Cooper mais recentemente) e ainda conta com um desconhecido e potente Anthony Hopkisn no elenco. O filme é tocante, doloroso e atemporal.
Cidade dos Sonhos (2001) Há quem argumente que Cidade dos Sonhos seja a obra-prima do diretor, um ápice atingido ao construir e amadurecer sobre Veludo Azul, desta vez no caminho reverso: a perda da inocência. O surreal, o neo-noir, a escuridão sob a superfície, o onírico e a nostalgia, tudo isso retorna ao foco com força total, além de um erotismo sáfico à flor da pele que o deixa cravado na memória. Naomi Watts está absolutamente fantástica como Betty, uma jovem que quer ser atriz em Hollywood, que decide ajudar Rita, uma mulher que perde a memória após sofrer um acidente de limusine. A partir daí a história não segue (nem termina) em nenhuma direção que você consiga prever. Caso você termine o filme frustrado, não será o único: Lynch falou publicamente sobre como arte não precisa fazer sentido e os finais não precisam ser fechados.
Twin Peaks (1990,1991, 2017) Outros fãs dirão, porém, que a verdadeira obra-prima de Lynch não está no cinema, mas na televisão: Twin Peaks foi uma mudança de paradigma na telinha, definindo um claro antes e depois da sua estreia. Suas duas caóticas temporadas em 1990 e 1991 renderam ainda um filme em 1992 e uma improvável terceira temporada em 2017. Novamente, a premissa é simples: um agente do FBI é enviado para a pequena e adorável cidade de Twin Peaks para investigar o assassinato da jovem Laura Palmer. Obviamente, as coisas não são como parecem e uma escuridão terrível se esgueira pela cidade. A trama rapidamente mergulha não apenas no onírico, no surreal e no neo-noir, mas também no absurdo e até mesmo no terror cósmico, tudo isso embalado pela nostálgica, melancólica e hipnotizante trilha sonora de Angelo Badalamenti. O resultado não apenas é algo obrigatório de ser visto, mas ajuda a entender o que catapultou a transformação profunda das séries de TV que lentamente se tornariam mais complexas a partir de Arquivo X, LOST, Deep Space Nine, entre outras.
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Marco Legal dos Games é passo importante para consolidar mercado brasileiro
Disponível em https://www.aredacao.com.br/noticias/208123/marco-legal-dos-games-e-passo-importante-para-consolidar-mercado-brasileiro
José Abrão
Goiânia – Vai à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos, mais conhecido como Marco Legal dos Games. O texto, aprovado em fevereiro no Senado Federal e no começo de abril na Câmara dos Deputados, regulamenta o setor de videogames no Brasil. A principal mudança é que o setor de desenvolvimento de jogos ganhou um registro específico no Cadastro Nacional de Atividade Econômica (Cnae), permitindo acesso ao Simples Nacional, ao Inova Simples e até a parcerias com instituições científicas e de inovação.
Trata-se de uma conquista importante para a indústria global de videogames, que movimentou US$ 197 bilhões em 2022 e cerca de US$ 221,4 bilhões em 2023. O Brasil já é o quinto maior mercado consumidor de games do mundo, com um crescimento de 169% entre 2018 e 2022, segundo a pesquisa Newzoo. Já são 101 milhões de gamers no país.
A regulamentação era um sonho antigo da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames), criada em 2004 com o objetivo de organizar e fortalecer o setor de games no Brasil e impedir a fuga de cérebros: pela falta de uma organização mais robusta, estúdios nacionais consolidados, com o Behold, se mudaram para o exterior.
O presidente da Associação, Rodrigo Terra, considera o Marco Legal uma medida importantíssima para atualizar o mercado brasileiro de desenvolvimento e torná-lo mais competitivo frente ao cenário internacional. “Durante décadas a indústria de desenvolvimento de jogos aqui no Brasil passou muito à margem de políticas de Estado, apesar de o Brasil ter um mercado consolidado de games”, diz.
Segundo dados da Pesquisa da Indústria Brasileira de Games de 2023, promovida pela Abragames, o Brasil possui 1084 desenvolvedoras atualmente. Além disso, segundo a Pesquisa Game Brasil, divulgada março deste ano, 73,9% dos brasileiros jogam algum tipo de videogame. Para Rodrigo Terra, o Brasil seguiu o caminho contrário de países como China, Coreia do Sul e também União Europeia, que começaram a subsidiar e incentivar o desenvolvimento de jogos há muito tempo, permitindo que estúdios de países pequenos, como a CD Projekt Red, da Polônia, ganhassem projeção internacional, lançando jogos milionários como The Witcher 3: Wild Hunt e Cyberpunk 2077.
“Então, o marco é importante porque ele reconhece as desenvolvedoras como um setor econômico. Ele vem para colocar diretrizes estruturantes do que é fazer videogame, o que é a diferenciação entre o hardware que a gente joga e o produto que a gente consome, o game em si”, explica. Terra conta que antes a atividade estava fragmentada em cerca de 11 Cnaes diferentes, já que os programadores precisavam improvisar para se adequar na legislação vigente. “E isso não é uma coisa boa, porque pulveriza o setor. Com o marco, você consegue ter políticas tributárias mais adequadas e consegue normatizar o funcionamento da atividade econômica”, conclui.
Incentivos Embora desde 2011 os desenvolvedores já pudessem se inscrever na Lei Rouanet, normativo federal que institucionalizou o incentivo à cultura, a forma de acessar tais incentivos foi facilitada, permitindo também que as empresas se inscrevam na Lei do Audiovisual e em outros incentivos, como a Lei de Informática e a Lei do Bem. “Os subsídios e os incentivos são duas categorias importantes para quando você tem uma indústria que entra no olhar de prioridade de desenvolvimento econômico do país”, avalia Terra.
