Tumgik
kangliver · 1 year
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era sábado, mas charlie já havia acordado há algum tempo. tempo o suficiente para, como a criança paciente e organizada que era, escovar seus dentes, vestir uma roupa decente e pentear os cabelos – naquele sábado, especificamente, separara para o lado direito, pra parecer maduro e profissional. mas claro, tudo tinha um motivo! afinal, charles kang nunca dava um ponto sem nó. enquanto seu pai se encarregava de fazer o café da manhã para eles e a convidada, o pequeno se autointitulara encarregado por resolver a situação da mulher que se encontrava simplesmente desmaiada em seu quarto. além da satisfação pela criança inteligente e prestativa que era, carregava com as duas mãos orgulhosamente a bomba de mel que havia feito na noite anterior (e sim, o copo estava na mesinha lateral totalmente seguro ao seu lado desde às duas da madrugada), pronto para fornecer à senhorita liliana ortega ou lili o único remédio possível para sua condição de pessoa que bebeu em que ela se encontrava. será que a enferma já se encontrava acordada? o pequeno kang girara a maçaneta do próprio quarto com cuidado, colocando apenas a cabeça pra dentro primeiro para encontrar uma liliana ainda desacordada na cama – que, por incrível que parecesse, mesmo que pequena ainda a comportava muito bem. "wa... queria eu ser despreocupado com a vida assim." disse charlie, nove anos, estudante do primário, enquanto encarava uma funcionária pública dormir mais de seis horas após um único dia de diversão.
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caminhou devagar até liliana, analisando com os pequenos olhos estreitos os traços bonitos da morena. tia serena e tia maddie eram bonitas também, mas não assim. perguntava-se se o pai havia percebido o mesmo. franziu o cenho, resignando-se a concentrar-se em sua missão, não tinha tempo pra ficar pensando besteira. devagar, tocou a bochecha da desocupada que ocupava sua cama e apertou levemente. "ei, senhorita liliana ortega, com licença! é hora de acordar, já passou das nove e você precisa tomar isso aqui urgentemente."
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kangliver · 1 year
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Matt Simmons
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kangliver · 1 year
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kangliver · 1 year
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lilixvega​:
já havia parado de beber há algum tempo, e Spencer garantira que a jovem bebesse uma boa quantidade de água antes de deixar o bar, portanto conforme o tempo passava, resquícios de consciência aos poucos retornavam à mente outrora bastante ágil. não que estivesse beirando a sobriedade ainda; provavelmente precisaria de uma hora inteira até tal coisa, mas a ocasional clareza indicava que no dia seguinte provavelmente lembraria de alguns flashes daquele momento, ao invés de se deparar com a completa falta de memória de um apagão completo. “vizinhos?” repetiu, detalhe que certamente faria parte de suas lembranças na manhã seguinte. quais eram as chances? se a companhia tivesse sido responsável por encontrar para a jovem um apartamento, até faria sentido. mas considerando que Liliana tivera encontrado aquele local por si mesma, sem imaginar por um instante que o colega morava ali, era no mínimo uma coincidência curiosa. teria elaborado mais alguma coisa sobre aquele fato se a mente enebriada não tivesse se distraído tão rapidamente quando as mãos grandes de Oliver a firmaram contra o corpo. veja bem: Liliana não era facilmente impressionável. era latina, ora essa! a convivência inevitável com outros de mesma origem lhe garantiam que uma boa quantidade de homens atraentes (e quentes, tal qual o estereótipo) já tivessem passado por sua vida. a própria jovem era bastante atraente, e solteira. suficiente dizer que já havia conhecido e se relacionado com um bom par de homens bonitos. e talvez fosse a bebida fazendo com que outros pensamentos pausassem para que pudesse focar em uma coisa de cada vez; mas tudo o que conseguiu pensar, de repente, era no quão forte o colega era. e alto. bem; Lili tinha menos que um e sessenta, então a maioria das pessoas eram altas em comparação. inclusive, era a diferença de alturas que a permitia encarar tão de perto o abdômen forte que a camiseta fina do pijama alheio entregava. Dios Mio, ele era muito gostoso!