Segundo ele, a Associação espera que sejam criados benefícios que possam favorecer a operação da indústria, como a redução de encargos e encorajar melhores salários e qualificações. “É uma via de duas mãos. Gera emprego e abre campo para se aumentar a quantidade de qualificações para o setor, ou seja, cursos livres, cursos acadêmicos, cursos técnicos. Isso é uma demanda já antiga também, e que a gente aumente a quantidade de cursos para a área de desenvolvimento de jogos também, principalmente na educação pública”, elabora.
Segundo os dados da Abragames, todos os estúdios brasileiros são pequenos ou mesmo individuais. A expectativa da Associação é que, a partir do marco legal, esses pequenos empreendedores tenham o suporte necessário para que seja, de fato, consolidada uma base para a indústria nacional de jogos digitais a partir destes incentivos. “Os incentivos, eles são muito orientados para que essa base consiga dar o primeiro passo, abrir seu primeiro CNPJ, existe um reforço”, enfatiza Rodrigo Terra.
Pequenas empresas, grandes negócios O analista técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Goiás, João Luiz Prestes, destaca que o marco legal será um grande incentivo para os empreendedores. “As pessoas estão nos procurando cada vez mais. É um mercado em ebulição”.
Prestes salienta que, ao contrário do que o lugar comum dita, o mercado de desenvolvimento de jogos é muito diverso, indo além do entretenimento. “Existe um interesse crescente no uso dos games para divulgar marcas, games voltados para a educação, corporativos, para treinamento, além do advento de plataformas diversas, como smartphones e tablets. Há um crescimento de muitas oportunidades para novos mercados e para novos profissionais”, afirma.
Na visão do analista do Sebrae, a nova legislação pode fomentar um maior interesse de pessoas para ingressar nesse mercado e que podem buscar o Sebrae para fazer o seu modelo de negócio e se profissionalizar. O analista lembra que Goiânia tem terreno fértil para esta nova fase com uma graduação de Inteligência Artificial na Universidade Federal de Goiás (UFG) e um curso técnico em IA do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), além de graduações e cursos já consolidados em programação, engenharia de software, design e robótica.
“O que nós do Sebrae temos a oferecer são as condições para que o empresário possa abrir uma empresa de jogos e o conhecimento de tudo o que é necessário para isso: sobre como montar uma equipe, sobre legislação, todos os procedimentos burocráticos. Mapear quais os nichos de mercado, que produtos estão precisando, qual é o perfil desse consumidor. Essa pesquisa de mercado é muito importante porque ela define o foco da empresa”, orienta.
Além disso, outras divisões estatais do Sebrae, em uma parceria com a Abragames, levam os empreendedores em missões de eventos nacionais e até internacionais, como a Brasil Game Show, a Gamescom e o Big Festival, apoiando as atividades do setor. Ele conta que no Big Festival do ano passado foram lançados 70 jogos nacionais.
Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre esse mercado, o Sebrae também disponibiliza uma página: “Como Montar Uma Produtora de Games”, com os principais fundamentos e passo a passo que um empreendedor precisa conhecer para encarar essa empreitada.
Cenário local tem grandes expectativas “O cenário regional está integrado com o cenário nacional. Entretanto, nós precisamos formalizar a nossa comunidade, constituir uma associação, a Associação dos Criadores de Jogos de Goiás, com o apelido de Gamego, que é o nome da comunidade. Aqui nós estamos nos capacitando, estamos estudando”. É o que afirma Gustavo Christino, professor da área técnica de jogos digitais do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e que integra a equipe da Cronos Games, que atualmente desenvolve um projeto que ainda não chegou ao mercado, além de atuar em eventos para a comunidade de desenvolvedores e jogadores goianos, a Gamego.
De acordo com o professor, Goiás é, de fato, um Estado promissor quando o assunto é mercado de games. "Existem alguns estúdios sendo, inclusive, finalistas em eventos fora do Brasil. Temos algumas equipes com parcerias para jogos para lançar no ano que vem. Temos alguns exemplos de jogos que já foram publicados para consoles, para a PlayStation 4 e para a PlayStation 5. Então, a nossa comunidade de Goiás está em crescimento”, comemora.
Christino afirma que o marco legal aprovado atende bem às demandas e necessidades do setor. “O nosso cenário está aquecido nacionalmente, existe muito investimento sendo realizado, e Goiás está integrado com os outros estados para poder fazer isso ser cada vez melhor, para fazer com que nós possamos estudar a partir daqui de Goiás mesmo, para que a gente não perca esse capital humano para outros lugares”, conta.
Para além dos cursos já disponíveis no estado, Christino relata que o grupo trabalha para criar uma graduação em jogos digitais no âmbito da UFG, algo que já vem sendo discutido com diretores de unidades acadêmicas da instituição. “Os cursos constituídos no Senai, no Senac e na UFG são muito importantes para a nossa área. Eu acredito que a gente vai conseguir aprovar também cursos junto à Universidade Federal, que já tem costume de ter cursos inovadores, que abraçam essas novas tecnologias. Espero que a gente consiga conversar e convencer, além de mostrar que com o marco legal também tem motivo, tem oportunidade e tem um caminho para poder abrir esse curso”.
Com o marco, além de facilitar o âmbito empresarial, Gustavo Christino espera que o acesso ao mercado e aos incentivos melhore em todos os sentidos. “Eu acredito que o marco vai favorecer a aquisição de ferramentas computacionais e até mesmo hardware para desenvolvimento de jogos e também que seja fomentado de cima para baixo, dos núcleos federal, estadual, municipal, toda uma série de investimentos e, com isso, puxe todas as outras instituições a favor da aplicação de jogos”, espera. “Tudo isso é um caminho que vai levar os criadores de jogos em Goiás para um novo patamar”.
Tal qual em um game de fato, os especialistas ouvidos pela reportagem avaliam que o mercado desenvolvedor de jogos no Brasil já acumulou bastante experiência e agora está pronto para passar de nível. Para eles, trata-se de um momento histórico e que indica, com o marco, um verdadeiro ponto de virada para o mercado de games no país.
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Teoria da ‘internet morta’ se espalha com a popularização da IA
Disponível em https://aredacao.com.br/noticias/203122/teoria-da-‘internet-morta-se-espalha-com-a-popularizacao-da-ia
José Abrão
Goiânia – Você provavelmente já passou por isso antes: após longa ponderação e ajustes, postou uma foto bem bonita no feed do Instagram. Nas primeiras horas, todas as curtidas e comentários são de amigos próximos, conhecidos e pessoas queridas. Então, começam a chegar curtidas e comentários de perfis estranhos, com nomes estranhos e falas que geralmente não fazem sentido. Essas contas são bots: inteligências artificiais (IA) rudimentares programadas para gerar tráfego nas redes sociais.
Esta presença cada vez mais perceptível da IA e de conteúdo gerado por IA na internet tem levado à popularização de uma teoria da conspiração conhecida como “internet morta”. Iniciada, como quase todas as coisas ruins no campo on-line, no 4chan em 2016, a conspiração determina que a internet está morta: a maior parte do tráfego on-line não é de pessoas com pessoas, mas de IA interagindo entre si, propagando conteúdo e pautando o discurso, tudo isso sob o comando de forças escusas e poderosas. Mas e na realidade, até que ponto isso tem fundamento?
Como toda teoria da conspiração, essa também tem um pezinho na verdade. O professor Celso Camilo, do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (Inf/UFG) e membro fundador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia/UFG), especula que cerca de 60% dos dados que transitam na rede hoje são sintéticos. “O fato real é que tem crescido muito o volume de bots de geração de conteúdo. As redes sociais são um campo bastante fértil para isso, porque lá você acaba influenciando a pessoa”, explica. “E isso tende a crescer: os bots ficam só interagindo, dando um like ali, compartilhando uma coisa aqui, comentando outro lá, e isso gera engajamento, mexe no algoritmo e o algoritmo impulsiona aquele tipo de postagem. Então boa parte do que acontece nas redes sociais são essas interações entre os algoritmos, que tendem a impulsionar coisas que geram mais atratividade”, completa.
Por outro lado, a professora e publicitária Mariana Dalcin comenta que “nunca tivemos tantas pessoas produzindo tanto conteúdo ao mesmo tempo”. “Estamos vivendo uma era de produção de informação. É muito fácil e acessível, qualquer pessoa pode pegar o seu celular hoje e jogar qualquer informação que ela quiser na internet”, afirma. Dalcin admite, porém, que há um volume grande de conteúdo feito por IA on-line e que, de fato, já chegamos ao ponto em que é difícil discernir o que é real e feito por humanos e o que é IA.
Como fazer amigos e influenciar pessoas Ambos concordam que essa enchente de desinformação e propaganda é comandada e programada por pequenos grupos de pessoas que, com muita facilidade, podem influenciar o discurso on-line. E com o aumento da IA generativa, cada vez mais esse processo pode ser automatizado. “Pela primeira vez na história, a gente está sendo influenciado por conteúdo gerado por máquina. Até o passado recente, o máximo que a máquina fazia era impulsionar essas ideologias escritas por humanos, impulsionadas, replicadas. Recentemente, nós começamos a ter a máquina aprendendo com o conteúdo humano, gerando o conteúdo sintético artificial, e isso influenciando humanos. Pela primeira vez nós temos máquinas influenciando humanos e influenciando outras máquinas”, aponta Camilo.
Esse processo gera uma distorção, que costuma ser mais visível em imagens geradas por IA: após diversas iterações sobre o mesmo conteúdo, a imagem fica estranha, podendo ser identificada como falsa. No texto, aponta Camilo, isso é mais difícil de captar. Só ocorre quando a IA se confunde e começa a construir frases sem sentido ou quando mistura idiomas. “E no final a gente pode estar sendo influenciado a mudar comportamento social sem saber exatamente de onde vem essa fonte”, diz o professor. “Agora, por trás desses bots têm pessoas. Então a gente tem que separar para não cair na teoria da conspiração, dizendo que as máquinas vão dominar o mundo”, completa.
“A capacidade de meia dúzia de pessoas influenciar outras milhões é antiga, mas ela se popularizou. Então, assim, uma pessoa que entende de programação, entende de arte generativa, ela consegue gerar esse tipo de bot. Tem pessoas que têm propósito nisso, que têm objetivos com isso, comerciais e políticos por meio de grupos localmente organizados em cada país”, salienta Camilo.
Mariana Dalcin avalia que essa dificuldade de discernimento aliada às rápidas mudanças tecnológicas geram uma ansiedade que se manifesta na paranoia que fundamenta teorias de conspiração como a da internet morta, alimentando o medo e a ilusão de que estamos sendo manipulados. Algo que foi turbinado pelo bum recente da IA. “Em menos de 10 anos a gente vai ter muito mais máquinas operando e fazendo trabalhos que hoje são do humano, mas isso não quer dizer que a máquina vai estar pensando por nós”, aponta.
Aprendizado Se as máquinas estão aprendendo, a solução é nós também aprendermos. Ambos os professores concordam que educação tecnológica é a melhor forma de não ser enganado ou pego na enxurrada de robôs para evitar cair em propagandas, em golpes e, principalmente, com as eleições vindo aí, em mentiras.
Eles salientam que a responsabilidade recai sobre o usuário porque nem a legislação nem as próprias empresas têm o poder necessário para conter essa onda. “A Meta baniu milhões de bots, mas eles também evoluem e as métricas não conseguem discernir qual interação é real e qual é falsa. É um jogo de gato e rato, essas simulações só vão ficar cada vez mais verossímeis”, explica Camilo. “Vivemos em uma sociedade cada vez mais tecnológica em que as pessoas entendem muito pouco de tecnologia”, completa.