ainda bem que o pequeno garoto apareceu, ou talvez tivesse deixado escapar alguma frase comprometedora já que por longos instantes o físico alheio fora a única coisa que permeava a mente da mais nova. ela até era mesmo direta e sincera, mas destacar o quão gostoso achava seu colega não era a melhor maneira de começar aquela relação. pelo menos assim pensaria uma versão sóbria sua. a bêbada fora salva pelo garotinho de expressão séria e curiosa, e eloquência de um jovem adulto. teria que realmente agradecê-lo pelo timing, já que não apenas a salvara dos pensamentos indevidos como do seu instinto de dizer algo sobre a falta alheia de namorada. algo nas linhas de: impossível! com essa aparência? definitivamente, lembraria mais tarde, não poderia se dar ao luxo de ficar tão embriagada na frente de Kang outra vez. não quando sua impulsividade ficava por um triz, refém unicamente da pouco usual lentidão causada pelo álcool. lentidão essa que fizera a jovem piscar os olhos um par de vezes para focar na pequena criaturazinha que a encarava como se fosse uma espécie diferente. já havia recebido olhares de estranheza dos que costumavam gritar palavras grosseiras e ordens de que retornasse ao seu país de origem; mas a inocência nos olhos e no tom de voz do menino indicavam que não era absolutamente nada daquele tipo. era compreensível, mesmo que sem saber o contexto geral de quem Charlie tinha ou não contato com, que a criança estivesse confusa (e curiosa) ao se deparar com uma completa estranha na sua sala de madrugada. duvidava que Oliver tivesse falado sobre ela para o filho pequeno, devido sua recente chegada. e se o tivesse feito, dificilmente aquilo esclareceria qualquer motivo da moça estar ali naquela hora.
se o menino estava com uma óbvia interrogação em sua expressão, aquilo refletiu quase que de imediato no rosto de Liliana ao vê-lo agindo tão… maduramente. ele não parecia ter mais que…hm… onze anos? sete? nove, talvez. Lili não tinha contato corriqueiro com crianças, ainda que as apreciasse, então não faria ideia de que idade chutar. certamente novo demais para sua postura! por isso em meio a sua própria estranheza, mais um dos enormes sorrisos da colombiana se abriam aos poucos, encarando o meio metro de fofura. como uma adolescente que finge sobriedade na frente dos pais (coisa que, sinceramente, ela mesma não havia vivenciado), Lili tentou ajustar a postura e ordenar as pernas que se contivessem o máximo possível, sem querer que o jovenzinho a visse em seu pior estado. infelizmente para ela, os olhos semicerrados a entregavam, bem como o fato de que ainda que estivesse mais ereta que antes, a mão precisava continuar segurando Oliver a fim de que as pernas não tropeçassem uma na outra. “eu sou a…” pigarreou brevemente, quando notou que ainda tentava sussurrar. não havia mais motivo, certo? aparentemente a pessoa que não deveria acordar estava ali diante de si. teria agachado na altura dele em situações normais, mas tinha consciência suficiente de que as pernas não a obedeceriam como precisava caso arriscasse tal manobra. contentou-se a olhar para baixo com o sorriso mais simpático (e sincero, realmente) que podia. virou a cabeça um pouco rápido demais na direção do colega ao ouvir que eles não eram tão parecidos, de acordo com a maioria. “bom, ele fala igualzinho você” apontou, afinal, ele podia não ser a cara do pai, mas tinha a mesma postura e cordialidade impecável. podia ver claramente em quem o garotinho se espelhava. “Lili” corrigiu o outro diante da formalidade desnecessária. ora essa! era uma criança. se já não gostava da seriedade que seu colega de trabalho demonstrava ao chamá-la pelo sobrenome, imagine só uma criança. mesmo que ela parecesse mais um mini adulto. repentinamente, um riso envergonhado escapou da mulher quando Kang explicou que a moça havia se enganado. costumava não ser tão apologética quanto a seu comportamento de modo geral, e até então não estava exatamente envergonhada pelo erro (embora no dia seguinte com certeza estaria), mas por algum motivo desgostou de não estar no seu melhor momento diante do pequeno.
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um pouco mais cedo, e Lili teria pensado que estava tendo um derrame se tivesse ouvido as palavras em coreano do garoto. mas conforme o efeito do álcool atenuava aos poucos (bem poucos), o discernimento de que ele falava em outra língua fora bastante rápido. Lili era fluente em inglês e espanhol, tinha um nível considerável de francês e arranhava no português. idiomas asiáticos, no entanto, não saberia dizer nem mesmo ‘olá’. “o que ele disse?” perguntou baixo, quando o garoto já estava um pouco distante, na cozinha, mas então todo o cansaço que o corpo recusava a sentir pareceu atingi-la de uma só vez. talvez porque já havia tempo considerável que tinha parado de beber, dançar e falar alto; e os músculos esfriavam, ao mesmo tempo em que o ambiente interno estava quente e agradável o suficiente para que ela se sentisse ridiculamente confortável. como quem toma um banho quente e sente os músculos relaxando tanto que o sono era quase que arrebatador. Oliver também não pareceu disposto demais a traduzir, e em um momento normal, Liliana teria insistido — o bocejo, porém, foi seguido de sua caminhada até o sofá de cor sem graça, com ajuda do mais velho. deu risada com o comentário dele - Kang talvez pensasse que a moça estava risonha daquele modo pelo efeito do álcool, mas a verdade era que os lábios da jovem geralmente estavam mesmo prontos para um riso ou sorriso a todo tempo. o que podia fazer? era humorada. “sabe que eu achei que estava indo para o lugar errado? quando falei o endereço, Serena ficou tipo ‘tem certeza?’ e eu: ‘certeza!’ e ela perguntou de novo, e de novo, aí eu disse que cada vez que ela dizia, eu tinha menos certeza. mas aí eu acreditou, e começou a dar risada. juro, por um momento achei que tinha colocado o endereço de algum… circo, sei lá, pra ter tanta graça” as palavras deixavam a boca com rapidez, mesmo que se arrastassem um pouco, e Lili não fez a conexão dos fatos enquanto falava. era óbvio: Serena reconhecera o endereço de Oliver e achara graça na situação. mas Vega só conseguiria perceber aquilo no dia seguinte.