“Existe um limite do que as empresas podem fazer contra o spam. Ao longo dos anos, elas foram impondo regras, diretrizes e moderando conteúdo. Mas as pessoas não querem seguir as regras, elas reclamam de censura, burlam as regras. As pessoas não seguem as diretrizes e é óbvio que os bots criados burlam as diretrizes também”, reflete Mariana.
Em conclusão, a internet não está morta, muito pelo contrário: está viva e cheia de gente mal-intencionada usando essas novas ferramentas para tirar vantagem da falta de informação, da desconfiança e do medo das pessoas. “É um caminho difícil, especialmente falando de Brasil, né? Mas é o melhor caminho. A gente tem muita informação que é completamente absurda, mas que para algumas pessoas aquilo ali faz total sentido. Então a gente precisa de uma educação que passe pelo básico do básico”, afirma Dalcin, destacando como desinformação ainda de forma muito elementar se espalha inicialmente por bots no WhatsApp ou no X e acaba sendo disseminada depois por pessoas.
O professor Camilo, por sua vez, sugere que cada pessoa aprenda a desconfiar e passe a fazer uma curadoria das próprias redes sociais, não seguindo as sugestões do algoritmo, determinando ativamente qual conteúdo se vai consumir. “Nós precisamos gerar uma massa crítica de pessoas para que a primeira coisa que elas vão pensar é ‘não, isso aqui me parece falso’. Hoje as pessoas acreditam até que se prove o contrário. As pessoas precisam culturalmente aprender que é mentira até que se prove o contrário”, finaliza Camilo.
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Especialistas analisam sucesso de Machado de Assis no exterior
Disponível em: https://aredacao.com.br/cultura/211059/especialistas-analisam-sucesso-de-machado-de-assis-no-exterior
José Abrão Goiânia – O imortal escritor brasileiro Machado de Assis chamou a atenção do cenário literário internacional e especialmente dos Estados Unidos após uma influenciadora cobrir de elogios uma edição em inglês da obra-prima Memórias Póstumas de Brás Cubas. Os comentários foram feitos em um vídeo no Tik Tok e partiram de Courtney Henning Novak, que mantém um perfil dedicado à literatura mundial.
O efeito foi imediato: nos dias seguintes, a obra alcançou o primeiro lugar entre as mais vendidas da Amazon na categoria ''Literatura Latino-Americana e Caribenha". E a repercussão não se resumiu aos Estados Unidos, impactando, inclusive, as vendas no Brasil: uma edição em capa dura de Brás Cubas está em 10º lugar entre os mais vendidos da Amazon brasileira. Mas o que Machado de Assis tem de tão especial para conseguir conquistar tantos leitores em outro idioma e mais de um século depois de sua morte?
Para Eugênia Fraietta, professora de literatura e que fez sua dissertação de mestrado sobre a obra machadiana, “são inúmeros os aspectos potentes do livro Memórias". A especialista, no entanto, destaca um ponto. "Destaco o comportamento do protagonista narrador como exemplo acabado e atual do comportamento da nossa elite social e política, egoísta, voluntariosa e irresponsável”.
Assim, há algo de atemporal. “O Brás é um debochado, um playboy do século XIX, que pode usar pessoas, lavar as mãos sistematicamente e seguir tranquilo, se vangloriando de não deixar nada que preste como legado. Além disso, que é imenso, tem a linguagem extremamente bem elaborada, divertida, irônica, com imagens ousadas e ágeis”.
Para Wolney Unes, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Literatura, se Machado de Assis estivesse inserido nos centros do capitalismo, ele, sem dúvida, seria muito mais conhecido mundialmente e estaria no cânone internacional ao lado de nomes como Victor Hugo, Virginia Woolf e James Joyce. “Machado de Assis é conhecido há quase 200 anos, não só conhecido, mas admirado, não só no Brasil, mas fora dele, por vários críticos e historiadores da literatura. Mas, como contraponto disso, já tem um crítico paulista que dizia que se Machado de Assis estivesse escrito em inglês, entraria no topo das listas”.
Unes comenta que a cultura pop segue nos dias atuais outras regras após o rompimento com uma tradição clássica e que quando algo é apresentado, assim como foi, nas redes sociais, gera um burburinho. “As pessoas ficam: por que eu nunca ouvi falar disso? E aí ficam maravilhadas”.
A província e a metrópole O professor Wolney Unes, porém, chama atenção para uma característica infeliz deste fenômeno: a de que o Brasil ainda permanece com um pensamento provinciano do ponto de vista cultural em relação às metrópoles do centro capitalista. “Continuamos uma grande província manifestada na sua característica principal de que a província não consegue reconhecer a si própria. Preciso que alguém chegue da metrópole e diga: ‘isso é bom’. É preciso vir uma senhora americana, que ninguém nunca ouviu falar, pra dizer que algo nosso é muito bom”, pondera.
“Então, por um lado ficamos felizes com este novo reconhecimento, mas por outro é uma tristeza muito grande. Se alguém redescobrir Shakespeare no Tik Tok, [os ingleses] vão ficar maravilhados assim?”, questiona.
A professora Fraietta tem uma visão diferente e avalia que, independentemente da plataforma de divulgação, a obra de Machado requer esforço e parabeniza o trabalho da influenciadora que começou a tendência. “A Courtney Novak é uma leitora adulta, formada, experiente e curiosa que se impressionou com a obra, isso só foi possível porque ela se dedicou, se debruçou, se empenhou, e isso requer esforço e maturidade”.
“O que quero dizer é que ler clássicos como Machado, Dostoievski, Shakespeare, pede empenho, concentração, curiosidade, que são fatores escassos hoje em dia para a maioria de nós. São tempos muito rápidos, de leituras muito breves, resumidas e, de preferência, facilitadas, que já tragam a moral da história. Definitivamente Machado não se enquadra”, avalia.
Mas então, como engajar novamente esses jovens leitores? Como preencher essa lacuna entre os clássicos e esses tempos cheios de pressa? Para Fraietta é, sobretudo, uma questão política que passa pela escola. "Não se criam leitores críticos e exigentes sem políticas públicas que estimulem a leitura, o acesso ao livro e que valorizem o professor. Um professor sozinho não faz verão”.
“São necessárias medidas nacionais de grande impacto para tanto, medidas que pudessem fazer com que a leitura obrigatória fosse realmente uma obrigação da escola. Eu, como professora, foco na escola, lugar que conheço, lugar privilegiado para formar leitores, valorizar o conhecimento, a leitura. É preciso pensar a escola para além do Enem”, finaliza a educadora.
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10 restaurantes para conhecer em Gramado
Acesse em https://www.aredacao.com.br/gastronomia/197390/10-restaurantes-para-conhecer-em-gramado
José Abrão Goiânia – Que Gramado (RS) é um dos destinos turísticos mais famosos e românticos do Brasil já é de conhecimento geral. Naturalmente, a cidade abriga centenas de bares, restaurantes e cafés: são 384, para ser mais exato. Se destacar em meio a um universo tão vasto é a parte mais difícil. Separamos aqui algumas sugestões para todos os gostos e todos os bolsos: das tradicionais cantinas e chocolates artesanais até chopes e o famoso xis gaúcho; confira: Cantina Pastasciutta Com 42 anos de tradição, a Pastasciutta agora tem duas unidades na cidade, mas recomendamos a que fica de frente para a rodoviária, por ser a mais antiga e charmosa. O local é todo pintado nas cores da bandeira da Itália e você vai encontrar nas suas paredes internas mensagens, assinaturas e rabiscos dos milhares de turistas que passaram por lá ao longo dos anos. Quando as paredes estão cheias, eles repintam e começam de novo. O carro chefe da casa é um prato com três medalhões de 150g de carne servidos com molho de quatro queijos. Mas o cardápio é enorme e variado, sempre com uma ou duas novidades, como a deliciosa codorna com conchiglione. As opções podem ser desfrutadas com um dos vinhos da adega ou com um dos vinhos da própria casa. Um prato muito bem servido e que dá tranquilamente para duas pessoas sai por cerca de R$ 250.
Nonno Mio Do outro lado da rua da Pastasciutta está o Nonno Mio, também com mais de 40 anos de história. O principal atrativo da casa é o rodízio de galeto: você pode comer à vontade não apenas o galeto, mas diversas massas, acompanhamentos e entradas, como a deliciosa sopa de capeletti e a ainda melhor maionese caseira feita sem ovos. Tudo isso sai por R$ 130 por pessoa, o que é efetivamente barato para Gramado. Caso não esteja com tanta fome, também estão disponíveis outros pratos, incluindo galetos individuais, que custam cerca de R$ 80 e servem tranquilamente uma pessoa.
Restaurante Höppner Com 63 anos no mercado, o Hotel Rita Höppner foi pioneiro na hotelaria e turismo no município e assim também foi seu restaurante. O local exala o charme do passado no seu estilo e acabamento e tem a oferecer aos clientes o melhor da culinária alemã. A principal oferta é o festival alemão que custa R$ 195 mais 10% por pessoa com reposição à vontade. São servidos na mesa pretzels, chucrute, salsichas alemãs, spätzle, zürcher de filé e legumes. As opções de prato principal são: pato ao molho de frutas vermelhas, Schnitzel com cogumelos serranos e o famoso eisbein (joelho de porco) com apelstrudel de sobremesa. Há também opções de pratos individuais, incluindo o próprio eisbein, que sai por R$ 92.
La Caceria Se você quiser experimentar algo realmente diferente e único, só podemos recomendar o La Caceria, restaurante especializado em carnes de caça há 25 anos. Aqui você poderá desfrutar de deliciosos pratos com carne de avestruz, faisão, coelho, javali, perdiz, jacaré e mais. Entre os destaques do cardápio estão marreco ao chocolate, bife Wellington de avestruz, faisão ao molho de champignon e jacaré recheado com pinhão e queijo brie. O local é todo decorado como uma cabana de caça, possuindo diversas armas históricas e reais nas paredes. Há também uma enorme variedade de vinhos e até mesmo de charutos, incluindo sucessos como Hoyo de Monterrey, Partagas Double Corona e Cohiba Robusto. Como é de se esperar, este menu mais diferenciado sai mais caro, com pratos individuais que custam cerca de R$ 250.
Cucina Boniatto Se você quiser uma experiência mais pessoal e intimista, a família Boniatto está pronta para te receber: Luiggi, Jonas, Miriam e Khananda recepcionam os clientes apenas por meio de reservas e cozinham e atendem as mesas de forma pessoal e informal. É quase como fazer uma refeição na casa da nonna! Além disso, as massas artesanais da casa são deliciosas e todas harmonizam perfeitamente com um vinho recomendado por Luiggi e que cabe no seu bolso. Um prato muito bem servido para duas pessoas sai entre R$ 100 e R$ 200.
San Tao Serra e Mar Para quem quer experimentar algo que não sejam massas, o San Tao Serra e Mar oferece uma variedade de pratos especializados em frutos do mar. Há também opções de carnes, mas recomendamos a deliciosa lagosta ao molho de mandioquinha com cogumelos ou, se não, a principal atração da casa: a parrillada de frutos do mar para duas (R$ 469) ou quatro pessoas (R$ 769). Para duas pessoas, o prato oferece uma espetada de camarão, um churrasco de salmão, polvo em brasas, peixe do dia e como acompanhamentos mix de cogumelos, legumes defumados e batatas ao murro. Para beber, o destaque é o cardápio especial em parceria com a Johnnie Walker, com drinques próprios usando o famoso uísque.