e os dizeres rápidos e confusos foram como um último desgaste de sua energia que o corpo fora capaz, pois o cansaço a atingiu com força em seguida. sequer prestara muita atenção no que Oliver disse antes de deixar a sala, apenas pôde notar o quão confortável eram as almofadas e na exaustão que sentia. se o colega havia demorado um minuto ou uma hora, não saberia dizer, pois poucos segundos se fizeram necessários para que a moça desligasse como uma máquina sem bateria. abraçada a uma das almofadas, o corpo pequeno aos poucos cedeu e tão logo a morena estava deitada de um jeito esquisito, mas com a expressão serena no rosto de quem enfim dormia após dias acordada.
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oliver esperava que liliana fosse perguntar sobre a frase malcriada de seu filho, mas não imaginou que ficaria sem jeito e sem ideias de respondê-la de uma forma genuína sem ficar desconfortável por ter de explicar o sentido. não era todo dia que o filho de alguém insinuava em outra língua que o pai estava escondendo um relacionamento. absteve-se, portanto, já que abominava mentiras. “é só o mal humor e a rabugice dele falando mais alto do que o sono. não ligue.” pediu, virando-se para ela novamente. a nova informação sobre o comportamento de serena só o ajudou a entender melhor a situação. condenaria a atitude se tivesse condições e um ouvido sóbrio para escutá-lo, mas de nada adiantaria agora. “vou deixar a bronca pra você então, quando vê-la novamente. pra ser sincero, ela tem parte nisso por ter te colocado nessa situação.” ter certeza de que ela já estava acomodada no sofá era uma vitória. a situação estava dentro do controle novamente. 
não planejava demorar na cozinha. assim que entendesse a demora de charlie, voltaria para checá-la, se certificaria de que ela tivesse tomado toda a água e então a levaria para o apartamento correto. mas a cena que viu na cozinha o fez arregalar levemente os olhos. “charlie, o que está fazendo?”
o garotinho virou o rosto esforçado em direção ao pai, enquanto permanecia na ponta dos pés apertando um tubo de mel meio solidificado pelo clima e pela falta de uso dentro de um copo com água. alguns pingos que se dissolviam lentamente ainda estavam boiando, mas charlie parecia muito compenetrado a virar o tubo inteiro dentro do cilindro de vidro, apertando-o com força. “pai, pode me ajudar aqui?” pediu. “vovó disse que a gente precisa dar água com mel pras pessoas doentes ou quando elas ficam com essa cara de tonta igual a da senhorita liliana ortega. ou lili.” e bem, não era como se ele quisesse que ela ficasse doente, ainda mais se quisesse fazer mais perguntas depois. continuava curioso sobre a presença da morena em casa, ainda mais sendo mulher. qual fora a última vez que vira uma mulher diferente em sua casa? apertando mais o tubo de mel, quase comemorou de alegria quando o fio melequento do líquido doce desceu como uma linha grossa, fazendo ‘blerghgh”. “isso!” vibrou baixinho, contente, ignorando completamente que se continuasse desse jeito iria meter metade do tubo dentro do copo. sua avó havia o mandado fazer isso, mas não ensinado sobre as proporções.
oliver percebeu e o interrompeu com certa delicadeza, enquanto charlie parecia ter entendido o recado sobre a quantidade e corrido atrás de uma colher pra mexer o conteúdo. “chega, filho, é o suficiente. ponha mais do que isso e causaremos uma hiperglicemia na senhorita ortega.” comentou com ele, fazendo-lhe um singelo carinho ao alisar o topo da cabeça do garotinho. por um lado, até comovera-se pela consideração da criança por liliana e por pensar rápido sobre a situação, mas por outro, preocupou-se com o que a mãe já estava começando a lhe contar sobre o mundo enquanto ele estava fora trabalhando.