White Fly Supondo que você já se cansou de alta gastronomia e agora só queira tomar uma cerveja, comer um petisco e relaxar: temos o lugar perfeito. A especialidade do White Fly é um mix com 10 torneiras de chope artesanal de marcas produzidas na região da Serra Gaúcha. Para acompanhar, há opções de hambúrguer, pizzas, carnes defumadas e muito mais. Os preços também são camaradas, especialmente para Gramado, com a conta fechando abaixo de R$ 100, dependendo do quanto você quer comer e beber.
Capannone Sud A cidade de Gramado também está cheia de cafés, mas vamos recomendar a Capanonne Sud, que fica próximo à famosa rua coberta, bem ao lado da tradicional Casa da Velha Bruxa. O local fica aberto o dia todo e oferece um menu variado, todo produzido na casa, incluindo croissants, pizzas, bolos, tortas e até gelatos. Recomendamos fortemente os chocolates quente e o gelato. O preço também é bom para a região e para a variedade ofertada: dá para fazer um lanche caprichado e delicioso por R$ 50.
Miroh! Chocolateria Gramado também é uma cidade cheia de chocolaterias artesanais deliciosas, mas a grande maioria delas foram compradas e começaram a produzir em escala mais industrial. Caso você queira uma experiência mais artesanal e, melhor ainda, assinada por um chef, a sua melhor opção é a Miroh!. O premiado chocolate artesanal traz o nome do chef Ricardo Campos Raudenberg e o local também oferece um delicioso croissant e um chocolate quente. Há uma unidade no centro, mas recomendamos a que fica de frente para o Lago Negro para você desfrutar de uma bela vista enquanto aprecia seu chocolate. Os produtos são caros, mas ficam em valores próximos aos das chocolaterias maiores de Gramado, com uma barra de chocolate 42% de 80g saindo por R$ 29,90.
Gnomo Lanches Como um grande apreciador do pit dog goiano, você também pode conhecer o primo gaúcho do nosso podrão no Gnomo Lanches. A lanchonete popular oferece uma enorme variedade do famoso xis gaúcho, versão sulista do pit dog igualmente recheado. Para acompanhar, sugerimos coisas leves, como a torre de batata frita e o chope por litro. Não tem como errar. O preço também é popular e dá para comer bem por R$ 50.
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"Nós do Centro-Oeste ainda somos muito pouco lidos", avalia Paulliny Tort
Acesse em https://www.aredacao.com.br/cultura/195174/-nos-do-centro-oeste-ainda-somos-muito-pouco-lidos-avalia-paulliny-tort
José Abrão
Goiânia – A escritora Paulliny Tort estará em Goiânia para uma roda de conversa sobre seu livro de contos Erva Brava, finalista do Prêmio Jabuti 2022. O evento será no sábado (16/9), às 17h, na Livraria Tekoá, no Coletivo Centopeia.
Publicado pela editora Fósforo, o livro Erva Brava reúne histórias de Buriti Pequeno, cidade fictícia localizada em Goiás, e de suas gentes e costumes. Em entrevista exclusiva ao jornal A Redação, a autora falou um pouco sobre a obra e seu processo de escrita. Paulliny também fez uma análise do cenário literário fora do eix Rio-São Paulo e avaliou que o espaço para escritores do Centro-Oeste ainda é pequeno. "Ainda somos muito pouco lidos", pontua. Confira entrevista completa:
Quando se vê pessoas do Sudeste se referindo à obra Erva Brava, é comum chamarem de ‘regional’. Queria saber o que você acha dessa percepção de que o que acontece fora do Eixo Rio-SP é “regionalismo”. Existe essa tendência de trazer esse rótulo para a literatura produzida fora desses grandes centros, mas confesso que não me sinto incomodada, desde que isso desperte interesse pelo livro. Guimarães Rosa também foi rotulado dessa maneira. Num país que lê tão pouco, qualquer sombra de interesse pela literatura já é válida. Se esse rótulo faz com que as pessoas se aproximem do livro, eu não me perturbo. Nós aqui do Centro-Oeste ainda somos muito pouco lidos. Entendo que é problemático, que é uma redução do nosso trabalho, mas nós precisamos conquistar leitores de ficção e, se é por esse caminho, que seja.
Ao mesmo tempo, para além disso, é reconfortante ler histórias que não se constrangem em dizer que são do Centro-Oeste. Esse recorte de alguma forma atrapalhou na hora de encontrar uma editora e publicar? O livro foi apresentado pela Fósforo pela minha agente literária, a Mariana Teixeira Soares, do Rio de Janeiro. O livro Erva Brava foi a estreia do catálogo de ficção nacional da Fósforo. Eles escolheram esse livro. Quando compraram a ideia da obra Erva Brava foi justamente por achar que o livro passava a mensagem que a editora queria para o mercado. Acho que isso mostra uma mudança do mercado nos últimos anos. Acho que o sucesso do Torto Arado, do Itamar [Vieira Júnior], também teve um papel nisso, assim como as editoras independentes que vez ou outra estão emplacando autores em prêmios nacionais e esses autores não são necessariamente do eixo Rio-SP.
Algo que chama a atenção é que cada conto do livro aborda temas muito pertinentes e muito presentes na vida brasileira e os textos carregam um comentário social forte. Como você escolhe esses temas e como abordá-los de forma orgânica? Não é o autor que escolhe o tema, é o contrário. Eu escrevo sobre as coisas que eu vi, que eu vivi, que eu li e que me tocaram de uma maneira profunda. A construção da palavra passa por uma série de escolhas, mas o tema vem de uma forma muito inconsciente. Depois que o livro estava pronto e publicado, eu comecei a ver muitos elementos familiares, minhas tias-avós muito presentes, coisas que minha avó, que era da cidade de Goiás, me contava. Eu escrevi sobre aquilo que me toca de verdade e talvez por isso o texto não ganhe um tom muito panfletário. Além disso, dois elementos são muito importantes na minha escrita: o espaço e o personagem. O personagem em ação no espaço é o que conduz esses contos enquanto o tema se infiltra nisso a partir da vivência dos personagens. Isso ajudou com que os contos fiquem mais naturais.
Obviamente tenho que perguntar sobre a indicação ao Jabuti. Gostaria de saber como foi isso, como você se sentiu e se acha que isso bota alguma pressão ou expectativa na sua escrita. O Jabuti com certeza ajuda o leitor a comprar aquele livro e investir o tempo dele naquela leitura. São muitas obras sendo publicadas e não é fácil a gente se orientar e saber aquilo que a gente vai gostar. Um livro de ficção custa, em média, R$ 60 e nem todo mundo tem condição de fazer esse investimento sem ponderar um pouquinho. Então a gente precisa chegar nesse livro por alguma indicação.
Mas então não dá uma pressão em relação ao próximo livro? O tema do meu próximo livro, pra mim, é próximo ao de Erva Brava, talvez o leitor ache um tema muito diferente. O autor tem que escrever sobre aquilo que pulsa dentro dele, independente das expectativas. É um romance, estou escrevendo desde 2021. Poucos meses depois de entregar o original de Erva Brava eu finalizei a primeira versão desse romance, só que eu escrevo muitas versões, eu reescrevo muitíssimo. Ainda vai um tempo considerável em cima dele.
Você integra uma geração de escritoras brasileiras que têm se destacado cada vez mais no mercado literário. Nessa turma incluo também Ana Paula Maia, Carla Madeira, Aline Bei e Micheliny Verunschk. Você acha que é um novo momento de destaque para a mulher na literatura brasileira? Eu sempre tomo cuidado para não falar de algo que não sei a fundo e que não pesquisei. Nós temos uma série de pesquisadoras nas universidades brasileiras debruçadas sobre isso. A impressão que a gente tem é que é um momento muito favorável para a autoria de mulheres, só que a gente tem que tomar muito cuidado para não virar uma literatura de nicho: que mulheres têm que escrever sobre tais temas. Vejo com certa cautela uma segmentação de uma literatura “feminina” porque isso também pode ser uma armadilha. Um modismo passa, uma onda boa passa, e a gente quer a permanência dessas autoras no mercado com a visibilidade que estamos tendo hoje, mas sem paternalismos. Tem que se olhar mais para o texto do que para as autoras.
O último conto do seu livro me lembrou o final de Cem Anos de Solidão. Eu quero saber se foi a inspiração por trás do destino de Buriti Pequeno. Talvez inconscientemente. Sou uma super leitora de Gabriel García Márquez. Cem Anos de Solidão foi uma leitura muito marcante pra mim e é óbvio que Macondo foi uma inspiração para o livro. Eu titubeei em escolher em que cidade ia se passar essas histórias. Pensei: bom, Macondo está aí, por que não criar a minha cidade? E eu tinha vontade na minha escrita de fazer algo para ser destruído, construir algo que depois colapsasse, acabasse, e eu queria brincar com essa ideia de impermanência.
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LGPD: impulso necessário para a segurança dos consumidores no varejo
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José Abrão
Goiânia – A crescente digitalização do varejo trouxe inúmeras vantagens para consumidores e empresas, permitindo uma experiência de compra mais eficiente e personalizada. No entanto, essa revolução tecnológica também trouxe consigo preocupações relacionadas à segurança e à privacidade dos dados dos clientes, dos colaboradores e das próprias empresas. É nesse contexto que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) desempenha um papel vital para o setor varejista.
A LGPD estabelece diretrizes rigorosas para a coleta, armazenamento e processamento de dados pessoais. No varejo, isso se traduz na necessidade de as empresas obterem consentimento claro dos consumidores para o uso de seus dados, bem como na obrigatoriedade de garantir a segurança dessas informações. Uma das principais implicações da LGPD para o varejo é a ênfase na transparência. As empresas são agora obrigadas a informar de maneira clara e acessível como os dados dos clientes serão usados. Isso não apenas reforça a confiança dos consumidores, mas também permite que eles tenham mais controle sobre suas informações pessoais.
A importância da LGPD para o setor varejista é evidente na crescente conscientização dos consumidores sobre a proteção de dados. É o que explica Thaís Taveira, advogada especializada no assunto. “O consumidor está cada vez mais consciente, e aqueles que compram on-line querem ter a privacidade e segurança dos seus dados garantidos. Vender um produto na internet demanda um relacionamento com o cliente e implica na captação de muitos dados, como onde mora, idade, sexo, tendências de consumo”, pontua. Aqueles que têm uma loja on-line, independente do nicho, precisam se adequar a essas regras, garantindo a segurança dos dados de clientes e dos próprios colaboradores.

Advogada Thaís Taveira (Foto: divulgação)
“Empresas de pequeno porte têm um processo de adequação mais simples, mas também precisarão fazer adequações. O que não se pode fazer é ignorar a existência dessa lei e deixar de tomar as medidas que ela impõe”, completa Thaís. A não adequação pode custar caro ao empresário: multas, invasões de hackers e bloqueio do banco de dados são alguns exemplos do que pode acontecer. “Mas, na minha visão, o dano reputacional advindo de um vazamento de dado é a pior das consequências, pois uma vez que a imagem da empresa é abalada, especialmente na era do cancelamento digital em que vivemos, a empresa corre o risco de perder a confiança do consumidor”, arremata a advogada.