“pai.” charlie chamou, ficando um pouco mais sério enquanto mexia a mistura com a colher. “ela é realmente sua amiga? eu nunca vi ela. e por que ela chegou assim?”
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perguntou, as pequenas mãos largando a colher na bancada e pousando nos quadris, tal qual um mini investigador. “pai.” os olhinhos puxados arregalaram-se um pouco ao estalar em sua mente infantil, enquanto ele levava as mãos pra frente da boca, cobrindo-a parcialmente. “ela bebeu?” o pequeno kang sussurrou, como se fosse um segredo de estado, ou um crime. charlie nunca vira ninguém bêbado. nem tia serena, nem tia maddie, nem tio spencer, ou tio sam. nem mesmo tio morgan. o que sua avó diria se visse alguém que bebeu soju em sua casa? porque era como ela dizia, quem bebia soju demais ficava bêbado. ou cerveja. “você bebeu com ela?”
oliver teria de conversar direito sobre álcool com charlie em algum momento, mas aquele não era o adequado. apesar de ser adorável a inocência ainda remanescente na criança de oito anos aumentar tudo nas informações simples que recebia e o quão ingênuo parecia com um processo tão natural de um ser humano, precisavam sim esclarecer algumas coisas. “o que importa é que ela vai ficar bem. e não, não bebi com ela. vai dar tudo certo quanto entregarmos pra ela esse copo de mel com água que você fez.” riu, guiando-o até a sala. charlie não parecia totalmente convencido, mas a menção de que faria algo realmente útil como lhe dar algo que a faria curar-se da doença da embriaguez o fez orgulhosamente dar passos largos e cuidadosos com o copo na mão. 
mas pareceu tarde demais quando a viu deitada no sofá de olhos fechados e sorrindo. “ela morreu?” perguntou com os olhos arregalados, genuinamente, tendo em vista que ela tinha as duas mãos acima da barriga, tal qual um defunto. já vira o avô num caixão, fora igual. 
oliver piscou algumas vezes ao ver liliana simplesmente apagada em seu sofá. oh, bem. a noite deles estava completa. “não filho, ela não morreu. mas certamente vai morrer de constrangimento amanhã. vamos tentar não comentar nada sobre isso quando ela acordar, ok?”
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“ok. menos mal né? que ela não morreu.” confirmou com a cabeça, ainda a encarando e segurando o copo. “o que faremos?” perguntou, voltando o olhar ao pai em busca de novas coordenadas.
oliver suspirou. ela dormia sorridente, mas também parecia uma pedra afundada em seu sofá. se ficasse ali, provavelmente acordaria toda dolorida naquele sábado. “charlie, você dorme no meu quarto hoje comigo, pode ser? vou precisar da sua cama emprestada.”
“hm, ok. estou indo então. amanhã eu resolvo o problema pra você então, pai.” e combinando com o pai, rumou até o quarto do mais velho segurando firmemente com as duas mãozinhas o copo de água com mel. não havia conseguido agora, mas definitivamente amanhã de manhã ela tomaria aquela bebida. ele se certificaria disso e depois contaria para a avó sobre como salvou a vida de uma estranha. pra isso, o copo ficaria na mesinha de canto do quarto de seu pai, onde ele pudesse ver e ninguém mais pudesse beber além de dela na manhã seguinte.
assim que o pequeno kang se despediu, oliver posicionou-se para pegá-la no colo, fazendo-o com certo esforço, já que ela estava desacordada e não dava sinal nenhum de que acordaria para segurar-se nele. com ela firme nos braços, desviou dos móveis e entrou no corredor em direção ao quarto de charlie, abrindo a porta com cuidado, com a ponta do pé. visualizando a cama, aproveitou que as cobertas do garotinho estavam desarrumadas e a colocou no colchão com cuidado, cobrindo-a com um edredom assim que a ajeitara no travesseiro. retirou o cabelo de cima de seus olhos e boca, ajeitando os fios para que ela não ficasse desconfortável, e a fitou por alguns segundos. dormia tão bela, tranquila e profundamente que oliver se perguntou novamente se estava mesmo em seu apartamento. um sorriso inconsciente despontou tímido nos lábios masculinos, assim como uma lufada de ar pelo nariz. ele desligou o abajur, deixando a porta entreaberta ao sair. 
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liliana era uma pessoa no mínimo interessante, embora as confusões que fosse capaz de causar. 