Por isso é tão importante que comerciantes e lojistas se resguardem: o prazo para a adequação terminou em agosto de 2023, mas a adaptação é sempre constante. A LGPD incentiva o aprimoramento das práticas de segurança de dados no varejo. As empresas estão investindo em tecnologias e processos que protegem os dados do cliente contra ameaças cibernéticas, reduzindo assim o risco de violações de dados. Leia mais LGPD: empresas precisam se adequar à proteção de dados para evitar sanções
Na prática
Quem se mantém atualizado colhe os resultados. É o que garante Aníbal Bento, diretor administrativo do Fujioka. “Nós já estávamos trabalhando desde o início, fazendo todo o trabalho de limpeza, de cuidado, não solicitando os dados que não eram necessários e contratamos uma consultoria para nos orientar na parte técnica e também na parte jurídica. No mundo atual não tem como trabalhar sem dados, mas queríamos desde o princípio não ir de encontro com a lei. A ideia é estar sempre melhorando”, explica.
Com quase 60 anos de história, a empresa onde Aníbal Bento trabalha já lidava com dados sensíveis desde antes da LGPD e bem antes da revolução digital. “Nós lidamos com fotografia, já tínhamos cuidado há muitos anos, porque lidamos com a imagem das pessoas. Depois de um tempo, aquilo era eliminado para que não tenha a possibilidade de ter um vazamento”, ressalta o gestor.

Aníbal Bento, diretor administrativo do Fujioka (Foto: divulgação)
Além de reforçar o sistema, foram tomadas medidas junto aos colaboradores e aos gestores para garantir a preservação das informações, como a criação de um comitê de segurança e o engajamento direto dos recursos humanos por meio de treinamentos, endomarketing e outras práticas. “Mesmo passado esse tempo todo, ainda estamos aprendendo. É uma mudança cultural, mas entendemos que já avançamos bastante”, completa Bento.
Desafio
“Para o empresário, essas novidades são sempre complicadas: ele já está preocupado tentando sobreviver e, então, tem que lidar com grandes mudanças”, conta Eberth Motta, presidente da CDL Jovem e responsável pelo e-commerce da Óticas Brasil, empresa familiar com 60 anos de trajetória. “Aqui somos uma empresa um pouco maior, já tínhamos uma equipe de TI, então até que foi uma adaptação mais natural”, relata.
O gestor avalia que o setor varejista enfrenta desafios maiores na hora de se adequar devido à sensibilidade dos dados com que lida. “O e-commerce tem uma situação muito séria porque tem os dados completos de venda das pessoas. Se essa pessoa utilizou comigo um dado de pagamento, esse dado não pode ser compartilhado. Eu preciso sistematizar processos para garantir essa confidencialidade”, aponta Motta. Porém, ele avalia que uma vez que o responsável pela empresa é orientado, o caminho e as ferramentas para a adequação são mais simples do que aparentam. “Para o site, você precisa criar uma política de privacidade, e felizmente já existem diversos textos base, simples e objetivos disponíveis na internet, precisando apenas ser adaptado à realidade e ao negócio dele”.
Ele explica que, caso os pequenos e médios lojistas ainda estejam confusos com as mudanças, basta procurar a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). “A CDL tem materiais que ensinam sobre LGPD, temos cursos na nossa Escola de Negócios para auxiliar esse micro e pequeno empreendedor que quer buscar essa atualização. Quem está nessa luta, porque já venceu o prazo em agosto de 2023, pode procurar a própria ANPD. Eles possuem materiais para isso”, orienta. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) é a agência nacional estabelecida para fazer a fiscalização e aplicar sanções para quem descumprir a lei.
Motta, no entanto, critica que ainda falta informação. “Quando há grandes mudanças como essa, uma crítica que eu faço é que parece que sobra fiscalização e falta orientação. Seriam necessários mais espaços proporcionados pelo governo para auxiliar as pessoas a fazerem essas adequações, que são, de fato, muito importantes”, salienta.

Eberth Motta, presidente da CDL Jovem (Foto: divulgação)
Desrespeito
Mesmo com todas as regras postas, não é incomum que a LGPD seja descumprida de forma descarada por vendedores que fazem contato direto com o cliente por WhatsApp, e-mail ou telefone, principalmente nos setores de telefonia, farmácias e concessionárias de veículos, mesmo após a solicitação para que o contato seja interrompido.
Para além do lado técnico, também é preciso adequar pessoas. “Talvez esse seja um ponto de maior desafio para o varejo porque as empresas trabalham com muitos vendedores que têm metas e precisam vender. O pessoal fica receoso que essa adequação vai inviabilizar o contato com os clientes, mas não é assim, existem meios para fazer isso”, explica o advogado Rafael Maciel, especialista em direito digital.
“Isso gerou uma preocupação, principalmente no varejo, em relação ao envio de e-mails para os clientes, em ações direcionadas de marketing, etc. A adequação gera e fortalece uma relação de confiança com o cliente, que é o titular dos seus dados”, explica o advogado. Segundo ele, o descumprimento não é apenas contra a lei, o que pode gerar consequências para a empresa, mas também é contraprodutivo: ao insistir no telemarketing invasivo, o vendedor rompe com a confiança do cliente, o que gera antipatia pela empresa.
Para mudar isso, segundo ele, é um assunto de RH e não tecnológico. “É uma questão de conscientização. Uma rotina de aprendizagem e de gerar uma cultura para todos na empresa. Não adianta nada colocar um sistema todo robusto de proteção, mas que internamente você não tem boas práticas”.
Além disso, Maciel destaca que a adequação nunca acaba. “Você inicia um projeto de adequação e vai melhorando, porque amanhã a empresa vai ter outros funcionários que precisam ser treinados, depois muda de software e precisa mapear se ele te atende”, destaca. A única constante é a mudança e os lojistas que queiram se aprimorar no mercado digital e não sofrer punições precisam abraçar esta nova era junto aos seus vendedores.
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