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kangliver · 1 year
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lilixvega​:
àquela altura da vida, após tanto treinamento, os sentidos da colombiana eram bastante apurados quando precisava se atentar a algum perigo. claro que a embriaguez atenuava a sua capacidade, mas não a extinguia por completo. logicamente falando, se Oliver de fato estivesse em sua casa àquela hora e sem aviso prévio, deveria ser de se estranhar — mas o fato era que o novo colega não lhe passava nenhuma sensação de perigo. Liliana não colocaria sua mão no fogo pelo homem (ao menos não ainda), mas seu alerta de perigo não apitava quando ele estava por perto. claro que instinto não era algo a se confiar plenamente, mas o da agente Vega tinha experiência suficiente para se provar útil e certeiro. a visão do colega não a deixou tensa por um instante sequer, os músculos seguiam relaxados devido ao álcool e o cansaço era tamanho que poderia dormir em pé ali mesmo.
os olhos da garota percorreram o apartamento como quem buscava absorver todos os detalhes, mesmo que a tarefa beirasse o impossível após tanta bebida consumida durante a noite. uma coisa estava clara, porém: a decoração e os móveis estavam completamente divergentes em comparação a última vez que estivera presente em sua sala. sem contar as caixas com os pertences que ainda não havia desempacotado após a mudança, que não se faziam presentes empilhadas em um canto como se recordava. teria Oliver arrumado seus pertences? ele parecia do tipo que organizava coisas quando estava entediado, se fosse sincera. a voz do mais velho a tirou dos devaneios, mas sua fala não foi capaz de esclarecer a situação da melhor maneira para a embriagada jovem. “ué, minha chave… mas a porta abriu.” comentou, confusa. era como nos sonhos, em que nunca era possível recordar exatamente como havia chegado em um específico local. a lembrança de instantes atrás estava embaçada, e Lili não podia contar com sua mente naquele momento. de algum modo, tinha conseguido adentrar o apartamento, e não se lembrava de usar ou não a chave. mas… devia ter usado, certo? tinha tentado — isso sim, ela lembrava! “é meu apartamento” afirmou, mais para si mesma que para outrem, e em seguida repetiu o endereço que havia instruído ao taxista, como que buscando provar que estava no local certo. claro que o número do apartamento mencionado não era o mesmo em que agora se encontrava; e sim o imediatamente ao lado.
“ei!” piscou algumas vezes, a voz um pouco mais elevada enquanto um sorriso aparecia no rosto outrora confuso. “você me chamou pelo meu nome!” o tom tinha um quê de comemoração. Liliana deu alguns passos na direção do rapaz, chegando a quase tropeçar no caminho, mas mantendo equilíbrio o suficiente para que as mãos alcançassem o tecido confortável do pijama que o outro vestia. “achei que ia demorar um pouco mais” o sussurro não foi tão baixo quanto ela queria, mas percebia-se a intenção. os olhos voltaram a buscar pelo sofá esquisito diante da instrução de que deveria se sentar, mas muito embora o cansaço da jovem fosse inegável, os músculos ainda estavam quentes, como se recusassem se render. sabia que devia dormir, mas não queria, de fato. as mãos que haviam até então apenas tocado o tecido da camiseta alheia agora seguraram um pedaço dela, o rosto contorcendo em uma expressão levemente preocupada. “dormindo?” desconexa de todo o contexto, a mente não a permitia conectar todos os pontos, e por isso focava apenas na informação que havia acabado de receber. “ai, sua namorada está dormindo?” tinha notado mais cedo que ele não tinha aliança, era razoavelmente observadora, portanto sabia que não tinha esposa. uma namorada, no entanto, era bastante plausível. Oliver era bastante atraente, afinal. e um filho era a última coisa que Liliana imaginaria que ele tivesse, especialmente em meio a sua embriaguez. “não quero confusão nenhuma!” garantiu. já tinha se envolvido em algumas situações complicadas com amigos e suas namoradas que interpretaram sua presença completamente errado. “pode deixar, eu… opa” deu risada quando os pés a traíram e ela quase se desestabilizou, precisando apoiar-se no mais velho. “eu vou explicar que eu só sou sua colega. já aconteceu isso outra vez, a namorada de um amigo meu…” antes que pudesse finalizar a história com a voz arrastada, uma pequena criaturazinha apareceu nas sombras do corredor e se revelou na sala. “um mini Oliver” a frase saiu quase que inconscientemente, mesmo que o pensamento só pudesse ser ingênuo naquele nível por poucos segundos. ainda que bêbada, não tardou a compreender quem era o pequeno garotinho. Liliana virou o pescoço na direção do colega, a testa franzida. “você tem um filho?” não que o fato em si fosse qualquer absurdo; mas era estranho que não tivesse nada sobre aquele detalhe em tudo o que havia pesquisado a respeito do homem.
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enquanto os olhos brilhantes da vega estudavam o ambiente como quem realmente não entendia o que realmente estava acontecendo ainda (e, bem, oliver imaginava que era muito possível), ele a acompanhava com os próprios, ainda incerto se deveria deixá-la sozinha na sala enquanto estivesse na cozinha buscando algo que a ajudasse. “sim, a porta abriu porque eu abri por dentro. você me surpreendeu.” comentou paciente, aparentando medir as próprias palavras. obviamente não diria que esperava assustado um invasor com o taco de baseball do filho em mãos, ainda prezava pela própria reputação e claramente não era a melhor forma de parecer confiável e admirável nos conceitos de liliana. a imediata ciência de que acabara de admitir para si mesmo que se importava com o que ela pensava sobre ele também vislumbrou em sua mente quase como uma piada, mas pautada numa verdade constrangedora: fora a vega quem marcara uma impressão positiva quando chegara, e ele aparentemente nada fizera para deixá-la pensando o mesmo. 
os murmúrios e raciocínios comprometidos fizeram com que o kang soprasse o ar em um riso mudo, negando com a cabeça. “o endereço está certo. isso prova que somos vizinhos. só precisamos descobrir o apartamento no qual você mora e-... cuidado.” mais uma vez o reflexo rápido o ajudara a equilibrar o corpo de liliana ao segura-la acima dos cotovelos, firmando-a próximo ao próprio peito já que a inclinação indicava a falta de força da mulher para permanecer reta e firme num mesmo lugar. ela segurava sua roupa de um jeito brusco, provavelmente em prol de sustentar o próprio corpo, mas dada à atual situação de ambos, assim tão juntos, o primeiro questionamento que surgiu em sua mente foi como uma mulher de aparência e energia tão fortes poderia ser tão pequena e frágil diante de seu corpo. a proximidade dela o deixara distraído por alguns segundos, fazendo com que os olhos estreitos estudassem a expressão contente da morena, não entendendo por que aquilo parecia tão importante pra ela. era apenas um nome, e mesmo assim não parecia economizar em sorrisos. era... curioso. “...acho que imaginou coisas, ortega.” desconversou. à troco de nada, se fosse sincero a admitir. a distância que parecia querer manter não fazia tanto sentido ali, mas subitamente sentiu que a reação dela fora tão agradável ao seu humor por vezes estoico que brincar com ela não parecera desconfortável como era com a maioria. quando o contato visual se quebrou, oliver aos poucos foi soltando a firmeza das mãos nos braços femininos, muito embora liliana ainda o segurasse. a vega o deixou surpreso mais uma vez ao levantar as hipóteses de algum relacionamento o envolvendo, o que o fez rapidamente anular qualquer ideia parecida. “não, não tenho namorada, não é isso que você está pensando-...” a movimentação exigiu mais cuidado do kang, então acabou por segurar uma das mãos da mais baixa para ajudá-la a mover-se da forma que estava querendo, mas não contava com o despertar de charlie e sua presença repentina na sala. 
“pai, o que tá acontecendo?” a voz infantil baixinha e levemente rouca soou no silêncio da sala. charlie piscou os olhos para tentar enxergar um pouco melhor depois de ligar o interruptor da iluminação do cômodo, acostumando-se com a claridade e com a imagem do pai de mãos dadas com uma mulher que nunca havia visto na vida. quase que imediatamente perguntou quem era ela, mas lembrou que a avó e o pai haviam lhe dito para ser gentil e educado, antes de tudo – ainda que não soubesse muito bem como fazê-lo naquele momento. como assim mini oliver? “ahm... boa noite, eu sou o charlie.” apresentou-se, coçando a nuca enquanto olhava para a moça mais velha, pouco depois de olhar de esguelha para o pai como se confirmasse que havia agido certo. o garotinho de oito anos aproximou-se um pouco enquanto a estudava, apertando levemente os olhos.  oliver expirou devagar, acenando positivamente com a cabeça em direção ao filho pelo comportamento cordial. bem, era bem cedo para aquilo. dado o envolvimento de seu pequeno charlie com seu antigo parceiro e a dificuldade em fazê-lo entender que tio morgan não frequentaria mais sua casa, liliana conhecê-lo no mesmo dia em que se apresentara como sua nova parceira no trabalho era precipitado. ainda assim, para a surpresa do kang, apesar das grandes desconfianças que passara a desenvolver após ter sido enganado por alguém tão próximo, nenhum receio apitara ali. era como se o problema não pudesse existir, mesmo que pensasse que um dia poderia. encarou liliana novamente. “as pessoas não nos acham muito parecidos. mas ele é a cara do meu pai.” comentou brevemente nostálgico, confirmando a a dúvida dela. virou-se novamente para o pequeno. “filho, esta é a senhorita liliana ortega. é minha nova... é uma amiga do papai.” comentou, formulando uma resposta que em sua opinião não  daria espaço para que charles alimentasse a curiosidade e fizesse tantas perguntas. se contasse que liliana era sua parceira, o assunto “morgan” provavelmente pipocaria no outro dia. “aconteceu um pequeno engano e estamos resolvendo. poderia nos fazer um favor e ir buscar água pra ela?”
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charlie parecia pensar se a história do pai condizia com aquela aproximação toda, e o rostinho redondo e delicado do pequeno garoto transparecia toda a sua confusão e estranhamento pelo simples fato de que seu pai nunca trazia qualquer mulher pra dentro de casa – a não ser serena e alice, que mesmo assim raramente passavam por lá. mas aquela moça era diferente. que roupa era aquela? e por que ela estava com cara de tonta? “appa nal sogijima, uh? tsc, chingu... geurae, araseo.”*
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praticamente ameaçou o pai numa entonação levemente indignada como qualquer coreano de sessenta anos de idade, deixando-o embasbacado quando entendeu o que o garotinho quis dizer com aquilo. a sobrancelha miúda do garoto levantou enquanto as pernas curtas marchavam autoritariamente até a cozinha atrás de um copo d’água, vira e mexe virando-se novamente em direção aos dois pra cuidar se não estavam fazendo alguma outra coisa como... ew, beijando, por exemplo.
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”ei! vamos conversar sobre isso depois.” oliver deu graças a deus que liliana provavelmente não entendia coreano. o que havia dado em charles? ciúmes? oh, pra isso ele utilizava o segundo idioma. conversaria com ele pelo atrevimento mais tarde. “só ignore, ele está cansado do treino de baseball de hoje.” pediu, pigarreando constrangido. dessa vez, ajudou-a a sentar-se após a revelação de que sim, era pai. “bem, acho que meu filho de pijama estar indo até a cozinha buscar água pra você é uma prova consistente de que esse não é o seu apartamento, não?” comentou tranquilo, lhe dando um pequeno curvar de lábios. “precisamos lembrar do número do seu apartamento. pode ser no mesmo corredor, ou num andar diferente. me espera um minuto.” pediu, indo até a cozinha para entender por que charlie estava demorando tanto.
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kangliver · 1 year
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dezenas de probabilidades flutuavam sob a cabeça de oliver ao que seus olhos e ouvidos acompanhavam o comportamento confuso de liliana. nem mesmo um dos cérebros mais brilhantes da UCCE fora capaz de não fazer necessários pelo menos dez segundos de processamento para receber a situação no mínimo peculiar com a qual teria de lidar no momento. em menos de um dia, sua nova parceira já havia descoberto seu endereço e agora afirmava com tanta convicção que morava ali que até mesmo kang por um milésimo de segundo questionou a si mesmo se realmente vivia com seu filho ali ao invés dela. “ortega?” o fato da mais baixa tê-lo chamado pelo nome não passara despercebido, mas o homem ainda estava muito confuso para comentar qualquer coisa. à essa altura do campeonato, já havia largado o taco de baseball há eras, e mesmo que isso significasse baixar a guarda, nada poderia fazer levando em consideração que não oferecera resistência alguma à entrada da jovem no apartamento. estava claramente alterada pelo provável alto teor de álcool no sangue – oliver não era idiota para não perceber –, mas nada do que ela dizia fazia muito sentido no momento. spencer e serena deviam ser os culpados. deus. o reflexo ao vê-la largar seus pertences de qualquer jeito no apartamento o fez flexionar o corpo brevemente na direção dela, no caso de um pequeno acidente de percurso. estava escuro e ela não conhecia a disposição dos móveis para evitar se machucar, por mais que brandasse morar ali, então não queria que ela se ferisse por nada. entretanto, ao vê-la começar a desestabilizar-se mais mental do que fisicamente sobre o ocorrido, suspirou brevemente. as probabilidades foram aos poucos sumindo quando uma resposta plausível começou a se formar na mente do kang, ainda mais levando em consideração o fato de que liliana não parecia agir de má fé, muito menos ter sucumbido à qualquer gracinha que seu time pudesse ter planejado fazer. o jeito era simplesmente ser o mais direto possível. “liliana, eu moro aqui. literalmente, é meu apartamento. você deve ter errado de porta, por isso sua chave não estava abrindo a porta.” por mais incrível que pudesse parecer para qualquer outra pessoa que acreditasse conhecê-lo, a reação de oliver não parecera nada rígida ou estressada. fora justamente o contrário. além do fato de tê-la chamado pelo nome pela primeira vez, o mais velho trouxera nos lábios curvos bem desenhados um sorriso.
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sumira em pouco tempo, mas retratara uma reação genuína ao episódio com a vega enquanto a encarava: ele achara graça. não só da situação, mas na expressão confusa e embriagada da morena que parecera, de fato, deploravelmente adorável, mesmo que ela houvesse acabado de criticar a decoração de sua casa e bem, houvesse a invadido com suas caóticas alegações. passando uma das mãos no rosto para afastar o momento do que ele facilmente consideraria fraqueza – ou um milagre, nas muito possíveis palavras de spencer se tivesse presenciado o ato –, ainda a acompanhava com o olhar. “ não sei como você se confundiu desse jeito, mas acredito que você deva morar perto daqui. sente-se, vou pegar água pra você e...” apesar da breve hesitação, imaginou que deveria dizer. ela já estava até mesmo dentro de sua casa. ela era sua parceira agora. ela poderia saber, provavelmente. ele poderia confiar. “por favor, se puder não fazer tanto barulho, eu agradeço. meu f-... tem gente dormindo.” pigarreou baixo, num breve aceno de cabeça para partir até a cozinha. liliana precisava ficar sóbria logo. 
@kangliver​
era um bom dia. Lili ainda sentia a energia de toda a própria animação e ansiedade tomar conta do corpo quando o dia “de trabalho” havia terminado. não que tivesse efetivamente trabalhado naquelas primeiras horas, já que a tranquilidade temporária da equipe a permitira um dia apenas para se adaptar. não era a única, afinal, que precisava se adaptar às mudanças; seu parceiro também parecia enervado com tudo aquilo. olhou em volta para garantir que Oliver de fato não acompanharia a equipe após o expediente, as grandes íris escuras finalmente recaindo sobre a imagem do homem enquanto apoiava a própria bolsa no ombro. abriu a boca para dizer algo, mas um dos novos colegas colocou a mão sobre aquele seu mesmo ombro, chamando a atenção da moça. ‘ele não vai. nunca vai.’ provavelmente o olhar esperançoso de Vega havia deixado claro sua intenção de insistir pela presença do mais velho, mas acabou desistindo ao ouvir aquelas palavras. bem! então conheceria seus outros colegas. 
e assim o fizera no decorrer da noite, mesmo que aos poucos o álcool fazia um bom trabalho em apagar pedaços do que era descoberto sobre cada um da equipe. Liliana era teimosa, para dizer o mínimo, o que fazia com que inconscientemente retornasse os pensamentos à Oliver vez ou outra no meio da bebedeira. tentava se desprender de toda sua curiosidade para observar os outros membros da equipe que parecia funcionar tão bem, e devia dizer que estava satisfeita em conhecê-los. pareciam muito divergentes entre si, mas ainda sim, de uma harmonia impressionante. sem contar que não pareciam medir esforços para que a moça se sentisse bem vinda – e assim o fazia. tanto que mal sentiu as tantas horas passando, e sequer havia verificado o relógio quando o corpo cansado enfim fez o silencioso pedido de descanso após se despedir de todos e finalizar o conteúdo do último drink que havia solicitado, Liliana voltou para casa. 
a tarefa em si não fora das mais simples, haviam certas complicações em se lembrar de um novo endereço em uma cidade completamente desconhecida quando se havia consumido tamanha quantidade de álcool; mas sucedera. o taxista agradável também fora de demasiada ajuda — e ela gostaria de pensar que a ameaça de Serena de que o mataria se não deixasse Liliana à salvo em casa não tinha nada a ver com o sucesso. já no apartamento, cumprimentou brevemente o porteiro e seguiu para o elevador. sua visão parecia não acompanhar os olhos, como se atrasada, embora não estivesse no seu pior estado ébrio. nada girava, pelo menos! assim que o som do elevador indicou que estava em seu andar, tropeçou na direção de sua porta e, para sua surpresa e irritação, a chave não funcionava de nenhum jeito. forçou um pouco a maçaneta, frustrada, até que a porta enfim abriu!! mas não havia sido graças a ela. uma pessoa a encarava, confuso. uma pessoa conhecida. bem, recentemente conhecida. “Oliver?” o cenho franzido demonstrava o quão ilógico sua presença parecia até para uma demasiada embriagada Liliana. ainda sim, ela não estava completamente em suas melhores faculdades mentais, portanto apenas o empurrou o suficiente para passar da porta e finalmente chegar no que imaginava ser sua casa. “por que você tá na minha casa?” enfim perguntou, chutando os sapatos de qualquer jeito e deixando a bolsa no chão. quando olhou para o seu sofá, porém, piscou algumas vezes. “o que você fez com meu sofá? espera, isso é algum tipo de… de coisa assim da agência? vocês mandaram um decorador enquanto eu tava fora?” ainda tentou, ao perceber que o sofá não era a única coisa diferente. “nossa mas não tem uma corzinha. que chato.”
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